Os livros didáticos e o CBC de Ciências para o ensino fundamental: o que se aproxima ou se distancia na abordagem dos conteúdos químicos

June 2, 2017 | Autor: J. Teixeira Junior | Categoria: Ensino de Química, Ensino De Ciências, Ensino Fundamental
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Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) Departamento de Química da Universidade Federal de Ouro Preto (DEQUI/UFOP)

Os livros didáticos e o CBC de Ciências para o ensino fundamental: o que se aproxima ou se distancia na abordagem dos conteúdos químicos Natália Pereira Marques1* [email protected]

1

(IC),

José

Gonçalves

Teixeira

Júnior2

(PQ)

Faculdade de Ciências Integradas do Pontal (FACIP) – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

Palavras-Chave: Ensino de Ciências, Química no Ensino Fundamental, CBC RESUMO:

Esse trabalho tem como objetivo observar como estão dispostos conteúdos químicos em livros de Ciências do último ano do ensino fundamental de acordo com as habilidades do CBC de Ciências. Foi analisado o CBC de Ciências para elencar quais os conteúdos em que estavam inseridos conteúdos químicos, e a partir daí nos recorremos á duas coleções de livros didáticos utilizados em uma escola pública, para procurar como esses conteúdos estavam sendo abordados. Com essas observações tentamos mostrar algumas possibilidades de trabalhar a Química nos conteúdos de Ciências, com o intuito de familiarizar os alunos com esses conceitos tão importantes para a vida, na esperança que esses alunos tenham maior facilidade quando forem trabalhar com a disciplina de Química no ensino médio. Nota-se que a Química permeia uma grande quantidade de conteúdos na disciplina de Ciências, e que abordagens introdutórias de conceitos químicos são possíveis durante o ensino fundamental.

1. INTRODUÇÃO O interesse pela realização desse trabalho ocorreu durante a participação como bolsista no subprojeto PIBID Ciências da Natureza, que tinha por objetivo trabalhar as Ciências do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano), fazendo a ligação entre a Química, a Física e a Biologia, em parceria com a professora supervisora. Durante a realização das atividades no subprojeto, uma das maiores dificuldades encontradas foi relacionar a Química nos conteúdos de Ciências, e a partir daí, foi aumentando o interesse em analisar com cuidado como poderia ser trabalhada essa disciplina interligando os conceitos. Tratando-se de conteúdos químicos no ensino fundamental, concorda-se com Chassot (1992) que diz que estes devem “permear toda a área de Ciências de 6º ao 9º ano, e não se restringir a um semestre isolado”, normalmente na última etapa do ensino fundamental. Por isso, buscamos avaliar neste estudo como esses conteúdos aparecem nos livros didáticos de Ciências Naturais, do Ensino Fundamental. Zanon e Palharini, (1995, p. 15) afirmam que “em geral, os professores de Ciências tem formação deficiente em Química”. Por isso, eles podem apresentar mais ideias alternativas sobre conceitos científicos, o que reforça as próprias ideias alternativas dos estudantes; encontram dificuldades em realizar mudanças didáticas; evitam ensinar os temas que não dominam; têm insegurança e falta de confiança no ensino de Ciências; têm maior dependência do livro-texto, tanto na instrução, como na avaliação; dependem mais da memorização da informação; e podem fomentar atitudes negativas das XVII Encontro Nacional de Ensino de Química (XVII ENEQ) Ouro Preto, MG, Brasil – 19 a 22 de agosto de 2014.

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Ciências nos estudantes (JIMÉNEZ; BRAVO, 2000, apud TEIXEIRA JÚNIOR, SILVA, 2009, p. 572) (grifo nosso).

Dessa forma Frison e colaboradores (2000) afirmam que apesar do professor ter a sua disposição diversos recursos como fonte de informação (jornais, revistas, computadores, filmes, etc.), o livro didático ainda continua sendo a maior fonte de apoio o professor, orientando quais os conteúdos a serem ensinados, a sequência a ser seguida e as estratégias a serem adotadas (LAJOLO, 1996). Desse modo, nesse trabalho pretende-se avaliar como estão dispostos conteúdos referentes à Química em livros de Ciências do 6º ano do ensino fundamental, com intuito de possibilitar a inserção dessa Ciência neste nível de escolaridade. Por isso, optou-se neste trabalho pela análise dos livros didáticos de Ciências adotados pela professora supervisora do PIBID, que serão descritos a seguir. 2. REVISÃO DA LITERATURA O ensino de Ciências Naturais é uma das áreas que pode aproximar o ser humano com o meio ambiente e desenvolver nele consciência das necessidades do mundo que o cerca. Nesse sentido, o professor dessa área deve mostrar a Ciência como elaboração humana para uma compreensão do mundo [...]. Seus conceitos e procedimentos contribuem para o questionamento do que se vê e se ouve, para interpretar os fenômenos da natureza, para compreender como a sociedade nela intervém utilizando seus recursos e criando um novo meio social e tecnológico. (BRASIL, 1998, p. 22-23).

Assim, aprender Ciências serve para formar um cidadão crítico com responsabilidade social e respeito ao meio ambiente. Bizzo (2007, p.12) afirma que “o domínio dos fundamentos científicos hoje em dia é indispensável para que se possa realizar tarefas tão triviais como ler um jornal ou assistir à televisão”. Por isso, o ensino de Ciências deve ser comprometido com a autonomia e com o desenvolvimento intelectual dos estudantes deve propor atividades que lhes permitam construir evidências para sustentar a adequação e validade de modelos científicos. Assim, é importante não apenas ensinar que a Terra é esférica e que se move em torno do Sol e de si mesma, mas ainda examinar quais foram as evidências que permitiram à humanidade a construção desse modelo, muito antes que fosse possível fotografar ou observar a Terra a partir do espaço. (MINAS GERAIS, 2007, p.16)

Entretanto, verifica-se que o ensino de Ciências tem sido feito de maneira desinteressante e inadequada para os alunos. E, na maioria das vezes, “o tratamento da Química e da Física é desvinculado de todos os outros assuntos trabalhados em Ciências desde as séries iniciais” (MILARÉ; ALVES, 2010, p.43). Além disso, os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino de Ciências, mostram que a maioria das teorias científicas são complexas, necessitando de um alto nível de abstração. Por isso, torna-se “difícil para os estudantes apreenderem o conhecimento científico que, muitas vezes, discorda das observações cotidianas e do senso comum” (BRASIL, 1998, p. 26). Nesse sentido, Gondin e Machado (2013) afirmam que o ensino de Ciências deve ultrapassar essa visão linear, distorcida e comum que foi e ainda é a mais encontrada nos processo de ensino e aprendizagem em algumas escolas.

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Nesta mesma direção, na proposta curricular (Conteúdo Básico Comum CBC) 1 , para o ensino de Ciências no Ensino Fundamental evidencia-se uma preocupação em superar a fragmentação existente nos conteúdos de 6º á 9º ano, sendo que enfoca na importância de estabelecer conexões entre os conteúdos físicos, químicos e biológicos. Assim, é natural que, no Ensino Fundamental, prevaleça a organização por área de conhecimentos e não por disciplinas. Essa organização, formalmente já existente, choca-se, no entanto, com a extensão e a fragmentação em que se justapõem conteúdos, em prejuízo das relações entre eles. É comum separar, por série, o estudo dos ambientes, dos seres vivos, do corpo humano e de tópicos de Física e Química. Essa separação dificulta o estabelecimento de relações e, portanto, a construção de modelos explicativos. Por exemplo: ao separar, no ambiente, fatores abióticos - água, ar e solo - dos fatores bióticos, o currículo tradicional acaba por apresentar o estudo de ambientes sem vida e o estudo da vida dissociada dos ambientes. (MINAS GERAIS, 2007, p.20)

Já Gondin e Machado (2013, p. 14) observam que, na maioria das vezes o professor de Ciências, não percebe que desde os anos anteriores vem abordando o ensino de Química. Um exemplo disso é quando trabalha no 6º ano o conceito de fotossíntese ou no 8º ano, o conteúdo do processo digestório. Mas, o que faz o professor não relacionar o assunto ao ensino químico, no ano em que o tema é trabalhado? Cremos que o motivo seja acreditar que o aluno só esteja preparado para compreender o assunto no 9º ano. Portanto, a abordagem sobre os conceitos é feita de maneira superficial nos anos anteriores, sem fazer relação com o ensino de Química.

Por isso, se faz necessário que o professor note a presença de conteúdos que promovam a contextualização dos conceitos. Assim, Espinoza (2010) mostra alguns direcionamentos que um professor de Ciências poderia fazer ao explicar o que é uma árvore, por exemplo, na Química, observando as transformações da matéria que ocorrem no interior da árvore e explicariam algumas de suas características; na Física, poderia estudar a circulação dos fluídos gasosos e líquidos no sistema; já a Biologia, poderia “decifrar com maior precisão argumentos pouco comuns para classificar a árvore entre os seres vivos” (p. 15). Percebe-se assim, que há inúmeras possibilidades para serem exploradas no ensino das Ciências, que não só os aspectos biológicos, normalmente estudados. 3. METODOLOGIA Essa pesquisa é de natureza qualitativa e se deu a partir de um recorte da monografia de conclusão do curso de Licenciatura em Química, no qual foi feita a

1

O CBC refere-se a uma proposta curricular desenvolvida no ano de 2005 pela Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais (SEE-MG) voltada para as escolas da rede pública mineira. De acordo com a SEE, os CBCs não esgotam todos os conteúdos a serem abordados na escola, mas expressam os aspectos fundamentais de cada disciplina, que não podem deixar de ser ensinados, e que o aluno não pode deixar de aprender. Ao mesmo tempo, estão indicadas as habilidades e a competência que ele não pode deixar de adquirir e desenvolver. O texto original, além de materiais de ensino e orientações pedagógicas podem ser encontrados no endereço eletrônico do Centro de Referência Virtual do Professor (CRV): http://crv.educacao.mg.gov.br/. XVII Encontro Nacional de Ensino de Química (XVII ENEQ) Ouro Preto, MG, Brasil – 19 a 22 de agosto de 2014.

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análise das duas coleções de livros didáticos de ciências adotados no ano de 2013, pela professora supervisora do subprojeto PIBID/Ciências da Natureza. Porém, para o presente trabalho, optou-se pela análise dos livros do 6º ano, visto que este é o primeiro contato que os alunos das escolas públicas têm com as Ciências, no ensino fundamental. A investigação consiste em uma análise documental, que busca produzir ou reelaborar conhecimentos e criar novas formas de compreender os fenômenos a partir dos textos, buscando interpretar os dados, sintetizá-los, determinar tendências e, na medida do possível, fazer inferências (SÁ-SILVA; ALMEIDA; GUINDANI, 2009, p.10). De acordo com Appolinário (2006, p. 159), nesse tipo de pesquisa, qualquer que seja o processo de coleta dos dados gera uma grande quantidade de informações que precisam ser organizadas. A pesquisa iniciou-se pela analise do CBC de Ciências (MINAS GERAIS, 2007) procurando as habilidades relacionadas aos conteúdos químicos. Foram identificadas quarenta e seis habilidades gerais e, vinte e uma específicas para o 6° ano do EF. Partindo da ideia de que a Química é a ciência que estuda os materiais, suas transformações e a energia envolvida nessas transformações, procuramos separar as habilidades contempladas (ou não) nos livros didáticos, em um desses três aspectos: materiais, transformações e energia, como apresentados na tabela 1. Tabela 1: Habilidades do CBC separadas por tópicos

Tópico MATERIAIS

Habilidades do CBC* 4.1, 9.4, 9,5, 25.0, 25.1, 25.2, 27.1

TRANSFORMAÇÕES

5.0, Sugestão de tema complementar IV (Tema 3), Sugestão de tema complementar III (Tema 2), 8.0 e 8.1

ENERGIA

1.1, 12.1, 12.2, 12.3, 11.0, Sugestão de Tema Complementar X (Tema 14), 29.0, 29.1, 29.2

*Os códigos utilizados nessa tabela são os mesmos do texto original do CBC (MINAS GERAIS, 2007)

Em seguida recorreram-se aos livros didáticos, analisando capítulo por capítulo, buscando identificar quais, onde e como essas habilidades eram contempladas pelos autores – o que será apresentado e analisado a seguir. Foram analisados os dois livros: um da Coleção Ciências, (BARROS; PAULINO, 2011) intitulado como: Ciências: o meio ambiente - (livro destinado ao 6º ano), sendo que esse livro será chamado ao longo deste trabalho como LD-A. A coleção traz seus volumes organizados em unidades, subdividas em outros assuntos e tópicos afins. Por exemplo, o LD-A é dividido em seis unidades, abordando os temas: os seres vivos e o ambiente; a Terra por dentro e por fora; a água no ambiente; o ar e o ambiente; desequilíbrios ambientais; universo- o ambiente maior. O outro livro analisado é da Coleção Companhia das Ciências (USBERCO et al., 2012) onde também foi analisado o livro referente ao 6º ano de escolaridade. O título do livro é Companhia das Ciências, acompanhado da série a qual se refere, e ao longo desse texto esse livro foi chamado de LD-B.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO XVII Encontro Nacional de Ensino de Química (XVII ENEQ) Ouro Preto, MG, Brasil – 19 a 22 de agosto de 2014.

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Para facilitar a apresentar dos resultados, as habilidades básicas dos Conteúdos Básicos Comuns de Ciências Naturais serão aqui analisadas organizadas nos itens materiais, transformações e energia, como já classificados na tabela 1. 4.1 Materiais Nesse tópico foram analisadas as habilidades: “Identificar as propriedades específicas dos materiais, densidade, solubilidade, temperaturas de fusão e ebulição, em situações de reconhecimento de materiais e de processos, separação de misturas e diferenciação entre misturas e substâncias”; “Descrever as etapas de tratamento, origem (captação) e tipo de tratamento” e “Avaliar a importância da água tratada para o consumo humano”, são parcialmente contempladas nos dois livros. O LD-A, aborda no capítulo 14 os estados físicos da água, comentando brevemente sobre os pontos de fusão e ebulição da água e, no capítulo seguinte, explica detalhadamente o processo de tratamento da água e do esgoto. Neste ponto, o professor de Ciências poderia explicar os processos de separação de misturas e a diferenciação entre misturas e substâncias, que não são contemplados no livro. O LD-B também aborda os pontos de fusão e ebulição da água e o uso desta como solvente, explicando que ela é capaz de dissolver muitas substâncias. Em seguida, o autor retrata o processo de filtração de maneira clara e explica que a água destilada pode ser obtida por um processo chamado de destilação simples. Tópicos químicos como soluções, separação de misturas, densidade e solubilidade, podem ser facilmente identificados no trecho, a seguir, retirados do livro LD-B. Na água de um aquário existem várias substâncias dissolvidas que não são visíveis, formando uma solução. [...] você pode perceber que os peixes e as pedras estão dentro da água, mas não estão dissolvidos. Se adicionarmos óleo à água, por mais que agitemos, o óleo não se dissolverá, portanto essa mistura não é uma solução. Se recolhermos uma amostra de água de um rio barrento, perceberemos que ela é turva. Isso se deve à existência de partículas sólidas não dissolvidas. Essa água barrenta não é uma solução, e sim uma suspensão. Em uma suspensão, existem partículas sólidas, que são visíveis, espalhadas na água. Se essa mistura for deixada em repouso, as partículas sólidas não dissolvidas irão se depositar no fundo do recipiente (LD-B, p. 164)

Percebe-se, neste trecho que conceitos químicos que normalmente só seriam apresentadas no ensino médio podem ser introduzidos de forma bem simples para o ensino fundamental. Verifica-se também que esse trecho possibilita ao professor desenvolver a alguns pontos das habilidades “Reconhecer os seguintes aspectos do modelo de partículas e utilizá-los para interpretar fenômenos: a matéria é feita de muitas partículas e espaço vazio entre elas; as partículas estão em constante movimento em todas as direções; as partículas interagem umas com as outras”, e, “Explicar fenômenos diversos: como dissolução, crescimento dos cristais, difusão, transferências de calor, dilatação e mudanças de estados físicos, usando o modelo cinético de partículas". Em relação ao tratamento de água e esgoto, em ambos os livros são citadas as etapas de captação, floculação, decantação, filtração e cloração. O LD-B fala ainda da fluoração. Além dos processos de separação de misturas, há a possibilidade do professor trabalhar algumas ideias simples sobre o uso de produtos químicos para o tratamento e a purificação da água, destacando algumas de suas propriedades. Este XVII Encontro Nacional de Ensino de Química (XVII ENEQ) Ouro Preto, MG, Brasil – 19 a 22 de agosto de 2014.

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seria um momento interessante para começar a discutir com os estudantes das séries iniciais a ideia de que os produtos químicos só fazem mal à saúde e ao meio ambiente. Analisando a abordagem dos livros com relação à habilidade “Relacionar os estados físicos da matéria ao modelo cinético molecular: movimento, distância e organização das partículas”, percebe-se que ambos apresentam possibilidades interessantes de serem trabalhadas em sala de aula, como pode ser observado na figura 1, a seguir. Nota-se que em ambos os livros, os exemplos se referem à agua, pois nesta etapa de escolaridade o foco principal de estudo é o meio ambiente.

Figura 1: Estados físicos da água representados nos livros didáticos LD-A (p. 157) - à esquerda, e LD-B (p. 144) - à direita

Na legenda da figura do LD-A, há a explicação “no estado líquido, a força de ligação entre as moléculas é mais fraca que no estado sólido; as moléculas, além de vibrar, deslizam umas sobre as outras” (LD-A, p. 157) e para o mesmo exemplo, em LD-B, “moléculas com menor organização, com forças de atração menos intensas, o que permite que se movimentem” (LD-B, p. 144). Nota-se que já no 6º ano do ensino fundamental o professor de Ciências tem a oportunidade de fazer uma abordagem (sub)microscópica dos estados físicos, podendo falar inclusive das forças intermoleculares. Com as ilustrações do livro o professor pode abordar a existência do átomo, sua organização nas substâncias, força de atração e movimentação. A curiosidade dos alunos nessa faixa etária e muito grande, e se houver uma abordagem interessante por parte do professor, resultará em um melhor entendimento de conteúdos químicos. No mesmo capítulo, o LD-B traz uma abordagem sobre os fatores que facilitam a dissolução, porém não utilizando o modelo cinético de partículas. O autor explica que o movimento das partículas faz com que ocorra a dissolução. A habilidade “Identificar, por meio de consulta à tabela periódica, elementos químicos e seus respectivos números atômicos e número de massa” foi encontrada no LD-A, onde aparece uma figura representando a molécula de água, seguida de uma breve explicação sobre a diferenciação entre elemento químico, átomo e moléculas. Como pode ser observado na figura 2. Nesse contexto os autores explicam que a molécula de água é a menor parte possível da água que podemos encontrar.

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Imagine um copo com água e que você reparta essa quantidade de água ao meio, sempre desprezando a outra metade. Meio copo, ¼ de copo, 1/8 de copo... uma gotinha de água, e ainda assim você continua dividindo, dividindo, dividindo...Até chegar á menor estrutura possível da substância água – a menor parte da substância água que conserva a mesma composição química dessa substância. (LD-A, p. 150)

Em seguida os autores explicam que as moléculas são formadas por átomos, e que a molécula de água é formada por átomos de dois elementos químicos, o hidrogênio e o oxigênio, acrescentando que H2O é apenas a fórmula química que representa a substância água (Figura 2).

Figura 2: Estrutura da molécula de água, LD-A, p. 150

Interessante perceber que os autores preocupam-se em destacar que as cores representadas na figura não são as mesmas dos átomos. Cuidado semelhante pode ser observado na figura 1, referente à representação dos estados físicos do LD-B. Em ambos os casos, é interessante que o professor trabalhe a ideia de modelos e, que o nível atômico-molecular não é uma extrapolação do nível fenomenológico (ROSA; SCHNETZLER, 1998, p. 32). 4.2 TRANSFORMAÇÕES No tópico transformações foram analisadas as habilidades “Reconhecer a ocorrência de uma reação química por meio de evidências e da comparação entre sistemas inicial e final” e “Reconhecer a conservação da massa nas reações químicas”. Apesar de não ser abordada de forma destacada nesses livros, percebe-se que a ideia de reação química pode ser desenvolvida pelo professor em diversos momentos, exemplificando fenômenos e comparando os sistemas em diferentes etapas. Especificamente para o 6º ano, os livros LD-A e LD-B, possibilitam essa abordagem quando trabalham o tema fotossíntese. Na figura 3, há um exemplo de como a ideia do fenômeno químico é apresentada no LD-A. Nesse caso, mesmo não mostrando a equação química, a ideia de que ocorreu uma reação é clara através da ilustração, podendo ser explorado pelo professor, sem necessidade de fórmulas ou equações. O mesmo ocorre em outros momentos da obra, como na explicação dos ciclos do carbono e do nitrogênio.

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Figura 3: Esquema da fotossíntese, LD-A, p. 28.

Já no LD-B, percebe-se uma maior preocupação com a representação da linguagem química. Os autores, além de explicarem o fenômeno, apresentam a equação química, representada a partir dos nomes das substâncias, como pode ser verificado na figura 4. É interessante perceber que, a partir dessa representação, os alunos começam a se familiarizar com alguns formalismos da linguagem química, mas sem a necessidade de introduzir aqui os símbolos dos reagentes e produtos da reação.

Figura 4: Equação que representa a respiração, LDB, p. 66.

A mesma abordagem pode ser percebida quando são apresentados outros temas, como a ideia de respiração celular e a produção do biogás, que é obtido de resíduos agrícolas e excreções de animais. Ainda no mesmo livro podemos observar a ocorrência de reação química quando trabalhada a questão da eutrofização da água devido à utilização de detergentes e fertilizantes, e também quando os autores falam da chuva ácida. Cabe ressaltar aqui que por se tratar de um tema muito amplo, não foram elencados todos os pontos nos quais haveria possibilidade de trabalhar o conteúdo de reações químicas, sendo que em Ciências ele tem relação com praticamente todos os contextos. Verificou-se que a habilidade “Explicar técnicas de conservação dos solos, como plantação em curva de nível, rotação de cultura e de pastagem, correção do solo, adubação verde e outras”, é contemplada em ambos os livros. Foram identificados elementos referentes à ideia de calagem para corrigir o pH do solo e a adubação verde, em que geralmente planta-se uma leguminosa que possui raízes dotadas de bactérias com o poder de fixar nitrogênio no solo, tornando-o mais fértil. Há também pontos onde é discutida a adubação orgânica, com restos de vegetais, resíduos de sementes e plantas para enriquecer o solo. Essa habilidade é bastante ampla, podendo ser explorados diferentes temas relacionados à Química, como noções básicas de pH, acidez, basicidade e seus impactos positivos e negativos para o solo. Na adubação XVII Encontro Nacional de Ensino de Química (XVII ENEQ) Ouro Preto, MG, Brasil – 19 a 22 de agosto de 2014.

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orgânica pode-se trabalhar a composição do material orgânico e as reações que constituem esse processo, e na adubação verde pode ser explicado como o nitrogênio participa da fertilização do solo. Em seguida foram analisadas três habilidades: “Relacionar a reciclagem dos materiais com a preservação ambiental”, “Relacionar o lixo com o papel dos microrganismos e de uma ampla fauna (vermes, larvas, insetos, moluscos) na decomposição de alimentos, restos de seres vivos e outros materiais” e, “Examinar o problema do lixo nas sociedades modernas e discutir as alternativas”. Essas habilidades foram identificadas nos dois livros didáticos, quando questões relacionadas ao meio ambiente, o lixo e a necessidade de reduzir, reutilizar e reciclar diversos materiais são abordadas. Nesse momento, é essencial que o professor de Ciências tenha o cuidado de evitar associações da Química ao que é artificial e nocivo à população e ao meio ambiente. Essa ideia precisa ser cuidadosamente trabalhada em sala de aula na perspectiva se evitar problemas relacionados à compreensão, à abstração e, principalmente às generalizações de conceitos químicos nas séries seguintes.

Figura 5: Contaminação da água subterrânea, LDA, p. 228.

O LD-B apresenta um capítulo que trata exclusivamente do tema decomposição, onde são apresentadas as bactérias e fungos. O professor pode aproveitar esse assunto para trabalhar a noção de transformações químicas, comparando os sistemas antes e após o processo de decomposição, analisando os responsáveis pelo fenômeno. Da mesma forma, outros aspectos podem ser relacionados à estas habilidades, como quando analisamos a figura 5, do LD-A, que retrata a contaminação de um lençol freático pelo lixo jogado nos aterros. O professor de Ciências pode trabalhar diversas ideias relacionadas à Química, como por exemplo, os compostos presentes no chorume, sua origem e os efeitos de seu contato com a água. Além disso, o professor tem a oportunidade de abordar noções básicas sobre o gás metano, que é emitido para a atmosfera durante a decomposição do lixo. Verificou-se também que o LD-B trabalha a questão da incineração do lixo, onde os autores apresentam as vantagens desse processo como a diminuição do lixo produzido, a eliminação de resíduos hospitalares e o fato de o incinerador poder ser instalado em pequenas áreas. Já as desvantagens citadas são o custo elevado de instalação e a produção de gases que vão para a atmosfera, poluindo o ar (LD-B, p. 128). Nesse momento o professor poderia, por exemplo, propor uma pesquisa aos XVII Encontro Nacional de Ensino de Química (XVII ENEQ) Ouro Preto, MG, Brasil – 19 a 22 de agosto de 2014.

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seus alunos para identificar esses gases que são produzidos durante a incineração e quais os prejuízos deles ao meio ambiente. 4.3 Energia Nesse tópico foram analisadas as seguintes habilidades: “Reconhecer a importância da água, do alimento, da temperatura e da luz nos ambientes”; “Relacionar produção de alimento (glicose) pela fotossíntese com transformação de energia luminosa e de transformação de materiais (água, gás carbônico e sais)” e “Identificar o alimento como fonte de energia”. Ao analisar o LD-A, observou-se a presença dessas habilidades quando são apresentados os fatores abióticos, como a água, a temperatura, a luz, o gás oxigênio e o gás carbônico (LD-A, p. 18). Nesse contexto o professor poderia aproveitar para citar a importância de cada um desses fatores e a influência da temperatura e da energia em vários aspectos do cotidiano. Já o LD-B apresenta um texto, ao final do capítulo 6, que trata sobre a fotossíntese e da respiração celular, falando sobre a quimiossíntese, que é um processo pelo qual algumas bactérias conseguem produzir seu próprio alimento utilizando-se da energia obtida de reações químicas ocorridas no ambiente em que elas vivem, e não da energia provinda do sol como na fotossíntese. Como exemplo o autor cita algumas bactérias que vivem no solo. (LD-B, p. 68). Esse tema é apresentado como curiosidade no livro, e por isso o professor poderia apresentar algumas noções básicas sobre reações químicas e a energia envolvida nesses processos. Nesse tópico foram analisadas as habilidades “Descrever fenômenos e processos em termos de transformações e transferências de energia” e “Identificar fluxos de energia entre os organismos e o ambiente: energia proveniente dos alimentos, energia gasta no metabolismo, calor dissipado ao ambiente e trabalho realizado”. O livro LD-A traz um capítulo intitulado “A transferência de energia e de matéria num ecossistema” analisando a fotossíntese de maneira a mostrar que a luz do sol é a principal responsável pelo seu acontecimento, como mostra o fragmento a seguir: Na fotossíntese, a luz do Sol é absorvida pela clorofila. A energia solar é então transformada e empregada na produção de matéria orgânica, a partir do gás carbônico e da água retirados do ambiente. O material orgânico produzido é a glicose, um tipo de açúcar. Com a glicose, o ser clorofilado produz substâncias orgânicas. Esse material orgânico constitui seu alimento. Na fotossíntese também ocorre produção de gás oxigênio, que é liberado no ambiente através de poros existentes nas folhas. (LD-A, p. 28).

Observa-se que o livro coloca em vários momentos palavras/expressões como: energia, transformação, gás carbônico, água, substâncias orgânicas, glicose e gás oxigênio, que tem importância para o estudo da Química, mas sem a necessidade de aprofundar a discussão e nem de apresentar as fórmulas dessas substâncias, ou de diferenciar elementos, moléculas, átomos. Da mesma forma o LD-B explica com maiores detalhes, mas sem apresentar fórmulas e equações, as etapas da fotossíntese, explicitando a importância de cada uma das etapas, apenas apresentando os nomes das substâncias envolvidas nos processos. Em seguida foram analisadas as habilidades: “Descrever o funcionamento de usinas hidro e termoelétricas em termos de transformações e transferências de energia”; “Discutir e comparar impactos ambientais de usinas geradoras de energia XVII Encontro Nacional de Ensino de Química (XVII ENEQ) Ouro Preto, MG, Brasil – 19 a 22 de agosto de 2014.

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elétrica” e “Associar impactos ambientais ao uso intensivo de energia e examinar alternativas energéticas disponíveis”. O LD-A apresenta um capítulo que tratava dos efeitos do ser humano sobre o meio ambiente, e nesse contexto cita a energia elétrica vinda de usinas hidrelétricas. Os autores explicam que esse tipo de usina quase não polui o meio ambiente, porém causa um grande impacto nos locais onde as usinas são construídas. No entanto, não são discutidas as transferências de energia e nem é explicado o funcionamento das hidrelétricas. Já o LD-B, inicia o capítulo intitulado “Pressão da água” com uma imagem da usina de Itaipu, em Foz do Iguaçu (PR), e a partir dessa imagem, explica que a energia em usina hidrelétrica é produzida por turbinas que se movimentam através da velocidade em que a água passa por elas. Entretanto, observa-se que nenhum dos autores discute conceitos relacionados à geração dessa energia. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Vale lembrar que o objetivo deste trabalho é avaliar como estão dispostos conteúdos químicos nos livros didáticos de Ciências do 6º ano, e de acordo com a análise realizada foi possível notar que, trabalhar a Química no ensino fundamental não é uma tarefa impossível, visto que conteúdos pertencentes á essa disciplina permeiam grande parte dos conteúdos do 6º ano como foi mostrado nesse trabalho. Cabe ressaltar que aqui não foram elencados todos os tópicos em que seria possível abordar a Química em Ciências do ensino fundamental, visto que existem inúmeras possibilidades dentro dos conteúdos, e para enumerar todas as possibilidades caberia uma análise mais aprofundada. Vale ressaltar também que a intenção deste trabalho não é de criticar nem avaliar os livros didáticos. A intenção é elencar alguns aspectos que poderiam ser valorizados pelos professores de Ciências a fim de incluir a Química desde o início do Ensino Fundamental, lembrando que "o adiamento dos tópicos de conhecimento químico e físico para a última série do Ensino Fundamental empobrece o currículo", como mostra o CBC.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APPOLINÁRIO, Fábio. Metodologia da Ciência: Filosofia e prática da pesquisa. São Paulo, Thomson, 2006. BARROS, C.; PAULINO, W. R. Ciências: o meio ambiente. São Paulo: Ática, 2009, 6º ano. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: XVII Encontro Nacional de Ensino de Química (XVII ENEQ) Ouro Preto, MG, Brasil – 19 a 22 de agosto de 2014.

Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) Departamento de Química da Universidade Federal de Ouro Preto (DEQUI/UFOP)

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XVII Encontro Nacional de Ensino de Química (XVII ENEQ) Ouro Preto, MG, Brasil – 19 a 22 de agosto de 2014.

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