Os governadores e a política portuguesa para a Amazônia colonial

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Antonio Filipe Pereira Caetano (Org.)

Dinâmicas Sociais, Políticas e Judiciais na América Lusa: Hierarquias, Poderes e Governo (Século XVI-XIX)

Recife, 2016

Capítulo 3

O “zelo de um tão grande herói”. Os governadores e a política portuguesa para a Amazônia colonial (Século XVII e princípio do século XVIII)256 Rafael Chambouleyron

A “prudência e cortesia” de um governador (P  GH QRYHPEUR GH  SRU XP GHFUHWR 'RP 3HGUR ,, LQIRUPDYD DR &RQVHOKR GH *XHUUD TXH HP UD]mR GH VHXV VHUYLoRV QRPHDYD*RPHV)UHLUHGH$QGUDGH FXMRWHPSRGHJRYHUQDGRUGR(VWDGR do Maranhão tinha recém-terminado) para o posto de sargento-mor de batalha do exército da província do Alentejo. Tratava-se de um cargo criado somente para ele, que uma vez vago, seria extinto. Os méritos de Freire de Andrade, explicava o mesmo decreto, relacionavam-se aos serviços desse militar, “assim no tempo da guerra como depois da paz”, mas principalmente, em consideração ao grande serviço que me fez no Estado do Maranhão, compondo as alterações dele, e fazendo tudo o que no mesmo Estado era necessário para a melhor forma de seu governo, defesa e aumento do seu comércio, com tanta limpeza de mãos, acerto e independência, que não somente desejo fazer-lhe honra e mercê em remuneração do seu bom serviço, 256

Esta pesquisa conta com o apoio do CNPq.

Antonio Filipe Pereira Caetano (Org.)

senão também para exemplo daqueles que nas partes ultramarinas me servirem, para que imitando o seu procedimento possam esperar de mim igual e semelhante prêmio257.

*RPHV )UHLUH GH $QGUDGH IRUD QRPHDGR JRYHUQDGRU SRU 'RP Pedro II258 com o objetivo precípuo de debelar um levante dos moradores da cidade de São Luís contra um monopólio comercial estabelecido pela Coroa e contra o domínio jesuítico sobre os índios livres (a escravidão indígena era proibida então), ocorrido entre 1684 e 1685, e conhecido como “revolta de Beckman”259. Assim, para além do seu regimento, devia REHGHFHUDLQVWUXo}HVHVSHFtÀFDVHVWDEHOHFLGDVHPUD]mRGDJUDYLGDGH do ocorrido, já que os moradores de São Luís haviam não somente GHFUHWDGR R ÀP GR HVWDQFR H H[SXOVDGR RV SDGUHV GD &RPSDQKLD GH Jesus, mas, igualmente, negado a autoridade do governador, Francisco de Sá e Meneses260. Apesar de ter executado alguns dos principais líderes da revolta e de ter reinstituído os religiosos as suas igrejas (o monopólio foi ÀQDOPHQWHDEROLGR GXUDQWHRVGRLVDQRVTXHJRYHUQRXR0DUDQKmRD HVWLPD SRU *RPHV )UHLUH GH $QGUDGH SDUHFLD QmR VH OLPLWDU VRPHQWH j &RUWH 3RXFRV PHVHV DQWHV GR GHFUHWR GH 'RP 3HGUR ,, RV RÀFLDLV GD Câmara de Belém escreviam queixosos de que o rei mandasse sucessor SDUD)UHLUHGH$QGUDGH'HIDWRH[SOLFDYDPGHYLDPOKH´JUDQGHDIHWRµ pelo zelo “com que tem solicitado o aumento desta conquista”. Tanto era assim que pediam ao procurador do Estado do Maranhão na corte que 257

Synopse dos decretos remettidos ao extincto Conselho de Guerra, Elaborado por Claudio de Chaby. Lisboa, Imprensa Nacional, 1872, vol. III, p. 192. 258  $OLiVMiQDVXDQRPHDomRVHGHVWDFDYDR´YDORUSUXGrQFLDHPXLWDFDSDFLGDGHµGH*RPHV)UHLUH ´*RYHUQRµ  GH MDQHLUR GH  Arquivo Nacional da Torre do Tombo [ANTT@ 5HJLVWUR *HUDO GH 0HUFrV'RP3HGUR,,OLYURI 259  3DUD XPD SURGXomR PDLV UHFHQWH D UHVSHLWR GD UHYROWD YHU &287,1+2 0LOVRQ A revolta de Bequimão  HG 6mR /XtV ,QVWLWXWR *HLD  &+$0%28/(
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