Os filhos da terra.

July 25, 2017 | Autor: Sonia Vaz | Categoria: Literatura, Psicología
Share Embed


Descrição do Produto

OS FILHOS DA TERRA

Texto de: Sonia Lunardon Vaz


Spyller com seus zil anos, escolheu uma caverna no centro da floresta para
sua morada de outono.

Ao fundo brotava, das águas que escorriam, folhas de hera. Ao centro podia-
se ver uma grande pedra
.
Logo à entrada, Spyller colocou seu caldeirão para vigiar. E enquanto o
mexia, anteviu os filhos daquela boa terra vindo ao seu encontro,através
da velha mata dourada pelo sol.
Esperou.

Já quase anoitecendo, no lusco-fusco do encontro entre o sol e a lua, eles
lhe chegaram trazendo vinho e uva.

Sentaram-se ao redor de seu caldeirão, que já ofertava a delícia das
substâncias delirantes e muito se embriagaram de contos e estórias.

Um deles, ainda menino, se aproximou de Spyller e desejou aprender
alquimia.
Spyller contou-lhe um sonho:

Era uma vez, um rio. Em seu canal principal, se via muitas cachoeiras e
forte correnteza.
Suas margens eram guardadas por homens e mulheres moribundos que pouco,
bem pouco ousavam, quase nunca, nunca mesmo.

Numa certa altura esse rio se bifurcava. De um lado, parecia até um convite
à mansidão de águas claras, límpidas e agradáveis.

Do outro lado, águas revoltas e escuras faziam-se de véu que escondia.
O menino vivo e esperto, sabia que teria de escolher. Cheio de querer a
borbulhar , escolheu ir pela sombra. Buscando sombra. Conhecendo sombra.
Medo da sombra. Curiosidade de sombra.

Spyller alertou que jamais voltaria. Se tentasse não conseguiria e se
conseguiria se cristalizaria.

Com seu medo e desejo a rodopiar, o menino mergulhou nas águas sob o olhar
matreiro e enérgico de Spyller.

Ele queria muito encontrar uma chave que seu povo dizia, ele mesmo haver
escondido. Estranho, muito estranho.

Destemidamente é que não foi. Mas, pela força de sua curiosidade é que foi.
E pelo caminho sozinho, o menino chorou, emburrou, lamentou, chutou,
tropeçou, até mesmo amaldiçoou. Se assombrou, perscrutou, aceitou, mudou,
riu, sorriu, emergiu. E um dia, ele descobriu! A chave era seu corpo em
honestidade e em multiplicidade.

Foi desse modo que ele só e por conta, aprendeu a abrir e fechar portas,
abrir e fechar caminhos. Colher encontros e desencontros. Ralar, relar e
rolar até somente o caminho lhe bastar.
Com muita alegria, Spyller compreendeu: O caminhante, agora bravo,
honestamente conquistou a estrada.

O menino, o caminho se tornou.
A Grande Opus Alquímica se realizou.
Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.