OS PERFIS FEMININOS DE JOSÉ DE ALENCAR: CECÍLIA, IRACEMA, LÚCIA A CONDIÇÃO DA MULHER NO SECULO XIX

May 24, 2017 | Autor: L. Silva | Categoria: English Literature
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Laiza Silva Santos nasceu dia 08/06/1994 em Jauru/MT é graduanda da 5°fase de Licenciatura Plena em Letras pela Universidade Estadual de Mato Grosso – UNEMAT. Campus de Pontes e Lacerda/MT.
OS PERFIS FEMININOS DE JOSÉ DE ALENCAR: CECÍLIA, IRACEMA, LÚCIA
Laiza Silva Santos

INTRODUÇÃO
O objetivo neste artigo é fazer uma análise literária nas personagens alencarianas das obras O Guarani, Iracema, Lucíola ambas do escritor brasileiro José de Alencar. Mostrarei como estas personagens femininas são representadas com destaque o autor da voz ativa a uma minoria a qual não tinha autonomia no século XIX. Primeiro faço um percurso da condição da mulher no século XIX, logo após faço algumas considerações inicias da escrita feminina de José de Alencar é para melhor aprofundamento desta análise dos perfis femininos dentro deste tópico destaco: O amor cortês e servil de Peri por Cecília, Iracema a virgem dos lábios de mel e a enigmática Lúcia.

A CONDIÇÃO DA MULHER NO SECULO XIX
Ao falarmos da condição da mulher no século XIX notamos que este foi um período a qual este gênero não tinha participação ativa na sociedade. Ao contrário dos homens, elas não tinham autonomia, liberdade e igualdade tendo em vista que estavam sujeitas ao poder masculino. Segundo Rousseau as mulheres eram totalmente excluídas da possibilidade de participação política não tinha acesso à educação a imagem tida do ser mulher era apenas a sua destinação a maternidade, administração do lar, cuidar do marido e educar os filhos.
Rousseau argumenta que a única certeza em relação às questões de gênero é de que tudo o que homem e mulher têm em comum pertence à espécie e tudo o que têm de diferente pertence ao sexo, ou seja, homens e mulheres são seres completamente diferentes, cujo equilíbrio da espécie depende exatamente de terem consciência dessa diferença e serem educados conforme suas particularidades: "Um deve ser ativo e forte, o outro passivo e fraco; é preciso necessariamente que um queira e possa; basta que o outro resista pouco". (ROUSSEAU, 2004, p. 516).
É nítido a diferenciação do homem e mulher como observa-se o homem é tido como forte autentico aquele que possui toda liberdade e direitos de participar da vida ativa em sociedade. A participação da mulher na sociedade restringia as atividades que fossem uteis ao ambiente doméstico sendo uma forma de manipulação e desigualdade a qual viviam cotidianamente este modo de vida era natural, nota-se mais uma ideologia a qual tornava a classe feminina cada vez mais dependente aos ideais masculinos. A autoridade da mulher só se tinha até o momento que ferissem a autonomia do homem como o "Chefe de Família".

A ESCRITA FEMININA DE JOSÉ ALENCAR
A literatura está presente nas mudanças sociais faz uma reinterpretação do mundo de acordo com as ações, gestos, palavras e sentimentos de uma sociedade. Literatura é uma linguagem significativa uma forma dos autores usam para significar. No que se refere as obras O Guarani, Iracema e Lucíola tem se uma linguagem romântica. As duas primeiras obras citadas pertencem ao Romance Indianista Brasileiro onde se destaca a fase de formação da nacionalidade a terceira obra é um Romance Urbano período a qual se destaca a vida urbana a burguesia carioca do século XIX.
A análise que proponho em relação a estas obras é a escrita feminina de José de Alencar onde o autor dar destaque a uma minoria a qual não tinha voz ativa no século XIX. Os três perfis femininos Cecília, Iracema, Lúcia não se deixaram serem dominadas, são mulheres que mesmo sob um olhar romântico numa época em que eram submissas ao sistema da sociedade tem personalidades autenticas. O comportamento dessas personagens não se limita ao de mulheres idealizadas para os padrões morais daquela época. Os tópicos a seguir perceberemos como os perfis femininos são construídos em ambas obras.

O AMOR CORTÊS E SERVIL DE PERI POR CECÍLIA
A obra O Guarani foi publicada em 1857 primeiramente foi escrita em folhetim, contribuiu para nacionalização da literatura no Brasil o espaço que se passa a narrativa é a Serra dos Órgãos as margens do rio Paquequer. A ação passa-se na primeira metade do século XVII, iniciando-se em 1604. O narrador, ao apresentar o fidalgo D. Antônio Mariz, recua até à fundação da cidade do Rio de Janeiro, em 1567, por Mem de Sá, da qual o pai de Ceci teria participado, combatendo os índios inamistosos e os invasores franceses.
Direciono uma analise a personagem Cecília que é o centro condutor do enredo nela enfatiza-se o amor incondicional, protetor e servil do índio Peri. Nota-se que o índio tem uma adoração pela personagem o cultua como uma santa o amava não para sentir um prazer ou ter uma satisfação mas para dedicar-se inteiramente a ela. A personagem alencariana é idealizada como uma jovem senhora medieval para a literatura brasileira. Cecília é descrita como uma donzela linda de olhos azuis, lábios vermelhos pareciam uma flor de gardênia, pura como um foco de algodão com traço angelical. Além de sua beleza a personagem tem uma personalidade forte e autentica herdou força moral de seu pai, sonhadora buscava meios de realizar seus sonhos. Além de Peri temos outros personagens que a corteja que é Loredano que o desejava, Álvaro amava enfrentaria a morte por um olhar da jovem, no entanto o amor de Peri era diferente dos outros, sentia adoração o selvagem se mataria se fosse preciso para fazer Cecilia sorrir.
Em toda narrativa o momento em a personagem se edifica com destaque a condutora da narrativa é quando Peri deixa suas crenças de lado é catequizado convertendo ao cristianismo para fugir e salvar Ceci, este é um momento em que o índio abandona sua tribo, religião, língua em nome da amada. Por fim temos a cena em que Ceci e Peri some no horizonte uma representação da origem do povo brasileiro, sendo um casal formado por uma portuguesa e um índio os formadores da nação brasileira.

IRACEMA A VIRGEM DOS LÁBIOS DE MEL
O romance Iracema foi publicado em 1865, narrado em 1°pessoa o espaço é o Sertão do Ceará. Iracema em guarani significa Ira (mel) e Ceme (lábios) resultando em Iracema a virgem dos lábios de mel. Uma índia belíssima heroína de cabelos mais negros que asa da graúna mais longo do que o talhe de palmeira, rápida como uma ema selvagem de início nota o destaque que o narrador da a índia guerreira não existia uma mulher tão bela do que Iracema as características atribuídas a ela estão relacionadas aos seres a qual ela estava envolvida a vida selvagem.
Pertencente a tribo Tabajara filha do pajé Araquém a representação de Iracema na obra é que ela é a guardiã do segredo da jurema e os mistérios dos sonhos faz a ligação terra/céu para atingir o céu ela tem que ser virgem símbolo de pureza dentro de uma estrutura de fé primitiva indígena. O enredo da obra inicia quando a índia conhece o guerreiro branco Moacir onde se apaixonam a análise que proponho é a construção desta personagem feminina, sendo ela pertencente da tribo Tabajara a qual o regime que funciona em uma tribo é rígido, tem o pajé sacerdote da tribo, pois conhece todos os rituais e recebe as mensagens dos deuses, na tribo prevalece a dominância é dos homens. Iracema transgrede toda esta construção primeiramente quando ela tem a primeira relação sexual com Moacir ao entrar em contanto com elo de pureza da escolhida, ou seja, há um rompimento do elo e acontece o desequilíbrio existente na tribo e o nascimento de Moacir filho da dor. Ao deixar sua tribo renunciando a sua própria família para viver seu grande amor proibido junto a Martim ela ofende todo princípio da tribo percebe-se que ela é uma mulher de atitude é valente está disposta a enfrentar tudo pelo seu desejo, assume o papel de protetora do amado, planeja a fuga, traindo sua tribo. O que impressiona no perfil de Iracema é sentir como ela rompe com toda a tradição cultural de seu povo para seguir o guerreiro branco Martim. É como se a personagem ganhasse asas e num voo esplêndido se libertasse do olhar do seu criador.

A ENEGMATICA LÚCIA
Diferente das outras obras que são Romances Indianistas de José de Alencar, Lucíola é Romance Urbano onde se destaca uma ênfase e critica a sociedade burguesa o livro foi publicado em 1862. Nesta obra narra a estória de uma moça chamada Maria pobre que ao ver sua família doente com febre amarela sai em busca de ajuda em conhece senhor Couto a qual oferece ajuda, no entanto ele tinha outras intenções com a moça, este é o momento que Maria perde sua virgindade para ganhar dinheiro para salvar a família seu pai descobre o feito e a expulsa de casa. Com a morte de uma amiga chamada Lúcia a jovem Maria resolve trocar de nome e enterrar a amiga como se fosse ela, passando a ser chamada então de Lúcia.
Lúcia é uma mulher que trabalha com cortesã de luxo no Rio de janeiro é extremamente bonita e elegante, sendo cobiça pelos homens e invejada pelas mulheres. Em visita ao Rio de Janeiro Paulo conhece Lúcia e de primeira vista nota-se uma pureza que lhe encanta, mas depois descobre sua verdadeira profissão. A personagem é enigmática deixando muitas das vezes Paulo perplexo e impossibilitado de compreender a transformações de personalidade dela.
O perfil feminino de Lúcia transgrede toda os preceitos morais daquela época onde as mulheres tinham que permanecer virgem para o casamento, mulher como ela era vista como sem honra perdida, no entanto mesmo ela vendendo seu corpo não permitia que ninguém adquirisse direito obre ela, sua casa era comente dela preservava sua liberdade e independência exigindo direitos iguais aos dos homens. O que intriga o leitor é que a todo momento está personagem aparece como uma guerreira sacrificando pela família, primeiro para salvar a todos da febre amarela depois guarda o dinheiro que conseguia trabalhando de cortesã para dar uma condição de vida melhor a sua irmã mais novo. Lúcia representa a emancipação de mulher, troca seus sentimentos por dinheiro. Situasse entre a sedução e a ingenuidade. Sedução, na comercialização de seu corpo, mas dentro de si, preservava a ingenuidade. Nesse conflito que se instala a única saída, ou o retorno ao romantismo, é buscar na tragédia da morte a solução ao pecado da prostituição.

CONSIDERAÇOES FINAIS
Ao fazer esta analise aos perfis femininos de José de Alencar uma das primeiras características a ser observa é a beleza das personagens Cecília, Iracema e Lúcia ambas são idealizadas pelo "Belo" uma beleza diferenciada as mais belas mulheres que o leitor pode imaginar que existiu Cecilia uma jovem com uma beleza medieval e angelical, Iracema não havia mulher mais bela do que a índia tabajara nem mesmo as mulheres portuguesa eram tão bonita como ela, por fim Lúcia belíssima desejada a mais linda das cortesã. O enredo das obras gira em torno destas personagens, Alencar permite ao leitor uma nova visão diferenciada as mulheres que naquela época não tinha voz ativa na sociedade, as personagens fogem da passividade colocada, ambas buscam seus ideais ultrapassam limites colocados a elas e estabelecem os seus próprios modo de serem, sua própria postura em busca de autonomia é dizer: Eu sou mulher e posso fazer isso, tem consciência de suas atitudes. A ausência do medo de ferir a realidade e a coragem de transgredir as convenções sociais da época, tendo em vista, que por meio do romance é possível ultrapassar seus limites, assim como heroínas e alcançar, com a capacidade peculiar de cada um, as realizações pessoais, em relação à luta por seus amores e ao sentido maior de suas vidas.
Levando em conta a condição colocada a mulher na sociedade naquela época estas personagens ambas desconstroem ideologia do período, Cecília vivia num momento onde os homens é que ditava as palavras cuidados da família, Iracema filha do pajé é guardiã do segredo da jurema nunca poderia ter o contado com homens no entanto faz tudo ao contrário e Lúcia mesmo sendo uma cortesã não se deixa ser submissa a ideologia coloca as mulheres que têm sua mesma profissão é na morte que se purifica. As figuras femininas em José de Alencar apresentam uma evolução no que se refere à relação de autonomia da mulher em suas escolhas frente à sociedade machista e moralista do século XIX.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALENCAR, José de. Iracema. 24° edição. São Paulo: Editora Ática, 1991.
ALENCAR, José de. O Guarani. 22° edição. São Paulo: Editora Ática, 1998.
ALENCAR, José de. Lucíola. São Paulo: Editora Martin Claret, 2005.
FERNANDES, Silvana Lopes. Retratos de Mulheres na Literatura Brasileira do Século XIX. Revista Plures Humanidades, Ribeirão Preto, ano 12, n. 15, p. 117-140, jan. jun. 2011.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. Tradução de Alex Marins. São Paulo: Martin Claret, 2005.




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