OS FACIES DOS DEPÓSITOS WURMIANOS E HOLOCÉNICOS E AS VARIACÕES CLIMÁTICAS CORRELATIVAS NA PLATAFORMA LITORAL DA REGIÃO DO PORTO

June 6, 2017 | Autor: Maria Araújo | Categoria: Pleistocene
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VI COLOQUIOIBERICO DE 831 W . A ACTAS A PenÃ-nsulIberica um espaco em mutacá

Publicaçõda Universidadedo Porto

VI COLOQUIO IBERICO DE GEOGRAFIA, PORTO, 1992 -ACTAS

OS FACIES DOS DEP~SITOSWURMIANOS E HOLOCENICOS E AS VARIAÇOE CLIMATICAS CORRELATIVAS NA PLATAFORMA LITORAL DA REGIAO DO PORTO ' MARIA DA ASSUNÇà ARAUJO Inst. Geografia, Fac. Letras Univ. Porto 1 - Introduçà Partindo da anális das respectivas cartas geológicas uma das formaçõcom maior distribuiçà geográficana áre correspondente i plataforma litoral da regiã do Porto, parece ser a chamada "formaçà areno-pelÃ-ticde cobertura" (C. Teixeira, 1957). Esta formaçÃjà era conhecida, embora lhe tivessem sido atribuÃ-dadesignaçõdiferentes daquela, muito antes da data de publicaçÃda carta geológic do Porto (1957). Assim, no final do séculpassado (1881), os depósito de cobertura eram descritos com grande objectividade por V. Pereira Cabral que se referia a umas "argilas amarelas", que ora se sobrepunham aos "aluviõe antigos", ora assentavam directamente nas rochas cristalinas. Sà em 1943 encontramos uma outra referênci expressa aos depósito de cobertura. Na primeira grande obra de sÃ-ntes sobre o Quaternári em Portugal, G . Zbyszewski refere-se a um "limon" ou "limon loéssico"que se relaciona com condiçõde tipo periglaciar e onde, frequentemente, se encontram muitos dos achados pré-histórico cuja descriçÃconstitui o principal objectivo do autor. Em 1949, A. Guilcher assinalou a existênci de depósito do tipo "head" nos valeiros suspensos da áre do cabo da Roca (citado por S. Daveau, 1984, e A. B. Ferreira, 1985)'. Data també de 1949 um estudo de L. Berthois (Contribution d l'étuddes limons de Ia régio Nord du Portugal) que constituiu uma referênci fundamental para o estudo da formaçÃde cobertura, Neste trabalho, baseado em análise sedimentológica de pormenor, a formaçÃem causa continua a ser designada como "limon". A expressã "formaçÃareno-pelÃ-tic de cobertura" parece ter origem na carta geológic de escala 1:50.000 (folha 9-C: Porto), publicada em 1957. Na respectiva notÃ-ci explicativa, com a autoria de C. Teixeira, considera-se a dita formaçà dentro dos depósito pós-würmiane afirma-se que ela se sobrepõ "a alguns dos depósito de praias antigas do Porto e de V. N. de Gaia", nomeadamente aos de Agramonte, Canidelo (80-90m) e Lavadores (30m). Alé disso, "entre o Castelo d o Queijo e o porto de Leixõe cobre, mesmo, os depósito de praia de 5-8m". Efectivamente, o nosso conhecimento da áre revelou-nos que a formaçÃareno-pelÃ-tic de cobertura, em vário locais da plataforma litoral da regiã do Porto, se sobrepõ a depósito marinhos provavelmente do últim interglaciar. Por outro lado, à possÃ-veverificar que aquela formaçÃsà à coberta por depósito considerados claramente holocénico(aluviõesareias de praia e de duna).

' Esta comunicaçÃretoma e amplia, com recurso a trê dataçõde C14 que entretanto obtivemos, algumas das ideias ~

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e conclusõede um trabalho apresentado no Seminári organizado pela AssociaçÃEUROCOAST, em Aveiro, em Setembro de 1991. Todavia, segundo H. Nonn (1966). os depósito do tipo head "clássico parecem ter como limite meridional o Cabo Finisterra.

Assim, parece claro que a sua atribuiçÃestratigráfic dever6 localizar-se algures no intervalo entre o tÃ-ltim perÃ-od interglaciar (correspondendo a um nÃ-vealto do mar) e o Holocénicoo que aponta para uma idade würmiana Entretanto, G. S. Carvalho estudou, em vária publicaçõeas relaçõentre diversos tipos de depósito aparentemente relacionados com perÃ-odofrios. Assim, por exemplo emG'Areiasda Gândar (Portugal) - uma formaçà eólic quaternória (1964) este investigador refere-se 2 existênci de formaçõsolifluxivas contendo crioclastos e lentÃ-cula de areia eólica Começadeste modo, a esboçar-s a tendênci para pensar que as formaçõsuperficiais ante-holocénicarepresentariam condiçõclimática diversas. No seu trabalho de 1966 sobre a Galiza, H. Nonn refere a existência em Mougas (cerca de 2.5km a sul do cabo Silleiro, cf. fig. 2), de uma formaçÃhumÃ-fer preenchendo os valeiros entalhados na "rasa", onde foi definida uma sequênci que constitui uma referênci fundamental para o estudo do final do Wür na fachada ocidental da PenÃ-nsulIbérica Nesse corte foi realizada uma anális polÃ-nic detalhada e foi possÃ-velainda, realizar dataçõ pelo C14 de dois nÃ-vei(l8200±90 BP e 11550).

Compostas

Diversas

Fig.1 - Diagrama polÃ-nic de Mougas Segundo H. Nonn, 1966, modificado

O diagrama polÃ-nic de Mougas està representado na fig. I. Neste diagrama à possÃ-veverificar a existênci de: 1 -perÃ-od de clima frio e húmid (desde a base do corte atÃao nÃ-veF);

2 - perÃ-od de clima frio e seco (H-L), ambos anteriores a 18200±90BP;

3 -perÃ-od de clima frio e húmid posterior a 18200±90BP (Q-U); 4 -perÃ-od de clima frio e seco, com vegetaçÃestkpica, datado de 11550 BP (W-X). Posteriormente, G. S. Carvalho retomou o estudo das formaçõatribuÃ-daao Würmagora no litoral minhoto, referindo a existênci de seixos eolizados dentro da formaçÃde cobertura,

ou incluÃ-doem dep6sitos de vertente a ela subjacentes, o que permite estabelecer um certo paralelismo com o que s e passa nas área anteriormente estudadas e concluir sobre a existênci de um perÃ-od de eolizaçÃanterior ao perÃ-odfavoráve?i solifluxão A nossa anális de perto de 50 amostras da formaçÃde cobertura permitiu-nos confirmar

a existênci de uma fase de eolizaçÃanterior ?i formaçÃde cobertura, atendendo a frequênci apreciáve de grãoredondos e foscos, com prováveorigem eólica entre as areias daquela formaçã Atà i data da impressã do nosso trabalho (M. A. Araújo 1991-a) tÃ-nhamojà encontrado, em 2 locais diferentes, depósito eólico ligeiramente consolidados, anteriores ?i formaçÃsolifluxiva. Alé disso, nesse mesmo trabalho referimos a existênci de algumas formaçõcinzentas ou esverdeadas dispersas pela áre estudada, e cujas relaçõcom a formaçÃde cobertura tÃ-nhamo alguma dificuldade em precisar. Por outro lado, nas arribas a sul de Cortegaç encontrámo um arenito ferruginoso que corresponde, a nosso ver, a uma alteraçÃpedogenéticde tipo podzolico (ver tambémH. M. Granja, 1991). cortado em arriba, devido ?i intensa erosã que se faz sentir nas praias a sul de Espinho. Sob esse arenito afloram areias esbranquiçadaou ligeiramente ferruginizadas, de origem eólic provável alternando com leitos enriquecidos em silte e argila, de cor cinza esverdeada. Todavia, apesar das aparentes analogias, as relaçõcronológica entre os depósito eólico de Cortegaç e as formaçõhidromórfica e solifluxivas encontradas para norte d e Espinho nãeram claras, uma vez que as respectivas área de ocorrênci nãeram coincidentes, antes se excluÃ-am

2 -DescriçÃdos depósito encontrados e das respectivas relaqõeestratigráfica Recentemente, encontrámo mais trê cortes (cf. M. A. Araújo 1991), que passamos a analisar e cuja localizaçÃestÃindicada na fig. 2.

786 Junto

a praia

de Salgueiros, aquando d a abertura das fundaçõuma nova urbanizaçã

encontr6mos a sequênci representada na fig. 3,

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Dep-sito e61ico posi-rorma~ãde cobertura

Formaqã de cobertura

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0

Dep-sito e6lico

+ consolidado

Dec4sito ma"nh0 remexido

a L Fig. 3

-

Dep-sito marinho (nv 11, I 6 m)

8çd-mc (granito porfir6ide podre, de cor esbranqui$ada)

Representaqã esquemitica do corte de Salgueiros

Neste caso existe um depósit marinho do "nÃ-ve 11" in situ, sobreposto por uma formaçà esbranquiçadque resultou, aparentemente, do remeximento do depósit subjacente. Sobre essa formaçà encontrava-se um depósit eólic consolidado por cimento ferruginoso, formando, por vezes, crostas de resistênci apreci6vel.

A formaçÃde cobertura que se sobrepõ ao depósit eólic e apresenta, na base, fragmentos angulosos do arenito eólic subjacente, à sobreposta, por sua vez, por um novo depósit eólico neste caso nãconsolidado. Este corte permite, assim, confirmar a ideia de que a formaçi solifluxiva à posterior a um depósit de origem eólica

O corte encontrado junto ao muro do novo parque de campismo da Madalena (em construçã fig. 4) apresenta a particularidade de conter um depósit eólic assentando sobre uma formaçà esverdeada, com abundantes cristais de feldspato fracturados, que parece poder relacionar-se com condiçõhidromórficas A formaçÃde cobertura sobrepõe-sepor sua vez, ao depósit eólico

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