Os Perissodáctilos e os Artiodáctilos Fósseis do Miocénico da Bacia do Baixo Tejo (Portugal)

May 28, 2017 | Autor: Silvério Figueiredo | Categoria: Miocene, Artiodactyls, Perissodactyls, Tejo Taxus Bacatta
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Descrição do Produto

The Horse and the Bull in Prehistory and in History

Coordination Fernando Augusto Coimbra

2016

Os Perissodáctilos e os Artiodáctilos Fósseis do Miocénico da Bacia do Baixo Tejo (Portugal) Jorge Sequeira* e Silvério Figueiredo** * Museu Geológico (Laboratório Nacional de Geologia e Energia) ** Instituto Politécnico de Tomar; Centro Português de Geo-História e Pré-história; Laboratório de Arqueozoologia e Paleontologia (IPT-CPGP); Centro de Geo-Ciências (UC)

Resumo: O touro e o cavalo, temática central deste congresso, pertencem, respetivamente, a duas ordens da classe dos Mamíferos: aos artiodáctilos e aos perissodáctilos. A presença destes dois grupos abundantemente representados nos depósitos sedimentares neogénicos do sector intermédio e do distal da Bacia do Baixo Tejo é, desde há muito, conhecida, encontrando-se um vasto acervo recolhido no âmbito dos trabalhos do Serviço Geológico Nacional e depositado no Museu Geológico do LNEG. Neste trabalho, que visa dar a conhecer a abundância e a diversidade da fauna de mamíferos dos mencionados grupos presentes nos depósitos Neogénicos das regiões do Ribatejo e da Grande Lisboa, referem-se as principais jazidas de mamíferos das regiões em apreço, a sua localização geográfica, os principais representantes conhecidos destes dois grupos e o respectivo enquadramento no contexto geológico e estratigráfico da região. Faz-se ainda menção a alguns aspetos tafonómicos associados aos achados, bem como o contexto em que ocorreram estas descobertas, em particular as de Lisboa, associados à exploração dos recursos geológicos da cidade. Palavras-chave: Mamíferos; artiodáctilos; perissodáctilos; Miocénico; Lisboa; Museu Geológico; areeiros. Abstract: Bulls and horses, the central theme of this Congress, belong to two orders of mammals: respectively Artiodactyls and Perissodactyls. The presence of these two groups abundantly represented in Neogene sedimentary deposits of the Intermediate and Distal sectors of Lower Tagus basin it’s very well known since very soon, existing a vast collection collected under the work of the National Geological Service, and kept in the Geological Museum of LNEG. In this work, which aims to make known the abundance and diversity of mammalian fauna of the mentioned groups present in the Neogene deposits of the regions of Ribatejo and Lisbon, we refer the main deposits of mammals of the concerned regions, its geographical location, the main known representatives of these two groups, and their geological context and stratigraphic framework in the region. We will also mention some of tafonomic aspects associated with the findings, as well the context in which occurred the discoveries, in particular those of Lisbon, associated with the exploitation of geological features of the city. Keywords: Mammals; artiodactyls; perisodactyls; Miocene; Lisbon; Geological Museum; megrim. 14

1 - Introdução Os materiais paleontológicos mencionados neste trabalho pertencem, na sua quase totalidade, à coleção do Museu Geológico do LNEG. Foram recolhidos a partir do último quartel do séc. XIX, na sua grande maioria no âmbito dos trabalhos de reconhecimento geológico e da elaboração da cartografia sistemática do território nacional, levados a cabo pelo Serviço Geológico Nacional, que tem mantido atividade praticamente contínua desde essa época. A presença de mamíferos em depósitos sedimentares do Miocénico português foi assinalada, possivelmente, pela primeira vez, na primeira metade do séc. XIX, por Eschwege (1831) e Vandelli (1831), que referem a presença de cetáceos nos depósitos terciários aflorantes na margem sul do rio Tejo. Da colheita realizada no âmbito da construção da ligação ferroviária de Lisboa ao Carregado constam, no catálogo do Bristish Museum, publicado em 1887, dois exemplares de mamíferos marinhos entregues a essa instituição em 1857, por um engenheiro britânico envolvido na obra. Quanto à presença de mamíferos terrestres nada é assinalado. Foi já no final da década de 1870, no âmbito dos trabalhos de reconhecimento geológico da Região do Ribatejo que Carlos Ribeiro reconheceu a presença, de restos de mamíferos terrestres, em depósitos terciários de fácies continentais, na região do Ribatejo (Ota), de que dá noticia, no Congresso Internacional de Geologia realizado em Paris em 1878 (Ribeiro, 1880). Um pouco mais tarde, Choffat (1880) e Fontannes (1884) referem a presença de mamíferos nos depósitos Neogénicos de Azambuja e de Archino (Ota). Cotter in Loriol, (1896), Cotter in Dolfuss et al. (1903-1904) e Cotter (1956), apresenta o estudo paleontológico e estratigráfico do Miocénico de Lisboa, definindo, de acordo com as litologias predominante e com o conteúdo paleontológico, um conjunto de unidades, com expressão cartográfica, equivalentes a unidades litoestratigráficas, que se encontram em uso atualmente e que representam sedimentação de génese estuarina, com maior ou menor influência marinha (Dias e Pais, 2010; Pais, 2013). Nestes trabalhos é mencionada a presença de mamíferos terrestres em depósitos associados a ambientes em que a influência marinha é menor, nomeadamente nas Div. MI, MVa2, MVIb e MVIc, das quais apenas os da primeira correspondem a Artiodáctilos e a Perissodáctilos. Estas faunas, de expressão modesta, são, em conjunto com as do Ribatejo, pormenorizadamente descritas por Frédéric Roman (1907). Após a morte de Berkeley Cotter e de Paul Choffat, em 1919, os estudos paleontológicos e estratigráficos em Portugal, no âmbito das atribuições do serviço geológico, praticamente cessaram (Antunes, 2000b) e são muito poucas as contribuições no domínio do estudo da estratigrafia do Miocénico e da paleontologia de vertebrados (Antunes, 1984). 15

Sousa Torres naturalista do Museu Mineralógico e Geológico da Universidade de Lisboa, atual secção do Museu Nacional de História Natural, dá notícia, em 1935, da descoberta de um dente de mastodonte na zona do Lumiar, numa exploração de areia para a indústria da construção (Antunes, 1984). Georges Zbyszewski, geólogo franco-polaco, que se encontrava desde 1935 em Portugal a realizar estudos de sobre o Quaternário português, inicia, nesta altura, a exploração sistemática dos locais onde se procedia à exploração dos níveis de areia presentes em algumas unidades do Miocénico de Lisboa (Antunes, 1984), dando notícia, em 1937, da descoberta de novas jazidas de mamíferos terrestres no Neogénico dos arredores de Lisboa. Zbyszewski aprofunda este trabalho nos anos seguintes, em particular, após a sua admissão nos Serviços Geológicos de Portugal em 1940, publicando vasta bibliografia sobre este assunto. Tal como as primeiras descobertas de artiodáctilos e perissodáctilos miocénicos em Lisboa, possíveis devido à exploração das argilas da Divisão MI, esta segunda fase de descobertas, beneficiou da exploração de outros recursos geológicos, em particular das areias das unidades MIVb, MVa2 e MVb, materiais que embora há muito conhecidos e esporadicamente explorados, eram considerados de qualidade inferior, em comparação com outros que se podiam obter a sul do Tejo (Cotter, 1956) e que assumem importância estratégica a partir dos anos 30 do séc. XX, face ao enorme desenvolvimento da indústria da construção aliada à modernização da cidade e à introdução, em larga escala, de novos sistemas de construção baseados na utilização do cimento Portland. Observa-se assim, a instalação de grandes explorações de areias na zona do Lumiar, na Charneca do Lumiar, imediações da Av. do Brasil, Areeiro e Chelas. Algumas destas zonas, onde já ocorriam explorações em escala modesta e que, face à demanda de areias para a indústria da construção, conduziram a que se aprofundasse e expandisse a exploração destes materiais, em particular nos locais onde eram exploradas as areias da Div. MIVb. No caso das areias das unidades MVa2 e MVb, inicia-se a exploração em locais onde até então os materiais que aí se poderiam obter eram considerados de qualidade inferior ou pouco adequados sob o ponto de vista tecnológico, ou em que embora a sua qualidade fosse reconhecida, a distância dos locais de obra, tornava proibitiva a sua exploração. A partir do final dos anos 50, fora do âmbito dos SGP, Miguel Telles Antunes desenvolve actividade no domínio do estudo da estratigrafia e da paleontologia dos vertebrados do Miocénico da Bacia do Baixo Tejo, de que se destacam, no domínio dos mamíferos terrestres, a descoberta de novas jazidas e de novos grupos até então inéditos e o aprofundamento e a atualização do estudo das jazidas e faunas conhecidas, nalguns casos em colaboração com reputados especialistas estrangeiros. 16

Os trabalhos de levantamento das unidades miocénicas aflorantes na cidade de Lisboa, nem sempre acessíveis, por se encontrarem cobertas por edificações, ocultas pelas unidades que lhe estão sobrepostas ou por não existirem cortes naturais que permitissem a sua observação, beneficiaram em larga medida de dois fatores fundamentais que criaram condições excecionais para que se tornasse possível o seu acesso, observação e amostragem, permitindo o seu estudo e hierarquização. O primeiro fator foi a expansão e ordenamento da cidade, em diferentes momentos, que envolveu a construção de várias infraestruturas e a edificação em larga escala, que implicaram o desmonte e a movimentação de grandes volumes de materiais e, por consequência, expuseram vastas áreas das diferentes unidades do Miocénico de Lisboa, o segundo fator e que, por vezes, está diretamente ligado ao anterior, foi a exploração dos recursos geológicos Miocénicos, com interesse quer como matérias-primas para a indústria quer como materiais de construção. Assim foi feito um levantamento de um grande número de cortes na cidade de Lisboa por Cotter, Zbyszewski e outros investigadores no âmbito das atribuições dos serviços geológicos, bem como a recolha de preciosos elementos paleontológicos miocénicos realizados em locais onde ocorria exploração de areias, argilas e rochas para a construção ou em locais alvo de intervenção para abertura de arruamentos ou instalação de infraestruturas. No caso dos artiodáctilos e dos perissodáctilos, dos exemplares existentes no Museu Geológico, quase todos provêm de contextos de exploração de argilas para a indústria cerâmica ou de areias para a construção. Em Lisboa a presença de associações de mamíferos terrestres, com artiodáctilos e perissodáctilos foi assinalada nos níveis superiores da Div. I, nos depósitos arcósicos fluviais da Div. IVb, nas areias fluviais com pirolusite da Div. Va2 e nas areias fluviais da Div. Vb.

2 - Génese evolução e estratigrafia da Bacia do Baixo Tejo 2.1 - Bacias Cenozoicas da Península Ibérica A Península Ibérica constitui uma Microplaca separada, situada entre o continente Europeu e Africano (Vergés et al, 2002). A convergência entre os continentes Europeu e Africano, iniciada no final do Cretácico, no quadro da tectónica Alpina, induziu importantes deformações na placa ibérica. Estão relacionadas com a tectónica alpina, que se processa em diferentes fases, com efeito notáveis no Sul da Europa (Alves et al., 2003), a formação, durante o Cenozoico, de importantes relevos alpinos da Península Ibérica e a diferenciação de um grande número de bacias sedimentares de orientação genérica NE-SW, entre as quais a Bacia do Baixo Tejo, uma bacia do tipo antepaís (Foreland Basin) (DeVicente et al., 2011), cuja evolução tectónica e sedimentar está relacionada com estas diferentes fases de deformação induzida pela 17

aproximação da Europa e da África e consequente fecho do Mediterrâneo, aliado a fatores dinâmicos intrínsecos à bacia e a fatores climáticos (Pais 2013, Legoinha, 2001).

2.2 - Bacia do Baixo Tejo A Bacia do Baixo Tejo (BBT) corresponde a uma unidade estrutural orientada sensivelmente na direcção NE-SW, que se estende desde a Península de Setúbal até Lisboa (parte Norte e parte Oriental), abrange todo o Ribatejo, ocupa uma parte importante do Alto Alentejo e termina na região sul da Beira Baixa, com prolongamento para Espanha. Em função das relações do enchimento e respetivos ambientes associados, distinguem-se de acordo com Pais et al. (2006); Dias et al. (2009); Pais et al., (2013), os seguintes setores: - Setor Distal, a sudoeste, ocupando as regiões de Lisboa e da Península de Setúbal mais próximo do Atlântico e onde ocorrem fácies marinhas com algumas intercalações continentais e salobras, - Setor Intermédio, ocupando o Ribatejo e parte do Alto Alentejo, com fácies continentais e alguns episódios de ambientes salobros quando dos níveis marinhos elevados; - Setor Proximal, a nordeste e que ultrapassa a fronteira com Espanha, onde existem apenas fácies continentais (Pais et al. 2006; Dias et al. 2009; Pais et al., 2013). 2.3. Enchimento sedimentar da BBT sector intermédio e distal durante o Miocénico A primeira fase de enchimento da bacia, durante o Paleogénico, processase em regime endorreico com drenagem para o interior da bacia (Pais et al., 2013). O Atlântico invadiu a bacia no início do Miocénico, na região de Lisboa e na Península de Setúbal a sedimentação processa-se na interface Oceano-Continente, com variações da linha de costa dependentes de variações de nível eustático e de efeitos tectónicos, refletindo-se na natureza das unidades sedimentares presentes, que constituem genericamente uma alternância de depósitos de carácter marinho litoral e aluvionar, em que os depósitos aluvionares se encontram interdigitados por depósitos marinhos (Pais et al., 2013). Para o interior da bacia, a sedimentação é condicionada pelos efeitos tectónicos e pelo clima, predominando, até ao Miocénico Médio, os depósitos de carácter fluvial, constituídos essencialmente por depósitos arcósicos com alguns pavimentos de clastos e intercalações de lutitos, que assentam em discordância sobre os sedimentos paleogénicos ou sobre o substrato mesozoico e paleozoico. As condições de sedimentação alteram-se no Miocénico Superior, passando a dominar na margem direita ambientes lacustres e palustres em que 18

se depositaram calcários que passam lateralmente a corpos argilosos, formaram-se também crostas carbonatadas que se estenderam à margem esquerda onde também se depositaram calcários, localmente, no sopé da Cordilheira Central Portuguesa, desenvolveram-se depósitos aluviais (Dias e Pais, 2009; Pais e Dias; 2006; Pais et al., 2013). No final do Miocénico e no início do Pliocénico, o regime de drenagem da BBT, volta a ser endorreico, com sedimentação em leques aluviais e a partir de escarpas tectónicas geradas pela reativação de falhas tardi-variscas, condições que se alteram, no Pliocénico Superior, com aumento da humidade e da temperatura, passando a drenagem novamente a processar-se em regime exorreico, instala-se então um importante rio anastomosado de grande energia - o Rio Tejo - seguindo-se a incisão fluvial, com escavamento de vales profundos e criação de um sistema de terraços fluviais que caracterizam a morfologia do vale do Tejo (Pais et al., 2013).

2.4. Litoestratigrafia do Miocénico da BBT (Ribatejo e Lisboa) De acordo com Pais et al. (2010; 2013), no sector Intermédio da BBT a sedimentação fluvial arcósica do Miocénico está compreendida pela Formação de Alcoentre (Miocénico Inferior – Miocénico Superior), a sedimentação predominantemente lutítica de planície de inundação está representada pela Formação de Tomar (Miocénico Médio – Miocénico Superior) e, por fim, os calcários palustres pela Formação de Almoster (Miocénico Superior). Nas áreas de Lisboa e da Península de Setúbal a sedimentação é de génese estuarina. Atendendo às diferentes litologias e ao seu conteúdo fossilífero, Cotter (in Loriol, 1896), distinguiu, no Miocénico de Lisboa, 7 horizontes subdivididos em 13 unidades, que descreve em Dolfuss, et al., (1903-1904) e Cotter (1956), nesta última obra são descritas pormenorizadamente as 7 assentadas, subdivididas em 15 divisões agrupadas sob o ponto de vista cronoestratigráfico no Burdigaliano, Helveciano (Langiano e Serravaliano) e Tortoniano. Estas divisões, com expressão cartográfica, compreendem a série Miocénica aflorante na região de Lisboa e Almada, estão atualmente em uso e correspondem a unidades litoestratigráficas (Pais et al., 2013), tendo sido alvo de revisão quanto aos limites e posição cronoestratigráfica.

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Cotter

Pais & Legoinha

(1956)

(2006)

I

Molasso e Argilas com Venus ribeiroi dos Prazeres

Camadas de Prazeres

Essencialmente argilitos e margas intercalados e dois níveis de calcário margoso amarelado

II

Areolas com Pecten pseudo-pandorae de Avenida Estefânia

Areolas de Estefânia

Areias finas, areias argilosas, argilitos e alguns bancos de biocalcarenito

III

Banco Real

Calcários de Entrecampos (“Banco Real”)

Biocalcarenito com fracção detrítica abundante

IVa

Argilas Azuis de Pereiraia gervasi do Areeiro

Argilas de Forno de Tijolo

Areias finas, argilosas de cor cinzento azulado

IVb

Areias, argilas e molasso arenoso com Ostrea crassissima e impressões de vegetais da Quinta do Bacalhau

Areias da Quinta do Bacalhau

Areias arcósicas fluviais com bancadas de argilitos

Idade/Andar Divisão

Aquitaniano

Burdigaliano

Litologias dominantes

Calcários de Casal Bancada carbonatada gressosa, mais ou Vistoso menos grosseira

Va1

Va2

Molasso calcário de Pecten scabre- Areias com Placulus de Casal Vistoso na miocenica e da Musgueira - Bromo

Va3

Areias e molasso arenoso com Ostrea crassissima do Vale de Chelas

Langhiano

Vc

Areias amarelas fluviais, com seixos rolados e argilas, com impregnações de pirolusite (cor negra) e areias eólicas com finos leitos de argila

Calcários de Musgueira

Biocalcarenito de cor branca, por vezes amarelado, arenoso, frequentemente grosseirio

Areias de Vale de Chelas

Areias feldespáticas, fluviais, incoerentes ou fracamete cimentadas, por vezes grosseiras e compactas com estratificação cruzada a que se sobrepõem areias dunares.

Calcários com fósseis espátizaCalcários de Quindos e da Anomia ta das Conchas choffati de Quinta das Conchas

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Biocalcarenitos grosseiros com concentrações de ostreídeos a que se sobrepõem biocalcarenitos alternados com argilas siltosas

Vb

Argilas margas e grés fino argiloso de Venus Brocchii

VIb

Grés silicioso calcário e argilo-calcário de Schizaster scillae de Grilos

Argilas azuis de Xabregas

Conjunto silto-argiloso, por vezes com areias finas, de cor cinzento azulado.

Grés dos Grilos

Biocalcarenitos amarelados com fragmentos rolados de molucos sobrepostos por arenitos grosseiros de cor amarelo torrado com moluscos (Ostrea) e equinodermes

VIc

Molasso calcário de Ostrea crassicostata var. gigantea de Marvilla

Calcários de Marvila

Biocalcarenitos grosseiros ricos em moluscos (de grande dimensão) sobrepostos por arenitos finos de cor amarelada e a argilas cinzentas com ossos de cetáceos

VIIa

Areias finas (areoloas) e grés argiloso alternado com estratos calcários de Pecten tenuisulcatus de Braço de Prata

Areolas de Braço de Prata

Alternânciade arenitos finos, areias finas e bancadas роucoсо espessas de calcários margosos e gresosos muito fossiliferos.

VIIb

Areias e grés finos, argilas, grés calcário, conglomerado conquifero e calcário marno silicioso com Pecten aff. Opercularis de Cabo Ruivo

Conjunto, geralmente de cor amarelado escuro, representado na parte inferior, essencialmente, por areias finas e medias, argilosas, e arenitos, com ocorrência Areolas de Cabo de argilitos, micáceos, de tom amarelo Ruivo escuro ou anegrado. Na parte superior, ocorrem biocalcarenitos grosseiros. A alternância bancadas de biocalcarenitos e de arenitos é frequente.

Serravaliano

Tortoniano

Quadro 1 – Quadro resumo das unidades litoestratigráficas do Miocénico de Lisboa e respectivo enquadramento cronoestratigráfico (Cotter, 1956; Pais et al., 2006, Pais et al 2013).

Atualmente são reconhecidas para o Miocénico da região de Lisboa (setor distal da BBT) 10 sequências deposionais (1) (unidades aloestratigráficas), representativas da sedimentação na interface Continente-Oceano, relacionadas com ciclos T-R (ciclos eustáticos) de 3ª ordem (Pais et al., 2013), iniciadas por superfície transgressiva e concluídas por corpos sedimentares de nível marinho baixo e que incluem as divisões de Cotter (1896;1903-1904;1956). Sequências deposicionais (da base para o topo): R5 Aquitaniano Sequência deposicional A1: Camadas com Venus ribeiroi (MI) – parte inf. Sequência deposicional A2: Camadas com Venus ribeiroi (MI) – parte sup.; Areolas da Estefânia (MII) – parte inf.; 21

R5 Burdigaliano Sequência deposicional B0: Areolas da Estefânia (MII) – parte sup. Sequência deposicional B1: Banco Real (MIII); Argilas azuis do Areeiro (MIVa); Areias da Quinta do Bacalhau (MIVb); Sequência deposicional B2: Calcários de Casal Vistoso (MVa1); Areias com Placuna miocenica (MVa2) R5 Langhiano Sequência deposicional L1: Calcários da Musgueira (MVa3); Areias do Vale de Chelas (MVb); Calcários da Quinta das Conchas (MVc) – parte inf. Pais 2013 (não considerado em Pais 2006); R5 Serravaliano Sequência deposicional S1: Calcários da Quinta das Conchas (MVc) – parte sup. Pais 2013 (totalidade Pais, 2006); Argilas azuis de Xabregas (MVIa); Grés de Grilos (MVIb) – parte inf.; Sequência deposicional S2: Grés de Grilos (MVIb) – parte sup. R5 Tortoniano Sequência deposicional T1 e T2: Calcários de Marvila (MVIc); Areolas de Braço de Prata (MVIIa); Areolas de Cabo Ruivo (MVIIb) (T2);

3. Artiodáctilos e Perissodáctilos da BBT Segundo Antunes, 1984 estão representadas no registo fóssil da BBT, do grupo dos artiodáctilos as famílias Suidae, Tayassuidae, Anthracotheriidae, Cainotheriidae, Tragulidae, Cervidae, Palaeomerycidae, Giraffidae e Bovidae; do grupo dos perissodáctilos, as famílias Equidae, Chalicotheriidae e Rhinocerotidae.

3.1. Distribuição geográfica das jazidas com artiodáctilos e perissodáctilos fósseis da BBT (setor intermédio e distal) No Ribatejo (setor intermédio da BBT) apenas ocorrem depósitos de fácies continentais, compreendendo sedimentação fluvial arcósica. As jazidas de 22

mamíferos terrestres contendo artiodáctilos e Perissodáctilos ocorrem na região, nos depósitos da Formação de Alcoentre datada do Miocénico Inferior e Médio, e cuja existência permitiu a correlação com depósitos do Miocénico Médio e do Tortoniano Inferior do setor distal da BBT da região de lisboa (Pais et al., 2013) e em leitos de argila intercalados nos calcários lacustres da Formação de Almoster, do Miocénico Superior (Antunes, 1984). Em Lisboa os restos de artiodáctilos e de perissodáctilos foram encontrados, nos depósitos de carácter continental da parte superior da Divisão MI, constituídos por níveis carbonosos com vegetais e gesso, que ocorrem lateralmente a depósitos de argilas e margas correspondentes a ambientes de lagunas litorais (Pais et. al., 2013). Nos depósitos arcósicos fluviais e deltaicos, pertencentes ao conjunto de depósitos progradantes relativamente espessos de areias arcósicas fluviais, com bancadas de argilitos, correspondentes a depósitos pelíticos de superfície de inundação e de delta que constituem a Div. MIVb (Pais et. al., 2013), correspondente a uma fase regressiva. Nos depósitos de areias amarelas fluviais, por vezes com impregnações de pirolosite, com seixos rolados e com argilas arenosas, que contêm vegetais e ostras. Estes depósitos, em conjunto com os depósitos de areias, em parte eólicas, associadas a leitos de argila, que se lhes sobrepõe, constituí a Div. MVa2, correspondente a uma fase regressiva (Pais et. al., 2013). Nas areias feldespáticas finas amareladas de origem fluvial incoerentes ou fracamente cimentadas, por vezes grosseiras e compactas, a que se sobrepõem areias dunares, conjunto que constitui a Div. Vb, onde se encontram jazidas de vertebrados, corresponde à fase regressiva da SD L1, estando o máximo regressivo representando pelo conjunto inferior (Pais et. al., 2013).

3.2. Distribuição Estratigráfica das Jazidas com Artiodáctilos e Perissodáctilos do Miocénico da BBT, segundo Antunes, 1984. Burdigaliano Inferior Divisão I (parte superior) A associação faunística mais antiga, contendo artiodáctilos e perissodáctilos, conhecida em Lisboa foi recolhida na jazida da Horta das Tripas, na parte superior da Divisão I datada do Burdigaliano Médio (ou que representa o Burdigaliano Médio) Dos artiodáctilos estão representadas duas famílias: a Suidae (suídeos), representada pela espécie Bunolistriodon Lockarti, e a Anthracotheriidae (família já extinta, e que provavelmente estará na origem dos atuais hipopótamos), representadas pela espécie Brachyodus onoideus. Os Perissodáctilos estão representados por duas espécies: a Brachypotherium (Brachydiceratherium) cf. aurelianense; e a Protoceratherium tagicus, ambas da família Rhinocerotidae (Rinocerontídeos). 23

Burdigaliano Médio Divisão IVb As jazidas mais importantes datadas do Burdigaliano Médio são as da Quinta do Narigão e a da Quinta da Noiva, onde, do grupo dos perissodáctilos, estão registadas as últimas ocorrências dos géneros Brachyodus, Cervídeos arcaicos do género Procervulus (cervídeos basais), Amphimoscus (familia incertae sedis) a que se juntam os géneros Amphitragulus e HYPERLINK “http://fossilworks.org/?a=taxonInfo&taxon_no=42626” Lagomeryx (Antunes, 1984), atualmente atribuídos à família Palaeomericidae (família já extinta, próxima dos cervídeos). No caso dos Artiodáctilos, foi assinalada uma associação de Rinocerontídeos com os géneros Aceratherium, Brachypotherium e Protaceratherium. Burdigaliano Superior Divisão Va2 As jazidas mais importantes, datadas do Burdigaliano Superior são as da Quinta das Pedreiras e a da Quinta do Pombeiro, locais onde foram exploradas as areias da Div. Mva2, que embora tenham tido pouca importância comercial, contêm uma abundante e importante fauna de mamíferos (Antunes, 1959, 1961). No que se refere aos artiodáctilos, assinala-se a aparição do género Bunolistriodon, da família suidae, do género Dorcatherium, da família Tragulidae (trágulos) e os últimos Amphitragulos, mantendo-se os Cervídeos arcaicos do género Procervulus (Antunes, 1984). Quanto aos Perissodáctilos estão presentes apenas Rinocerontídeos, sendo assinalado pela primeira vez no registo fóssil português o género Gaindatherium, e estão também presentes os géneros Aceratherium e Porsantorhinus (Antunes, 1984). Embora as areias fluviais da div. MIVb tenham sido consideradas, por Bergounioux, Zbyszweski & Crouzel, (1953), as mais importantes do ponto de vista da existência de vertebrados, posteriormente, as areias magnisíferas da Div. MVa2, foram ganhando importância, à media que revelaram abundante fauna de mamíferos (Antunes, 1969). Langhiano Divisão Vb As jazidas de mamíferos terrestres mais importantes, situadas na Bacia do Tejo e datadas do Langhiano são as da Quinta da Farinheira, Quinta das Flamengas e Charneca do Lumiar, encontradas nas areias da parte inferior Div. Vb e designadas, no seu conjunto, por Chelas 1 (Pais et al., 2013). Outras Jazidas contemporâneas são conhecidas na Charneca do Lumiar (Quinta da Silvéria, Quinta Grande, Olival da Susana e Casal das Chitas), contêm uma associação faunística marcada pela aparição do género Hispanotherium (Pais et al., 2013), Rinocerondontídeo, adaptado a ambiente de savana ou estepe do 24

tipo asiática. Nestas jazidas estão também presentes outros representantes dos perissodáctilos. Da família Rhinocerotidae, os géneros: Chilotherium, Aceratherium, Prosartorhinus e Dicerorhinus. Da família Equidae (cavalos), o Anchitherium e da família Chalicotheriidae (grupo extinto, que tinha os membros dianteiros mais compridos que os traseiros e cujo crânio era semelhante ao do cavalo), o Phyllotillon. Dos artiodáctilos foram identificados os seguintes táxones: da família Bovidae (bovídeos), o género Eotragus; da família Suidae, o género Bunolistriodon; da família Tayassuidae (taiassuídeos, animais semelhantes a porcos), o género Albanoyus; da família Cainotheriidae (pequenos artiodáctilos, que não ultrapassavam os 15 cm de altura, já extintos), o género Cainotherium, da família Tragulidade, o género Dorcatherium, da família Cervidae (cervídeos), os géneros Amphimoschus e Procervulus; e da família Palaeomericidae, os géneros Lagomerix e o Paleomeryx. Serravaliano/Astaraciano No decurso do Serravaliano, o mar invadiu o sector distal da BBT, atingindo-se por vezes as maiores profundidades registadas na bacia do Baixo Tejo, correlacionáveis com o apogeu da transgressão do Miocénico Médio (Pais et al., 2013), a sedimentação na região de Lisboa está representada por depósitos de carater marinho, por vezes indicadores de profundidade, no seio dos quais figuram por vezes representantes de mamíferos marinhos. No sector intermédio da Bacia do Baixo Tejo, a sedimentação do Miocénico Médio, tal como no Miocénico Inferior, continuou a ser essencialmente fluvial, representada por depósitos de areias, argilas e lignites fluviais, depósitos que correspondem à espessa série continental do sector intermédio da Bacia do Baixo Tejo. As jazidas mais importantes, datadas do Serravaliano, são Póvoa de Santarém, Pero Filho e Quinta do Marmelal (Ribatejo). Nestas jazidas foram identificados artiodáctilos, das famílias Suidae, representada pela espécie Conohyus simorrensis, e da Bovideae, representada pelo género Protragocerus (primeiros fósseis deste género, no registo fóssil português). Os perissodáctilos estão representados apenas pela família Rhinocerotidae, com género Aceratherium. Aproximadamente da mesma idade foram identificados, nas areias fluviais de Casais da Formiga, artiodáctilos das famílias Suidade: género Listriodon e Girafidade (girafas): género Palaeotragus. Quanto aos perissodáctilos, foi identificado o género Aceratherium, representante da família Rhinocerotidae Serravaliano Superior — Tortoniano Inferior/Astaraciano Terminal Na passagem do Serravaliano para o Tortoniano aparecem fósseis de vertebrados no nível inferior das areias continentais da jazida da Azambujeira. 25

Esta jazida contém uma associação faunística de artiodáctilos (famílias Suidae, vários táxones, Giraffidae, género Palaeotragus e Bovidae, género Protragocerus) e de perissodáctilos (família Equidae, género Anchitherium). Tortoniano Inferior/Valesiano Inferior No Miocénico Superior, as condições de sedimentação alteram-se (Pais et. al., 2013), episódio este representado pelos depósitos silto-argilosos de Archino, onde foram localizadas duas jazidas com Perissodáctilos: Archino e Aveiras de Baixo, em que figuram os primeiros fósseis de Hipparion (Equidae). Tortoniano/Valesiano Superior Do Tortoniano/Valesiano Superior estão referenciados leitos de argila intercalados nos calcários lacustres do Cartaxo – Almoster – Santarém. As jazidas mais importantes são Freiria de Rio Maior e Azambujeira (nível médio), onde se encontraram alguns restos de mamíferos de grande porte. No que se refere a ungulados, para além dos Proboscídeos, foram encontrados essencialmente perissodáctilos: equídeos e rinocerotídeos, respetivamente Hipparion e Aceratherium. Tortoniano / Valesiano terminal Nas areias fluviais no topo dos calcários lacustres do Cartaxo – Almoster – Santarém e no nível superior da jazida da Azambujeira foram encontrados artiodáctilos, representados por Paleotragus e Gazella? (bovidade) e perissodáctilos representados por equídeos do género Hipparion. Tortoniano Superior? Messiniano?/Toroliano (Níveis miocénicos mais elevados) Nos níveis mais elevados do Miocénico da BBT apenas na jazida de Casais da Aroeira foram assinalados perissodáctilos: restos de Rhinocerotidae.

4. Considerações Finais Foi na sequência dos trabalhos de reconhecimento sistemático da Geologia de Portugal, levados a cabo no âmbito do Serviço Geológico Nacional que Carlos Ribeiro recolheu, no Neogénico do sector intermédio da BBT, entre outros, alguns conjuntos de restos fosseis de mamíferos terrestres, até então praticamente desconhecidos, que são pela primeira vez mencionados em 1878 e onde figuram, entre outros, diversos representantes das Ordens Artiodactyla e Perissodáctyla. No Sector distal da BBT as primeiras referências à presença de restos de fósseis de mamíferos terrestres no Miocénico de Lisboa, são do início do séc. XX, Estes exemplares recolhidos no Ribatejo e em Lisboa e ci26

tados nos trabalhos fundamentais sobre a Geologia do Miocénico da BBT da autoria de Carlos Ribeiro, Cotter e Choffat, foram estudados na época por alguns dos mais ilustres especialista no domínio da paleontologia de vertebrados, tendo sido descritos detalhadamente apenas em 1907 por Fredéric Roman. O estudo dos mamíferos miocénicos portugueses apenas volta a ser retomado no final dos anos 30 do séc. XX por Georges Zbyszewski e mais tarde, já nos anos 60 por Miguel Telles Antunes, que publicaram individualmente ou em co-autoria com reputados especialistas da paleontologia de vertebrados, vasta bibliografia, na qual são apresentados estudos tanto dos exemplares recolhidos no séc. XIX como do vastíssimo espólio recolhido na sequência da exploração para a indústria da construção das areias das unidades miocénicas de Lisboa. Estes trabalhos de reconhecimento do conjunto sedimentar que constitui a série Miocénica aflorante na cidade de Lisboa, nem sempre acessível, por se encontrar coberta por edificações, oculta pelas unidades que lhe estão sobrepostas ou por não existirem cortes naturais que permitissem a sua observação, beneficiaram, por um lado, da edificação em grande escala e da abertura de novos arruamentos, e, por outro, da exploração dos recursos geológicos Miocénicos, com interesse quer como matérias-primas quer como materiais de construção. Estes trabalhos, de uma maneira geral, implicaram o desmonte e movimentação de grandes volumes de materiais miocénicos e, por consequência a sua exposição, Neste contexto foi levantado um grande número de cortes estratigráficos, de que resultou a recolha e o estudo de preciosos elementos paleontológicos miocénicos, efetuados no último quartel do séc. XIX e a partir do final dos anos 30 do séc. XX. No que se refere aos vertebrados e em particular aos mamíferos, embora com exceções, uma larga maioria dos elementos paleontológicos do Miocénico tem como proveniência contextos de obras ou de exploração de recursos geológicos. No caso dos artiodáctilos e dos perissodáctilos, os exemplares existentes no museu geológico quase todos provêm de contextos de exploração argilas ou de areias. Em Lisboa a presença de associações de mamíferos terrestres, com artiodáctilos e perissodáctilos foi assinalada nos níveis superiores da Div. I, nos depósitos arcósicos fluviais da Div. IVb, nas areias fluviais com pirolusite da Div. Va2 e nas areias fluviais da Div. Vb. É precisamente da zona distal da bacia do Tejo que se conhecem restos destes animais em Portugal.

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Notas: 1 As sequências deposicionais inserem-se em ciclos de ordem diversa. Os ciclos de 3ª ordem parecem relacionados com alterações no espaço disponível para a sedimentação (espaço de acomodação), correspondem às sequências deposicionais e são delimitados por superfícies de descontinuidade que marcam interrupções na sedimentação com ou sem erosão das plataformas. Podem dever-se a fatores globais, regionais ou locais. Os fatores globais são as mudanças eustáticas (Legoinha, 2001). Trata-se de uma unidade estratigráfica híbrida já de uma parte que é uma unidade observável, limitada por descontinuidades (corresponde a um volume de material) e de outra parte que é semelhante a uma unidade cronoestratigráfica dado que se ajusta dentro de um intervalo de tempo definido. http://sp.sepmonline.org/content/sepspsel/1/SEC6.abstract.

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31 Esquema estratigráfico para o Cenozoico da BBT (Sector intermédio e Distal). Adaptado de Pais et al., 2010

32 Distribuição geográfica e estratigráfica das principais jazidas de Artiodáctilos e Perissodáctilos de Lisboa (Carta Geológica simplificada da cidade de Lisboa, baseada em Almeida, F.M. (1986) e Planta de Lisboa, adaptadas de http://lxi.cm-lisboa.pt).Esquema estratigráfico para o Cenozoico da BBT (Sector intermédio e Distal). Adaptado de Pais et al., 2010

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