OS PERIGOS DA HERMENEUTICA DA POS MODERNIDADE

OS PERIGOS DA HERMENÊUTICA NA PÓS­MODERNIDADE  Fernando de Freitas Vasconcelos    Uma  vez  que  ​ “o  objetivo  da  hermenêutica  é  descobrir  e  sistematizar  os  princípios  e  métodos  apropriados  para  a  compreensão  do  sentido   que  o  autor  intentou  transmitir aos  seus  leitores originais” (Paulo  R.  B.  Anglada)​ , o desvio deste  tem contribuído para a existência de sérios perigos que circundam as igrejas cristãs.     Tal  desvio  pode  ser  observado  já  na  Idade  Média quando  o  objetivo  primeiro  da hermenêutica era sustentar os dogmas  e  o  poder  do clero da Igreja  Romana por  meio  de  um  forte  apelo  para  a  “espiritualização”  do  texto,  prevalecendo  assim   o  método  alegórico  de  interpretação,  afirmando  a  existência de palavras obscuras, de  compreensão  inacessível,  a  não  ser  para  a  Santa  Igreja,  detentora  do  saber.  Posteriormente  uma revolução  hermenêutica,  que foi em muitos sentidos a Reforma  Protestante,  foi  quem  priorizou  o  “​ que  o  autor  intentou  transmitir  aos  seus  leitores  originais”​ ,  desenvolvendo  aquilo  que  posteriormente  seria  chamado  de  método  gramático­histórico.  No  período  moderno,  sob  influência  do  Iluminismo,  a  enfase  voltada  à  razão   em  detrimento  da  revelação,  a hermenêutica direcionou­se ao que  seria chamado:  método  crítico.  Hoje, na pós­modernidade, quando  nada é absoluto  e  tudo  é  tão  somente produto da experiência  e  interpretação individual, rejeita­se a  intenção  autorial  e  o  processo de  formação  do  texto.  Há dificuldade  de reconhecer  qualquer  sentido absoluto, tudo  o que há  de  válido  é a experiência individual, falha,  finita e limitada.    As igrejas cristãs devem atentar aos perigos que as circundam tal como ​ “ leão  procurando  a  quem  possa  tragar”  ​ (1  Pe  5.18)​ .  As  diversas  hermenêuticas  “espiritualizadas”  e alegoristas da pós­modernidade acabam por tornar a mensagem  das  Escrituras  obscura  e  inacessível.  Instala­se  então  o  caos  eclesiático,  pois  se  não  há  sentido  claro  e  conciso,  e  consequentemente  verdadeiro,  das  Escrituras,  regra  de  fé  e  prática,  não  resta  base  objetiva  para  o  ensino  doutrinário  e inerente  aplicação,  para  decisões  e  ordem  eclesiástica,  uma  vez  que  cada  um  pode  interpretar as Escrituras como bem quer, e delas extrair regra de conduta própria.