Os Morávios: Princípios Missionários de Um Movimento Pioneiro

August 10, 2017 | Autor: Silvano Barbosa | Categoria: Missiology, History of Missions, Missions, Missionary movements, Moravians, Church Mobilization
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NICOLAU VON ZINZENDORF Ilustração: Rogério Chimello

GRanDes MoBILIZaDoRes

Por Silvano Barbosa

A

vida de Nicolau Von Zinzendorf em conexão com a história dos Morávios torna claro o que acontece quando uma visão poderosa alcança corações que estão preparados e desejosos de serem usados por Deus. Ela também mostra que profundo compromisso e verdadeiro amor a Deus estão na base de qualquer movimento bem sucedido. O objetivo deste artigo ao analisar esta história é extrair princípios missionários que possam ser usados no cumprimento da missão dada por Deus ao remanescente.

A Formação de Um Líder Nunca devemos subestimar a importância vital do papel desempenhado pelos líderes de qualquer movimento de sucesso. Uma análise precisa da vida deles vai evidenciar que os seus ideais, valores, princí-

pios, expectativas e até mesmo suas falhas são os mesmos reproduzidos pelos movimentos que eles ajudaram a formar. Este fato pode ser observado à medida que estudamos a vida do Conde Nicolau Von Zinzendorf e o seu impacto na história dos Morávios. Na sua época, ele foi reconhecido como “certamente o maior evangélico Germânico desde Lutero”1. Atualmente, ele é visto por muitos como um homem cujas ideias estavam pelo menos duzentos anos à frente do seu tempo, uma vez que “o que ele diz é frequentemente tão moderno quanto se ele estivesse entre nós e falasse a nós como seu contemporâneo”2. Pouco depois do seu nascimento, a sua mãe escreveu na Bíblia da família: Em 26 de maio, no ano de 1700, cerca de 6 horas da tarde de quarta-feira, o Deus Todo-Poderoso me abençoou em Dresden com o presente do meu filho primogênito, Nicolau Ludwig. Que o Pai de Misericórdia governe o coração desta criança para que ela possa andar irrepreensivelmente no caminho da virtude. Não permita que nenhum mal tenha controle sobre ele, e que o caminho dele seja fortalecido na Sua Palavra. Para que o bem venha ao encontro dele neste mundo temporal e na eternidade.3 Seu pai morreu apenas seis semanas após o seu nascimento, mas isso não mudou o fato de que ele veio de uma ascendência ilustre. A casa de Zinzendorf

era uma remota família de grande importância no ducado da Áustria e foi contada entre as doze famílias nobres que davam suporte a dinastia Austríaca.4 Da parte da sua mãe, ele herdou talento e piedade. Ela foi criada sob o pietismo de Spener e o próprio Philip Jacob Spener foi um dos padrinhos do batismo de Zinzendorf. Ela se sentia “em casa” com a Teologia Dogmática Latina e lia as Escrituras nas línguas originais Hebraico e Grego. Em 1704, ela casou-se novamente e se mudou, deixando Zinzendorf para ser criado pela avó, mas continuou a se envolver na vida dele através de correspondências e visitas. A influência da sua avó foi tão importante em seus anos formativos que posteriormente ele escreveu acerca dela: “Eu recebi meus princípios dela. Se não fosse ela, nada daquilo em que estamos envolvidos hoje estaria acontecendo. Ela foi uma pessoa que aplicou a si mesma a tudo o que interessa ao Salvador”5. Zinzendorf respondeu rapidamente à influência religiosa que estava sendo colocada sobre ele. Aos quatro ou cinco anos de idade, ele ajuntava cadeiras e falava ao Seu grande amigo, o Salvador. Aos seis, ele conduzia reuniões de oração.6 Aos dez anos, ele foi enviado para Halle e isso lhe deu a chance de interagir com muitos filhos de outros nobres, sem destruir a sua fé. Com quinze anos, já era capaz de fazer discursos públicos compostos por ele mesmo em grego, hebraico, latim, francês e alemão.

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Foi durante este período que ele fundou a famosa “ordem do grão de mostarda”. Os jovens que pertenciam a essa organização faziam três juramentos: (1) ser bondoso para todas as pessoas; (2) ser fiel a Cristo e (3) levar o evangelho aos gentios.7 Em setembro de 1716, Zinzendorf foi para a universidade de Wittenberg, onde permaneceu até 1719. Sendo parte da nobreza, se esperava que ele se preparasse para ocupar alguma função importante no Estado. Portanto, solicitaram que ele dedicasse atenção especial às leis. Entretanto, seu prazer estava na teologia. De acordo com o seu próprio testemunho, “minha mente se inclinava continuamente para a cruz de Cristo. Minhas conversas sempre se direcionavam a este assunto; e desde que a teologia e a cruz eram os meus temas favoritos, eu tratava assuntos não relacionados a isso superficialmente”8. Na primavera de 1719, foi decidido em família que Zinzendorf deveria seguir o costume dos jovens nobres e concluir a sua educação fazendo uma extensiva viagem ao exterior. Foi durante essa viagem que a observação de uma pintura na galeria de arte de Dusseldorf aprofundou e desenvolveu a determinação formada em sua infância: devotar a sua vida ao serviço de Cristo.9 A obra de arte que foi feita por Domenico Feti e recebeu o título “Ecce Homo” (Eis o Homem) mostra Jesus com uma coroa de espinhos na cabeça. Embaixo da pintura o artista pintou as palavras: Eu fiz isso por você. O que você tem feito por mim?10 Uma cópia da pintura é apresentada ao lado.

Quando voltou para Hennersdorf, em obediência à sua avó, ele se tornou o Conselheiro de Justiça a serviço do Governo Eleitoral. Mas, a sua real ambição era adquirir uma propriedade que ele pudesse usar como um centro de influência. Por isso, em abril de 1722, ele comprou da sua avó, Berthlsdorf, uma antiga vila que funcionava como uma paróquia deste 1346.11 Naquela época, a Alemanha ainda era uma sociedade semifeudal em que muitas pessoas viviam nas terras dos nobres, que apontavam pastores para o povo. Zinzendorf colocou o seu amigo John Andrew Rothe como o pastor da vila. Zinzendorf já havia ocupado por vários anos, e com grande aceitação, o púlpito da Igreja da Trindade em Gorlitz e também estava acostumado fazer cultos em seu apartamento em Dresden, durante os fins de semana, das 15h de domingo às 07h da segunda. Agora ele decidiu trabalhar de perto com o pastor local para fazer de Bertholdsdorf uma vila modelo.12

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Em setembro do mesmo ano, ele tomou um outro importante passo em conexão com os seus planos. Casou-se com a Condessa Erdmuth Dorothy Reuss, a qual tinha igualmente devoção pietista e estava de pleno acordo com a sua inclinação religiosa. Agora, os principais eventos na vida que estavam formando o líder do movimento que viria a ser conhecido como a Igreja Morávia já tinham acontecido. A semente plantada cedo em sua vida agora estava prestes a florescer completamente. O Estabelecimento de uma Comunidade Por volta de 1724, a poderosa pregação do pastor Rothe estava causando uma grande impressão sobre o distrito ao redor de Bertholdsdorf. Ele também costumava manter conversas informais com o povo após o sermão e o estilo de adoração era bem atrativo. Havia música em abundância acompanhada pelo organista Tobias Friedrich. Uma casa publicadora foi estabelecida com o propósito de produzir e circular todo

tipo de publicações religiosas, especialmente a Bíblia. Ao mesmo tempo, instituições de educação baseadas em princípios cristãos foram estabelecidas para a instrução de crianças.13 Eles também planejavam fundar uma academia para os filhos dos nobres. Em poucos meses a comunidade já tinha crescido para trezentas pessoas. Nesse período, os descendentes espirituais de John Huss que viviam na região da Boêmia e se identificavam como Morávios estavam sofrendo grande perseguição religiosa. Muitos foram executados ou obrigados a fazer um juramento de renunciar a sua fé e unir-se à Igreja Romana. Aqueles que não renunciavam a fé e permaneciam na Morávia passaram a existir como a “Semente Escondida” mantendo as suas reuniões em secreto e passando as suas tradições de pai para filho.14 Outros faziam tudo o que podiam para fugir. Sabendo das inclinações de Zinzendorf para o Pietismo15, muitos refugiados Morávios pediram permissão para cons-

truir as suas casas em Hutberg, o mesmo lugar onde Zinzendorf e os seus amigos do “Pacto dos Quatro Irmãos” estavam fazendo planos para construir um grande prédio com espaço suficiente para acomodar vários empreendimentos.16 Ele concordou e eles passaram a chamar a comunidade de Herrnhut, Vigías do Senhor. A partir de 1725, Zinzendorf começou a trabalhar no desenvolvimento da sua comunidade. Sob as suas instruções, o pastor Rothe iniciou este processo pregando um sermão sobre Romanos 12:78 que tinha o objetivo de apontar membros leigos para vários diferentes ministérios17. Em 2 de fevereiro de 1725, foi feita uma reunião de quatro horas para designar ministérios para sete homens e sete mulheres representando Berthelsdorf (a paróquia) e Herrnhut (a comunidade dos refugiados). O próximo estágio de desenvolvimento aconteceu em 12 de maio de 1727, quando Zinzendorf preparou um documento legal para ser assinado por todos os residentes da sua propriedade. A segunda parte do documento foi definida como “The Brotherly Agreement” (O Acordo Fraternal), e deveria ser assinada apenas por aqueles que voluntariamente queriam ser parte da comunidade religiosa.18 O estabelecimento de pequenos grupos, em 1727, para cuidado pastoral é considerado um terceiro passo no desenvolvimento da igreja Morávia Renovada. O objetivo de Zinzendorf era lidar com a vida spiritual e interpessoal na comunidade.19 Cada grupo era dirigido por um diretor que era responsável pelo cuidado pastoral das pessoas que participavam dele. Zinzendorf continuou trabalhando incansavelmente por unidade e reconciliação. Em 1727, ele abriu mão do seu posto em Dresden para poder se devotar inteiramente à sua comunidade, e todo o esforço deu frutos. Pas-

sou a existir um crescente senso de reavivamento e unidade. Em seus cultos, eles decidiram fazer uma conferência bíblica, ao invés das reuniões regulares de oração e louvor, e o livro de João, que fala fortemente acerca de unidade e amor, foi escolhido. Em 5 de agosto, Zinzendorf e doze anciãos passaram a noite inteira visitando Hennersdorf e Berthholdsdorf, e à meia-noite fizeram uma reunião de oração em Hutberg, na qual muitas pessoas participaram. Nos dias seguintes, o poder de Deus se manifestou poderosamente em seus cultos de louvor. Não houve qualquer demonstração barulhenta, mas um silencioso espírito de alegria tomou conta de toda a comunidade.20 Em 13 de agosto, aconteceu uma memorável reunião de Santa Ceia. Aparentemente, não houve qualquer manifestação especial do Espírito Santo, mas havia um profundo senso da Sua presença. Eles sabiam que algo singular havia acontecido. O “pentecoste” dos morávios havia acontecido. Depois desta experiência, eles estabeleceram uma vigília de oração que durou cem anos.21 Herrnhut tornou-se uma comunidade dinâmica de cristãos. A antiga Igreja Morávia agora havia sido renovada e restaurada. Um Movimento Missionário Pioneiro A experiência pentecostal de 13 de agosto de 1727 renovou o ardor missionário de Zinzendorf e ele ficou tão apaixonado pela missão quanto quando era um jovem estudante. Agora, ele e os seus morávios prepararam-se para agir sob o conceito de que ser um cristão é ser envolvido na missão a todo o mundo. Em 16 de agosto de 1732, foi decidido numa reunião que Tobias Leupold e David Nitschmann seriam enviados como missionários para as West Indies (Amé-

rica Central). Às três da manhã de quinta-feira, 21 de agosto de 1732, eles aguardavam em frente à casa de Zinzendorf. Nenhum irmão ou irmã estava lá para vê-los partir. O Conde os levou até Bautzen e de lá eles caminharam até Copenhagen. A missão morávia havia começado.22 A pregação deles aos escravos requereu paciência e perseverança. Reuniões públicas não eram permitidas e as pessoas só podiam ser visitadas após o pôr-do-sol. Em 30 de setembro de 1736, três conversos foram batizados, Pedro, André e Natanael, e a primeira congregação resultante da missão na Ilha de São Tomé foi formada.23 Em 1733, três jovens morávios foram para a costa ártica da Groelândia e começaram o trabalho entre os esquimós. Seis anos depois, no domingo de páscoa de 1739, Kayarnak, o primeiro esquimó cristão, foi batizado com a sua esposa Anna, seu filho, Mateus, e sua filha, Aima. Eles também estabeleceram uma igreja que perdurou por muitos anos. Os morávios estabeleceram presença nos Estados Unidos, no estado da Geórgia, a partir de 1735 e em Nova Iorque e Cunnecticut, em 1740. Bethelehem foi organizada em 1742 e uma extensiva evangelização dos índios continuou nos anos seguintes. Milhares de nativos americanos foram convertidos. Em julho de 1737, Jorge Schmidt chegou à Cidade do Cabo e, num vale silencioso, há 160 km ao leste da cidade, ele estabeleceu a mais antiga estação missionária da África do Sul. Em 31 de março de 1742, Willem, o primeiro africano nativo, foi batizado. Em 1738, George Dahne foi ao Suriname. Ele viveu dois anos sozinho na floresta cercado por animais selvagens e canibais. O seu primeiro converso foi batizado seis anos após a sua chegada.

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Os missionários morávios sofreram todo o tipo de provações, mas nada podia pará-los. Eles eram missionários de sustento próprio e enfrentaram prisão, perseguição, naufrágios, pragas, privação e morte, mas todas estas coisas somente aumentaram o fervor e o zelo deles. Eles preferiam morrer a viver sem dar fruto. De fato, a morte acompanhou estes missionários quase em cada passo do caminho. No século XVIII, o percentual de morte entre eles foi bem alto, mas sempre havia alguém para ocupar os lugares vazios. Em São Tomé, 160 missionários morreram em 50 anos (1732-1782). Em São Croix, entre 1733 e 1735, eles tiveram 22 mortes. No Suriname, 50 missionários morreram em um ano após a chegada.24 Em Labrador, o grupo inteiro pereceu.25 Durante um período de 28 anos, os morávios enviaram missionários para 28 países e uma em cada treze pessoas da sua comunidade foi enviada como missionária.26 Quando Zinzendorf morreu, em 1760, não menos que 226 missionários haviam sido enviados para alcançar todos os continentes. A sua visão já havia sido completamente assimilada pela “Irmandade” e estava tão enraizada neles que a sua morte fez pouca diferença no programa. Os Princípios para Fazer Missão O resultado mais visível e expressivo do encontro entre Zinzendorf e os morávios está registrado na história do movimento missionário. Muitas das suas crenças e práticas em relação à missão têm sido usadas como um manual de sucesso na tarefa missionária. Ao analisarmos a sua história, pode-se concluir que alguns dos seus fatores de sucesso foram: ESPIRITUALIDADE – Os morávios levavam o compromisso deles com Deus a sério e expressaram isso de várias maneiras. Em Herrnhut, havia pelo menos três reuniões com toda a congregação, pelo menos três vezes ao dia. Aos domingos havia cultos de adoração e louvor das cinco da manhã às nove da noite.27 Entretanto, as reuniões públicas não substituíam a devoção pessoal que consistia de oração, leitura da Bíblia e meditação. Este relacionamento íntimo e compromisso profundo com Deus estavam na base de tudo o que eles fizeram como missionários. E isso não podia passar despercebido. VIVER A FÉ ANTES DE PREGÁ-LA – Zinzendorf disse: “deixe as pessoas verem o tipo de homem que vocês são e eles serão forçados a perguntar, ‘O que faz um tipo de homem como este’?”28 Para ele, missionários deveriam viver como modelos de vida.

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UMA VIDA HUMILDE – Em uma carta datada de 12 de abril de 1712, Zinzendorf expressou a sua teoria de missão. O primeiro ponto enfatiza que o missionário nunca deve exercer autoridade sobre os que estão sendo evangelizados, mas deve viver uma vida humilde entre eles e conquistar a sua estima e consideração pelo poder do Espírito. A vida dos missionários morávios foi caracterizada pela simplicidade. Para Zinzendorf, o missionário não deve buscar nada para si mesmo, nenhum lugar de honra ou fama. Ele deve ser cego a toda armadilha de orgulho e presunção. Ele deve estar satisfeito com sofrer, morrer e ser esquecido.29 CRISTO, O PRIMEIRO E O PRINCIPAL – Zinzendorf observou que os pagãos não precisavam ser convencidos da existência de Deus, o que eles já acreditavam. O que eles não sabiam é que o Salvador havia morrido por eles. Ele instruiu os seus missionários a começarem com uma abordagem cristocêntrica, indo direto ao ponto e pregando o Cristo crucificado. “Fale a eles acerca do Cordeiro de Deus até não poder mais”, ele escreveu a George Schimidt.30 COMUNIDADES DE MISSIONÁRIOS DE SUSTENTO PRÓPRIO – Zinzendorf acreditava que o missionário deveria exercer uma profissão no campo missionário e a sua vida lá deveria ser simplesmente uma extensão da sua prática doméstica.31 Eles acreditavam que diligência, economia, pontualidade e consciente atenção aos detalhes são qualidades essenciais ao sucesso econômico. CONTEXTUALIZAÇÃO – Ao fazer missão, os morávios sempre tentaram apresentar a mensagem de maneira relevante à cultura que eles estavam tentando alcançar. Eles reconheciam que pessoas são diferentes e precisam ser abordadas de diferentes maneiras. Ele também aconselhava os seus missionários a não forçarem os costumes e tradições de Herrnhut que eram estranhos às culturas nativas no campo missionário. PREOCUPAÇÃO SOCIAL – Zinzendorf sempre encorajou o crescimento moral e a melhoria na condição social das conversos. Por isso, os governos das terras onde os morávios serviam tinham grande consideração pela presença deles e muitas vezes pediam veementemente para que eles se estabelecessem em seus territórios. Eles também tinham ministérios de saúde voltados à cura e ensinavam os seus conversos a cuidarem dos idosos, viúvas e órfãos.

EDUCAÇÃO – O estabelecimento de escolas era uma característica proeminente nos campos missionários em que os morávios se estabeleciam e eram vistos como um método chave para ganhar os jovens para Cristo e treiná-los nos Seus caminhos. Eles construíram escolas de grande reputação na Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos. O presidente George Washington contatou pessoalmente o diretor da Escola da Pensilvânia com o objetivo de reservar vagas para as suas duas sobrinhas.32 A ESCOLHA DOS MISSIONÁRIOS – Embora Zinzendorf fizesse parte da nobreza, a maioria dos seus missionários eram extraídos da classe trabalhadora. Para ele um bom missionário precisa de

quatro qualidades: bom conhecimento das Escrituras, bom discernimento, disposição amigável e um coração cheio do amor de Deus.33 O PAPEL DO LÍDER – Atrás da vasta extensão do trabalho missionário dos morávios está a mão de Zinzendorf dirigindo e organizando. Sua visão, suas estratégias, seus hinos e o seu grande coração mantiveram o pulso da missão batendo.34 Como um grande general, ele conhecia na teoria e na prática a realidade do campo de batalha. Ele tornou claro aos missionários a mensagem que eles deveriam pregar, as regras que eles deveriam adotar e o propósito que eles estavam perseguindo.

CONCLUSÃO: Muito antes de se estabelecerem em Herrnhut, os morávios já eram uma comunidade firmemente estabelecida na Bíblia. Desde o martírio de John Huss em 1415 eles vinham suportando dureza e perseguição por causa da verdade. Entretanto, sob a liderança de Zinzendorf, eles tornaram-se um dinâmico movimento missionário e passaram a enxergar o mundo, objeto o final do interesse de Deus, como sendo parte da responsabilidade deles. Zinendorf foi uma fonte de inspiração, informação e estratégias, que os levou a acreditar que o verdadeiro objetivo era alcançar o mundo inteiro para Deus. A vida de Zinzendorf é uma clara demonstração de que não há limites para a utilidade daquele que, pondo de parte o próprio eu, abre margem à operação do Espírito Santo e vive uma vida inteiramente consagrada a Deus.35

SILVANO BARBOSA

O pastor Silvano Barbosa é o editor da revista Foco na Pessoa. Graduou-se em Teologia no IAENE em 1998 e concluiu o mestrado em Teologia Pastoral no UNASP, em 2010. Atualmente está cursando PhD em Missão e Ministério na Andrews University. Foi pastor distrital por cinco anos nas associações Paulista Leste e Mineira Sul. Também atuou no sul de Minas como Secretário Ministerial e departamental de Publicações por três anos. Em seguida, serviu por quatro anos como departamental de Ministério Pessoal e Escola Sabatina nas associações Norte Paranaense e Paulista Central. É casado com a enfermeira Lea Sampaio, com quem tem dois filhos, Davi e Liz.

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1 LEWES, A. J. Zinzendorf, the Ecumenical Pionner. EUA, Filadélfia: The Westminster Press, 1962, p. 12. 2 Idem, 12. 3 WEIN, John R. Count Zinzendorf, the Story of His Life and Leadership in the Renewed Moravian Church. Bethlehem, PA: Pierce & Washabaugh, 1989, p. 13 4 Idem, p. 13. 5 FREEMAN, Arthur J. An Hermeneutical Theology of the Heart: The Theology of Count Nicolaus Von Zinzendorf. Bethlehem: PA, Board of Communications Moravian Church in America, 1998, p. 31. 6 LANGTON, Edward. History of the Moravian Church. Inglaterra, Londres: George Allen & Unwin LTD, 1956, p. 63. 7 Idem, p. 65. 8 WEIN, John R. Count Zinzendorf, the Story of His Life and Leadership in the Renewed Moravian Church Bethlehem, PA: Pierce & Washabaugh, 1989, p. 35. 9 HAMILTON, J. Taylor. A History of the Church Known as The Moravian Church. Bethlehem: PA, Times Publishing Company Printers, 1900, p. 21. 10 Disponível em: 11 WEIN, John R. Count Zinzendorf, the Story of His Life and Leadership in the Renewed Moravian Church Bethlehem, PA: Pierce & Washabaugh, 1989, p. 55. 12 HAMILTON, J. Taylor. A History of the Church Known as The Moravian Church. Bethlehem: PA, Times Publishing Company Printers, 1900, p. 23. 13 LANGTON, Edward. History of the Moravian Church. Londres: George Allen & Unwin L TD, 1956, p. 69. 14 SCOTLAND, Nigel. Christianity Outside The Box. Eugene, OR: Casvade Books, 2012, p. 119. 15 Muitos veem o Pietismo como uma das melhores expressões do Luteranismo. 16 WEIN, John R. Count Zinzendorf, the Story of His Life and Leadership in the Renewed Moravian Church. Bethlehem, PA: Pierce & Washabaugh, 1989, p. 66. 17 FREEMAN, Arthur J. An Hermeneutical Theology of the Heart: The Theology of Count Nicolaus Von Zinzendorf. Bethlehem, PA: Board of Communications Moravian Church in America, 1998, p. 258. 18 Idem, p. 258. 19 Ibidem, p. 258. 20 LANGTON, Edward. History of the Moravian Church. London: George Allen & Unwin LTD, 1956, p. 75. 21 PIERSON, Paul. The Dynamics of Christian Mission. Pasadena, CA: Willian Carey International University Press, 2009, p. 190. 22 LEWES, A. J. Zinzendorf, the Ecumenical Pionner. Philadelphia: The Westminster Press, 1962, p. 79. 23 Idem, 82. 24 HUTON, J. E. A history of Moravian Missions. London: Moravian Publication Office, 1923, p. 166. 25 SCOTLAND, Nigel. Christianity outside the Box. Eugene, OR: Casvade Books, 2012, p. 122. 26 PIERSON, Paul. The Dynamics of Christian Mission. Pasadena, CA: Willian Carey International University Press, 2009, p. 191. 27 SCOTLAND, Nigel. Christianity Outside the Box. Eugene, OR: Casvade Books, 2012, p. 129. 28 HUTON, J. E. A history of Moravian Missions. London: Moravian Publication Office, 1923, p. 166. 29 LEWES, A. J. Zinzendorf, the Ecumenical Pionner. EUA: Philadelphia: The Westminster Press, 1962, p. 92. 30 DANKER, William D. Profit for the Lord. Grand Rapids, MI: William B Eerdmans Publishing Company, 1971, p. 32. 31 Idem, p. 32. 32 SCOTLAND, Nigel. Christianity outside the Box. Eugene, OR: Casvade Books, 2012, p. 130. 33 HUTON, J. E. A history of Moravian Missions. Inglaterra, Londres: Moravian Publication Office, 1923, p. 191. 34 LEWES, A. J. Zinzendorf, the Ecumenical Pionner. EUA: Philadelphia: The Westminster Press, 1962, p. 89. 35 WHITE, Ellen G. Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes. Tatuí: São Paulo, Casa Publicadora Brasileira, 2000, p. 409.

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