Os operadores interrogativos em ticuna: para uma proposta de movimento encoberto.

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Ilustração: João do Carmo Ticuna

Marília Facó Soares (Museu Nacional –UFRJ / CNPq)

Rafael Saint-Clair Braga (Programa de Pós-Graduação em Lingüística - UFRJ)

Março 2009

1

Os Ticunas - Magüta  Ticuna, Magüta - aqueles que foram pescados  Língua geneticamente isolada  Grupo indígena que habita 3 países: Brasil: 35 mil(2008), Peru: 4.200 (1988), Colômbia: 4535 (1988), distribuído em 118 aldeias em 15 unidades territoriais.

A Língua Ticuna

 Língua tonal - materialização de 6 níveis fonéticos.

 Tipologia de Ordem Vocabular: SOV, SVO (clíticos), OVS  Sistema [ACUS]-[OBJ].  TP como operador

NOTA 1

 Aspectos Sintáticos (Orações Relativas e Sintagmas Interrogativos) 2

Os Operadores Interrogativos em algumas Línguas Indígenas Brasileiras KARAJÁ - Macro Jê (MAIA 1986) (1)Mo-bo kua weryry ritorunyre? PESS-QU

aquele

menino

empurrou

‘Quem aquele menino empurrou’

XAVANTE - Macro Jê (OLIVEIRA 2003) (2) E wai-ma ma-i-tsõ tebe hã? wai Q-QU-PREP

3-2-dar

peixe

ENF

‘Para quem você deu o peixe?’

KAMAIURÁ - Tupí Guaraní (SEKI & BRANDON 2007) (3) Umam o’iran ere-o-n ? onde

amanhã

2-ir-INTENT

‘Onde você vai amanhã’

TICUNA - Isolada (FACÓ SOARES 2000) (4) Peduro te’e-’ü̃ 2 na-dau? Pedro

quem-‘DAT’

3-ver

‘Pedro viu quem?’ NOTA 2 3

Diagnosticando constituintes in-situ em Ticuna (1) Orações Relativas (1.1) Yatü ya nü-’ü̃ tcha-dau-cü i ine rü ni-fene homem

x

3P-DAT

1P-ver-NMLZR NMLZR

x ontem TOP

3P-caçar

‘O homem que eu vi ontem, foi caçar.’

[[NPYatü] [Sya4 ∅i nü-’ü̃i tcha-dau-cü i ine] rü] [ ni-fene] VP

1P-ver-NMLZR “A estrutura interna das orações relativas em Ticuna não nos permite,…, falar em extração de frase nominal. A isso se adiciona o fato de as ‘orações relativas’ serem construções nominais… caracterizadas pela presença de uma partícula (ya) ya e de um morfema nominalizador (-cü).” -cü … “as partículas, por sua vez, possuem uma face subordinadora.” FACÓ SOARES (2000:146-149) 4

Diagnosticando constituintes in-situ em Ticuna  Sendo construções nominais, não se pode estipular um nódulo CP para abrigá-las. Sem CP, não há um nódulo para o qual o NP possa ser movido ,e isso corrobora o fato de não haver extração desses NPs nas ‘orações relativas’ em Ticuna. (c.f.FACÓ SOARES 2000 : 149) n (1.2) ya4 powae-cü x pescar-NMLZR

n

‘que pesca’ (pescador)

(1.3) ga ngõ-cü x comer-NMLZR ‘que come’ (comedor)

(1.4) ya ma-cü x matar-NMLZR

v ∅

rootP



powae



ngõ



ma

‘que mata’ (matador)

5

Diagnosticando constituintes in-situ em Ticuna (1) Orações relativas CONCLUSÃO 1 : não podemos assumir, logo, um nódulo CP para abrigar o verbo nominalizado. Mesmo em não se podendo falar de extração deste constituinte, o que se pode manter é que mesmo assim há uma relação entre modificador ( ya tchadaucü) e modificado ( yatü ), uma vez que a partícula ( ya ) que precede o constituinte nominalizado possui uma face subordinadora.

[[NPYatü] [Sya nü-’ü̃ tcha-dau-cü i ine] rü] [ ni-fene] VP

homem

x

3P-DAT

1P-ver-NMLZR NMLZR

x ontem

TOP

3P-caçar

‘O homem que eu vi ontem, foi caçar.’

6

Diagnosticando constituintes in-situ em Ticuna (2) Operadores Interrogativos Ta’cü

‘o que’

que

(2.1) Construções envolvendo nominalizadores

Ta’cü-ca ‘por que’ que-por

Ta’cü-wa ‘para que’

(2.2) Sem nominalizadores

que-para

Te’e

‘quem’ (2.1) Tacü i nü-’ü̃3 Que

x 3P- ‘DAT’

qui-u-ü3̃

i cuma?

2-contar-NMLZR NMLZR x

2P.S

‘O que você está dizendo?’

(2.2) Peduro te’e-ü̃ Pedro

quem-‘DAT’

na-dau ? 3P-ver

‘Pedro viu quem’

NOTA 3 O Nominalizador em questão é portador, fonologicamente, de tom alto (A). Quanto a marca de O.I. que aparece no clítico, seu tom fonológico é médio (M).

7

Diagnosticando constituintes in-situ em Ticuna (2) Operadores Interrogativos em construções com Nominalizadores São construções que aparentemente não envolvem movimento. (2.3) Ta’cü que

i

nü-’ü̃

x

3- ‘DAT’

qui-u-ü̃

i cuma?

2-contar- NMLZR NMLZR

x 2P.S.

‘O quê você está dizendo?’

(2.4) Te’e

ya

quem

x

ngema ngu-’e DEIT

chegar-NMLZR NMLZR

‘Quem chegou aí?’

(2.5) Tacü i Peduru na-ca’ que

x

Pedro

3-por

fene-ü̃? caçar-NMLZR NMLZR

‘O que Pedro caçou?’

8

Diagnosticando constituintes in-situ em Ticuna (2) Operadores Interrogativos (2.3) *[CPTe’e nü’ü̃i ] na-dau ti ya Pedurui?

CP

* Te’e nü’ü̃ C WHfeature

C’

(2.3’) …

Peduru te’e -ü̃ na-dau? Pedro

quem-‘DAT’ 3P-ver

‘Pedro viu quem’

(i) Não pode haver dois constituintes na camada periférica (domínio do CP) portador de traço [+humano], “…podendo qualquer um dos dois ser tido como experienciador…”, neste caso o operador te’ te’e e o clítico nü’ü nü’ü̃. (ii) O clítico nü’ü nü’ü̃̃ continua a exibir propriedades de co-indexação, não ao vestígio t, mas ao constituinte adjungido Peduru (Pedro) (iii) Omitindo-se o clítico nü’ü nü’ü̃ temos o NP te’ te’e imediatamente à esquerda do verbo. O Constituinte fica in-situ como em (2.3’), portanto caso morfológico expresso através de morfema específico ü̃. 9

Diagnosticando constituintes in-situ em Ticuna (2) Operadores Interrogativos (iv) Ocupando a posição de base, o constituinte te’ e checa Caso Acusativo-Objetivo que é o principal Caso estrutral da Língua Ticuna (v) Mesmo para as construções com nominalizadores em que o operador aparece no início da sentença, o clítico estará vinculado a um vazio à esquerda do verbo deixando que o clítico fique livre para procurar seu antecedente (BORER 1981).

Ta’cü Peduru ∅i nü-ü̃i dau-ü̃ ? que

Pedro

3P- ‘DAT’ ver-NMLZR NMLZR

‘O que (que) Pedro viu?’

10

Diagnosticando constituintes in-situ em Ticuna (2) Operadores Interrogativos (vi) Ambigüidade com relação à interpretação (vii) A própria opcionalidade da manifestação casual no constituinte QU(2.15) ? Te’e-ü̃

nü-’ü̃

quem- ‘DAT’ 3- ‘DAT’

nai /j -dau-ü̃ [NPya Pedurui ] 3 - ver - NMLZR

x

Pedro

‘Quem foi que Pedro viu?’ ‘Quem foi que foi ver o Pedro?’

(2.5) *Te’e nü’ü̃ na-dau ya Peduru ? ‘Quem que Pedro viu?’

FACÓ SOARES (2000: 151, 153, 172) 11

Diagnosticando constituintes in-situ em Ticuna (2) Operadores Interrogativos Assunções de Chomsky (1981: 170-83) (i) O constituinte WH- recebeu o Caso da posição da qual foi movida para Spec de CP; (ii) A frase WH-, movida ou gerada na base, recebe o Caso da variável que a ela se vincula. (iii) O Caso é atribuído ao índice do NP, e o portador desse índice pode facultativamente realizar o Caso (a variável, a frase WH- ou ambas) (2.3) ? [CPTe’e nü’ü̃ ]i na-dau ti ya Peduru *Quem (que) Pedro viu?  Quem viu Pedro? (2.4) [CPTe’e’ü̃ nü’ü̃] i na-dau ti [NPya Peduru]i ? Quem (que) Pedro viu?

12

(2.3) [CPPeduru Te’e nü’ü̃i ] te’e na-dau -ü̃ tina-dau ? i ]? [ya Peduru Pedro

quem-‘DAT’

3P-ver

“Fazer com que a frase WH- receba Caso da posição da qual foi movida significa… criar problemas, já que em tese uma frase WH- pode estar co-indexada a mais de um traço em posição argumental; postular que o Caso é atribuído ao índice do NP é explicar a ‘herança’ do Caso e de papel θ, …. ,( c ) adquire condições de ser explorada.” FACÓ SOARES (2000:171) POR QUE ( c )? “Porque nos permite eliminar o princípio da ‘herança’do Caso para WH- em Spec de CP.”

[Acusativo - Objetivo ] 13

CP TP

CP dP

te’ e LF

C’ WHfeature

AgrSP

Peduru

AgrS’ AgrOP dP

AgrO’

te’e-’ü̃ AgrO (4) Peduro te’e-’ü̃ Pedro

2

quem-‘DAT’

VP

na-dau?

V’

3-ver

‘Pedro viu quem?’ Derivação em consonância com Maia et alii 1999.

V na-dau

dP

te’ e

14

Agregando evidências: Questões WH- Múltiplas  Efeitos de Superioridade  Movimento ou para especificadores múltiplos de CP ou para uma ou mais projeções de IP. Quantificadores, palavras wh e escopo

15

Agregando evidências: Questões WH- Múltiplas Efeitos de Superioridade: Superioridade nos casos de movimento WH- longo, palavras WH- devem estar em uma ordem específica, o que resulta da impossibilidade - há bastante tempo constatada - de se aplicar extração a um elemento se essa puder ser aplicada a um elemento superior. Em outros termos, espera-se que, em uma língua que obedeça à Superioridade, palavras WH- antepostas estejam sujeitas a um ordenamento rígido. A restrição de Superioridade é um dos elementos diagnosticadores do local em que o movimento relacionado a WH- múltiplo pode ter lugar - movimento para especificadores múltiplos de CP ou para uma ou mais projeções de IP (Hipótese de RICHARDS (2001: 13). Em outros termos, ou o movimento WH- múltiplo pode ter lugar ou para especificadores múltiplos de CP ou para uma ou mais projeções de IP. Inglês a. Who __ saw what? b. *What did who see __ ? 16

Agregando evidências: Questões WH- Múltiplas Ticuna a) Quem viu o quê? Te’ Te’e nü-ü̃i

ta-dau i ta’cüi ? [mais comum]

Quem 3P-‘DAT’

3P-ver

x que (Quem oi viu, o quêi?)

ta’cüi nü-ü̃i

Te’ Te’e

i

Quem

x

Te’ Te’e

ni’ĩ

Quem

3P-ser, existir

que

3P-‘DAT’

nü-ü̃i

dau-üü? ver-NMLZR NMLZR

dau-üü̃

i ta’ ta’cü? cü

3P-‘DAT’ ver-NMLZR NMLZR x que

b) Quem escreveu o quê? Te’ Te’e Quem

na-ümatü-üü̃

i

3P-desenhar-NMLZR NMLZR x

Te’ Te’e

ta’cü ta-ümatü?

Quem

que

ta’ ta’cü? cü que

3P-desenhar (Quem desenhou o quê?)

Te’ Te’e i ta’ ta’cü i ümatü-’üü̃ Quem

x que

x desenhar-NMLZR NMLZR

Ta’ Ta’cü i te’ te’e i ümatü-üü̃ ? Que

x quem

x desenhar-NMLZR NMLZR

17

Agregando evidências: Questões WH- Múltiplas Ticuna Palavras WH- antepostas em Ticuna não estão sujeitas a um ordenamento rígido.

Absorção em IP ou CP: movimento WH- múltiplo pode ter lugar ou para especificadores múltiplos de CP ou para uma ou mais projeções de IP. Importante: “Sob a suposição de que tanto a absorção em IP quanto o scrambling local envolvem ou a adjunção a IP ou o movimento para múltiplos especificadores em IP, esse resultado tem um apelo intuitivo; se uma língua permite essa espécie de movimento, ela o usa para o scrambling e para o movimento wh-; se não, nem scrambling, nem absorção em IP serão encontrados”. RICHARDS (2001:16). 18

Agregando evidências: Questões WH- Múltiplas Ticuna Wh- e possibilidade de adjunção no nível da projeção IP a) *Te’e

ta’cü ta-na-ngai ?

Quem

que

3P-OI-costurar

‘Quem costurou o quê?’ (literalmente: Quem o que o costurou?) b)

*Te’e Quem

ta’cü ta-na-nagü ? que

3P-OI-moquear

‘Quem moqueou o quê?’ (literalmente: Quem o que o moqueou?) Razão para a agramaticalidade: tanto a marca de objeto interno ao verbo quanto o clítico comprovadamente só se fazem presentes quando a frase nominal a ser interpretada como complemento está fora do predicado; e, no dado em questão, ta’cü ainda estaria no interior do predicado. 19

Agregando evidências: Questões WH- Múltiplas Ticuna c)

Te’e i tacü-ü tacü ̃ Quem

x

que-‘DAT’

ta-dau-ü ̃ 3P-ver-NMLZR NMLZR

‘Quem viu o quê?’ d) Te’e Quem

i tacü nü-ü̃ x

que

3P-‘DAT’

dau-ü ̃? ver-NMLZR NMLZR

‘Quem viu o quê?’

Razão para a gramaticalidade: tacü é parte de uma estrutura em adjunção, o que permite sua convivência, quer com a marca de objeto interno ao verbo, quer com o clítico. 20

Quantificadores, palavras wh- e escopo O japonês e o chinês são línguas de “escopo rígido”; aparentemente, o escopo dos quantificadores é inteiramente determinado por sua posição de superfície. Diferenças sintáticas entre ambas (que são línguas com movimento encoberto): 1) o japonês usa o mesmo mecanismo sintático – adjunção a IP – para atribuir escopo a quantificadores e palavras wh- ; 2) o chinês usa dois mecanismos sintáticos diferentes: adjunção a IP e substituição em Spec CP; a propriedade “escopo rígido” dos quantificadores não é estendida às palavras wh-. Generalização: a adjunção a IP em Forma Lógica não pode resultar em uma mudança das relações de escopo. Expectativa: uma palavra wh- em japonês é incapaz de vincular quaisquer variáveis em LF que ela não possa vincular na sintaxe aberta. (cf. RICHARDS, 2001:22-23) 21

Quantificadores, palavras wh- e escopo Ticuna Extensão de opções interpretativas ao se tomar quantificadores como exemplos canônicos de operadores (SOARES, 2005)

a) Wü‘itchigü

i

ngueü̃,

nguerüü̃

na-wai

Cada um x estudante professor(a) 3P-beijar (Cada estudante, professora beijou) Tradução: ‘Cada estudante beijou uma professora’.

b) Wü‘i

i

ngueü̃

nguerüü̃

na-wai

Um/ (cada) um x estudante professor(a) 3P-beijar (Cada estudante, professora beijou) Tradução: ‘Cada estudante beijou uma10 professora’. Os dados mostram que a extensão de opções interpretativas não é ilimitada em Ticuna. Dadas como sentenças sinônimas, (a) e (b) apresentam um quantificador que tem no seu escopo apenas o nominal que a ele se encontra ligado por uma das partículas que assinalam estruturas em adjunção. 22

Quantificadores, palavras wh- e escopo Ticuna Extensão de opções interpretativas ao se tomar quantificadores como exemplos canônicos de operadores (FACÓ SOARES, 2005) c. Wü‘i

i

Um/ (cada)um

ngueü̃

x

estudante

wü‘i

i

um/ (cada) um

x

nguerüü̃ professor(a)

na-wai 3P-beijar

(Cada estudante cada professora beijou) Tradução: ‘Cada estudante beijou cada/uma professora’

d. Wü‘i

i

Um/ (cada)um

x

ngueü̃ estudante

rü TOP

wü‘i um/ (cada)um

i x

nguerüü professor(a)

na-wai 3P-beijar

(Cada estudante, cada professora beijou) Tradução : ‘Cada estudante, ele beijou cada/uma professora’

Com relação ao último par de sentenças – c e d - também dadas como sinônimas – , dois quantificadores se fazem presentes para que cada nominal seja atingido, isto é, para que a interpretação seja aquela em que cada aluno beija cada professora.

23

Quantificadores, palavras wh- e escopo Ticuna ( i ) Wü‘i eü̃ na-wai Um/ (cada) um alguém 3P-beijar (Um/ (cada) um alguém beijou) ‘Cada um beijou alguém’ Inglês (ver derivação em LF) (ii) a. Everyone kissed someone b. Everyonex [someoney [ x kissed y]] c. Someoney [everyonex [x kissed y]] Como existe uma restrição formal sobre o que pode estar no escopo de um quantificador a partir da presença de uma das partículas que mencionamos, a sentença em Ticuna vista em (i) – e traduzida como ‘Cada um beijou alguém’ – não exibirá a mesma ambigüidade da sentença em inglês mostrada em (ii-a).

24

Quantificadores, palavras wh- e escopo Ticuna ( i ) Wü‘i

eü̃

na-wai

Um/ (cada) um alguém 3P-beijar (Um/ (cada) um alguém beijou) ‘Cada um beijou alguém’ Inglês

(ii) a. Everyone kissed someone b. Everyonex [someoney [ x kissed y]] c. Someoney [everyonex [x kissed y]]

As possibilidades de uma dupla leitura de (iia) – possibilidades mostradas em (iib) e (iic) – derivam do fato de que um operador pode estar no escopo de outro, podendo-se inverter, sem restrições, a posição dos operadores. O Ticuna, entretanto, não apresentaria esse caráter de irrestrição ilimitada quanto a operadores, e uma sentença como (i) não seria ambígua.

25

Inglês: Escopo em LF CP C’

QPk ∃ someone

∃→∀ TP

C QPi

T’ vP

∀ everybody

ti

v’ v kissed

tk

26

Questões Wh- Múltiplas / Movimento Wh: Conclusão LÍNGUAS

ServoCroata

Búlgaro

Japonês Chinês

Ticuna

CARACT. Obediência à

Não

Sim

Superioridade

(para movimento local)

(para movimento local)

Sim

Não (para movimento de longa distância)

(para movimento s de longa distância)

Adjunção, absorção em IP / ‘Scrambling’A local Relações de escopo

Sim22

?24

não23

?

Sim

sim

?21

não

rígidas rígidas

Obs.: Para as notas 21,22,23 e 24, ver handout

não

sim

rígidas

27

Referências Bibliográficas: BORER, Hagit (1981).Parametric variation in clitic constructions. PhD.MIT. Cambridge. CHOMSKY, Noam (1981). Lectures on Government and Binding. Mounton de Gruyter. _______________ (1995). The Minimalist Program.Cambridge. MIT Press. _______________ (2001). ‘Derivation by phase. In: M. Kenstowicz (ed.), Ken Hale: A Life in Language, Cambridge, MA: MIT Press, 1-52. FACÓ SOARES, Marília (2000). O Supra-segmental em Tikuna e a Teoria Fonológica. Volume I: Investigação de Aspectos da Sintaxe Tikuna. 1. Ed. CAMPINAS: UNICAMP, v.1.185p. (Livro baseado na Tese de Doutorado de Facó Soares, publicada em 1992) ______________, Marília(2008) . Língua/linguagem e tradução cultural: algumas considerações a partir do universo Ticuna. Boletim do Museu. Paraense. Emílio Goeldi. Ciências Humanas, Belém, v. 3, n. 1, p. 51-63, jan.-abr. _______________. Aspects de la modalité épistémique en ticuna. In: LANDABURU, J. & GUENTCHEVA, Z. (eds.) L’énonciation médiatisée II. Le traitement épistemologique de l’information: illustrations amérindiennes et caucasiennes. Louvain et Paris : Éditions Peeters, 2007. p. 219-240

28

Referências Bibliográficas: _________________. Subespecificação tonal e tom default : o caso Tikuna. In : CABRAL, A.S.A.C. & RODRIGUES, A.D. (org.) Estudos sobre línguas indígenas I. Belém: UFPA, 2001. _______________. (2005) .Da representação do Tempo em Tikuna. In: CABRAL, A.S.A.C. & RODRIGUES, A.D. (orgs.) Novos Estudos sobre Línguas Indígenas.Brasília,Editora da Universidade de Brasília, 2005. p. 153-167. MAIA, M., FRANCHETTO, B., LEITE, Y., SOARES, M. Facó, VIEIRA, M. D. A (1999) estrutura da oração em líguas indígenas brasileiras. DELTA. Documentação de Estudos em Lingüística Teórica e Aplicada , p.1 - 26, MAIA, M., FRANCHETTO, B., LEITE, Y., SOARES, M. Facó, VIEIRA, M. D. Comparação de aspectos da gramática em líguas indígenas brasileiras. DELTA. Documentação de Estudos em Linguística Teórica e Aplicada , p.349 - 375, 1998. RICHARDS, Norvin (2001). Movement in language: interactions and architectures. Oxford University Press - OUP: Oxford Linguistics SEKI,L. & BRANDON, F.R. Uma reconstrução parcial do sistema interrogativo Tupi. In: CABRAL, A.S.A. e RODRIGUES, A. [org.] (2007). Línguas e Culturas Tupi. Campinas, Editora Curt Nimuendajú.

29

Dativo ou Benefactivo? TICUNA - Isolada (FACÓ SOARES 2000: 134) (4) Peduro te’e -’ü̃1 na-dau? Pedro

quem-‘DAT’

3-ver

‘Pedro viu quem?’

‘Dativo’ (‘DAT’) é um rótulo arbitrário para esse morfema, mantido devido à história da

pesquisa de Facó Soares. seu significado

nuclear é ‘Benefactivo’ e pode ser usado como marca de caso no objeto. tcho-’ü̃ curü buratcha 1P- ‘DAT’ 2P.S. bolacha

‘(dê) para mim a tua bolacha’

30

Em Ticuna, as propriedades do tempo não estão codificadas na morfologia do verbo. verbo Em TP como operador sentencial, a projeção TP adjungida não se ramifica (Facó Soares 2005: 158): (1)

XP TP

(2) TP XP

T’ T 31

Preposição ou Posposição? Ta’cü-ca ‘por que’ que-por

Ta’cü-wa ‘para que’ que-para

Os morfemas ‘ca ca’ e ‘wa wa’ acompanham os sintagmas QU- e “estão mais próximos de serem uma posposição, por não constituírem uma marca lexicalmente prevista pela semântica do verbo” (FACÓ SOARES 2000:175) As línguas com posposição tipificam aquelas que tem como ordem preferencial a de núcleo final OV, se considerarmos a lógica tipológica de Greenberg e Lehman.

(2.64) Ta’cü- ca’ ni-’Ĩ ya cowü i tema n-ngõ-’ü̃ que por

3P.-ser x

?

veado x buriti 3P-comer-NMLZR

‘Por que o veado come buriti?’ (2.65) Ta’cü-wa na-me-’ü̃ que para

3P-bom-NMLZDR

ya cowü? x

‘Para quem é bom o veado?’

veado

32

Estruturas em Adjunção Presença de partículas que identificam estruturas em adjunção: a. i, ya/a ‘não-passado’ b. ga ‘passado’ Adjunção: processo pelo qual um sintagma é anexado a outro para formar um sintagma maior. Adjunto: - elemento que é de alguma forma anexado em sentença para formar um constituinte estendido; a anexação desse elemento não se dá pela via da checagem de traços de seleção categorial; - em termos de configuração sintática, adjuntos são irmãos de nódulos sintagmáticos (XP = X Phrase/ Sintagma X); assim: XP XP Especificador

Adjunto X’

X (Núcleo)

Complemento 33

PARTÍCULAS i, ya/a ; ga Esse tipo de partícula integra ainda um conjunto que se associa a um quadro maior de características. Trata-se do conjunto das partículas que, aparecendo na tradução justalinear como ‘x’, são indicadoras de estruturas em adjunção e são afetadas pelo Tempo ( SOARES, 1992, 2000; 2005, 2007) . Assim: (a) i, ya/a ‘não-passado’ ; (b) ga ‘passado’ .A relação dessas partículas com Tempo é muito clara no caso de ga , sempre ligado à idéia de passado. Quanto às outras partículas, seu significado básico, seria – por oposição a ga – a de não-passado. Essas partículas (ou o conjunto de traços a elas relacionados) devem estar presentes no léxico, o que significa dizer que não podem ser um marcador “dummy”. O falante nativo sabe que partícula pode preceder determinado item lexical na configuração sintática apontada, por exemplo: (i) nuta ‘pedra’ (ya nuta); nai ‘madeira, àrvore’ (i nai); (ii) tchoni ‘peixe’ (i tchoni); airu ‘cachorro’ (ya airu); a)tape ‘cobra’ (ya a)tape); (iii) yatü ‘homem’ (ya yatü); nge-ü̃)-

‘mulher’ ( i nge)). Como exemplo de seu uso amplo, veja-se a

seqüência tamaẽ’pü ya yatü(-gü) ya tchoü̃ (três x homem(ns) x branco-PL), cuja melhor tradução literal é pela via da aposição, ou seja, ‘três, os homens, os brancos’; é essa seqüêcia que corresponde ao que questionários lingüícos em português colocam como ‘três homens brancos’. (ver também FACÓ SOARES 1992) [SOARES, M. FACÓ. "Ordem de palavra: primeiros passos para uma relação entre som, forma e estrutura em Tikuna". Ameríndia 17:89-118. Paris: A.E.A. - CNRS, 1992.] 34

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