Os (novos) espaços da era informacional, (‘tecnopolis’ e ordenamento do território; estudo de dois casos: Barcelona/Valles e Coimbra

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CAP I Conceito de tecnologias; definição tipológica de espacos tecnológicos






Ao que parece a expressão tecnopolis – usada com maior frequencia e
adoptada por vários países e idiomas a partir do final dos anos 70 – tem a
sua origem no francês, idioma onde apresenta contudo uma dupla ortografia,
dois géneros, e um duplo significado:

- le techonopole, derivado de 'pôle' (do grego 'polos') e

- la techonopole, derivado de métropole (do grego 'polis').

tal dualidade pode suscitar, para além de um debate, pouco útil, sobre a
questão ortográfica ou do género (sexo) da palavra, outro bem mais
pertinente, centrado na questão semântica.

Dela se pode partir para a discussão do papel desempenhado por este novo
modelo de espaço industrial (e científico) no contexto do desenvolvimento
urbano deste final de século e sobre os modelo(s) territorial(ais) que lhe
correspondem, sub-temas que se entendem como hipóteses de trabalho, a
questionar.

A compreensão do papel 'jogado' pelas tecnopolis, seu impacto no território
e sua influência nas mais recentes práticas urbanísticas, passa também pela
clarificação do respectivo conceito e por uma definição tipológica,
possível, dos espaços que produzem.

Neste âmbito, comecemos por citar George Benko que para a definação do
conceito se apoia na caracterização das estratégias de desenvolvimento
económico:

"Les technopôles sont des realisations mises en oevre par des villes don't
les strategies de develloppement économique s'appuient sur la valorisation
de leur potentiel universitaire et de recherche, en esperant que celui-ce
entrâine une industrialisation nouvelle à l'iniciative d'entreprises de
haute-technologie, criés ou attirées sur places."([1]).

E. dá ainda mais um contributo, focando mais dois pontos de vista:
"Opérationallement, c'est un groupment d'organisations de recherches et
d'affairs qui s' attachent au development scentifique englobant un
processus d'ensamble, de l'étape du laboratoire jusqu'à celle de la
fabrication et de la commercialisacion du produit. Phisiquement, c'est un
ensemble d'enterprises (majoritairement petits e moyens) bureaux,
laboratoires et unités de fabrications, struturés dans un environnement de
qualité."

E ainda, agora na versão 'feminina': "en revanche la technopole (au
feminin et sans accent) élargit le concept original et s'integre dans un
mouvement plus global, de portée generale, influant sur les conditions
economiques, sociales et de la descentralisation."

Já M. Castels e P. Hall precedem a explicação do conceito a partir da
imagem espacial que lhe corresponde:

"Existe una imagen de la economia industrial del siglo XIX que resulta
familiar en los libros de texto de história, la mina de carbón y la
production de hierro vecina, vomitando humo negro al firmamento e
iluminando los cielos noturnos con brillante fulgor rojo. Hay una imagen
paralela para la nueva economia que ha ido ocupando el lugar de aquella en
los últimos años del siglo XX, pero que apenas si está ahora tomando cuerpo
en nuestra consciencia. Consiste en un conjunto de edificios discretos e
bajos, que habitualmente desprendem um cierto aire de buen gusto y que
estan situados en unos parajes inpecables según el cliché standard de las
inversiones imobiliárias, una atmosfera al estilo de los campus."

Continuando a por ênfase na revolução económica contemporânea, acrescentam:


"Las tecnopolis, de hecho, hacen explícita una realidad: las ciudades y las
regiones están siendo profundamente modificadas en su estrutura, y
condicionadas en su dinâmica de crescimiento, por la accion reciproca de
três grandes processos históricos interrelacionados:

- Una revolution tecnológica, principalmente basada en las tecnologias de
la information […]

- La formacion de una economia global […]

- La aparicion de una nueva forma de producion y gestion económica: aquella
que – al igual que cierto numero de economistas y sociologos – nosotros
denominamos informational […][2]

Quanto à classificação tipológica, resulta tão mais importante quanto
parece estar instalada alguma confusão, em particular na administração
pública, face à miragem de progresso representada pela tecnopolis.

Sobretudo quando se trata de fazer política territorial e aspirar, através
do planeamento, a modelos ou sistemas urbanos, apoiados naquilo a que se
chamou, também, 'meio inovador'.

Voltando a G. Benko e sua 'Geographie des tecnopôles', encontramos as
seguintes categorias, acompanhadas de exemplos:

- centros de inovação, situados no interior dos campus universitários,
fornecendo pequenas unidades de pesquisa, ex.: na Universidade de
Compiégne, France;

- parques científicos, nascidos nos países anglo-saxónicos, a partir de
iniciativas das universidades e próximos dos campus, sendo o seu conjunto
constituído por escritórios, laboratórios e ateliers, ex.: Cambridge
Research Park, England.;

- tecnopolos ou parques tecnológicos, dotados de uma forte componente de
pesquisa aplicada, por vezes com ligações às universidades, sendo contudo
a actividade principal a produção industrial de alta tecnologia e
serviços às empresas. São espaços que se situam, em geral, em formas peri-
urbanas, proximas de grandes aglomerados, num ambiente físico e social
agradável e de fracas densidades. Frequentemente são objecto de operações
mistas, actividades económicas de um lado, habitação e equipamentos do
outro, ex.: Sophia-Antipolis, France;

- parques de negócios ou comerciais, caracterizados por um ambiente de alta
qualidade, com fracas densidades, respondendo a todas as exigências das
empresas comerciais, apoiadas em imagens de prestígio e pelas actividades
altamente especializadas. As funções são triplas: manufactura, comércio e
serviços profissionais, ex.: na região parisiense, muito próximo dos
aeroportos.N.A.

- zonas industriais superiores, frequentemente influenciadas pela imagem
dos parques científicos e as tendências recentes da construção, apesar da
sua relação menos forte com a produção, beneficiam de uma imagem de
autêntica alta tecnologia, um padrão arquitectónico e um conceito de
design de espaço tecnológico.

G. Benko chega assim a uma classificação das novas realizações industriais
de acordo com a sua expressão espacial, importância e tipo de actividade,
as quais observa directamente no território, identificando as diferentes
categorias.

Já M. Castels e P. Hall[3] utilizando a mesma metodologia, empírica, do
autor francês, chegam porém a denominações e agrupamentos mais globais,
diferenciados sobretudo pelas formas de iniciativa, promotores
responsáveis, processos de planificação e desenvolvimento no território.

Pelo que, segundo estes autores, teríamos cinco variantes:

- a primeira consiste em complexos industriais de empresas de alta
tecnologia construidos sobre a base de um meio inovador, relacionando o
I+D e a fabricação. Surgiram em zonas representativas da ultima onda de
industrialização recente, caracterizadas pelas empresas de alta
tecnologia, ou nas antigas regiões industriais que atravessam um processo
de transformação e reindustrialização. São exemplo, do 1º caso, o Silicon
Valley e do 2º, a Route 128 de Boston ('casos' tão paragmáticos que a
eles dedicaremos especial atenção neste estudo, a exemplo do que quase
sempre acontece na bibliografia consultada sobre a matéria).

- o segundo tipo de tecnopolis seriam as "ciudades de la ciencia",
complexos de investigação estritamente científicos sem relação
territorial directa com a fabricação e com o objectivo de alcançar um
maior nível de excelência científica, mediante a sinergia que se supõe
gerarem no seu isolado meio científico. Os autores dão como exemplo
quatro casos que estudam em pormenor: Akademgorodk na Sibéria russa,
Tsukuba no Japão, Taedok na Coreia do Sul e "el nuevo concepto de la
ciudad de la ciencia multinuclear que se está desarrollando en el area de
Kausai, en Japon".

- O terceiro tipo de tecnopolis são os parques tecnológicos, os quais
aspiram a induzir um novo crescimento industrial, em termos de emprego e
de produção, procurando atrair empresas de produção de alta tecnologia a
um espaço priveligiado. As funções de inovação não estão aqui excluídas
mas definem-se em termos de desenvolvimento económico. Podem surgir como
resultado de iniciativas governamentais ou estar relacionadas com
universidades. Exemplos dão os autores três, um de maior grau de
planificação governamental, Hsinchu em Taiwan, um esquema intermédio,
Sophia Antipolis em França e outro de 'iniciativa universitária "más
indefinida", Cambridge em Inglaterra.

- O quarto tipo define-se como casos mais planificados, programas de
tecnopolis elaborados como instrumentos de desenvolvimento regional e de
descentralização industrial e do qual, segundo os autores, só dispomos de
um exemplo de primeira magnitude: o programa de tecnopolis do Japão.

- O quinto e último tipo emerge pela observação de que apesar de todas as
iniciativas e fenómenos de nascimento e expansão de espaços densamente
tecnológicos, a maior parte da produção de inovação de alta tecnologia
procede ainda das velhas e grandes zonas metropolitanas do mundo
industrializado. Habitualmente não reconhecidas como meio inovador, na
prática conservam a sua liderança tecnológica, citando-se os exemplos de
Tokio, Paris e Londres e também Los Angeles e Munique, estas últimas como
metrópoles tecnológicas-industriais recém emergidas.



CAP II A origem, a história do Silicon Valley – ascenção e declíno de
um mito




Foi palco de algumas das mais importantes descobertas que vieram a
revolucionar o panorama da industria mundial no sec. XX - a electrónica em
1912 em Palo Alto por Lee Forest[4] e a industria dos semi-condutores em
1955, por iniciativa de William Shockley, também em Palo Alto – como também
do maior e mais rápido fenómeno à escala planetária de crescimento
económico apoiado na inovação tecnológica.

O Silicon Valley, nome pelo qual ficou conhecida uma faixa de 15 Km de
largura e 70 Km de comprimento, no condado de Sta. Clara, a Sul de S.
Francisco, permanece hoje como uma referência central quando se fala e se
tenta explicar o advento das tecnopolis.

A história particular do Vale do Silício confunde-se com a evolução da
indústria da microelectrónica e pese toda a sua dimensão, excepcionalidades
de que se rodeou o seu aparecimento, permitindo a sua consolidação, e o
relativo declíneo que atravessa, continua a ser um modelo que todos querem
imitar.

A hollywood da indústria de alta tecnologia, o lugar mítico da fábrica de
sonhos, onde um pequeno invento produzido numa garagem por jovens
universitários pode dar origem a uma multinacional e converter os seus
autores em celebridades no mundo dos negócios.

O relato cronológico dos acontecimentos e a descrição do cenário local e
internacional que proporcionou o florescimento do fenómeno Silicon Valley é-
nos oferecido por Ana Lee Saxenian,("Silicon Valley y Route 128,
¿Protótipos regionales o excepciones históricas?", Urbanismo Nº 11, COAM,
Madrid, 1990).

As primeiras empresas do ramo da microelectrónica que se instalaram no vale
nos anos 40 e 50 constituiram apenas o indício da explosão que se viria a
dar com o advento dos semicondutores a partir dos anos 60.

Esta boom ganha máxima expressão, com o apoio de programas do departamento
de Defesa e a consolidação das grandes fabricantes de microelectrónica nos
anos 70, com o início da era dos computadores pessoais.

"Cuando el mercado microelectrónico prospero en los años sesenta y setenta,
tambien lo hizo la region. Por los años setenta este valle agricultor habia
llegado a ser una de las zonas de crescimiento urbano más saudable y rápido
de toda la nación. Una década despues la region se distinguio por los
problemas sociales y urbanos que amenazaban el normal funcionamento de
muchas companhias que habian ocasionado su crescimiento explosivo, y el
Silicon Valley proporciona una rara oportunidad para examinar las
relaciones entre un sector industrial, un crescimiento regional y su
estrutura espacial urbana."[5]

Com efeito se considerarmos o escasso desenvolvimento urbano da zona
podemos afirmar que a organização espacial do território do Silicon Valley
foi em grande medida determinada pelo tipo de produção industrial que
proporcionou o seu desenvolvimento económico.

Tendo que nomear um protagonista principal neste processo, todos os autores
são unânimes em indicar Frederick Terman, professor na Universidade de
Stanford.

Responsável pela criação, junto ao campus universitário, do Parque
Industrial de Stanford, em 1951, foi grande impulsionador de empresas
inovadoras, pelas quais se chega a empenhar pessoal e financeiramente, como
foi o caso da Hewlett-Packard fundada, em 1938, por dois dos seus
alunos[6].

Facilitado pelo dinamismo de sociedades de capital de risco a operar na
zona, o espectacular desenvolvimento económico de aqui se dá conta trouxe
consigo um acréscimo populacional desproporcionado, consequência da criação
de mais de meio milhão de novos postos de trabalho no período compreendido
entre 1940 e 1975[7].

Este desenvolvimento não foi contudo acautelado com políticas territoriais
adequadas, donde ressalta a ausência de planeamento territorial global e a
imposição de medidas restritivas do uso do solo.

O tipo de parcelamento generalizado no Silicon Valley, grandes lotes de
terreno para construção de confortáveis vivendas, geraram uma escassez no
mercado habitacional e uma inflação significativa dos preços.

Quando chegamos aos anos 80, o condado de Sta. Clara contava com apenas 480
000 unidades habitacionais contra 670 000 postos de trabalho, as quais
apresentavam preços que representavam o dobro da proporção média dos U. S.
A.[8].

Eis o desolador panorama, conforme nos é descrito por Fernando Molini
Fernandez (Madrid, 1989):

- autoestradas saturadas – consequência das largas deslocações a que a
maioria dos trabalhadores passou a estar sujeita devido ao problema
habitacional e a consequente dispersão urbana, a qual por sua vez
condicionou sempre a implementação de transportes colectivos eficazes e
economicamente viáveis;

- poluição atmosférica – resultado do excesso de tráfego automóvel;

- problemas de insalubridade – dada a incapacidade de dotar algumas cidades
com sistemas de águas e resíduos;

- contaminação – consequência dos escapes de produtos tóxicos perigosos
empregues numa indústria da microelectrónica insuspeita, para mais num
território que sempre 'vendeu' a imagem dum desenvolvimento económico
limpo;

- problemas sócio-laborais – com origem na heterogeneidade racial e
desigualdade social inerte a uma força de trabalho constituída por
quadros superiores de formação universitária e operários pouco
qualificados, quase sempre pertencentes a minorias étnicas;

- e problemas psicológicos dos cidadãos – resultantes duma sociedade
altamente competitiva e insegura, onde os seus habitantes vivem um stress
quase permanente.

Todos os autores, de resto, configuram desta forma aproximada, o cenário de
decadência do Silicon Valley, um território saturado e esgotado nos seus
limites físicos e socio-económicos.

Actualmente proliferam nas principais cidades medidas restritivas do
crescimento económico e normas estritas relativas ao impacto ambiental.

Por seu lado, as grandes companhias da industria microelectrónica propõem
uma gradual divisão interregional do trabalho, reservando para o Silicon
Valley, os mais fortes investimentos em I+D, onde apostam mais em centros
de investigação sofisticada, desenho de produtos e desenvolvimento de
protótipos[9].

Inimitável enquanto processo, dado o conjunto de circunstâncias espaciais e
históricas irrepetíveis que o fizeram emergir e o moldaram, é possível,
segundo M. Castels e P. Hall, definir um modelo para a caracterização do
Silicon Valley.

Este modelo,ainda que não espacial, estaria suportado por aquilo que
denominam os três factores de produção da nova era informacional:

- "la nueva matéria-prima, que es conocimiento científico y la information
avanzada en electrónica […]";

- "el capital de riesgo aportado […]";

- "la disponibilidad en la zona de mano de obra científica y técnica
altamente cualificada […]".

Após a evocação, mais extensa e 'obrigatória', da 'meca' da última
revolução industrial apresentaremos, suscitamente, no próximo capítulo,
alguns exemplos mais representativos das tipologias dos espaços gerados
pela nova economia informacional.



CAP III A proliferação dos espaços densamente tecnológicos


1. A Route 128 em Boston., a reconversão de uma região de tradição
industrial.


"La tortuosa carretera rural que servió de circunvalacion norte-sur del
centro de Boston fue transformada en una super carretera de quatro carriles
en 1951. La terminacion de la carretera de circunvalacion de Boston – hoy
conocida como Route 128 – coincidió con el ascenso de las industrias de
tecnologia avanzada de la region. Durante décadas sucessivas la region de
la Route 128 creció rapidamente para llegar a su actual posicion, como la
contrapartida en la Costa Este del complexo tecnológico-industrial de
Silicon Valley. Pero, como en Silicon Valley a finales de los años setenta,
las ciudades de la Route 128 fueron acosadas con problemas urbanos, medio
ambientales y sociales, e las firmas locales empezaron a situar sus nuevas
operaciones fuera del 'Semicirculo Dorado'."[10]

Ainda que as circunstâncias históricas da 'Route 128' sejam semelhantes às
do Silicon Valley, no que se inclui a proximidade e forte papel
desempenhado pelas universidades 'de ponta', como o M.I.T. e Harvard, a
geografia urbana difere pelo espaço linear, sem limites físicos claros,
induzido pela estrada de circunvalação.

Ao longo desta linha vão dispersar-se, por diferentes jurisdições
governamentais, os novos centros de inovação.

Compete referir que a região apresentava já um passado desenvolvimento
industrial tradicional, principalmente no sector têxtil, e produções de
outro tipo que não baseadas nas novas tecnologias.

A segregação social e a separação espacial do desenvolvimento residencial e
industrial, soluções experimentadas no Silicon Valley e repetidas em muitas
das vinte cidades da Route 128, tiveram como consequência o mesmo que já
havia ocorrido no eldorado californiano.

O congestionamento de tráfego, tensões sociais e medio-ambientais, aparecem
como malefícios que levaram às já conhecidas medidas restritivas do
cresimento económico e à política de descentralização por parte das grandes
empresas, apostando na manuntenção da investigação mais avançada nos
antigos centros.

O declínio da Route 128 de Boston, irá acentuar-se com o final da guerra
fria e do Programa Guerra das Estrelas, com a diminuição radical das
encomendas do governo central, mercado de que as empresas de Massachusetts
se encontravam bastante dependentes.[11] [12]



2. Sophia Antipolis – sucesso económico e equilíbrio ambiental.


O parque tecnológico de Sophia-Antipolis apresenta-se como um caso único de
sucesso no contexto europeu do fenómeno das tecnopolis.

Em cerca de 20 anos e partindo da ideia e iniciativa de um único homem,
Pierre Laffite[13], então director da Escola Superior de Minas de Paris.

Criado na sequência da extensão desta escola até à Riviera Francesa, em
Valbone, a metade do caminho entre Nice e Cannes, em pleno coração da
afamada Cote d'Azur, o Parque de Sophia Antipolis converteu-se num modelo
de prestígio, uma referência a ter em conta para futuras operações.

Os números que apresentava já em 1989, são por sí só impressionantes:

- 400 empresas e 9 000 trabalhadores numa área total de 2 300 ha, prevendo-
se que abordará o sec. XXI com 4 000 ha e um crescimento de nº de
trabalhadores até 25 000;

- um sistema de telecomunicações baseado numa rede de fibra optica de 500
km de compriemento e dotado do mais avançado do que existe no sector,
incluindo redes internas e externas de transmissão de dados postas ao
serviço das empresas e instituições do parque;

- uma oferta de meios de cominicação viários, ferroviários e áreas onde se
incluem uma auto-estrada, comboios rápidos para Barcelona ou Milão e de
alta velocidade para Paris (TGV) e ainda, o segundo maior aeroporto
internacional francês a apenas 18 km, em Nice;

- um conjunto notável de escolas superiores e centros de investigação a
começar pela referida Escola Superior de Minas de Paris e outros nas
áreas de Artes e Ofícios, Tecnologias de Engenharia, Pesquisa em
Informática, Comunicação e Sistemas[14];

- um parque habitacional de 1 300 vivendas e apartamentos, construídos
entre 1981 e 1988, assim como 200 instalações dedicadas a comércio,
serviços, associações e clubes, incluindo farmácias, médicos, advogados,
acessores jurídicos e fiscais e numerosos cafés e restaurantes[15];

- oferta abundante de equipamentos desportivos e escolares, para crianças e
jovens, incluindo escolas adaptadas à diversidade linguística existente,
já que uma percentagem elevada dos trabalhadores do parque são
estrangeiros[16].



E tudo isto num território de grande beleza natural, composto por bosques
frondosos e suaves montanhas, paisagísticamente ordenado e com importante
investimento no design e na promoção de uma imagem de sucesso.

Tendo começado, como já referimos como iniciativa privada, o Parque de
Sophia Antipolis, teve uma ascenção fulgurante que levou a que o estado
francês, fiel às suas tradições centralistas, o declarasse de interesse
nacional em 1992.

Passa então a beneficiar de investimentos públicos e outros incentivos sem
os quais não se teria dado o seu rápido e aparentemente sólido crescimento
económico.

Contou também com uma política de ordenamento do território e um controle
urbanístico que soube preservar a qualidade ambiental, orientada para uma
edificação integrada nos espaços "buscando-se una mayor compacidad
volumétrica nas áreas residenciais y una composicion más libre para las
áreas de actividad"[17].

A intervenção estatal trouxe contudo uma gestão mais orientada para a
manutenção e valorização do espaço planificado do que para o
desenvolvimento económico interno.

Tamanha ingerência pública em domínio onde o privado 'domina' parece agora
revelar-se algo perversa, prejudicando a produção de sinergias e o
desenvolvimento tecnológico.

No entanto, conforme observam M. Castels e P. Hall, duas décadas, nesta
temática das tecnopolis pode ser um prazo curto para chegar a uma conclusão
válida e extrair lições definitivas.

Isso não tem todavia obstado a que autores como Jean-Claude Perrin e Michel
Queré dedicassem a fazer já uma avaliação de Sophia-Antipolis.

Elaborada numa perspectiva académica, resulta algo pessimista e aponta para
a incapacidade do estado assumir uma gestão tecnológica adequada à
afirmação de um meio inovador.



3. The Cambridge Phenomenon – um exemplo de êxito de iniciativas
particulares não planificadas, a partir de um meio universitário de
prestígio e tradição.


" En la mitologia de las creaciones de alta tecnologia el fenómeno
Cambridge ha llegado a ser comparado con el Silicon Valley y se ha
convertido en imagen o en simbolo a nível mundial de medio inovador"[18].

Diferente na essência do caso de Sophia-Antipolis, pois trata-se de um
crescimento que excluiu a intervenção e gestão públicas, o exemplo de
Cambridge resultou ser um casamento feliz entre uma universidade de
prestígeo e uma dinâmica empresarial assente na economia informacional.

A primeira voltada para a inovação científica e aberta à articulação com
as empresas e a segunda apostada na localização na centenária cidade
universitária, onde encontrou os factores mais favoráveis à sua
implantação.

Segal Qince Wincksteed estudou em 1 985 aquilo a que então chamaria pela
primeira vez ' The Cambridge Phenomenon', nome que passou a constituir uma
imagem de marca, inteligentemente aproveitada pelos promotores.

A investigação incluiu um inquérito realizado por Wincksteed às empresas da
zona o qual revela as origens, evolução e caracterização do fenómeno, nas
suas várias vertentes.

Antes da apresentação dos números mais significativos desse trabalho
importa descrever o respectivo contexto.

Neste, ressalta que a explosão do crescimento económico e do nº de empresas
é claramente propiciada pela melhoria das comunicações viárias – a M11
desde Londres - e a inauguração do Science Park.

Iniciativa do prestigiado Trinity College, este parque foi realizado com
deliberados objectivos estratégicos já que a Universidade, depois de anos
de políticas restritivas e recessivas, e após uma reorientação decisiva em
1 967, apercebeu-se do potencial existente e das possibilidades de êxito da
criação duma tecnopólis.

Esta inversão da política de desenvolvimento da universidade, conduziria à
modificação do próprio planeamento do condado Cambridgeshire, o qual, em 1
971, abre finalmente as portas às empresas baseadas na ciência. [19].

Eis então alguns dos números a que chegou S.Q.W.:

- 73% das empresas afirmaram haver começado em Cambridge porque aí vivia o
seu fundador.

- 30% dos trabalhadores eram científicos ou engenheiros.

- 27% dos graduados provinham da Cambridge University.

- 50% das empresas estavam vinculadas com a investigação da zona, em 90%
dos casos com a Universidade, sendo 20% dos projectos em comum, não
mantinham relações importantes com a economia local, mas haviam obtido
acesso financeiro por parte do Barclays Bank.

- 75% das empresas são independentes, 2% um departamento, 11% filiais de
alguma empresa britânica e finalmente 12% são filiais estrangeiras.

- A estrutura industrial é diversificada mas era notória uma dominância da
electrónica e da informática (mais de 65%).

- ¾ das empresas escolheram Cambridge também pela Universidade e pelo
prestígeo da sua morada.

A avaliação do fenómeno de Cambridge começa já a ser feita e tanto David
Keeble(1 989) como Ana Lee Saxenian alertam para o perigo do fenómeno das
absorções por parte das multinacionais e para o efeito perverso da
limitação ao crescimento, com o inevtável inflacionamento dos preços das
vivendas, os quais se incrementaram mais que em qualquer outro ponto do
país.



4.Japão – intervenção estatal planificada; as tecnopolis como pretexto e
critério para o ordenamento do território

No contexto das 'tecnopólis do mundo' de que nos falam M.C. e P.H. o caso
do Japão assume um papel único e original.

A experiência do Silicon Valley parece ter sido util aos japoneses que
souberam compreender o importante papel que a administração pode jogar na
criação dum território densamente tecnológico e nessa medida adaptaram-no à
realidade da sua economia.

O cenário existente no Japão dos anos 80 era de graves problemas de
concentração e desequilíbrio regional, gerados a partir do espectacular
desenvolvimento económico do país no pós-guerra concentrados nas três
grandes cidades, Tokio, Nagoia e Osaka.

Dispostas numa faixa fortemente urbanizada de cerca de 50Km de comprimento,
era sobretudo na capital onde se aglomeravam a maioria dos laboratórios
científicos, a mão de obra altamente qualificada e mais de 50% do I+D das
empresas.

Confrontados com os problemas da saturação e congestionamento das grandes
metrópoles e a corrida pela nova economia da informação a elaboração dum
programa nacional de tecnopolis aparece como uma oportunidade estratégica
que os japoneses não irão desperdiçar.

" O capitalismo monopolista de estado, planificado e dirigido por
burocratas em associação extraordinariamente estreita com o conglomerado de
grande corporações que dominam a economia japonesa"[20],. define a
realidade e o contexto em que se vai dar o programa de implantação nacional
que tinha como objectivo transformar todo o território em espaço invador, e
que incluiu em 1 986, 19 projectos e 28 núcleos de investigação
distribuídos por todo o arquipélago[21].

O próprio sistema territorial urbano vai ser afectado pela nova visão do
ordenamento do território, enfocado agora a partir do desenvolvimento
regional; a Megapolis ( Tokio, Nagoia e Osaka) dá lugar ao vasto mapa das
tecnopolis (ver figura).

Apesar de que o Japão parece ter aprendido as consequências do
desenvolvimento económico sem planeamento territorial o balanço provisório
revela dificuldades de implementação significativas e que põem em causa o
seu êxito.

A aplicação da fórmula, universidade+investigação+indústria+capital= meio
inovador, que aparentemente se tentou transpor da experiência do Silicon
Valley, encontra dificuldades de consolidação no seio duma sociedade de
cultura própria e muito tradicional.

Os próximos anos serão provavelmente decisivos para clarificar as
possibilidades de êxito do projecto e o impacto definitivo que está a ter
nas estruturas urbanadas cidades e especialmente, na rede urbana nacional.



CAP IV Factores de localizaçâo

Das lições mais claras que as principais experências de incremento de
tecnopólis, realizadas em difererentes pontos do globo, nos deixam é de que
não se podem estabelecer critérios uniformes para a melhor localização dum
espaço tecnológico.

Desde os processos mais suigeneris, pela sua espontaneidade – como os casos
do Silicon Valley ou de Cambridge, às operações apoiadas num modelo
próprio, com elevado sentido de programação/planificação – como Sophia-
Antipolis ou o programa japonês – é possível identificar diferentes
circunstâncias que definem, em cada momento, a escolha da localização.

É possível evidenciar um conjunto de factores que a história das
experiências realizadas revelam como denominadores comuns:

- a proximidade física de universidades de prestígio e de centros de
investigação envolvidos em processos de inovação tecnológicas.

- Uma adequada rede de comunicações viária, ferroviária e aérea, que deve
incluir no mínimo uma auto-estrada a ligar a uma grande metrópole, vias
rápidas a ligar a uma cidade de média dimensão e um aeroporto
internacional a menos de uma hora de distância (via autoestrada ou trem
rápido).

- Uma rede de telecomunicações preparada e capacitada para dar resposta às
exigências mais elevadas das empresas, tanto em termos quantitatiivos
como qualitativos.

- Um mercado de mão de obra altamente qualificado, onde se incluam
investigadores de universidades, cientistas e engenheiros das novas
tecnologias da informação.

- A existência de oferta de capital de risco na zona, que permita o
arranque de novos projectos.

- A existência de uma política local de apoio explícito e concreto ao
incremento das tecnopólis, designadamente no que diz respeito à política
de solos e de ordenamento do território.

Extraídos dos estudos realizados sobre os complexos tecnológicos existentes
G.Benko[22]. aponta como seis factores explicativos da localização:

- a força de trabalho, o capital humano, que inclui dois tipos de mão de
obra: os quadros superiores e o pessoal não especializado, para as
tarefas de serviços e fabricação.

- Universidade e institutos de pesquisa

- a diversidade da paisagem, onde se destacam a oferta habitacional a bom
preço, infraestruturas culturais e de ensino, um ambiente moderno, a
segurança e a existência de equipamentos de lazer.

- as infraestruturas de transporte, com relevo para a proximidade de auto-
estradas e aeroportos.

- Os serviços, o clima político e de negócios, com ênfase para a presença
de consultores, fontes de informação e a disponibildade de capital de
risco, a eficácia dos serviços administrativos e uma política local
favorável.

- As economias de aglomeração, reconhecendo a importância da proxidade das
grandes metrópoles para o desenvovimento das actividades I+D.



CAP V Elementos de sucesso para os parques tecnológicos

Constituindo a tipologia mais em vogfa neste momento – nenhuma cidade que
se preza desdenha ter o seu parque tecnológico – num contexto global de
competição entre cidades, será fundamental para o êxito de qualquer
iniciativa a escolha de uma boa localização, de acordo com os factores
enunciados no capítulo anterior.

A observação dos casos de sucesso na Europa como Sophia-Antipolis e o
Plassey Technological Park, em Limerick, na Irlanda, evidencia algum dos
critérios que devem estar presentes no planeamento e projecto dos parques
tecnológicos:

- uma forte orientaçãop científica e um importante núcleo de actividades
I+D,

- o desenvolvimento dum Plano Geral de qualidade,

- compatibilidade entre as operaçôes industriais incluídas no parque,

- compatibilidade entre a tecnologia dominante do parque com as actividades
existentes e o caráter da comunidade local,

- controle específico da arquitectura dos edifícios, tamanhos mínimos de
parcela, design da sinalética, anúncios publicitários, mobiliário e
equipamento urbano,

- reservas de zonas verdes, paisagens,espaços livres e protecção,

- serviços de manutenção e segurança interior de paisagem,

- presença de shoppings, restaurantes, bancos e zonas de recreio dentro ou
na periferia de parque,

- presença de centros de 'incabadoras de empresa', provendo baixos custos
de renda e serviços comuns a empresas recém formadas de alta tecnologia.

Estes últimos dois elementos, a par dum desenho urbano que produza um lugar
central como ponto de encontro dos trabalhadores e donos de empresa do
parque, contribem de forma decisiva para a troca informal de idéias e
opiniões.

Desse modo podem constituir, segundo Fernando Molini-Fernandez[23],
elementos chave para que se criem as condições mais favoráveis ao
estabelecimento de sinergias criativas que benificiem as pequenas e médias
empresas, as que sempre tem mais dificuldade, de modo que algumas delas
possam converter-se em grandes sociedades internacionais.



CAP VI Dois exemplos – um realizado, na Catalunya; outro a realizar,
em Portugal

1. Parque del Vallés, em Barcelona - caracterização e balanço.



Após o estudo de outras possibilidades de localização na zona periurbána da
cidade tais como Sabadell ou Tarrasa,a Corporação Metropolitana da
Barcelona apresenta em 1986 o Relatório Tecnico-Economico do Projecto do
Parque Tecnológico do Vallés-Barcelona.

Nele propunha para uma zona limítrofe do municipio de Cerdanyola um
projecto urbanístico para a concretização do 1º parque tecnológico
espanhol.

O arranque da iniciativa acabaria por ser tardio devido a conjunto
excessivo de polémicas, pouco edificantes, que levaram à dissolução da
Corporação Metropolitana pelo governo catalão, ao melhor estilo da
Sra.Tatcher (recorde-se a dissolução do Greater London Council, a propósito
das Docklands).

A chefia do processo é confiada então ao Consórcio da Zona Franca, enti
dependente da Administração.Central, a qual contou a partir de 87 com o
apoio oficial do Ayuntamento, presidido à época por Pascal Maragal[24], um
dos principais mentores do projecto.

O referido relatório[25], sintetiza as razões que justificavam a criação do
parque tecnológico, tal como os objectivos que perseguiria na sua acção:

Com uma área inicial de 67 ha que até hoje não sofreu alteração, apesar das
previsões iniciais de rápida expansão, o Parque seria inaugurado em Junho
de 89 ocupando uma área plana mas de paisagem algo inóspita, em terrenos
que foram expropriados, próximo à autopista B30, a cerca de 20 Km de
Barcelona.

Aparentemente pouco relacionado com a distribuição territorial dos espaços
industriais na área metropolitana de Barcelona, a sua localização parece
ser mais coerente com a disposição das isócronas, conforme se depreende das
figuras (que se anexam).

À priori, com uma boa acessibilidade global, verificamos que a sua
envolvente é profícua em empresas relacianadas com as novas tecnologias.
Refira-se a presença da Hewlett-Packard em San Cugat, uma empresa (Cirsa)
em Tarrasa, fábricas e centro de cálculo em Sabadell.

Tal conjunto importante de fábricas a operar na zona circundante,
converteram esta região na capital espanhola do software. [26].

Ultrapassadas as dificudades iniciais o parque tecnológico parece ter agora
uma boa procura por parte de empresas de alta tecnologia, nele trabalhado
cerca de 1800 pessoas, em mais de 50 empresas(com uma facturação anual de
cerca de 70 000 milhões de pesetas), das quais 39% são multinacionais e as
restantes 61% espanholas (destas, 36% são de nova criação).

Dispondo de um centro de apoio às empresas do parque, um serviço próprio de
gestão, manutenção e promoção, assim como oferta de incubadora de empresas,
o parque não viu contudo realizado algumas das suas metas iniciais,
designadamente quanto à expansão e qualificação urbanas.

A não concretização ontegral do projectos tem comprometido a imagem do
parque, que pouco se demarca da que correponde aos polígonos industriais
tradicionais, reforçada por uma envolvente de feição suburbana e algo
incaracterística.

Para citar um exemplo, do Parque de Actividades da Área Tecnológica del
Vallés, que deveria incluir hoteis, residenciais, campos de golf e empresas
do sector terciário dedicadas à promoção comercial, sistema financeiro,
modernização da produção, etc, apenas uma unidade hoteleira está
construída…

Paradoxalmente, aquela que supostamente deveria ser a instituição com mais
forte ligação com o Parque –a Universidade Autonoma de Barcelona –apresenta
condições exemplares. Nelas se incluem um campus de programa diverso, zonas
verdes, espaços livres, equipamentos desportivos, um conjunto residencial
com áreas comerciais e um sistema de transporte interno (gratuito).

Dispõe ainda duma comunicação fácil e rápida com a cidade de Barcelona,
através de um trem suburbano de qualidade e uma estação localizada dentro
do próprio campus, completando uma estrutura urbana autónoma e ordenada, no
meio de uma paisagem verde e com excelentes vistas.

A barreira, ainda não resolvida, formada pela autopista B30 condiciona uma
conexão rodoviária eficiente campus/parque tecnológico que a ser executada,
poderia criar condições favoráveis ao estabelecimento de um novo eixo
urbano e reforçar o elo entre as instituições.

No sector imobiliário, algumas consultas (possíveis) informais e a
observação in loco apontaram no sentido da existência de reflexos da
presença do parque no mercado habitacional de Cerdanyola, a qual se
traduziria por alguma melhoria da construção e uma oferta crescente de
residências unifamiliares.

Por seu lado, a procura tem correspondido a esta dinâmica, no que tem peso,
segundo indicações do sector de relações públicas do parque, o facto de uma
grande parte dos trabalhadores do parque já residirem em Cendenyola, o que
tem propiciado até o inflacionamento dos preços.

A localização, não consensual, do Parque do Vallés tem, provavelmente,
constituído um entrave ao seu desenvolvimento e expansão.

Para a estagnação registada contribui também o menor envolvimento no
projecto da Universidade Politécnica de Catalunya, potencialmente o
principal parceiro do Parque no campo das novas tecnologias, mas que
entretanto, procura alternativas próprias no seu novo polo de Casteldefens…



CAP VII Polo Tecnológico de Coimbra - relaçoês com o Polo II da
Universidade de Coimbra e breve avaliação das possibilidades de êxito.

Coimbra situa-se na subregião do centro litoral do país, sendo atravessada
pelo eixo Norte/Sul, que define a macrocefalia que caracteriza o sistema
territorial nacional e no qual Coimbra aparece como centro urbano de
categoria supraregional, alternativo às áreas metropolitanas de Lisboa e
Porto.

Urbe de origem romana, Coimbra chegou a ser capital do país, quando
Portugal era ainda uma jovem nação que se libertara do domínio de Castela.

A sua história e o seu desenvovimento são indissociáveis da universidade,
que aqui foi instalada logo no século XIII, sendo a primeira em Portugal e
uma das dez mais antigas da Europa.

Alcançando desde cedo prestígio e tradições, que ainda hoje se orgulha em
manter, a Universidade de Coimbra teve sempre protagonismo máximo na vida
social, económica e política da cidade.

Assim, as principais intervenções arquitectónicas e urbanísticas que nela
se realizaram, ao longo de séculos, estiveram sitematicamente ligadas à
universidade, quando não mesmo de sua iniciativa, configurando a Coimbra
actual.

Com uma topografia acidentada, à qual corresponde uma morfologia urbana
variada, a localização na margem soalheira do rio, a definição clara de
dois núcleos, a 'Alta' e a 'Baixa', e uma expansão a partir duma estrutura
medieval muralhada, a cidade enquadra-se nos modelos do 'urbanismo
português'. [27]

Coimbra é hoje um aglomerado de 100 000 habitantes, de especialização
terciária, revelando alguma perda de importância no contexto nacional, mas
mantendo-se como centro de primeira grandeza na rede urbana regional. [28]

Para esta posição muito contribuem a vocação na área do ensino (com a
universidade e um politécnico a somarem mais de vinte mil estudantes) e a
oferta na área da saúde (com dois hospitais centrais, sendo o principal,
pertencente à universidade, um dos maiores e mais qualificados do país).

Como aconteceu com todos os aglomerados do interior de Portugal, Coimbra
sofreu um acelerado processo de crescimento urbano nas décadas de 70 e 80,
ao qual não corresponderam mecanismos de controle ou orientação, nem ao
nível da gestão, nem ao nível dos instrumentos de planeamento.

A expressão física de tal crescimento foi a dispersão urbana, um território
desordenado, sem definição clara de onde acaba o campo e começa a cidade, e
desarticulado na sua estrutura, a conhecida 'mancha de óleo'.

Serve o prêambulo para dizer que o posível concretização dum polo
tecnológico na cidade não devrá fugir a esta regra de omnipresença da
Universidade nos desígneos da cidade.

Já em 1984 a Câmara Municipal apontava, através do Plano Director Municipal
de Coimbra, então recém publicado, para (…) "uma ligação eficaz entre a
Universidade e o mercados de trabalho. O interface a estabelecer pode ser
levado a bom termo através da implementação dum Polo Tecnológico"

É no entanto , no terreno, a Universidade a tomar mais uma vez a dianteira,
promocionando uma extensão do seu núcleo central no coração da 'Alta',
para uma zona de periférica, mas de expansão natural da cidade, de
excelente enquadramento paisagistco e vistas magníficas sobre o rio
Mondego.

No desinado Polo II da Universidade vão concentrar-se todas as actividades
de ensino ligado às tecnologias, transferindo-se para este núcleo a
Faculdade de Ciências, laboratórios e centros de investigação.

Alvo de tratamento diferenciado ao nível do projecto urbano, o Polo II
conta com um Plano de Pormenor, encomendado pela Universidade. e executado
com elevados critérios de qualidade e de adaptação ao sítio.

Destacam-se o princípios enunciado da "continuidade morfológica e funcional
da cidade", que tem expressão através de um traçado regulador que incorpora
o factor tempo e um programa diversificado e integrador.

Para além das novas faculdades e serviços sociais universitários,
introduzem-se zonas residenciais, comerciais e de hotelaria.

Reservam-se parcelas para centros de investigação e edifícios que albergam
incubadoras de empresas de novas tecnologias, geridas por entidade onde a
Universidade aparece associada (algumas já em funcionamento) e que preparam
o terreno para a concretização do polo tecnológico.

A Câmara Municipal, pocurando antecipar-se também aos acontecimentos tem em
reserva um terreno em zona fora da cidade, mas em ligação visual com esta,
prevendo-se que possa vir a disfrutar de boas acessibilidades, quando se
concretizem as circulares previstas e a prometida 'Ponte Europa'. A partir
desta se fará a ligação ao Polo II, que fica relativamente próximo.

No campo das actividades económicas pode dizer-se que o sector industrial é
sofrível, caracteriza-se por uma estrutura tradicional unidades de média e
reduzida dimensão, resultado de um tecido empresarial de fraco dinamismo.

Não se vislumbra ainda o quadro típico que enforma um meio inovador, pese
embora se registem na Universidade, nalguns domínios específicos ligados à
Informática e sobretudo à Medicina (graças á actividade desenvolvida no
Hospital), níveis de investigação de ponta e descobertas científicas
relevantes.

Dada a referida apatia do meio empresarial e os antecedentes existentes,
perspectiva-se que a Câmara Municipal e a Universidade venham a assumir, em
parceria, o protagonismo do processo de criação do espaço tecnológico.

Para além de promocional, o seu papel deverá ser de estímulo à criação de
novas empresas e ao estabelecimento de sinergias indispensáveis para o
desenvolvimento económico, gerando um efeito multiplicador que propicie as
condições de afirmação de um meio inovador.

O êxito ou inêxito da iniciativa do polo tecnológico deverá igualmente
passar pela escolha acertada da tipologia, parque tecnológico, parque
cientifico, parque de negócios, a qual deve corresponder aos objectivos que
se venham a definir e a consideração das realidades locais e regionais.

As estratégias a delinear para implementação do futuro espaço tecnológico
terão que ter presente a atracção de capitais fortes e de empresas de
renome no sector das tecnologias da informação, que possam impulsionar e
ancorar o projecto global.

Esta iniciativa supõe um duro desafio para um meio que revela tendências
para um conservadorismo endémico, o que apenas o torna mais aliciante no
contexto da discussão do lugar a ocupar pela cidade num cenário de pós-
regionalização (divisão político-administrativa do território, em curso).



CAPVIII Conclusões: novas interrogaçoês que se levantam sobre as
tecnopolis e seu impacto no território.

Mais do que alimentar a questão coimbrã do futuro polo tecnológico, a
clarificação do conceitos e definiçao de tipológias e o estudo de algumas
das mais relevantes experiências de espaços tecnológicos realizadas no
mundo, permitiu-nos abordar com maior acuidade a hipótese de trabalho
avançada.

Volta-se agora a questionar se é possível associar a cada uma destas
operações, quer fossem de origem mais espontânea ou fruto de planificação
rigorosa, um modelo especial subjascente, ou pelo menos extrair regras que
permitam antever e eventualmente controlar, o impacto teritorial das
tecnopolis.

Uma primeira conclusão, que permite responder parcialmente a esta questão é
de que os diferentes territórios, palco destas actuações, enformam
normalmente, de todo um processo histórico e cultural que condiciona em
última análise, o efeito que sobre eles vai exercer o advento das
tecnopólis.

Aparentemente de avaliação complexa esta espécie de fatalidade espacio-
temporal, que é também é geográfica e física, tem-se revelado válida quer
para as criações exnovo, quer se trate da reconversão de um tecido
industrial decadente.

Em quase todos os casos dá-se a afectação dos sistemas territoriais, em
particular da rede urbana, que se pode dar em maior ou menor escala.

Desde o reforço duma cidade no contexto metropolitano, como no caso, ainda
que tímido, do Parque del Vallés/Cendanyola/Barcelona, até a uma
reordenação de todo um sistema hieráquico nacional de cidades, no caso do
programa japonês das tecnopolis, passando pela afirmação de um novo centro
regional de nível nacional e internacional, como o caso de Nice/Sophia
Antipolis.

Uma segunda ilação é de que se os infrastruturas de comunicação funcionam
como importante factor de localização para as tecnopolis também se verifica
o efeito contrário: quase sempre a criação de um espaço tecnológico acelera
ou provoca uma melhoria significativa das redes de transporte na zonas.

Em terceiro lugar se é possível definir categoria de tecnópolis, difícil se
torna associá-las a um desenho urbano tipológico.

Identifica-se sim um design específico apoiado no conceito de espaço
tecnológico, entendido como um centro de investigação e desenvolvimento
situado próximo duma universidade de ponta, num ambiente agradável,
cuidado, paisagisticamente ordenado.

Exemplos de vanguarda competitiva como o Parque Tecnológico de Andaluzia,
em Málaga, revelam a importância da aposta num projecto urbanístico de
qualidade.

Quanto à importância do ordenamento, verifica-se que os processos mais
espontâneos denotaram no passado tantas ou mais virtualidades ao nível do
desenvolvimento económico.

No entanto, quase sempre acabaram por redundar em fenómenos de saturação,
esgotamento de recursos e deseconomias, pelo que a opção pela planificação
e programação se justifica, embora não se recomendem demasiadas ilusões.

Por outro lado, a localização dos espaços tecnológicos apresenta uma
tendência sistemática para localizações periurbanas, arrastando consigo,
regra geral, novos fluxos, crescimentos residenciais periféricos e tipos de
vivência suburbanos.

Nestes se incluem uso obrigatório/dependência do automóvel, shopping-
centers, abandono das zonas centrais das cidades para fixar residência em
urbanizações subinfraestrutradas e proliferação de condomínios privados,
modos de vida que se vendem como se do "admirável mundo novo" se tratassem.

Tal fenómeno leva-nos a concluir esta abordagem aos espaços da nova era
industrial com uma interrogação à qual já não caberá dar resposta no âmbito
deste trabalho:

- Serão os novos espaços tecnológicos geradores de novas centralidades
periféricas aos centros urbanos de maior importância ou, principalmente
quando se operam em periferias já consolidadas, constituem um reforço do
sistema periurbano difuso, reforçando a autonomia das áreas suburbanas?

As reacções a esta eventualidade parecem já estar em andamento; em França
uma nova tipologia de tecnopolis toma corpo, apoiado num conceito de
recentralidade, os novos espaços tecnológicos assumem uma identidade de
conjunto de empresas de nova tecnologia, situadas em zonas centrais da
cidade.

Consiste o modelo numa figura abstracta, em que as empresa se encontram
unidas por um serviço de gestão, administração e promoção comum e
potenciadora do incremento de sinergias.



Com o objectivo de colher informação que permita uma análise sistematizada,
ainda que simples, dalgumas variáveis que se relacionam com os parques
tecnológicos e científicos menos divulgados, foi realizado e enviado um
questionário a algumas dessas organizações no Reino Unido, que se anexa.



Para ilustração dos assuntos e exemplos abordados juntam-se, desenhos de
localização e implantação, figuras e esquemas retirados da bibliografia
mencionada e imagens fotográficas.



Barcelona/Coimbra, Julho.1998





Afonso Nuno Henrique Martins



























Agradecimentos:



Câmara Municipal de Coimbra,

Universidade de Coimbra, Gabinete Técnico da Pró-reitoria do PoloII

Departamento de Urbanismo y Ordenacion del Território da ETSAB,

Serviços de Relações Públicas del Parque del Vallés (Ana Golan),

António Moro, doctorando do programa de Urbanismo, arquitecto

Jorge Carvalho, urbanista e assessor da C.M.C.

Camilo Cortesão, arquitecto e autor do plano de pormenor do PoloII,

Marcial Echenique, arquitecto e professor em Cambridge,

Rafael Gomez, arquitecto, director do estudio MECSA.Bilbao

































CAP IX Bibliografia

Câmara Municipal de Coimbra, Divisão de Planos
Urbanismo, Coimbra, Anos 90
Coimbra, 1993

Benko, Georges Géographie
des technopôles Masson, Paris 1991

Fernández, Fernando Moliní Tecnología,
medio ambiente y territorio( La calidad de vida en las concentraciones
tecnológicas y zonas rurales) FUNDESCO, Madrid, 1989

Corporació Metropolitana de Barcelona
Informe Técnic-Ecónomic del Projecte del Parc Tecnólogic del Vallés-
Barcelona Barcelona,
setembre de 1986

Castels, Manuel e Hall,Peter Las
tecnopolis del Mundo Madrid, 1994

Saxenian, Ana Lee
Silicon Valley y Route 128, ¿Protótipos regionales o excepciones
históricas?",
Urbanismo nº 11, COAM, Madrid, 1990

Teixidor, Luís Felipe Alonso e Miro, Carlos
Industria y ciudad: los nuevos assentamientos industriales,
Geometria, no11, 1991

Mateo, Ramon Martin
Tecnourbanismo CEUMT,
Agosto/Setembro.1985

Direcção Geral das Construções Escolares-GIES
PoloII, Plano Geral de Ordenamento da Universidade de Coimbra, 1985



Reitoria da Universidade de Coimbra
Concurso Público para o estudo prévio do plano de pormenor do PoloII
da Universidade
Coimbra, 1989

Cortesão Camilo e Vieira, Mercês
Anteplano do Polo II da Universidade de Coimbra, in Jornal
"Arquitectos", nº126/127, Lisboa, 1993

Rowe, Peter The
midle landscape



E também, documentação informativa fornecida por Parques Científicos e
Tecnológicos, designadamente

- Stockey Park Heathrow

- Cambridge Science Park

e ainda pela Universidade de Cambridge e pela Tecnhological Park Associates
International.

Apresenta-se aqui o inquérito-tipo fornecido a diversos parques no Reino
Unido,( ainda sem respostas):



Inquiry




1- Territorial area of the park and type of administration - cleaning,
security, 'garbage' and garden services.

2- Number and type of enterprises

3- Faturation percentage dedicated to research works by the enterprises

4- Number of workers of the park office and total number employers of the
whole enterprises of the park

5- Main address location of people who works in the park - city or quarter
location and it's average distance to the park

6- Type of residential quarters around the park area before and after the
park development - buildings, family houses and their main
characteristics, cheap or expensive construction, etc.

7- Main transports infrastructures before and after the park development

8- Urban evolution of the area, including new collective equipment.

9- Short history and principal raisons for the park location.

10- Future projects and tendencies of developing





INDICE



CAP.I Conceito de tecnologias; definação tipológica de espaços
tecnológicos


CAP II A origem, a história do Silicon Valley – ascenção e declínio de
um mito


CAP III A proliferação dos espaços densamente tecnológicos


1. 1. A Route 128 em Boston

2. 2. Sophia Antipolis

3. The Cambridge Phenomenon

4. Japão

CAP IV Factores de localização

CAP V Elementos de sucesso para os parques tecnológicos

CAP VI Dois exemplos – um realizado, na Catalunya; outro a realizar,
em Portugal

CAP VII Polo Tecnológico de Coimbra - relações com o Polo II da
Universidade de Coimbra e avaliação das possibilidades
de êxito

CAPVIII Conclusões

CAP IX Bibliografia

Cap X Anexos



















Inquiry




11- Territorial area of the park and type of administration - cleaning,
security, 'garbage' and garden services.

12- Number and type of enterprises

13- Faturation percentage dedicated to research works by the enterprises

14- Number of workers of the park office and total number employers of the
whole enterprises of the park

15- Main address location of people who works in the park - city or quarter
location and it's average distance to the park

16- Type of residential quarters around the park area before and after the
park development - buildings, family houses and their main
characteristics, cheap or expensive construction, etc.

17- Main transports infrastructures before and after the park development

18- Urban evolution of the area, including new collective equipment.

19- Short history and principal raisons for the park location.

20- Future projects and tendencies of developing

























Silicon Valley






















































Route 128, em Boston












































































































Parque Tecnológico del Vallés, Barcelona






















































Coimbra





















































Japão





















































CAP X Anexos
























































































Universidad Politécnica de Catalunya


Escuela Superior de Arquitectura de Barcelona




Departamento: Urbanismo e Ordenacion del Terrritorio

Curso: Centralidad ó espaço difuso

Professores: Joan Busquets

Nome: Afonso Nuno Henrique Martins

Data: Julho de 1998



Título: Tecnopolis e organização espacial – impactos ao nível do
crescimento urbano e dos sistemas territoriais.

Estudo dos casos de Barcelona/Vallés e de Coimbra.




-----------------------
[1] George Benko, 'geographie des tecnópoles', Paris, 1991 , pag. 11.
[2] Manuel Castels, Peter Hall, 'La tecnopolis del Mundo', Madrid, 1994,
pag. 19, 21, 22.
N.A. Um exemplo concreto em Inglaterra desta tipologia será o Stockey Park
Heathrow, perto do aeroporto com o mesmo nome, em Londres.
[3] Manuel Castels, Peter Hall, Idem.
[4] George Benko, 'geographie des tecnópoles', Paris, 1991 .
[5] Ana Saxenian, Urbanismo 11 – COAM – Madrid 1990.
[6] Manuel Castels, Peter Hall, La tecnopolis del mundo, Madrid, 1994.
[7] Ana Saxenian, Idem.
[8] Ana Saxenian, "The urban contradiction of the Silicon Valley regional
growth and the restructuring of the semicondutor industry."
[9] Ana Saxenian, Urbanismo 11 – COAM – Madrid 1990.
[10] Ana Saxenian, Idem.
[11]Manuel Castels, Peter Hall, Idem.
[12] Fernandez, Fernando Molina.
[13] George Benko, Idem.
[14] George Benko, Idem.
[15] Llardent, Luis Rodriguez – Arial, Urbanismo, COAM, 1990.
[16] Llardent, Luis Rodriguez – Arial, Idem.
[17] Llardent, Luis Rodriguez – Arial, Idem.
[18] Manuel Castels, Peter Hall, Idem.
[19] Manuel Castels, Peter Hall, Idem.
[20] Descrição dada ao sistema japonês pelos seus próprios economistas,
segundo M. Castels, P. Hall, Idem.
[21] Fernando Molini Fernandez, Idem.
[22] 'geographie des tecnópoles', Paris, 1991 .
[23] Tecnologia, meio ambiente e teritório, Maddird, 1981

[24] Alguns tempo antes o retirado Alcalde da cidade havia realizado uma
viagem pelos U.S.A.na qual teria ficado seriamente impressionado com a
vitalidade dos espaços tecnológicos americanos e a dinâmica da suas
estructuras económicas. Não tardou a tomar posição clara sobre a urgênçia
de colocar Barcelona nesta corrida aos novos espaços produtivos, formentado
a criação do P.T., acção que a juntar a outras, lhe valeu o epiteto de
Maragal 'o americano'.

[25] "Per un altre cantó, a nivel intrametropolitá, l'area de Barcelona té
una estrutura de localizations fortament diversificada, tal I con
correspond a una antigu I gran ciutat ha anat sedimentat un conjunt
d'activitats en una bona varietat de sectors industrial, comercial I de
serveis. Barcelona e un centre de serveis especializats d'ambit nacional I
regional, es un centre de produció de bens manufacturats tant per al mercat
nacional com per a l'internacional I és també fortamente orientat al
consum.(…) El Parc Tecnológic del Vallés-Barcelona vol, doncs, cobrir
aquest dèficit urbanístic de localizacions d'alta qualitat per a de
tecnologia avançada en l'area metropolitana de Barcelona I, al mateix
temps, converti-se en nexe d'unió amb el sistema mundial de tecnopolis"

[26] Fernando Moliní Fernandez, Madrid, 1991

[27] José Manuel Fernandes, "A Arquitectura", Lisboa, 1991

[28] PROT-CL – Plano Regional de Ordenamento Territorial do Centro Litoral,
Coimbra, 1998
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