OS PRIMÓRDIOS DA TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL

July 24, 2017 | Autor: Tiago Malta | Categoria: Psychology, Cognitive Psychology, Lifestyle Beahviour
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OS PRIMÓRDIOS DA TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL

2015

OS PRIMÓRDIOS DA TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL O BEHAVIORIOSMO O behaviorismo surge da tentativa de rejeitar as concepções mentalistas da psicologia introspectiva e subjetiva e em particular a noção de consciência. Desta forma o behaviorismo propõe-se a analisar todos os fenômenos psicológicos em termos de S-R (estímulo e resposta) e coloca como essencial à psicologia a predição e o controle do comportamento. Por isso a linguagem e o pensamento são definidos como a soma dos hábitos e o pensamento é uma linguagem sub vocal. Esta forma de analisar o comportamento reduz as duas formas mais importantes da psicologia, o pensar e a linguagem, há leis de organização e modos de funcionamento que são análogos a outros comportamentos. No esforço de respeitar os princípios da análise objetiva e experimental preconizados por Watson e Skinner o behaviorismo se esforça para estabelecer uma relação rígida entre estímulo e resposta. Hull e Osgood são considerados neobehavioristas, pois introduzem no esquema S-R variáveis intermediárias simulando a atividade interna do estímulo. Ao contrário do behaviorismo clássico não rejeitam conceitos de origem mentalista como o sentido e a significação. Tanto sentido como significação são definidos de forma estritamente operacional e são sempre derivados de dados empíricos. A significação de objetos e acontecimentos como de palavras só podem ser determinados pela análise experimental do comportamento. Quando um som verbal é emitido ele só é uma significação quando gera um padrão distinto de comportamento e só produz um padrão distinto de comportamento quando houve uma significação. Skinner já propunha de sua parte, uma técnica de ensino denominada aprendizagem programada e métodos terapêuticos denominados modificação comportamental. Para Skinner as intenções ideias e sentimentos na origem são inobserváveis; por isto ele rejeita as noções de ideia e intenção da filosofia o que implica a contestação do conceito de significação. A linguagem e o pensamento não podem ter uma existência independente do comportamento. Desta forma o comportamento verbal se produz no contexto de comunicação ou situação de comunicação. Assim o comportamento do locutor e do auditor constitui o que se chama de episódio verbal geral, pertencendo aos comportamentos de S-R. Este encaminhamento implica que entre emissor e receptor há uma reciprocidade. Todo o contexto do behaviorismo é embasado no que os próprios behavioristas denominam de positivismo lógico. Que consiste primeiramente que se parta de uma objetividade. A segunda premissa é de que o cientista deve ter uma postura de neutralidade, registrando só fatos através da observação direta e da experimentação. Terceiro: os behavioristas pretendem gerar leis universais e não há teorias de fatos não observados. Seu modelo pretende ser o modelo da física clássica para que a psicologia seja também embasada na observação e na experimentação

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O APARECIMENTO DA PSICOLOGIA COGNITIVA Num determinado momento histórico a visão da ciência clássica se torna enfraquecido. Além disso, no que diz respeito ao behaviorismo clássico o comportamento realmente não se mostrou como podendo dar conta da cognição humana. Para equacionar o problema da cognição que escapava às formulações estritamente behavioristas surgiram novas e importantes contribuições para compreender as significações e o fenômeno da cognição. Uma das restrições do behaviorismo clássico é que escapam ao observador os processos e as estratégias envolvidos na resolução de problemas: um sujeito diante de um problema de difícil solução não informa sobre os processos e estratégias envolvidos. Há algo, portanto, que tem que ser equacionado para se entender o mecanismo S-R. e pensar, também, a cognição. A mudança dos princípios fundamentais da ciência verificando que não há uma observação propriamente neutra, pois se tem sempre que ter uma noção do que se vai observar. Popper demonstrou a impossibilidade da neutralidade e da observação quando pensou a epistemologia da ciência. As teorias generalizantes nunca são verdadeiras do ponto de vista lógico. Os resultados podem ser falsificados. Até mesmo o desenvolvimento da ciência tem constantes mudanças de paradigmas. Os Modelos da Psicologia Cognitiva. James Tolman que era um behaviorista observou que ratos no seu laboratório quando colocados em labirintos com água e sem água desenvolviam o que parecia ser um mapa cognitivo. Esta aprendizagem de um comportamento que pode ser usado em dois meio ambientes distintos o fez pensar que havia algo entre o S e a R. Este mapa cognitivo só podia, portanto, ser compreendido ao se formular que haveria, também, processos e estruturas internas e não só as ações motoras. De outra parte a neuropsicologia e sobre tudo a linguística deram também suas contribuições para complexificar o circuito estímulo resposta. Chomsky, por exemplo, explica a habilidade central do ser humano, a linguagem. Sua grande contribuição foi a Gramática Transformacional da Linguagem que inspirou os psico-cognitivistas. Seu projeto inicial de constituição de um sistema que daria conta da criatividade do sujeito falante influenciou os cognitivistas. Chomsky formalizou o que constitui a característica essencial da razão: um tipo de prerrogativa da liberdade que caracterizaria o comportamento humano. Ele tenta elaborar um modelo de criatividade da linguagem enquanto manifestação de uma criatividade mais ampla que chamamos de cognição. Em “Linguagem e Pensamento” indica claramente que o mecanismo de criação de novidades é a própria linguagem, fazendo a identificação de mecanismo cognitivo e linguagem. Assim, pode-se pensar que há uma gramática interiorizada, uma competência inata que seria a única fonte verdadeira de progresso na aquisição da linguagem como fonte do conhecimento humano. O modelo cognitivo propõe que o pensamento distorcido ou disfuncional (que influencia o humor e o comportamento do paciente) seja comum a todos os distúrbios psicológicos. A avaliação realista e a modificação no pensamento produzem uma melhora no humor e no comportamento. A melhora duradoura resulta da modificação das crenças disfunções básicas dos pacientes. (Terapia Cognitiva, Judith Beck). [email protected] http://tiago-malta.blogspot.com.br

Outra grande contribuição para o cognitivismo foram os modelos computacionais. As teorias de sistemas de comunicação puderam ser estendidas para os seres humanos e a codificação de informações com a distinção de processos seriados -1p/x-ou paralelamente +de px foram incorporadas nas teorias psicológicas. Entendia-se que os processos como percepção, atenção e memória poderiam ser entendidos como um processo de fluxo de informação através de um sistema cognitivo apesar de serem independentes do próprio processo cognitivo. Desta forma os processos computacionais puderam ser usados como metáforas dos mecanismos cognitivos não observáveis. Assim a cognição pode ser composta de séries sequenciais de estágios e processos. Ssão processos básicos de percepção, atenção, memória-R. Assim se complexificou o que antes era um S-R para um esquema S-O-R, a partir dos modelos da informática: o processo da informação envolve, portanto, a sequencia invariável de estágios: S-input até o armazenamento na memória. O paradigma da cognição passa, então, a ser a formulação de um modelo para estudar a cognição humana, e este modelo era o processamento de informação. Este modelo fornece um grupo de ideias a serem utilizadas para a construção das teorias da cognição. Nesta nova perspectiva as pessoas são consideradas seres autônomos e intencionais que interpretam o mundo exterior. A mente é um sistema de processamento de símbolos e atua em processos de manipulação e transformação de outros símbolos. Nesta perspectiva a meta e especificar os processos simbólicos e representacionais, levando-se em conta que os processos cognitivos levam tempo, este tempo levando os pesquisadores a supor que os tempos de reação podem deixar presumir a complexidade dos processos. Outra premissa importante é de que a mente é um processador de informações e o sistema simbólico depende de um substrato neurológico e não se limita somente a ele. A cognição humana pode, então, ser compreendida comparando com o funcionamento dos computadores. As teorias cognitivistas assumem, a partir daí, os postulados básicos do processo de informação. A metáfora computacional é de natureza aberta; novas extensões tornam-se possíveis, é possível não considerá-las mais influências motivacionais e emocionais. A psicologia cognitiva se baseia no modelo de processamento de informação. Ao behaviorismo é acrescentada a cognição sob o modelo da informação computacional. A PSICOLOGIA COGNITIVA A psicologia cognitiva estuda a natureza dos transtornos supondo que há um funcionamento cognitivo nos pacientes com transtornos, estudando o sistema cognitivo do individuo com transtornos. A partir desta premissa todas as reações afetivas ao estímulo dependem do processo cognitivo. Para a psicologia clínica as emoções são consideradas experiências breves e os afetos são estados intensos e prolongados. Os transtornos afetivos são, por exemplo, a ansiedade e a depressão clínica, a agorafobia, a fobia social, o pânico os transtornos de ansiedade, a ansiedade generalizada, e o transtorno obsessivo compulsivo. Psicologia clínica postula que a reação afetiva a qualquer estímulo depende do processamento cognitivo. A pergunta que o teórico cognitivista se faz é se os estados afetivos e o afeto podem ocorrer independentemente dos processos cognitivos, ou se a cognição é pré-requisito para as reações afetivas. Chegam assim a evidencia que a avaliação cognitiva sentido e o significado são subjacentes e integrantes de todos os estados emocionais. Existe uma reação afetiva ao Estímulo apresentados anteriormente sem evidência dos processos [email protected] http://tiago-malta.blogspot.com.br

cognitivos. Cognição é afeto podem ocorrer sem relação entre si. Entretanto, a grande influência da cognição nos processos afetivos. Os cognitivistas preconizam que a cognição não é correlata à consciência e admitem a possibilidade de um extenso processamento pré-consciente envolvendo processos automáticos que denominam percepção subliminar. Um dos mecanismos, por exemplo, que são usados pelo sujeito são a negação e a intelectualizarão. Estes mecanismos produzem reduções substanciais ao nível do stress, o que evidencia que a cognição é uma variável importante no aumento ou diminuição dos níveis de stress. Bower tem uma teoria interessante sobre o afeto que se denomina TEORIA DA REDE. Segundo ele as emoções são consideradas unidades de uma rede semântica que são conectadas com padrões musculares e o material emocional é armazenado na rede semântica sob forma de proposição ou afirmação. Neste encaminhamento o pensamento é considerado a ativação dos nodos dentro da rede semântica e podem ser ativados externa ou internamente. Esta ativação ainda não é consciente. A consciência é considerada, nesta abordagem, como uma rede de nodos que está ativada acima do limiar. O humor triste, por exemplo, é explicado como o alastramento da ativação da rede a partir do nodo de emoção ativado e sua relação com ou outros nodos aumentaria a intensidade da emoção focalizando informações internas que correspondem a um malogro inibindo o processo de informação de tipos de estímulos não congruentes com o estado de humor triste. O outro ponto importante a ser tocado pela teoria cognitivista são as redes semânticas, redes de sentido e significação que se relacionam com o afeto, pois conceitos semânticos e emoções são nodos numa mesma rede semântica. A depressão, por exemplo, decorre de esquemas cognitivos referentes ao self. São esquemas negativos envolvendo deficiência, desvalorização, culpa rejeição e perda, além de uma tendenciosidade ao recordar negativo dependente de esquemas negativos do self. As pessoas em estado deprimido recordam informações negativas sobre si mesma que têm o papel de manutenção do estado da depressão clínica.

O FUNCIONAMENTO COGNITIVO ● As interpretações que o indivíduo faz do mundo se estruturam progressivamente durante seu desenvolvimento formando regras e esquemas mentais. ● Esquemas: orientam, organizam, selecionam novas interpretações e estabelecem critérios de eficácia de sua atuação no mundo. Por exemplo. Regras gramaticais na linguagem são fórmulas que usamos pra lidar com situações regulares e evitar o processamento mais complexo que exige uma situação nova. Estes esquemas orientam e ajudam a selecionar detalhes relevantes do meio ambiente e evocar dados da memória relevantes para a interpretação do meio ambiente. Podem se organizar em compostos mais complexos denominados constelações cognitivas (sets) ativados cognitivamente preparando o indivíduo para certo tipo de atividade cognitiva específica, perigo, apreciação estética. As constelações cognitivas determinam a espécie e a amplitude das reações emocionais e comportamentais. ● Modos de Funcionamento: São considerados como a persistência de um estado de prontidão. Em condições normais este estado varia de acordo com as diferentes [email protected] http://tiago-malta.blogspot.com.br

estimulações. A pré-existência de um estado de prontidão cognitiva em diversas condições evidencia-se numa tendenciosidade que denuncia a ativação de um modo, isto é, o indivíduo funciona sempre na mesma função durante um certo período de tempo. Modos negativistas, narcisistas, vulneráveis, eróticos e assim por diante. Estes diferentes modos de funcionamento fazem disparar pensamentos automáticos tais como: verbalizações, imagens encobertas, reflexas, autônomas e idiossincráticas que são sentidas pelo indivíduo como plausíveis e razoáveis. Os pensamentos automáticos provocam emoções correspondentes e por meio destes pensamentos é que se chega aos esquemas que os geraram. A análise dos pensamentos automáticos e seus esquemas geradores possibilitará descobrir os tipos de distorções cognitivas que sustentam as patologias. ● Emoção: É considerada uma variável dependente da avaliação que um indivíduo faz de uma situação. Um copo d’água pode ser avaliado conforme a sede/contaminação e que podem mesmo aparecer na ausência da evidência da contaminação, pois já pertencem a um esquema de crença. Os pensamentos automáticos denunciam a existência de um esquema idiossincrático - se não tiver cuidado osso me dar mal_ e a ativação de um modo de funcionamento, a vulnerabilidade. Por exemplo: o medo como reação a uma situação que não oferece perigo sugere que a existência de distorções no processamento cognitivo ● Noção de Domínio Pessoal: Um dos esquemas mais fundamentais de um indivíduo é o de domínio pessoal. Define-se esta noção como o conjunto de objetos tangíveis ou não que são relevantes para uma pessoa. Refere-se ao conceito que faz de si mesmo, atributos físicos, características pessoais, metas e valores. A natureza da resposta emocional-perturbada ou não - depende da pessoa perceber os eventos de forma positivaalegria/euforia - ou negativa - tristeza depressão, ou ainda ameaça-medo/ pânico. invasão/coação, raiva/hostilidade, como atuando no seu domínio. “Os pensamentos automáticos podem vir de muitas formas diferentes e até mesmo em modalidades sensoriais diferentes, aumentando a propensão de que ele estará mais prontamente ciente dos seus pensamentos automáticos em qualquer forma que eles ocorram.” (Terapia Cognitiva, Judith Beck).

DEFINIÇÃO E PRINCÍPIOS DA TCC A TCC define-se como uma abordagem ativa, direta e estruturada de uma variedade de problemas psiquiátricos. O modelo cognitivo é a aplicação de uma variedade de procedimentos clínicos como: ● Introspecção ● Insight ● Teste de realidade ● Aprendizagem Tem como objetivo aperfeiçoar discriminações e corrigir concepções equivocadas baseadas em comportamentos, sentimentos, e atitudes perturbadas. Pode ser, segundo Beck, um procedimento terapêutico com prazo limitado, para depressão e ansiedade, ou lento, para transtornos de personalidade. PRINCÍPIOS [email protected] http://tiago-malta.blogspot.com.br

● Sólida relação terapêutica é uma condição necessária: empatia, interesse, calor humano e autenticidade. ● O processo terapêutico é um esforço colaborativo ente terapeuta e paciente. ● Terapeuta e paciente estabelecem em conjunto os objetivos da terapia e de cada sessão, o prazo e a duração do contrato, os “sintomas ativos” e as tarefas para as sessões futuras. ● Ao paciente cabe realizar as tarefas e exercitar as habilidades adquiridas. ● Evidencia da participação ativa do paciente em seu processo de mudança. ● Não é persuasiva, usando o método socrático (maiêutica). A terapia transcorre em torno de perguntas que o terapeuta faz ao paciente de forma a questionar os fundamentos de seus pensamentos automáticos e modifica-los quando os reconhece. Busca as evidências que sustentam, ou não, as crenças e os pensamentos automáticos de interpretações possíveis para demonstrar suas distorção cognitiva. ● O paciente deve aprender a detectar por si mesmo os pensamentos disfuncionais como primeiro passo para aprender a manejá-los. ● O uso de registros diário de pensamentos disfuncionais. RDPD (relatório diário de respostas disfuncionais). Os afetos são os marcadores apropriados para eventos situacionais (dia hora situação) emocionais (sentimentos e reações corporais). Nas sessões os RDPD são analisados e discutidos detalhadamente.

OS RDPDs E SUA FUNÇÃO Os RDPD são tabelas que o paciente preenche para serem analisadas as relações entre os sentimentos afetos e cognições. O preenchimentos dos RDPDs tem quatro importantes funções: 1-A análise dos RDPD e as entrevistas buscam estabelecer os "sintomas alvo” (desânimo, tristeza, ansiedade, alta de concentração). 2-Outra função dos RDPDs é poder alterar as cognições que sustentam os sintomas alvo. 3- Aquisição pelo paciente de uma compreensão lógica do processo constando: (a detecção de pensamentos disfuncionais) reestruturações de suas cognições generalização do tratamento fora do contexto terapêutico 4- Aprendizagem realizada para o paciente como questionar e reestruturar suas crenças disfuncionais será também registrado nos RDPDs Dependendo da problemática o tratamento incluí procedimentos comportamentais. O PAD (Plano Semanal de Atividades Diárias) é também muito importante. Consta de atividades diárias, prescrições de tarefas, auto exposição a determinadas situações, prevenção de respostas (técnicas auxiliares para o combate de certos sintomas alvo e teste de realidade imprescindíveis na modificação da crença). As tarefas terapêutica devem 1. identificar e testar os comportamentos na realidade e assim corrigir as cognições errôneas, ajudando a pensar de forma objetiva e realista 2. Ensinar a observar e controlar os pensamentos automático e reconhecer os vínculos entre as cognições afetos e comportamentos, examinar evidências pró/contra seus pensamentos automáticos, substituir cognições automáticas tendenciosas para outras mais orientadas para a realidade, aprender a identificar e alterar crenças – esquemas disfuncionais que sustentam e geram pensamentos automáticos.

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A PSICOTERAPIA COGNITIVA O Modelo Cognitivo Pode Ser Definido Como o indivíduo estrutura seu mundo, suas cognições – eventos verbais e pictóricos do seu consciente que determinam o afeto e o comportamento e mediam as relações entre os impulsos aferentes do mundo exterior e as reações interiores, sentimentos e comportamentos. Podemos esquematizar este modelo assim; O terapeuta busca, de uma variedade de formas, produzir a mudança cognitiva - mudança no pensamento e no sistema de crenças do paciente, visando promover mudança emocional e comportamental duradoura. (Terapia Cognitiva, Judith Beck). A TCC é um sistema que serve de modelo para a compreensão dos fenômenos comportamentais, técnicos e estratégias de interação baseadas em paradigmas cognitivos oriundos da psicologia experimental e preconiza a adesão a uma fundamentação científica e experimental rigorosa. A aprendizagem tem também extrema importância para a TCC fazendo parte dos princípios da aprendizagem e da ciência cognitiva. Seu interesse é o comportamento e seus fatores determinantes a partir de 1- condições ambientais. 2- dos processos cognitivos específicos subjacentes. O comportamento abrange comportamento manifesto –operantes e respondentes – e cognições - pensamentos, respostas verbais, imagens, lembranças, representações sentimentos e emoções com seus correlatos fisiológicos. Assim o comportamento é compreendido como determinado pela relação com o ambiente e pela mediação cognitiva. A TCC ressalta que os transtornos partem de variáveis ambientais e das situações que ocorrem e o que a psicologia explica como o que seria o inconsciente da psicanálise são explicações baseadas numa análise funcional de variáveis ambientais que afetam o comportamento. A TCC sustenta-se no modelo médico - para curar é necessário eliminar a patologia interna subjacente. Não é tratar somente do sintoma, mas tratar a acusa do sintoma. 10 Princípios da Terapia Cognitiva 1. A terapia cognitiva se baseia em uma formulação em contínuo desenvolvimento do paciente e de seus problemas em termos cognitivos. 2. A terapia cognitiva requer uma aliança terapêutica segura 3. A terapia cognitiva enfatiza a colaboração e participação ativa 4. A terapia cognitiva é orientada em meta e focalizada em problemas 5. A terapia cognitiva inicialmente enfatiza o presente 6. A terapia cognitiva é educativa, visa ensinar o paciente a ser seu próprio terapeuta e enfatiza prevenção da recaída. 7. A terapia cognitiva visa ter um tempo limitado 8. As sessões de terapia cognitiva são estruturadas 9. A terapia cognitiva ensina os pacientes a identificar, avaliar e responder a seus pensamentos e crenças disfuncionais. 10. A terapia cognitiva utiliza uma variedade de técnicas para mudar pensamento, humor e comportamento.

O DIAGNÓSTICO O comportamento não é em si mesmo nem normal nem patológico. Consideram o diagnóstico como um juízo feito por alguém e por si mesmo não objetivo e consequentemente não científico. [email protected] http://tiago-malta.blogspot.com.br

O modelo sustenta que o comportamento anormal ou sintoma não é diferente dos comportamentos normais. Que está agindo tanto no comportamento normal quanto no anormal são as mesmas leis e princípio causal cujo comportamento tem a mesma causa: a relação do indivíduo com o meio. Assim anormal e normal é uma questão social. ● Em seu viés da prática clínica a TCC baseia-se em ciência e filosofia do comportamento, sendo uma concepção naturalista e determinista do comportamento preconizando uma adesão ao empirismo e metodologia experimental como suporte ao conhecimento e atitude pragmática quantos aos transtornos psicológicos. Preconiza a ● Efetividade ● Otimização custo/benefício - emocionais e financeiros ● Iatrogênese - garantia de que não haverá efeitos perniciosos decorrestes da intervenção

A DIREÇÃO DA TERAPIA A ação terapêutica se dirige para alterar a relação entre o comportamento-sintoma e seus determinantes ambientais ou cognitivos, os fatores mediacionais são processos cognitivos e são postulações inferenciais e o terapeuta procura relacioná-los com as variáveis observáveis devendo descrevê-los e explicá-los para permitir uma verificação experimental. A terapia é considerada como um aspecto particular do problema a mais geral de aquisição de respostas. Cada tratamento é considerado uma investigação experimental com medidas e testes e garantia de poder afirmar com seguranças de que modo e que intervenções são responsáveis pelos resultados obtidos. “O modelo psicológico explicita suposições básicas e não implica o favorecimento de nenhuma teoria”. A observação é precedida por estabelecimento de definições claras e operacionais das respostas em questão com o objetivo de diminuir os erros de avaliação durante a observação. Estabelecem-se os comportamentos que devem ser estudados e observados e os comportamentos terminais - os que devem ser apresentados ao final do tratamento. Estes são definidos de forma clara e precisa para que terapeuta e cliente possam averiguar com exatidão se foram atingidos aos objetivos. A fixação de comportamentos – problemas e as variáveis que os determinam e os comportamentos terminais. De posse dos resultados das observações que indicam as relações funcionais entre os comportamentos problema e as variáveis que o determinam possa-se planejar com segurança os passos a serem seguidos para atuar sobre os comportamentos problema até produzir e estabilizar a emissão de comportamentos terminais. A constância das medidas permite avaliar a todo o momento o andamento do processo, a validade das hipóteses estabelecidas e a adequação do planejamento como um todo. ´ E importante ressaltar que não são pessoas que são classificadas, mas respostas de vários problemas cada qual podendo ser regido por um processo diferente. O tratamento é específico afetando as variáveis que controla cada um dos comportamentos. O PROCESSO TERAPÊUTICO O processo terapêutico pode ser definido como a formulação do caso e a experimentação clínica. O objetivo da fase de avaliação é desenvolver uma formulação dos problemas apresentados. Nesta ocasião defini-se uma formulação como uma hipótese ou “teoria” que relacione todas as queixas do paciente entre si de forma lógica e significativa que busque explicar porque o indivíduo desenvolveu e manteve estas dificuldades para possibilitar o desenvolvimento de um plano de tratamento. Esta formulação fortalece a aliança terapêutica e a adesão ao tratamento pela compreensão que o paciente tem com o que ocorre e pela mudança que pode [email protected] http://tiago-malta.blogspot.com.br

ocorrer a partir dela. A mudança é específica para cada pessoa e a intervenção terapêutica deve prever mudanças mensuráveis que permitam avaliar os progressos alcançados. O tratamento consiste na promoção da aquisição de habilidades necessárias a um funcionamento efetivo em cada área da vida A premissas básicas da TCC são: 1- o trabalho terapêutico é um empreendimento científico 2- seu princípio é o do determinismo e cada caso é único. Cria-se uma hipótese que deve ser testada experimentalmente e avaliada o que garante a cientificidade do método experimental, dependente da hipótese testável. O ponto de vista da TCC é determinístico, pois todo comportamento supõe um repertório comportamental passível de ser compreendido em termos de história causal. 3- a atuação clínica é um processo contínuo de testagem de hipóteses e de intervenções delas derivadas (no contato durante o tratamento e no acompanhamento). O VÍNCULO TERAPÊUTICO Consiste em fazer o paciente sentir-se aceito compreendido e confortável para fornecer a informação e a cooperação necessárias. Esta relação de aceitação é necessária para que o terapeuta continue testando, reformulando e retestando as hipóteses. Mesmo porque a validação das hipóteses resultam numa maior eficácia do tratamento. Esta relação terapêutica deve se desenrolar num clima de cordialidade e aceitação e as queixas devem ser entendidas como um problema real e não processos internos inconscientes. A TCC considera que o “problema” é pertinente mesmo que implique a busca de fatores e processos não acessíveis. O terapeuta deve ter com seu paciente uma discussão franca da questão respeitando a capacidade de autonomia do paciente. A TCC concentra-se no aqui e agora e dá pouca importância ao insight histórico e material infantil. O terapeuta intervém ativamente, escuta e observa e interfere diretivamente em benefício do paciente, indo junto com o paciente em direção dos ambientes diretamente relacionados com seu problema, de modo que a mudança possa, de fato, ocorrer. O PACIENTE É considerado uma pessoa integral, dando-se ênfase nos fatores cognitivos mediacionais. Os transtornos que são mais eficazmente tratados são os transtornos de ansiedade, TOC, fobias, depressão, adições, transtornos alimentares. A CAUSALIDADE - o repertório de comportamentos é adquirido por um processo de aprendizagem e a mudança se dará também num contexto de aprendizagem. Neste sentido devem-se ser criada a condição para a aplicação cuidadosa e segura dos princípios que determinam a aquisição e manutenção de comportamentos – condicionamento clássico, condicionamento operante, e modelação.

O PAPEL DO TERAPÊUTA A técnica não é suficiente para balizar as ações do terapeuta. Seu papel não é definido pelas técnicas que usa tais como a desensibilização. De outro lado estas técnicas não são exclusivas da TC. Assim a ação do terapeuta não se resume na aplicação de uma técnica, mas esta é um instrumento de trabalho. O terapeuta deve saber como e quando usá-las e, sobretudo visa instalar respostas adequadas, mas é relevante pensar qual a função que o comportamento desempenha no meio social. Sua tarefa é também discriminar em função de o que se quer [email protected] http://tiago-malta.blogspot.com.br

modificar um comportamento, isto é, saber, quais as alterações que determinados padrões de comportamento produzirão no meio ambiente, assim como estar advertido de que mudanças no desempenho também afetam o meio ambiente e vice-versa. O terapeuta deve estar advertido de que o comportamento de seu paciente tem função de estímulo para outras pessoas e vice versa. Os comportamentos são funções de S-R que devem ser analisadas, programadas e classificadas. Além disto, o terapeuta deve fazer uma análise funcional completa sem o que as variáveis importantes podem permanecer ocultas e provocar não a remissão, mas a substituição dos sintomas. Bibliografia: CHAUI, Marilena – Iniciação à Filosofia; Ed. Ática, 2009. Beck, Judith – Terapia Cognitiva; Artmed Editora, 1997.

Tiago A. M. Malta (Rio de Janeiro, 06 de Fevereiro de 2015). Endereço Eletrônico: [email protected] BLOG: http://tiago-malta.blogspot.com.br

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