Os “Panos da Índia” em Portugal: integração e consumo dos artigos têxteis asiáticos na sociedade portuguesa dos séculos XVI a XVIII

July 15, 2017 | Autor: maria João Ferreira | Categoria: Textiles, History of Textiles, Asian dress and textiles
Share Embed


Descrição do Produto

Actas do IV Congresso de História da Arte Portugesa em Homenagem a José-Augusto França

21 NOVEMBRO SESSÃO TEMÁTICA 3 – AS ARTES DECORATIVAS NO ESPAÇO PORTUGUÊS

Os “Panos da Índia” em Portugal: integração e consumo dos artigos têxteis asiáticos na sociedade portuguesa dos séculos XVI a XVIII Maria João Pacheco Ferreira1 Centro de História de Além-Mar, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade de Lisboa É sabido que, na sequência da chegada dos portugueses à Índia (1498) e da sua fixação paulatina nas regiões costeiras entre a orla ocidental africana e o Japão, estes depressa se envolveram na comercialização de uma considerável diversidade de artigos têxteis nos mercados locais assim como naqueles transcontinentais garantindo, através da Carreira da Índia, o envio de uma parte deste cabedal para a capital do reino, Lisboa2. No entanto, o estudo dos têxteis asiáticos em contexto português não mereceu, até à data, uma abordagem plena e autonomizada sob a perspectiva da historiografia da arte3. Nem mesmo da história da economia ultramarina e das redes comerciais implementadas entre Portugal e a Ásia, como seria expectável, uma vez ponderada a sua indispensabilidade numa série de circuitos em que os lusitanos penetram4. Uma grande parte dos objectos que podiam testemunhar materialmente esta realidade desapareceu. E as descrições que deles dispomos, chegadas até nós através da prolífera documentação coeva produzida por cronistas, oficiais administrativos, marinheiros, militares, comerciantes e viajantes (portugueses e estrangeiros) dando conta do trato da Índia5, que saibamos, não foram ainda suficientemente sistematizadas em relação à informação concernente aos têxteis. Assim sendo, na ausência de uma análise aturada, passível de gerar uma imagem nítida e de conjunto, compreender em que consistia a fazenda importada, qual a sua real origem ou o volume de peças têxteis efectivamente movimentado pelos portugueses entre Goa e Lisboa, desde o século XVI, são questões nas mais das vezes difíceis de esclarecer de forma cabal.

1

Investigadora integrada do CHAM – UNL/UAÇ onde, neste momento, desenvolve um projecto pós-doutoral intitulado Entre a utilidade e o deleite: o património têxtil na Casa de Bragança (séculos XVI-XVIII), na qualidade de bolseira da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (SFRH / BPD / 76288 / 2011). 2 Segundo Afzal Ahmed, os portugueses transaccionavam cerca de 80 a 90 variedades de tipos de tecidos indianos; cf. Ahmed, Indo-portuguese Trade, 91. A propósito da diversidade de proveniência de artigos têxteis vindos da Índia para Lisboa recorde-se, apenas a título de exemplo, uma das listas da fazenda embarcada na nau Garça que parte de Goa em 1559: Arquivo Nacional Torredo Tombo (Lisboa), Cartório Jesuítico, maço 80, Doc. 42 publ. por Pinto, “Um Olhar sobre a Decoração e o Efémero no Oriente”, 237-254. 3 Sobre os algodões indianos exportados para a Europa, cf. Riello e Parthasarathi, ed. The Spinning World, em particular os ensaios de Giorgio Riello “The Globalization of Cotton Textiles: Indian Cottons, Europe, and the Atlantic World, 1600-1850” e de Beverly Lemire, “Revising the Historical Narrative: India, Europe, and the Cotton Trade, c. 1300-1800”; Giorgio Riello e Beverly Lemire. “East & West: Textiles and Fashion in Early Modern Europe”, Journal of Social History, 41:4 (2008): 887-916; Rosemary Crill, ed. Textiles from India: The Global Trade. Calcutá/Londres: Seagull Books, 2006. 4 Ainda assim, cf. por exemplo o já citado estudo de Ahmed e o de Cunha, “Economia de um Império”. 5 Atente-se nos importantíssimos e incontornáveis mananciais que constituem os escritos de Tomé Pires, Duarte Barbosa, Garcia de Orta e de António Bocarro – respectivamente, a Suma Oriental (1515), O livro de Duarte Barbosa (1518), Colóquio dos simples e das drogas (1563) e o Livro das Fortalezas (1635) – em cujos conteúdos se traçam os principais centros de produção e as mercadorias neles transaccionadas, ao mesmo tempo que indicam protagonistas, circuitos, preços e tipos de permutas então vigentes.

72

Actas do IV Congresso de História da Arte Portugesa em Homenagem a José-Augusto França

Por outro lado, o epíteto “da Índia”, que tantas vezes acompanha estas peças, em nada facilita o trabalho de reconhecimento das respectivas proveniências, dada a elasticidade geográfica que lhe subjaz, ao compreender um vastíssimo território asiático que em muito ultrapassa as estritas fronteiras do subcontinente indiano. Tal abrangência é com alguma facilidade perceptível na medida em que, muito embora a expressão possa ser utilizada de modo autónomo a mesma surge também, e por vezes em simultâneo, associada a outras indicações, essas sim bem mais explícitas. Um bom exemplo do que acabamos de assinalar pode encontrar-se no inventário da guarda-roupa de D. Manuel I (1469-1521), datado de 1522, no qual, entre os muitos panos da Índia arrolados, se distingue uma “cortina de oratoreo de huu pano de brocado da Imdia que veo dOrmuz”6. Também na carta de partilhas de D. Ana de Ataíde (c. 1560 -?), realizada em 1626, após a morte do seu marido, D. Henrique de Portugal (c. 1545-1625), comendador de Santa Maria de Pernes, surgem diversas referências a artigos “da Jmdia” como esteiras, peças de mobiliário e colchas. Deste conjunto merece destaque um núcleo de quatro alcatifas de estrado e de mesa “da Jmdia de dias” ou “do dias”7, designação alusiva, com toda a probabilidade, a Odias ou Yazd, uma das principais cidades iranianas – em conjunto com Kirman, Ispaão e Khurasan – fornecedoras de tapetes para Portugal8. Diferente registo, que aponta já para outras longitudes e permite confirmar a manutenção e validade da referida expressão na viragem do século XVII para o XVIII, é-nos oferecido pelo inventário dos bens de D. Luís de Lencastre, conde de Vila Nova de Portimão, feito no ano da sua morte (1704) e no qual se identifica a menção a uma “Colcha da India também da China”9. Às dificuldades assinaladas acresce o facto de as alusões a tantas terras asiáticas amiúde apensas aos tipos de fazenda registados nas listas de carga ou nos inventários de bens, como Bengala, Cambaia, Sinde, Malaca, Cochim ou Macau, nem sempre garantirem uma origem segura, se atendermos que estes artigos são constantemente deslocados e empregados como moeda de troca na aquisição de muitas outras mercadorias. Ainda assim, através do cruzamento das informações que dimanam da documentação e das obras remanescentes afigura-se possível reconhecer todo um conjunto de indicações concernentes às suas particularidades intrínsecas, como é o caso da cromia, das tecnologias de fabrico e matérias-primas dominantes na sua feitura, das soluções ornamentais que as enriquecem, assim como acerca da sua morfologia e funcionalidade. É nossa convicção de que, através de um trabalho devidamente orientado para a sistematização e análise das características que enformam este tipo de património, se poderá, por fim, constituir agrupamentos com base nas especificidades identificadas e, consequentemente, mapear as culturas e geografias implicadas na sua manufactura dentro daquele que constituiu o vastíssimo território asiático marcado pela presença portuguesa. Este é decerto um exercício complexo e moroso mas indispensável10, tanto mais quando se trata de uma região onde a produção têxtil assume uma expressão de excelência, sem paralelo, em termos de diversidade de opções e de centros de fabrico, que não se extingue na mais convencional atribuição de uma proveniência indiana, chinesa ou persa – porventura as principais mas não decerto as únicas zonas fornecedoras de artigos têxteis asiáticos aos portugueses. Na impossibilidade de, por ora, dispormos da informação supramencionada, o presente estudo incide no modo plural como os artigos têxteis asiáticos, de múltiplos e distintos perfis artísticos, foram apreendidos pela sociedade portuguesa. Enquadrável numa perspectiva de abordagem distinta, mas complementar, daquela que subjaz ao conhecimento dos artigos transaccionados, esta é também para nós uma questão seminal no âmbito do fenómeno subsequente à introdução massiva de têxteis extra-europeus em Portugal (e na Europa). Tão importante como estabelecer o sistema de circulação e comercialização destes bens ou reconhecer e caracterizar este universo material nas 6

Freire, “Inventário do Guarda-roupa de D. Manuel”, 408. Braga, “Para o Estudo do património do Comendador de Santa Maria de Pernes”, 179. 8 Cf. Hallett, “Tapete, Pintura, Documento. O tapete oriental em Portugal”, in Hallett e Pereira, O Tapete Oriental em Portugal, 46. 9 Sousa, Inventário dos Bens do Conde de Vila Nova D. Luís de Lencastre, 44. 10 Moreira, “As Formas Artísticas”, 450. 7

73

Actas do IV Congresso de História da Arte Portugesa em Homenagem a José-Augusto França

suas diversas matrizes de produção é compreender o modo como os portugueses reagem à introdução destes novos objectos, muito em concreto: o que pensam a seu respeito, quem os adquire e como os integra nas suas práticas quotidianas, quais as implicações que a sua adopção comporta do ponto de vista estético, em termos de gosto e de moda, qual o respectivo impacto nos meios críticos e culturais coevos, assim como nas manufacturas artísticas autóctones ou os eventuais contributos na construção da identidade social e religiosa dos portugueses. Cientes dos limites a que o presente formato obriga, que impedem o desenvolvimento do assunto tanto quanto seria desejável e o mesmo requer – uma vez considerada a ainda escassa e aturada reflexão em seu redor –, neste ensaio procurar-se-á tão-só alertar para a sua potencialidade aflorando alguns aspectos que se crêem relevantes no que à integração e ao consumo dos têxteis asiáticos em Portugal concerne. Tomemos como ponto de partida o comentário de Pedro Dias ao declarar, de modo taxativo, que “os tecidos foram das obras de arte mais apreciadas pelos portugueses que foram para o Oriente e também por aqueles que, cá, esperavam com ansiedade a chegada das naus da Índia”11. É certo que os “panos da Índia”12 cedo deram entrada no porto de Lisboa e cedo despertaram curiosidade e procura. Dado o distinto perfil artístico que reuniam, sob o ponto de vista formal e plástico, estes artigos ganhavam proeminência entre o leque de possibilidades que até então constituía o principal mercado de oferta têxtil em Portugal13, despertando a atenção daqueles que consigo, pelos mais variados motivos, contactavam. Este interesse foi sendo alimentado pelo incremento das importações ao mesmo tempo que se via enriquecido, na sequência de um convívio também ele cada vez mais estreito e assíduo com todo um manancial de testemunhos, como eram os objectos de arte mas também os animais, plantas e escravos, que davam entrada no porto de Lisboa14. O início de Quinhentos assinala, assim, o princípio de uma vivência nacional marcada pela prolífica, gradual e consolidada incorporação destes mesmos artigos têxteis nos acervos patrimoniais da Coroa, da Igreja, da nobreza e até de uma parte da burguesia15. Com efeito, no início do século XVII, também membros da burguesia possuíam espécimes chineses entre os seus pertences, nomeadamente, mantilhas talhadas em tecidos da China bordados a ouro e seda, assim como

11

Dias, História da Arte Portuguesa no Mundo (1415-1822), 338. Expressão que entendemos no seu sentido mais lato, enquanto sinónimo de tecidos provindos do antigo Estado Português da Índia. 13 Sobre este assunto vide: Ferreira, Ana Maria. A Importação e o Comércio Têxtil em Portugal no Século XV (1385 a 1481). Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1983; Garcia, João Carlos. “Os têxteis no Portugal dos séculos XV e XVI”, in Finisterra, XXI, 42 (1986): 327-344; Bastos, Carlos. Subsídios para o Estudo das Origens e Evolução da Indústria Têxtil em Portugal. Porto: Portugália, 1950; Sequeira, Joana Isabel. “Produção têxtil em Portugal nos finais da Idade Média” (Tese de doutoramento, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Écoles des Hautes Études en Sciences Sociales, 2012). 14 Que Donald Lach intitula “silent sources”; cf. Lach, Asia in the Making of Europe, XIII. 15 A sistematização deste tipo de informação encontra-se numa fase ainda muito embrionária. Em todo o caso, os dados coligidos até ao momento apontam neste sentido. Não sendo possível enunciar a já extensa lista de inventários publicados e estudados, cf. as referências constantes das notas 1 a 4 do já citado estudo de Isabel Drumond Braga, sendo igualmente de assinalar os inventários de D. Isabel de Portugal, mulher de Carlos V (1503-1539) e de D. Catarina de Áustria, mulher de D. João III (1507-1578), ambos publicados por Checa Cremades, Los Inventarios de Carlos V y la Familia Imperial, e o Inventário dos bens do Duque de Bragança D. Teodósio I († 1563) na Biblioteca D. Manuel II (Vila Viçosa), Res. Ms. 18, cuja análise tem sido desenvolvida no âmbito de um projecto de investigação em curso coordenado por Jessica Hallett e intitulado De Todas as Partes do Mundo: O património do 5.º Duque de Bragança, D. Teodósio I, promovido pelo Centro de História de AlémMar da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa em parceria com a Fundação da Casa de Bragança e financiado pela FCT (PTDC/HAH/71027/2008), bem como o artigo de Mendonça, “O primeiro inventário da igreja de S. Roque (1561)”, a quem agradecemos por nos ter facultado o texto antes da sua publicação. 12

74

Actas do IV Congresso de História da Arte Portugesa em Homenagem a José-Augusto França

colchas, cobertores e cortinados, dominados pela figuração de aves e flores16. A adopção de têxteis asiáticos de forma tão aparentemente transversal pela estratigrafia social portuguesa depressa se repercute no quotidiano sacro17 e civil nacional, aí emergindo como opção frequente na animação dos interiores das habitações, dos templos e da própria urbe, ou no vestuário coevo passando a elencar os lotes das mercadorias, à época, mais estimadas e vendáveis em Portugal18. Sabemo-lo através da leitura das visitações19, dos inventários de bens e de partilhas, testamentos e dotes ou processos inquisitoriais, cujos arrolamentos incluem, a título bastante regular, obras provenientes da Ásia. Não menos ilustrativas, conquanto que menos exploradas deste ponto de vista, são as narrativas de acontecimentos extraordinários sacro-profanos que marcaram a história portuguesa no período moderno, como aquelas acerca das quais tivemos oportunidade de nos ocupar noutra sede20. Na generalidade, estas relações, pela natureza e finalidade que lhes subjaz, encerram importantes informações, que não estritamente de foro contabilístico, oferecendo uma dimensão interpretativa da realidade que, de certo modo, escapa aos outros tipos de documentação citados: aquela respeitante não à estrita existência dos objectos mas à sua vivência e fruição num determinado contexto. Não obstante o facto de as descrições traduzirem visões truncadas da realidade portuguesa, na medida em que se circunscrevem a momentos excepcionais no quadro daquele que se constitui como o quotidiano nacional, as mesmas facultam preciosos elementos acerca dos protagonistas, das ambiências recriadas, assim como sobre o relacionamento das pessoas com os objectos que as rodeiam, aspecto em discussão no presente texto. No caso concreto do universo artístico que nos interessa, o dos têxteis, estas fontes reúnem informes que permitem compreender melhor o modo como os portugueses reagem perante a sua presença e as suas particularidades, designadamente daqueles de origem asiática. Nesse sentido, e no âmbito da minúcia com que na globalidade se descrevem as soluções ornamentais adoptadas nos diferentes quadros festivos, permitimo-nos assinalar três aspectos que sobressaem da análise realizada a um conjunto de cerca de cem textos: o incontornável protagonismo dos têxteis e a inerente estima dos portugueses por este domínio artístico; a incidência dos discursos compulsados nos espécimes procedentes da Ásia em detrimento daqueles europeus (raras vezes distinguidos); a menção explícita, nos documentos, a obras originárias da Índia, da China e da Pérsia, amiúde acompanhadas de uma série de comentários de teor verdadeiramente laudatório sobretudo direccionados para a sua execução e respectivo valor material, a beleza/dimensão artística patenteada e a respectiva proveniência21.

16

Sobre este assunto cf. artigos de Hugo Miguel Crespo, “Trajar as Aparência, Vestir para Ser: o testemunho da pragmática de 1609” e de Paula Monteiro, “Roupas de Cama e Outras Cousas do Lar” in Vasconcelos e Sousa. O Luxo no Porto ao Tempo de Filipe II de Portugal (1610), 93-148 e 149-177, respectivamente. 17 Durante a primeira década do século XVI, algumas das alfaias litúrgicas que constituíam os acervos patrimoniais eclesiásticos nacionais apresentavam-se já realizadas em tecidos asiáticos. Assim o testemunha o conjunto de dalmáticas e capas feitas de “pano de Calecut” registado na visitação realizada à igreja de Nossa Senhora da Conceição em Lisboa no ano de 1509, bem como os estampados (ou pintados indianos) que, entre 1511 e 1512, se podiam observar nos mosteiros da Madre de Deus de Xabregas (Lisboa), da Pena da serra de Sintra e de Santa Maria de Belém graças às benfeitorias de D. Manuel I; cf. Dias, Visitações da Ordem de Cristo, 76. 18 Nesse sentido, chamamos a atenção para os elementos fornecidos por João Brandão na sua Estatística de 1552, acerca da quantidade de gente envolvida no comércio dos artigos têxteis em Lisboa, nomeadamente daqueles “da Índia”; cf. Brandão, Grandeza e Abastança de Lisboa, 98, 199, 206. 19 Cf. por exemplo Dias, Visitações; Gomes, Visitações a Mosteiros Cistercienses em Portugal, 109-112. 20 Cf. Ferreira, Os têxteis chineses no contexto religioso português. 21 Para François Crouzet, ainda que o carácter inovador seja menos frequente ao nível das técnicas de produção utilizadas do que na natureza dos artigos manufacturados, nas matérias-primas usadas e nos estilos e decoração adoptados, este constitui-se como uma componente inseparável e valorativa do comércio de luxo; cf. Crouzet, “Some remarks on the métiers d’art”, in Fox e Turner, ed. Luxury Trades and Consumerism, 272.

75

Actas do IV Congresso de História da Arte Portugesa em Homenagem a José-Augusto França

No entanto, surpreendentemente, verifica-se que o emprego dos apontamentos de tom elogioso identificados não é homogéneo entre o corpus estudado, variando consoante a origem dos artefactos: ao contrário dos espécimes chineses e até mesmo dos iranianos22, aqueles de proveniência indiana, embora enunciados, dificilmente merecem qualquer tipo de observação adicional. Esta constatação torna-se tão mais evidente quando comparada a diversidade dos aspectos visados. Para as obras da China são notados, em cerca de vinte títulos compulsados, os materiais dispendiosos, a “curiosidade”, sofisticação e até inovação que caracteriza as peças em termos de execução e de programas ornamentais exibidos, ao mesmo tempo que a sua origem é enfatizada23; para as da Índia as excepções identificadas em algumas descrições afiguram-se grosso modo lacónicas, sublinhando apenas como as alcatifas, as esteiras ou os panos de ló são “finos” (expressão que entendemos como alusivo ao seu requinte)24. O reconhecimento de uma realidade discursiva tão assimétrica em torno de alguns dos mais representativos testemunhos têxteis asiáticos em Portugal forçosamente impõe uma reflexão sobre os motivos que justificam o notado destaque conferido aos exemplares chineses comparativamente a outros artefactos, também eles oriundos da Ásia e integrados na vivência coeva mas, ao que os documentos apontam, nem por isso são merecedores de idêntica atenção ou receptividade junto daqueles que os testemunham. Um caso que cremos deveras sintomático desta realidade pode encontrar-se na relação das festas preparadas pelo convento do Carmo, em Lisboa, por ocasião da canonização de Santa Maria Madalena de Pazzi em 1669, porquanto ao longo do texto se localizam os mais variados louvores acerca das opções implementadas, nomeadamente, ao nível dos adereços na ornamentação dos espaços e dos protagonistas envolvidos nas comemorações. No entanto, o seu autor, Siro Ulperni (pesudónimo de António Rodrigues Abreu), nem por isso concede particular atenção aos têxteis indianos, ao contrário do que faz para os homónimos chineses e para as jóias indianas, às quais, por sinal, não poupa elogios acerca da obra delicada que as caracteriza do ponto de vista da execução e dos feitios, ou da quantidade e tamanho das pedras preciosas usadas, por exemplo (Quadro I). Desta constatação várias interrogações emergem. De imediato, até que ponto estavam os portugueses aptos a reconhecer as matrizes plásticas que subjazem às produções asiáticas enunciadas e, por inerência, a distinguir as respectivas origens? Como Rosemary Crill adverte, a confusão entre os artigos têxteis chineses e indianos para o mercado europeu é natural, até porque contanto que do ponto de vista técnico, material e plástico estes se afigurem muito distintos ambos partilham características, designadamente, ao nível dos repertórios, dominados pelos motivos florais e pela incorporação de elementos ocidentais e orientais25. Por outro lado, seriam, de facto, os têxteis chineses mais apreciados do que os restantes ou tal precedência era circunstancial, restringindo-se tão-só aos ambientes sacros festivos nacionais, porventura, em conexão com as tipologias neles exibidas? Limitar-se-ia este discurso a traduzir uma alteração de gosto?, uma mudança no leque de ofertas que entretanto se opera na metrópole, após a introdução regular de têxteis chineses no reino (no seguimento da consolidação da presença portuguesa na Ásia cada vez mais a Oriente), em complemento a uma maior banalização dos artigos

22

Ainda em 1747 os têxteis persas encontravam-se bem cotados: segundo se pode ler num relato das festas de canonização de S. Camilo de Lélis, assinaladas naquele ano, todo o pavimento da capela-mor da igreja do Hospital de Todos os Santos de Lisboa foi coberto com “preciosas alcatifas da Persia”; cf. Relaçaõ das magnificas festas, XVI. 23 Cf. Ferreira, Os têxteis chineses no contexto religioso português, vol. I, 327-330. Sobre os tapetes persas em Portugal vide os estudos de Hallett, “From the looms of Yazd and Isfahan Persian Carpets in Portugal”, 90-123, e Hallett e Pereira, O Tapete Oriental em Portugal. 24 Como se pode ler nas seguintes obras: Relações das Sumptuosas Festas, fl. 89 e Chagas, Festas qve o Real Convento do Carmo fes à Canonizaçaõ de S. Andre Cursino, fl. 89. 25 Cf. Crill, “Asia in Europe: Textiles for the West”, 265.

76

Actas do IV Congresso de História da Arte Portugesa em Homenagem a José-Augusto França

indianos? ou, até por inerência, a uma eventual hierarquização dos “panos da Índia” em termos de usos e de espaços ao abrigo de um determinado estatuto valorativo? Por ora não temos como responder de forma plena. Em todo o caso, estamos certos de que o intenso contacto com pessoas e bens de proveniência asiática a que Lisboa se associa no século XVI muito terá concorrido para o desenvolvimento de uma evidente familiaridade com esses mesmos testemunhos que, desde então, chegam ao país. Ao mesmo tempo, segundo nos foi dado compreender, com base nas pesquisas que temos intentado desenvolver neste domínio temático, salvo certos tipos de produção, como as “mui formosas colchas e céus de camas, de subtis lavores e pinturas assim como das patolas ou panos pintados feitas em Cambaia”26, logo assinaladas por Duarte Barbosa em 1518, os espécimes indianos correspondiam, grosso modo, a panos e roupas de algodão (alguns com mistura de seda). Estes seriam de qualidade baixa ou média27 e destinavam-se sobretudo à confecção de vestuário civil e sacro, como tão bem o demonstram os inventários de bens patrimoniais datáveis da primeira metade de Quinhentos. Embora os artigos indianos se mantenham como opções válidas e apreciadas no domínio têxtil até pleno século XVIII, a partir de meados de Quinhentos estes terão começado a partilhar e, até porventura, a ceder o protagonismo aos seus congéneres persas e chineses28, os quais se tornam, entretanto, mais frequentes em Portugal – ainda que aparentemente em menor quantidade quando comparados com aqueles provenientes da Índia, porventura menos dispendiosos. Produzidas em seda, e enriquecidas por composições bordadas de grande riqueza ornamental e cromática, como amiúde se assiste nos artefactos chineses, estas obras parecem conotar-se com produções mais luxuosas e sofisticadas. E estes são alguns dos aspectos que justamente ecoam entre os comentários compulsados: ao que tudo aponta, os lusitanos reconhecem as diferenças entre os suportes utilizados nas opções decorativas adoptadas por ocasião dos festejos. No caso dos exemplares chineses denotam mesmo abertura em relação à componente inovadora que os enforma elogiando e assinalando essa mesma dimensão, muito em particular a vivacidade e o naturalismo que caracteriza a abordagem dos temas figurados. Na impossibilidade de desenvolver mais o assunto afigura-se, todavia, seguro afirmar que a entrada massiva dos “panos da Índia” em Portugal implicou inevitáveis transformações culturais da sociedade ao nível do conhecimento, do gosto e do consumo gerados em torno deste tipo de bens. Graças ao intenso convívio com os têxteis asiáticos, que desde o século XVI se encontram disponíveis no mercado nacional, os portugueses integram obras provenientes de tão remotas paragens no seu quotidiano e revelam um nítido à-vontade em relação a este universo artístico, que parecem 26

Cf. Barbosa, Livro em que dá Relação do que viu e ouviu, 79. Sobre as colchas e outras tipologias indianas apreciadas pelos portugueses vide os estudos de Barbara Karl, “‘Marvellous things are made with needles’:Bengal colchas in European inventories, c. 1580-1630”, Journal of the History of Collections, 23:2 (2011): 301-313; Yumiko Kamada, “The Attribution and Circulation of Flowering Tree and Medallion Design Deccani Embroideries”, in Navina Najat Haidar e Marika Sardar, ed., Sultans of the South: Arts of India’s Deccan Courts, 1323-1687 (Nova Iorque: The Metropolitan Museum of Art, 2011), 132-147, Pedro Moura Carvalho, Luxury for Export: Artistic Exchanges between India and Portugal around 1600 (Boston: Isabella Stewart Gardner Museum, 2008); Teresa Pacheco Pereira, “À volta de alguns bordados indianos monocromos”, in Oriente, 15 (2006): 44‑57; Lotika Varadarajan, “Indo-portuguese textiles – new orientations”, in Fátima da Silva Gracias, Celsa Pinto e Charles Borges, ed., Indo-Portuguese History: Global Trends. Proceedings of XI International Seminar on Indo-Portuguese History. Goa, [s.n.], 2005, 251‑259. 27 Presumimos que análogos àqueles com que, segundo Pyrard de Laval, todos andavam vestidos da cabeça aos pés, desde o cabo da Boa Esperança até à China; cf. Laval, Viagem de Francisco Pyrard de Laval, vol. 2, 184-185. 28 Ainda que também estes se encontrem pontualmente presentes na extensa lista de artigos que integram o já citado documento relativo ao guarda-roupa de D. Manuel, realizado em 1522: “Item Mais huun esparamentos doratoreo de brocado da China- a saber- seis peças de corrediças que tem todas jumtamente dezanove panos e tres covados e duas terças cada pano e framjados de retros azull pellas ylhargas E huu çeo do mesm brocado dalparavazes pellas ylharguas e por huua so fromtarya framjado de rretros azul e forrado de bocasym vermelho guranicido de fitas de cadarço”; cf. Freire, “Inventário”, p. 388.

77

Actas do IV Congresso de História da Arte Portugesa em Homenagem a José-Augusto França

conhecer razoavelmente bem, ao ponto de distinguirem peças com diferentes origens e particularidades e de propalar juízos de valor de índole vária a seu respeito – um aspecto de suprema relevância quando se intenta averiguar acerca do modo como os portugueses apreendem e se relacionam com os artigos têxteis asiáticos. Neste sentido, e estritamente com base nos elementos coligidos até ao momento, desde logo se constata que, não obstante a origem das obras assinaladas nos textos estudados estar ou não bem identificada, aquelas provenientes da China beneficiam, entre os portugueses, de um evidente prestígio. Ao que tudo aponta, este estatuto mantém-se intacto ao longo do período cronológico estudado29 (1500-1750) e sem aparente equiparação, pelo menos, em relação aos suportes tecidos (e bordados) indianos utilizados em contextos idênticos. Tão ou mais interessante é constatar como esta mesma coerência se estende às descrições das peças que, quando localizadas nos registos escritos e de teor mais detalhado, denotam não só uma enorme afinidade entre si do ponto de vista programático e estético, como com o espólio ainda na actualidade sobrevivente.

29

Embora a notícia mais antiga de que dispomos até ao momento, relatando a presença de panos da China numa destas efemérides, date apenas de 1595, acreditamos que no futuro venham a localizar-se referências mais remotas ao uso deste tipo de suportes em momentos festivos sacros nacionais à semelhança do que sucedeu, por exemplo, em Goa desde meados do século XVI; cf. o nosso estudo “Entre a vivência religiosa cultual e académica”, 191-202.

78

Actas do IV Congresso de História da Arte Portugesa em Homenagem a José-Augusto França

Quadro I – Referências a têxteis chineses e objectos de ourivesaria indiana nas festas organizadas em Lisboa pela canonização de Santa Maria Madalena de Pazzi, 1669. Fonte: Siro Vlperni, O Forasteiro Admirado. Relaçam, panegyrica do Trvinfo, e Festas, qve celebrou o Real Convento do Carmo de Lisboa Pela Canonização da Seráfica Virgem S. Maria Magdalena de Pazzi, Religiosa da sua Ordem, primeira parte. Lisboa: off. de António Rodrigvez d’Abrev, 1672. Têxteis chineses

Ourivesaria indiana

p. 12 “Rematavase o apparato com huns panos da China, que com suas vivas, & alegres cores mostravão, que o primor dos engenhos daquelle clima estava nelles como pintado; & occupando aquelle lugar de sima, não deixavão duvida de serem elles cousa mui superior”

pp. 76-77 “estava a Santa em huma peanha encarnada guarnecida de joyas, & diamantes, que se dividiam com lavores de perolas Orientaes das mais preciosas, com laços de diamantes, & esmeraldas. Nos vãos que descobriaó o nacar da peanha estavam borboletas de diamantes, & perolas. No meyo huma aguia de diamantes, & perolas, & tudo hia cercando, & seguindo o lavor com hũas cadeasinhas de ouro confeitadas, obra delicadissima da India, que acompanhavam nos coraçoens, que abriam rosinhas de perolas muito meudas, que davam notavel graça à composiçam da obra, & a trechos estrellas de diamantes”

p. 15 “Por baxo destes até o chaõ hia hũa armaçaõ lavrada de setins de varias cores, que pera justamente gabala, basta dizer que era da China”

p. 181 [a figura de Temor a Deus levava aos ombros] “as mais vistosas alfayas: consistião estas em hũa cadea, q manifestando a sua magnificencia nas voltas, & a valia na grossura: epilogava o artificio mais admiravel da India no feitio [...]. Taõ grãde adorno não podia deixar de fazer mui singular afigura, sendo elle em tudo mui peregrino, não sò porque peregrinou do mais remoto da India atè Lisboa”

p. 16 “Seguiãose humas frontaleiras da China bordadas de ouro sobre setim azul, & com os mesmos passamanes de prata; de tanta excellencia, & valor, que não deixavam averiguar se occupavaõ o primeiro lugar do apparato por serem tão primorosas, ou se tinhão o ultimo por se rematar nelle tudo o que se pòde imaginar de rico no asseio.”

p. 196 [na figura do Merecimento que segue no 3.º carro merecem atenção os sapatos] “descobria o caprichoso calçado, formado de humas sandalhas, prezas a humas botinas de setim, tam alegres pello carmim da sua cor, como ricas pella magnificencia de seus debuxos; os quaes abertos com curiosa variedade, nenhuma boca experimentavam fechada, pera lhe negar os louvores que mereciam pello luzido das suas guarniçoens. Consistiam estas em cordoens de ouro da favo (primorosa obra da India) que nam sei se eram mais admiraveis pello proprio do feitio, que pello lindo modo com que matizavam aquelles debuxos”

p. 76 “hum docel carmesim, bordado de ouro, obra da China formosissimo, que servia de Ceo a huma flor grande” p. 225 “huma alcatifa da China, aqual tendo em mui pouca conta o ouro, & a seda da sua tecedura [pois apunha debaixo dos pés,] sò pretendia os applausos pello corioso dos lavores, que em tudo erão dignos de ser o mais precioso cuidado das vistas.”

79

Actas do IV Congresso de História da Arte Portugesa em Homenagem a José-Augusto França

BIBLIOGRAFIA

AHMED, Afzal. Indo-portuguese Trade in Seventeenth Century (1600-1663). Nova Deli: Gian Publishing House, 1991. BARBOSA, Duarte. Livro em que dá Relação do que viu e ouviu no Oriente Duarte Barbosa, Introd. e notas Augusto Reis Machado. Lisboa: Agência Geral das Colónias, 1946 (ms. 1518). BRAGA, Isabel Drumond. “Para o Estudo do património do Comendador de Santa Maria de Pernes, D. Henrique de Portugal: a carta de partilhas de D. Ana Ataíde (1626)”, in Revista de Artes Decorativas, 1, 2007: 161-182. BRANDÃO, João. Grandeza e Abastança de Lisboa em 1552, ed. José da Felicidade Alves. Lisboa: Livros Horizonte, 1990. CHAGAS, Fr. Manoel das. Festas qve o Real Convento do Carmo fes à Canonizaçaõ de S. Andre Cursino, Bispo da Cidade de Fesula, & Religioso de sua Ordẽ. Em Setembro de 1629 ao Excellentissimo Senhor Dom Duarte. Lisboa, off. de Pedro Creasbeeck, s/d [1632]. CHECA Cremades, Fernando, coord. Los Inventarios de Carlos V y la Familia Imperial, vols. II e III. Madrid: Fernando Villaverde, 2010. CRILL, Rosemary. “Asia in Europe: Textiles for the West”, in Encounters: The meeting of Asia and Europe 1500-1800, ed. Anna Jackson e Amin Jaffer, 265-271. Londres: V & A Publications, 2004. CUNHA, João Manuel de Almeida Teles e. “Economia de um Império. Economia política do Estado da Índia em torno do mar arábico e golfo Pérsico. Elementos conjunturais: 1595-1635” [Dissertação de mestrado, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa, 1995]. DIAS, Pedro. História da Arte Portuguesa no Mundo (1415-1822): O espaço do Índico. Lisboa: Círculo de Leitores, 1998. DIAS, Pedro. Visitações da Ordem de Cristo de 1507 a 1510: Aspectos artísticos. Coimbra: Instituto de História da Arte – Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 1979. FERREIRA, Maria João Pacheco. Os têxteis chineses no contexto religioso português de aparato entre os séculos XVI e XVIII, 2 vols. [Tese de doutoramento, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2011]. FERREIRA, Maria João. “Entre a vivência religiosa cultual e académica. A presença de têxteis chineses nas festas do colégio de São Paulo de Goa em meados do século XVI”, in Revista da Faculdade de Letras – Ciências e Técnicas do Património, VII, 2008-2009: 191-202, disponível em ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/9414.pdf FOX, Robert e Anthony Turner, eds. Luxury Trades and Consumerism in Ancien Régime Paris: Studies in the History of the Skilled Workforce, Aldershot – Brookfield: Ashgate Publishing Ltd, 1998. FREIRE, Anselmo Braamcamp. “Inventário do Guarda-roupa de D. Manuel”, in Archivo Histórico Portuguez, vol. II, 408, 1904.

80

Actas do IV Congresso de História da Arte Portugesa em Homenagem a José-Augusto França

HALLETT, Jessica e Teresa Pacheco Pereira, coord. O Tapete Oriental em Portugal. Tapete e Pintura, séculos XV-XVIII. Lisboa: Museu Nacional de Arte Antiga, 2007. HALLETT, Jessica. “From the looms of Yazd and Isfahan Persian Carpets in Portugal”, in John Thompson, Daniel Shaffer e Pirjetta Mildh, eds. Carpets and textiles in the Iranian World 1400-1700. Proceedings of the Conference held at the Ashmolean Museum on 30-31 August 2003. May Beattie Archive at the Ashmolean Museum, University of Oxford – Bruschettini Foundation for Islamic Art and Asian Art, 90-123, Génova, 2010. LACH, Donald. Asia in the Making of Europe, vol. II, tomo I, 2.ª ed. Chicago: The University of Chicago Press, 1994. LAVAL, Francisco Pyrard de. Viagem de Francisco Pyrard de Laval, vol. 2, ed. de Joaquim H. Cunha Rivara, rev. e aumentada por A. de Magalhães Basto. Porto: Livraria Civilização, 1944 (ms. 1601-1 611). MENDONÇA, Isabel Mayer Godinho. “O primeiro inventário da igreja de S. Roque (1561)”, in Para a História das Ordens e Congregações Religiosas em Portugal, na Europa e no Mundo, ed. de José Eduardo Franco e Luís Machado Abreu, vol. 1, 737-784. Prior Velho: Paulinas, 2014. MOREIRA, Rafael, “As Formas Artísticas”, in História dos Portugueses no Extremo Oriente: De Macau à Periferia, dir. A.H. de Oliveira Marques, 1.º vol., tomo I. Lisboa: Fundação Oriente, 1998. PINTO, Pedro. “Um Olhar sobre a Decoração e o Efémero no Oriente: a relação dos Bens Embarcados em Goa em 1559 para o Reino, o inventário dos Bens do Vice-Rei D. Martim Afonso de Castro, falecido em Malaca, em 1607, e a relação da entrada do vice-rei D. Jerónimo de Azevedo em Goa, em 1612”, Revista de Artes Decorativas, 2, 2008: 237-254. Relaçaõ das magnificas festas, com que na Cidade de Lisboa foy applaudida a Canonizaçaõ de S. Camillo de Lellis, fundador da Congregaçam dos Clerigos Regulares Ministros dos Enfermos: e Sermoens Pégados no festivo Oitavario, que pelo mesmo fim se celebrou nos Hospital Real de Todos os Santos. Lisboa: off. de Francisco da Sylva, 1747. Relações das Sumptuosas Festas com que a Companhia de Jesus da Província de Portugal Celebrou a Canonização de S. Ignacio de Loyola, e S. Francisco Xavier. Lisboa, 1623. RIELLO, Giorgio e Prasannan Parthasarathi, eds. The Spinning World: A Global History of Cotton Textiles, 1200-1850. Delhi: Primus Books, 2012. RIELLO, Giorgio e Beverly Lemire. “East & West: Textiles and Fashion in Early Modern Europe”, Journal of Social History, 41:4, 2008: 887-916. SOUSA, Maria Teresa de Andrade e. Inventário dos Bens do Conde de Vila Nova D. Luís de Lencastre, 1704. Lisboa: Instituto de Alta Cultura, 1956. SOUSA, Gonçalo de Vasconcelos e, ed. O Luxo no Porto ao Tempo de Filipe II de Portugal (1610). Porto: Universidade Católica Editora, Centro Interpretativo da Ourivesaria do Norte de Portugal / Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes, 2012.

81

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.