OS POEMAS DE HOMÉRO - UMA BREVE ANÁLISE

July 3, 2017 | Autor: Crustie Noise | Categoria: History, Historia Antiga, Homero, A Odisseia De Homero, Grécia Antiga
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OS POEMAS DE HOMÉRO: UMA BREVE ANÁLISE DAS QUESTÕES HOMÉRICAS ANDREAS SILVA FERNANDES Centro Universitário Claretiano - UNICLAR HISTÓRIA ANTIGA

RESUMO E incontestável que Ilíada e a Odisseia são dois marcos da literatura ocidental. Podemos afirmar que tais obras literárias possuem uma importância cultural tão grande que seu conteúdo foi usado como referência e modelo na educação dos antigos gregos e romanos e servem como base de estudos importantes até os dias atuais. Entretanto, diversas questões são levantadas pelos estudiosos em torno da origem dessas obras e a real existência de seu autor. Neste breve estudo, levantaremos as principais questões em torno das obras, os assuntos por elas abordadas e sobre seu uso como fonte histórica. Palavras-chave: Grécia Antiga - Poemas Homéricos - Questões Homéricas.

Os poemas

Se atribui a autoria dos poemas ao aedo chamado Homero; onde a primeira obra, Ilíada, relata os fatos sobre os últimos anos da Guerra de Troia destacando-se como protagonista o herói Aquiles. A obra em si tem um foco maior em um ambiente mais militar e urbano. Enquanto a Odisseia retrata acontecimentos posteriores ao da Guerra de Troia, partindo da perspectiva de Ulisses, cujo personagem teve importância na guerra por ter sido um dos idealizadores do cavalo de Troia, que tenta retornar para ilha de seu reino, mas seu retorno é adiado por diversas dificuldades por conta da fúria de Posseidon. Vale notar, que diferente de Ilíada, esta obra tem um apelo maior em ambientes doméstico e comunitário. Apesar dos poemas relatarem acontecimentos de períodos anteriores ao da época em que provavelmente Homero viveu, especificamente a época creto-micênica, a obra comete vários anacronismos históricos apresentando várias características do período de vivencia do autor. As questões Homéricas

Na Antiguidade pouco se indagava a respeito da real existência de Homero e da veracidade de suas obras. Pelo contrário, suas obras serviam como modelo para a povo grego da época onde era

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valorizado em seus personagens características relevantes aos modelos considerados corretos para a sociedade, sendo assim, as obras apresentavam protagonistas como “heróis” a serem seguidos. Além disso, as obras relatavam um fato marcante para a sociedade grega homérica, sendo ele a famosa Guerra de Troia. Entretanto, nos períodos posteriores ao de Homero surgiram diversas linhas de discussões que debatem entre si com o intuito de esclarecer a origem dos poemas e se realmente o autor existiu e escreveu as obras. Essas discussões compõem a famosa Questão Homérica, da qual suas principais questões foram levantadas com maior notoriedade no século XVIII pelos estudiosos. A partir disto, diversas teorias foram levantadas em busca das respostas sobre tais questões se estendendo até os dias de atuais. Entre essas teorias, ainda nos tempos da Antiguidade, nos períodos pós-Homéricos, podemos citar Aristarco, estudioso grego que defendia que ambos os poemas foram escritos por Homero; mas que as obras teriam sido modificadas ao passar dos anos por meio dos poetas que a redigiram posteriormente, adicionando mais versos ao original, o que respondia a questão das obras terem linguagens diferentes. Já a visão de Zenão e Helânico, ambos gramáticos alexandrinos e contemporâneos de Aristarco, consideravam que os poemas eram improváveis de terem sido escritos por um mesmo autor, já que a Odisseia parecia ter sido posterior a Ilíada com uma diferença de dois séculos. Assim podemos notar que desde a antiguidade existia uma certa contradição entre os pensadores da época em relação as questões homéricas. Durante o século XVIII três importantes publicações de diferentes estudiosos da época, sendo eles François d'Aubignac, Giambattista Vico e Friedrich August Wolf; foram publicados trazendo consigo uma nova e controvertida tese de que Homero jamais tenha realmente existido e que as obras seriam vinculadas a uma alegoria para os verdadeiros “autores” das obras, ou, trazia consigo a tese de que talvez Homero tenha sido somente o compilador dessas histórias. Outro exemplo é a visão de Wilamowitz-Moellendorff, filólogo alemão da escola analítica alemã, que considera a Ilíada sendo obra de um único poeta, provavelmente de nome Homero, que se aproveitou de diversas lendas e mitos existentes e as copilou em sua obra. Em contra partida, a Odisseia seria de autoria de outro poeta. Além dessas visões, existem outras diversas teses que buscam compreender e responder as questões homéricas até os dias atuais, porém, sempre divergentes entre si e que, talvez, não conseguiremos chegar a uma resposta exata. O fato de isso ocorrer geralmente é pela falta de registros históricos seguros que garantem uma tese concreta.

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O uso dos poemas como fontes históricas

Além das questões homéricas, temos que levar em conta as discussões a respeito da utilização de suas obras como fontes históricas. Antes das questões serem levantadas, ainda na antiguidade, sua veracidade não eram colocadas em questão pelos estudiosos da época que consideravam as obras como retratos possivelmente fieis ao passado heroico da Grécia. Para os estudiosos da era moderna, os poemas podem ser usados para entender o passado. Entretanto, devemos levar em conta a existência de diversas perspectivas de analise que partem de pressupostos diferentes para contextualizar os fatos a serem estudados. Esses mesmos pressupostos podem ser desde a análise do possível período da qual foi escrita os poemas, passando pelo estudo de como foi transmitido a obra para o público por meio da tradição oral, ou até mesmo tentar estudar os acontecimentos abordado na obra em si. Porém, como a própria questão homérica sugere, nenhum destes posicionamentos de analise historiográfica podem ser considerados absolutos; isso simplesmente pelo fato de não sabermos com exatidão quando os poemas foram compostos, ficando sujeito a soluções alternativas. Sendo assim devemos levar em conta, que atualmente, os poemas homéricos podem servir de base de estudos de diversos períodos dependendo do grau de estabilidade que estamos dispostos a aceitar em suas obras e o período especifico da qual queremos analisar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SILVA, Semíramis Corsi. História antiga I. Batatais/SP: Claretiano, 2013

TORELLI, Leandro Salman; PEREIRA, Reginaldo de Oliveira. Metodologia da História I. Batatais/SP: Claretiano, 2010

OLIVEIRA, Gustavo. Histórias de Homero: um balanço das propostas de datação dos poemas Homéricos. Revista História e Cultura, Franca-SP, v.1, n.2, p.126-147, 2012. ISSN: 2238-6270 E-REFERÊNCIAS MAGNE, Augusto. Prefácio a Ilíada de Homero – 2008. Disponível em: < http://www.consciencia.org/prefacio-a-iliada-de-homero>. Acesso em: 12 agosto. 2015. .

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