Os Princípios Do Integrated Reporting Presentes Nas Empresas Da Carteira Ise

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CSEAR 2015 Universidade Federal da Bahia Salvador, 29 e 30 de Junho

OS PRINCÍPIOS DO INTEGRATED REPORTING PRESENTES NAS EMPRESAS DA CARTEIRA ISE Letícia Naomi Higuchi [email protected] José Julio Ferraz de Campos Jr. [email protected] José Roberto Kassai [email protected] Luis Nelson Guedes Carvalho [email protected] RESUMO Este trabalho tem por objetivo verificar se os princípios do Relato Integrado (Integrated Reporting) estão presentes nas informações financeiras divulgadas pelas empresas componentes da carteira ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial da BM&F), e pretendese averiguar se os principais pontos propostos na Estrutura Conceitual do IR estão presentes nos relatórios dessas empresas que, em princípio, possuem as melhores práticas empresariais em sustentabilidade do mercado. Esta pesquisa é de natureza exploratória, utilizando as informações apresentadas em relatórios corporativos divulgados na BM&F. Essas informações foram analisadas por Análises de Conteúdos, na tentativa de responder a seguinte questão: qual o grau de aproximação das informações fornecida pelas empresas listadas no ISE em seus relatórios divulgados em relação aos princípios básicos propostos na Estrutura Conceitual de Relato Integrado? A amostra utilizada nesta pesquisa compõe-se de das empresas listadas na carteira ISE de 2014 e presentes no ranking de maiores empresas em termos de vendas líquidas. Como resultado desta pesquisa, constatou-se, como característica geral dos relatórios, um pequeno nível de integração entre os dados materiais além de grande extensão dos mesmos, dificultando sua leitura e, portanto, em desacordo com o Framework proposto pelo IIRC A relevância da pesquisa se deve à recente divulgação da Estrutura Conceitual pelo IIRC e ao benchmark que o ISE representa para os tomadores de decisões. 1. Introdução A consciência ecológica está cada vez mais presente no cotidiano e hoje é largamente discutida no meio acadêmico. O termo “sustentabilidade” sempre permeia as discussões concernentes ao tema ambiental, além de envolver uma imensa gama de áreas de estudo. O uso excessivo de recursos naturais que acompanha a degradação do meio ambiente rompeu fronteiras e trouxe à tona o interesse da sociedade, tonando-se um tema globalizado (TINOCO, KRAEMER, 2004). A necessidade de adoção de posturas mais sustentáveis se torna imprescindível para a sociedade, logo, as empresas e corporações devem adotar diretrizes sustentáveis a fim de acompanhar o desenvolvimento social. Foi a partir da premissa de equilíbrio entre fatores ambientas, econômicos e sociais que novos paradigmas de governança corporativa atrelada à responsabilidade social foram construídos. Em 1997, o Global Reporting Initiative (GRI) foi criado para estabelecer padrões globais para relatórios de sustentabilidade. Em 1999, o Dow Jones Sustainability Indexes (DJSI) foi o primeiro índice a monitorar modelos de gestão e compromisso com fatores éticos e sócio ambientais. Hoje, os relatórios corporativos são divulgados, em sua maioria, de forma a evidenciar os dados contábeis e não contábeis de maneira desconexa, não demonstrando de maneira clara os fatos mais relevantes concernentes à organização. O Relato Integrado vem suprir essa defasagem de informações, e não deve ser enxergado, de maneira errônea, como um novo relatório, muito menos como um novo meio de criar um discurso ecologicamente correto frente aos stakeholders. Com a divulgação da Estrutura Conceitual (Conceptual Framework) do Relato Integrado, aprovada pelo IIRC (International Integrated Reporting Council) no dia 5 de dezembro de 2013, espera-se que esse abismo entre as informações se estreite e traga ao tomador de decisão uma visão mais transparente e holística sobre como a administração das Centre for Social and Environmental Accounting Research

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entidades encaram os desafios de criação e manutenção de valor. No presente momento, o IIRC conta com a participação de 84 empresas voluntárias e pioneiras ao redor do mundo que utilizam o Relato Integrado para reportar suas informações, sendo cinco delas brasileiras. Conforme apontado por Eccles & Krzus (2011), se o desempenho ambiental, social e de negócio estiver integrada aos processos básicos da organização, não há sentido em produzir relatórios financeiros e não financeiros separadamente. Hoje, ainda há uma separação entre informações de naturezas distintas publicadas separadamente, mas espera-se que com a introdução da estrutura conceitual proposta pelo IIRC baseada em princípio, essas informações sejam compiladas em um relatório único. O entendimento do papel dos recursos não renováveis como fonte de matéria-prima, imprescindível para manutenção de suas atividades, leva as empresas a adotarem práticas sustentáveis, melhorar sua gestão de recursos naturais, buscar eficiência na gestão corporativa e diminuir os impactos ambientais de seus produtos, de forma que seu ciclo produtivo não seja interrompido pelo esgotamento das fontes naturais. Desta forma, as empresas melhoram sua imagem e reputação perante os stakeholders, com práticas sustentáveis em consonância com aquilo que a sociedade espera. Em vista disso, é inegável a preferência do investidor de aplicar seu capital em companhias que adotem práticas sustentáveis. A fim de corroborar a relevância da demanda de desenvolvimento sustentável pela sociedade, foi criado de maneira pioneira por iniciativa da Bolsa de Valores de São Paulo o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), ferramenta comparativa do desempenho das empresas listadas na BM&F Bovespa sob o aspecto da sustentabilidade corporativa. O presente trabalho tem por objetivo verificar o grau de aproximação das informações divulgadas pelas empresas com as melhores práticas em sustentabilidade, componentes da mais recente carteira ISE, às questões centrais que sustentam um Relato Integrado (IR) no formato proposto pelo IIRC. A pesquisa é de natureza exploratória e qualitativa das demonstrações contábeis da amostra de empresas presentes na carteira ISE. 2. Fundamentação Teórica 2.1 Relato Integrado A proposta de criação do modelo de Relato Integrado representa uma evolução no processo de gestão e comunicação corporativa, uma iniciativa do The Pince’s Accounting for Sustainability Project (A4S) juntamente com o Global Reporting Initiative (GRI). O IIRC é uma coalizão formada por órgãos reguladores, investidores, profissionais contábeis, organizações não governamentais e empresas de nível global que compartilha a visão da geração de valor como próxima evolução em relatos corporativos. Apesar de representar uma revolução, o relatório não visa substituí-los e sim integrá-los por meio de uma visão holística no contexto do ambiente externo da organização e suas estratégias, governanças, desempenhos e perspectivas, levando à tona informações sobre a geração de valor no curto, médio e longo prazo (IIRC, 2013). Eccles (2011) ressalta o aumento da complexidade de relatórios financeiros na atualidade, que veio acompanhado do aumento da necessidade de relatórios não financeiros, devido à crescente presença de ativos intangíveis que não aparecem no balanço patrimonial. Do ponto de vista do investidor, as informações não financeiras são materiais e relevantes na tomada de decisão, mas não aparecem nas demonstrações financeiras. O Relato Integrado vêm promover a conectividade desses dois tipos de informações, fazendo com que os dados financeiros conversem com os dados sócio ambientais (Revista ANEFAC, 2014). De acordo com Carvalho e Kassai (2013, p.12): O Relato Integrado refere-se a um processo de harmonização e de convergência dos sistemas de gestão organizacional e do processo de comunicação corporativa. [...] Na raiz do conceito do Relato Centre for Social and Environmental Accounting Research

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Integrado está uma profunda mudança mental e de atitude de membros de conselhos de administração e diretores executivos, num movimento “top - down” que incorpore os valores de criação SUSTENTÁVEL de riqueza por toda a organização empresarial – tais valores devem fazer parte da estratégia da firma. As orientações do modelo proposto de relato integrado abordam conceitos importantes referentes à geração de valor dentro e fora da organização por meio da interação de seus capitais, sendo que a capacidade de gerar valor para si mesma está diretamente relacionada à geração de valor para terceiros. Essa forma de medir a contribuição das atividades da empresa para geração de valor econômico aos agentes envolvidos é também observada no papel da Demonstração do Valor Adicionado (SANTOS, 1999). Dentro da estrutura, os capitais são definidos como insumos que se transformam devido às atividades empresariais geradoras de produtos ou serviços que visam cumprir os objetivos estratégicos, culminando em geração de valor. Os capitais são classificados na estrutura conceitual como capitais financeiro, manufaturado, intelectual, social e de relacionamento e natural, sendo que esta classificação não deve ser obrigatoriamente adotada pelas organizações. 2.1.2 Estrutura Internacional A Estrutura Internacional para Relato Integrado (Framework) tem como propósito estabelecer Princípios Básicos e Elementos de Conteúdo que guiem o conteúdo do relatório integrado (IIRC, 2013). A estrutura guia as entidades por meio de princípios, visando identificar as informações pertinentes de serem incluídas em um relatório integrado para o melhor uso do usuário final e, assim, seja capaz de evidenciar a conectividade de informações pertinentes à organização e como esta gera valor no curto, médio e longo prazo. 2.2 Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) Atualmente a BM&F Bovespa possui vinte e três índices - que são indicadores de desempenho de um conjunto de ações - a fim de medir e comparar seu comportamento ao longo do tempo, sendo o ISE um deles (BM&FBOVESPA, 2014). O ISE possui como missão induzir as empresas a adotarem melhores práticas de sustentabilidade empresarial e apoiar os investidores na tomada de decisão de investimentos socialmente responsáveis (Bovespa, Índice de Sustentabilidade Empresarial, 2014), além de estimular a transparência e o desempenho sócio ambiental das empresas listadas. Criado pela BM&F Bovespa juntamente com outras entidades (IFC, ABRAPP, ANBIMA, APIMEC, ETHOS, IBGC, IBRACON, GIFE, PNUMA e Ministério do Meio Ambiente) em 2005, é o quarto índice da categoria a ser criado e uma iniciativa pioneira na América Latina. O ISE é uma ferramenta de análise comparativa das empresas da Bolsa que avalia as sete Dimensões, englobando diferentes aspectos da sustentabilidade: Dimensão Geral (compromisso e alinhamento a práticas sustentáveis), Natureza do Produto, Governança Corporativa, Social, Mudança Climática, Ambiental e Econômico-Financeira (Bovespa, Índice de Sustentabilidade Empresarial, 2014). O índice veio suprir a tendência mundial de investidores que procuram investir em aplicações socialmente responsáveis, sabendo que estas geram maior valor para o acionista. Em estudo realizado por Dias & Barros (2008), os resultados indicam que as empresas anunciadas como participantes da carteira ISE obtiveram retornos acumulados positivos próximos a data de divulgação da carteira. Porém, Simonetti (2012) ressalta em seu levantamento de estudos acadêmico que ainda não há consenso sobre o valor tangível gerado por investimentos em sustentabilidade empresarial. Por meio da metodologia desenvolvida com a parceria técnica da GVces, as empresas voluntárias, interessadas em participar do índice, preenchem o questionário composto de Centre for Social and Environmental Accounting Research

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questões objetivas juntamente com a apresentação de documentos corporativos que comprovem suas as respostas descritas no questionário, sendo que estes demonstram seu desempenho quantitativo, e os documentos, o desempenho qualitativos (Bovespa, Metodologia ISE). Hoje, podemos dizer que o ISE se firmou como um benchmark de investimentos e fortaleceu o canal de comunicação entre entidades e investidores. Fazer parte da carteira do ISE se tornou uma referência de práticas responsáveis perante o mercado e traz ganhos tangíveis e intangíveis, como o ganho reputacional e transparência proativa, às entidades que o compõem. Segundo Marcondes & Bacarji (2010) é inevitável a integração de princípios de sustentabilidade à estratégia empresarial, dado o cenário atual. 2.2.2 A Carteira 2014 A carteira utilizada para análise no presente trabalho foi anunciada no dia 28 de novembro de 2013 e vigora no período de 06 de janeiro de 2014 a 02 de janeiro de 2015. A carteira reúne 51 ações de 40 empresas divididas em 18 setores. Em relação à carteira anterior, foram convidadas para participar da nova carteira 183 companhias, sedo que destas, 45 se inscreveram e responderam os questionários distribuídos. Nos questionários submetido às empresas participantes, a Dimensão Ambiental é dividida em seis grupos, classificados por áreas de negócio: grupos A (recursos naturais e renováveis), grupo B (recursos naturais não renováveis), grupo C (matérias primas e insumos), grupo D (transporte e logística), grupo E (serviços) e grupo IF (instituições financeiras e seguradoras). Anteriormente, no questionário de 2007, havia a separação apenas entre dois grupos distintos (Geral e Instituições Financeiras). 3. Procedimentos Metodológicos A partir do levantamento dos relatórios divulgados pelas empresas presentes na carteira ISE de 2014, analisou-se as informações com o intuito de averiguar o grau de aproximação das suas informações ao formato integrado proposto pelo IIRC. Para isso, foram eleitos nove elementos retirados da Estrutura Conceitual do Relato Integrado para início da pesquisa exploratória e de análise de conteúdo dos relatórios corporativos. Para a amostra das empresas do ISE foram selecionadas aquelas presentes no ranking das maiores empresas por setor no critério vendas líquidas (em US$ milhões) de 2013. A ferramenta online Melhores e Maiores apresenta informações financeiras de 1.247 empresas do Brasil, com base no levantamento da revista Exame. Os dados levantados pela ferramenta não necessariamente coincidem com o ranking da publicação impressa da revista, que possui critérios e filtros adicionais. Os setores de bancos e seguradoras foram classificados por critério de Patrimônio Líquido Ajustado e Prêmios Emitidos Líquido, respectivamente. A pesquisa não tem a intenção de avaliar se as empresas praticam ou não o Relato Integrado, uma vez que se trata de uma nova estrutura de divulgação de informações, devendo-se respeitar o tempo para que cada empresa avalie e se adapte ao novo modelo, conforme exposto por Carvalho e Kassai (2013, p.12), “em sintonia com a sociedade, respeitando a natureza e mantendo o equilíbrio nos seus fluxos de caixa”. Pretende-se observar a concordância entre aquilo que será o futuro modo de reportar informações e o que é oferecido atualmente aos usuários externos. 3.1 Base de empresas utilizadas Conforme divulgado em sítio pela BM&F Bovespa, compõe a carteira 2014 as seguintes empresas: AES Tietê, Banco do Brasil, BicBanco, Bradesco, Braskem, BRF, CCR, Cemig, Cesp, Cielo, Coelce, Copasa, Copel, CPFL, Duratex, Ecorodovias, EDP, Eletrobras, Eletropaulo, Embraer, Even, Fibria, Fleury, Gerdau, Itaú-Unibanco, Itausa, Klabin, Light,

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MET Gerdau, Natura, OI, Sabesp, Santander, SulAmerica, Suzano, Telefonica, TIM, Tractebel, Vale e WEG. Das 40 empresas acima mencionadas, foram selecionadas para análise aquelas constantes no ranking da ferramenta Melhores e Maiores pelo critério vendas líquidas, conforme mencionado anteriormente: Tabela 1 - Ranking Vendas Líquidas 2013 Empresa

Setor

Posição

Vendas em 2013 (em US$ milhões)

Braskem BRF Duratex AES Eletropaulo

Química e Petroquímica Bens de consumo Indústrias Diversas Energia

1 1 8 4

10.338,1 12.471,7 1.585,6 3.957,5

Embraer Gerdau Sabesp Suzano Telefonica Vale

Autoindústria Siderurgia e Metalurgia Serviços Papel e Celulose Telecomunicações Mineração

7 19 2 1 1 1

4.682,4 815,1 4.969,0 2.440,6 10.183,0 27.986,0

Tabela 2 - Ranking Bancos 2013 Empresa Itaú Unibanco

Setor Banco múltiplo

Posição

Patrimônio Líquido Ajustado (em US$ milhões)

1

34.920,9

3.2 Critérios a serem observados Como critério utilizado para análise de relatórios divulgados pelas empresas da base de dados foi proposto nove pontos a serem observados, a fim de que, ao final, seja possível concluir sobre o grau de desenvolvimento que as doze empresas selecionadas se encontram quanto a questões de adaptabilidade do mundo corporativo frente a questões socioambientais e a integração do organograma institucional para a geração de valor compartilhado. A. A empresa contextualiza informações sobre a sua estrutura de negócio e cultura corporativa, bem como o modo que a empresa enxerga a criação de valor para os stakeholders ao longo do tempo. B. A empresa divulga informações sobre o fluxo de suas operações, destacando os recursos que utilizam para criar valor, bem como a gestão destes e se é possível identificar risco e oportunidades. C. A empresa divulga em seus relatórios questões pertinentes ao capital humano, ou seja, as competências, habilidades e experiências de pessoas e suas motivações para inovar, mesmo não utilizando a mesma nomenclatura proposta pelo IIRC. D. A empresa divulga em seus relatórios questões pertinentes ao capital financeiro, ou seja, o conjunto de recursos que estão disponíveis para serem utilizados na produção de bens ou prestação de serviços, obtidos por financiamento ou investimentos, mesmo não utilizando a mesma nomenclatura proposta pelo IIRC. E. A empresa divulga em seus relatórios questões pertinentes ao capital intelectual, ou seja, intangíveis baseados em conhecimentos como propriedade intelectual (patentes, softwares, etc.) e capital organizacional, mesmo não utilizando a mesma nomenclatura proposta pelo IIRC. Centre for Social and Environmental Accounting Research

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F. A empresa divulga em seus relatórios questões pertinentes ao capital manufaturado, ou seja, objetos físicos disponíveis para o uso na operação da empresa (prédios, equipamentos e infraestrutura), mesmo não utilizando a mesma nomenclatura proposta pelo IIRC. G. A empresa divulga em seus relatórios questões pertinentes ao capital natural, ou seja, recursos naturais renováveis e não renováveis (água, terra, minerais, florestas, biodiversidade, etc.), mesmo não utilizando a mesma nomenclatura proposta pelo IIRC. H. A empresa divulga em seus relatórios questões pertinentes ao capital social e de relacionamento, ou seja, o relacionamento entre os stakeholders e sua capacidade de compartilhar valor para aprimorar o bem-estar individual e coletivo, mesmo não utilizando a mesma nomenclatura proposta pelo IIRC. I. A empresa é capaz de integrar grande parte das informações presentes em seus relatórios, conseguindo suprir informações de valor intangível, que não são capazes de serem transmitidas apenas pelas informações financeiras. 4. Resultados e Discussões 4.1 Análise qualitativa e observações 4.1.1 Braskem A empresa, em relação ao item A, deixa bastante claro como suas estratégias e estrutura de negócio se relacionam para a criação de valor para empresa e público externo. Em seu relatório é mencionado uma pesquisa respondida líderes internos e público geral sobre temas de desenvolvimento sustentável, para que assim a companhia ajustar sua contribuição em temas que o público considera mais relevantes. A empresa divulga objetivos estratégicos e os relaciona com a cadeia produtiva e as oportunidades de expansão de produtos, dando ênfase às suas ações socioambientais para diminuição do impacto ambiental de suas atividades, satisfazendo, assim, o item B. A empresa satisfaz o item D, pois relata seu desempenho econômico e financeiro de maneira clara e descritiva através de suas dívidas, geração de valor econômico, investimentos e desempenho operacional de seus produtos. A empresa menciona o item E em seu relatório, apesar de não utilizar a nomenclatura do IIRC, além de destaca sua atuação em Inovação e Tecnologia, considerando perspectivas de curto, médio e longo prazo, com foco a atender clientes e criação de novas soluções que gerem valor à sociedade. Em relação aos demais capitais, a empresa os menciona todos, de forma esparsa, porém integrada, principalmente vinculando-os às ações sustentáveis que a empresa adota, como tratamento de resíduos, proteção ambiental e aos projetos sociais, bem como o gerenciamento de emissões de gases de efeito estufa e riscos e oportunidades identificados em decorrência de mudanças climáticas. O relatório anual divulgado pela Braskem foi elaborado como nível essencial da versão G4 das diretrizes do Global Reporting Iniciative. Essencialmente, a empresa aborda os seis capitais propostos pelo IIRC, porém com pouca ênfase da importância do pensamento integrado dentro da organização e na concisão dessas informações. 4.1.2 BRF Na temática referente ao item A, a BRF comunica a meta de se tornar uma empresa mais sustentável e ter o consumidor final como grande direcionador dos negócios. Como planejamento para alcançar suas metas e objetivos é citada a BRF – 17, ciclo de planejamento para os próximos quatro anos. A BRF diz ter fortalecido questões financeiras e operacionais, evoluindo a gestão de risco para uma abordagem associada aos negócios e estratégias. São apresentadas a chamada gestão de conformidades, que envolve demandas judiciais, riscos socioambientais e sobre a operação de toda a cadeia produtiva. Em relação ao capital intelectual, como já mencionado, a BRF enfatiza a inovação como protagonista da nova estrutura organizacional, investindo na inovação e tecnologia. No capital financeiro é apresentada uma extensa análise setorial, bem Centre for Social and Environmental Accounting Research

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como desempenho operacional no mercado interno e externo. Também são detalhados números de desempenho operacional do período e indicadores econômico-financeiros. O capital humano é destacado como empregadora de moradores de pequenas cidades, gestão de talentos através da retenção, desenvolvimento, meritocracia, saúde e segurança do funcionário através do programa Saúde, Segurança e Meio Ambiente, treinamento e diversidade. No capital humano, o relacionamento com os fornecedores é realizado através do Programa de Monitoramento de Cadeia, utilizado pela empresa para alavancar a sustentabilidade, com o objetivo de identificar os principais riscos sociais e ambientais a fim de reduzir os impactos na sociedade e desenvolver novas oportunidades. Também são tratados dentro desta esfera a responsabilidade pelo produto, o bem-estar e a sociedade. No assunto capital natural, a BRF diz que suas emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE) não são consideradas significativas. A empresa desenvolve iniciativas para reduzir consumo de recursos hídricos, priorizando a captação de fontes superficiais, reuso de água e captação de água da chuva. A empresa divulga seu relatório segundo diretrizes do GRI, sendo suas informações baseadas na divisão dos seis capitais. 4.1.3 Duratex A Duratex elaborou seu relatório anual de acordo com as diretrizes d GRI, na opção abrangente, seguindo as recomendações G4 de indicadores. A empresa cumpre o item A através de uma breve exposição de sua estrutura de negócios, história, produtos, atuação geográfica, direcionadores e expectativas futuras. Em assuntos pertinentes ao item B, a empresa expõe seu modelo de negócio através do planejamento estratégico com prazo o ano de 2020, além de apresentar de forma esquematizada e explicativa o fluxo de valor agregado, a alocação de recursos e os resultados atingidos em 2013, gestão de riscos e gestão integrada. O capital intelectual é classificado de maneira geral como ativos intangíveis, incluindo marca, inovação, qualidade, tecnologia, eco eficiência, diversificação geográfica e gestão de custos e pessoas. O capital financeiro é uma dimensão bastante extensa e explorada no relatório. São apresentados de forma resumida os principais indicadores econômicos de desempenho e análise de suas divisões (Deca e Madeira). Questões pertinentes ao capital natural são tratados através de gestão e desempenho ambiental: estabelecimento de metas ambientais, proteção à biodiversidade, manejo de plantações florestais e utilização racional de recursos naturais, monitoramento das emissões de GEE, entre outros. No capital humano são apresentadas os principais canais de comunicação e programas de relacionamento com o público, dados referentes à gestão de pessoas, desenvolvimento de líderes, boas práticas organizacionais, política de remuneração e benefícios. Em assuntos relacionados ao capital social e de relacionamento são apresentados números de clientes, avaliação de satisfação dos consumidores, índice de recomendação, além de serem descritas brevemente as ações em projetos culturais e ambientais nas comunidades vizinhas, além da sumarização de projetos sociais apoiados pela empresa. Não foi observado no material uma sessão destinada ao reporte sobre questões pertinentes ao capital manufaturado, apesar de haver informações pulverizadas dentro de tópicos correlatos. O relatório anual da Duratex é objetivo em seu propósito comunicação, apesar da extensão. A empresa fornece em anexo ao relatório as demonstrações contábeis completas, e não utiliza a nomenclatura de divisão de capitais, não sendo prejudicado o entendimento ou a completude do relatório.

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4.1.4 AES Eletropaulo A AES Eletropaulo foi uma das quatro empresas brasileiras que aderiu ao IIRC, a fim de discutir e elaborar as diretrizes do relato integrado. No início de seu relatório de sustentabilidade elaborado segundo as diretrizes do GRI a empresa contextualiza informações sobre sua cultura corporativa e enfatiza o seu foco na criação de valor compartilhado entre seus acionistas e demais públicos, assim como sua estrutura de governança. Em seguida é apresentada de forma esquematizada sua estrutura de negócio, identificando processos, recursos chave, públicos de relacionamento, parceiros e os valores compartilhados. A empresa cumpre o item B e D ao divulgar sua rede de distribuição de energia e identifica sua gestão de riscos climáticos. Questões pertinentes ao desempenho financeiro e econômico são divulgadas, bem como seus principais investimentos e desempenho comercial. A empresa de distribuição de energia elétrica depende possui extrema dependência do capital natural, trazendo informações em seu relato sobre o uso consciente de recursos energéticos (motivos técnicos, comerciais ou consumo inadequado), bem como o de recursos naturais e materiais e resíduos (cabos, postes, ferragens metálicas). O desenvolvimento e valorização de colaboradores é estimulado através da atração, desenvolvimento e retenção de talentos, sendo que em cada etapa são mencionados programas internos que promovam o cumprimento de tais princípios em benefício aos empregados. O capital social e de relacionamento é fundamentado nas políticas de desenvolvimento e valorização da comunidade, através do estímulo à educação, cultura e esporte, o acesso à energia e eficiência energética. A empresa não menciona informações referentes ao capital manufaturado, ou seja, objetos físicos disponíveis para o uso na operação da empresa. Além disso, não se utiliza a nomenclatura de divisão de capitais proposta pelo IIRC, sendo que a divisão dos temas dentro do relatório não favorece o pensamento integrado do leitor do relatório de sustentabilidade. A AES possui planos para desenvolver o relato integrado de resultados, com o objetivo de informar ao mercado trimestralmente seu desempenho por meio de uma plataforma tecnológica mais dinâmica. 4.1.5 Embraer A Embraer publica seu relatório anual baseado nas diretrizes do GRI pelo sexto ano consecutivo. A contextualização da estrutura do negócio e cultura corporativa da empresa é apresentada através de seus segmentos, das instalações espalhadas pelo mundo e operações internacionais e portfólio de aeronaves. O modelo de negocio e governança corporativa são meios pelos quais a empresa desenvolve seus negócios de maneira sustentável. É dado destaque ao nível de excelência é elevado através do Programa de Excelência Empresarial Embraer (P3E), à gestão de riscos e políticas da instituição. Os ativos intangíveis reconhecidos pela empresa são: marca, conhecimento, propriedade intelectual, pessoas e liderança, sendo também apresentados o método de avaliação de tais intangíveis. Um especial destaque é dado à inovação, já que o setor exige o estudo e viabilização de novas tecnologias. Questões pertinentes ao capital humano como perfil dos colaboradores, nível hierárquico, contratações e desligamentos, ferramentas de gestão de, desenvolvimento profissional, políticas de remuneração e benefício, gestão de segurança dos funcionários e qualidade de vida. Está presente no relatório anual dados de desempenho econômico-financeiro, a gestão sustentável e responsabilidade ambiental (plano para biocombustíveis, emissões atmosféricas, gestão de resíduos e eficiência energética) são assuntos referentes ao capital natural. O relacionamento entre stakeholder e o aprimoramento do bem-estar coletivo e individual são mencionados investimentos na área educacional através do Instituto Embraer de Educação e Pesquisa, apoio a projetos educacionais promovido por ONGs, entre outros. Centre for Social and Environmental Accounting Research

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A Embraer apresenta as informações em seus relatório anual de maneira clara, objetiva e concisa. A empresa opta por não utilizar a divisão de capitais conforme nomenclatura proposta pelo IIRC. 4.1.6 Gerdau Estão presentes no relatório informações pertinentes ao capital financeiro: indicadores econômicos e resultados financeiros presentes na mensagem do diretor-presidente. Além disso, a empresa contextualiza informações sobre a estrutura de negócio, cultura corporativa, programas de inovação, a fim de fortalecer a capacidade inovadora e o domínio tecnológico. São apresentados programas voltados aos colaboradores, como programas participativos, a Gestão com Foco no Operador e a Gestão do Conhecimento. São divulgadas informações sobre o desempenho das operações da empresa, além de perspectivas no mercado interno e externo (América do Norte e América Latina). Em seguida são apresentados novos resultados atingidos em 2013. Nota-se que no que se referem às informações financeiras, estas estão dispersas e não concentradas em apenas uma sessão para facilitar sua localização. Informações pertinentes ao capital humano são apresentadas, como os investimentos voltados ao desenvolvimento de colaboradores, as práticas de gestão e segurança, o programa de recrutamento, a condução de pesquisas de clima, remuneração e benefícios, entre outros. A empresa cumpre o item H ao divulgar informações sobre relações com clientes, fornecedores, acionistas e sociedade. Questões pertinentes ao capital natural são abordadas nas práticas sustentáveis adotadas pela empresa em seus processos industriais, metas para redução de consumo de energia, sistemas adotados para proteção atmosférica, reaproveitamento de água, preservação de cinturões verdes nas plantas industriais, promoção de educação ambiental entre colaboradores e contribuição dos produtos recicláveis em obras na construção civil. A empresa não menciona os ativos que considera ativos intangíveis (marca, conhecimento, propriedade intelectual, pessoas e liderança, etc.), conforme item E. Também não são mencionadas questões pertinentes ao capital manufaturado. A Gerdal não elabora seu relatório anual segundo as diretrizes do GRI ou utiliza o critério de divisão de capitais proposto pelo IIRC. Como resultado, pode-se observar que as informações financeiras (capital financeiro), por exemplo, possui informações esparsas dentro do relatório, não havendo uma divisão para a facilidade de busca de informações, além de não haver uma integração entre todas as informações exposta no relatório, conforme proposta do item I. 4.1.7 Sabesp A empresa elabora seu relatório de sustentabilidade segundo diretrizes do GRI. É apresentado no início do relatório o histórico de operações da empresa e o contexto do negócio, além da estratégia e visão do futuro (universalização do acesso ao saneamento, segurança no abastecimento, satisfação de clientes), satisfazendo, assim, o item A. São divulgadas questões pertinentes ao item B, como a gestão orientada pelas demandas do setor, a estrutura da governança corporativa. Através destes são identificados os riscos do setor e a gestão dos mesmos. A empresa relata informações sobre a expansão da infraestrutura de abastecimento, com desafios do abastecimento nas metrópoles e no interior do estado, combate às perdas de água, além de recursos investidos em programas que visam combater tais desafios. Podemos dizer que esse assunto pertence ao escopo do capital natural e social e de relacionamento, já que pela própria natureza da empresa tais assuntos se unem. Assuntos de gestão ambiental da Sabesp são apresentados como inerentes à prestação de serviços de saneamento e essência do negócio. O capital social e de relacionamento é abordado por meio da busca pela excelência nos serviços prestados e da postura de aproximação e abertura de canais para o diálogo com os públicos envolvidos. Centre for Social and Environmental Accounting Research

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Em assuntos referentes ao capital financeiro, a empresa apresenta planos de investimento, destinação destes recursos, desempenho econômico e financeiro, além de sua participação no mercado de capitais, e ao final do relatório são apresentadas as demonstrações financeiras completas. A valorização do capital humano se dá através da atração, motivação, desenvolvimento e retenção de pessoas, avaliação de desempenho e programas que visam potencializar as competências de empregados. A empresa menciona questões pertinentes ao capital manufaturado, como a capacidade de seus equipamentos, reservatórios, redes e dutos, apesar de não aprofundar em detalhes desta natureza. Também são mencionadas processos de patenteamento na área de proteção de direitos de propriedade intelectual. O relatório anual da Sabesp contêm todas as informações pesquisadas neste trabalho, apesar de não utilizar a divisão entre os sete capitais propostos pelo IIRC. 4.1.8 Suzano Papel e Celulose O relatório de sustentabilidade da empresa foi elaborado pelo sétimo ano consecutivo de acordo com o GRI, versão G3. O relatório traz a visão global da empresa, com estratégias alinhadas ao atual cenário do setor de papel e celulose. Modelos e ferramentas de gestão trazem visões de médio e longo prazo, bem como as realizações atingidas ate agora. E apresentado a governança corporativa da empresa, o papel da área de gestão de risco. O desempenho operacional nos segmentos produtivos (florestal, celulose, papel e biotecnologia) também está presentes no relatório; dados de desempenho econômico- financeiros são divulgados e cumprem o item D. O compromisso da empresa com colaboradores e realizado através de capacitação e treinamento e programas de gestão de desempenho e educação corporativa. Questões relacionadas ao compromisso com a sociedade estão presentes através participação em organizações governamentais e não governamentais, coalizões que visam a discussão e fiscalização de matéria ambiental (comercio ilegal de madeira, desmatamento, queimada, ações ambientais criminosas), além de relações com fornecedores e clientes. Assuntos pertinentes ao capital natural são amplamente abordados, já que o desenvolvimento sustentabilidade e um assunto inerente à essência do seu negocio. Não consta no relatório anual menção aos ativos intangíveis reconhecidos pela empresa, sendo os demais capitais tratados amplamente de maneira a integrar os assuntos. 4.1.9 Telefônica A contextualização de informações sobre a estrutura de negócio e criação de valor é apresentada através das estratégias da empresa. São expostos os princípios de atuação que movem a empresa, sendo estes alinhados a atuação de seus colaboradores. A empresa apresenta sua gestão sustentável através do engajamento de seus stakeholders, gestão de princípios de atuação, gestão de risco, gestão ambiental e práticas laborais. Tais assuntos são apresentados de forma objetiva, resumida e integrada. Também são apresentados programas de gestão ambiental, a reciclagem de resíduos eletrônicos e práticas e dados referentes à eficiência energética. Assuntos relacionados ao desenvolvimento da companhia possuem informações referentes aos serviços prestados e relações com instituições regulamentadoras. O modelo de gestão de riscos visa consolidar a postura preventiva da companhia e em todas as suas operadoras do grupo. Participações e parcerias com instituições sociais e produtos e serviços que atendam à inclusão e acessibilidade estão dentro do escopo do capital social e de relacionamento. Não são apresentados dados de capital humano, capital manufaturado, ou quaisquer ativos intangíveis reconhecidos pela empresa. A Telefônica Vivo apresenta uma versão resumida de seu relatório de sustentabilidade alinhado às diretrizes do GRI, sendo que maiores informações desejadas devem ser acessadas através do site. Pôde-se concluir que, Centre for Social and Environmental Accounting Research

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apesar da tentativa de disponibilizar informações de forma resumida, a empresa não atendeu à todos os assuntos materiais que os stakeholders procuram em relatórios anuais de sustentabilidade, estando ausentes informações de 3 capitais. 4.1.10 Vale A empresa publica seu relatório de sustentabilidade seguindo indicadores do GRI, divulgando no início de seu relatório informações de sustentabilidade, dados numéricos de desempenho, de capital humano, das ações sociais e o compartilhamento de valor com a sociedade. O relatório segue quatro macrodivisões: visão estratégica, pessoas, planeta e criação de valor. Inicialmente são apresentados os pilares estratégicos sob os quais a empresa opera para criação de valor, bem como os resultados alcançados no ano frente ao cenário econômico. São identificados potenciais impactos socioeconômicos e biofísicos de forma minuciosa e como a empresa realiza a gestão destes impactos. Informações financeiras de desempenho e indicadores econômico-financeiros do ano findo são apresentadas conforme item D. Em questões pertinentes ao capital humano são apresentados o compromisso de relacionamento e confiança com os colaboradores e a evolução destes através do projetos de capacitação e inclusão através de programas educacionais. Além do perfil do pessoal e remuneração, são abordados dados e o contexto de saúde e segurança adotados. Também são incluídas ações sociais e as comunidades impactadas, sendo apresentada a extensa a promoção à cultura, educação, engajamento e diálogo social promovidos pela Vale, além de relacionamento com os fornecedores, abrangendo o chamado capital social e de relacionamento. Informações sobre o capital natural da Vale possui abrangência mundial, tendo em vista a presença de suas operações em regiões de alta relevância para a biodiversidade. Os desafios de minimizar o impacto do uso da terra e conservar e recuperar territórios estão entre os desafios da esfera natural (resíduos, tratamentos, emissões) e questões de mudança climática. A empresa não menciona os ativos que considera ativos intangíveis (marca, conhecimento, propriedade intelectual, pessoas e liderança, etc.), conforme item E. Também não são mencionadas questões pertinentes ao capital manufaturado. 4.1.11 Itaú Unibanco A empresa, de forma voluntária, aderiu oficialmente ao programa piloto de criação do modelo de relato integrado como hoje e conhecido o Framework para relatos integrados. Sua adesão ocorreu em maio de 2013 com o objetivo de auxiliar, desenvolver e disseminar a proposta de comunicação integrada no Brasil e no mundo. Informações econômicas e financeiras incluídas no relato integrado do banco foram auditadas por auditoria independente. O relato integrado da empresa esta disponível em sitio online, sendo apresentado pela primeira vez dados que seguem os princípios de elaboração do IIRC referente a dados do ano de 2013. 5. Conclusões Finais Com a condução da pesquisa pôde-se notar a quantidade de informações trazidas nos relatórios que têm a proposta de informar os principais interessados sobre as perspectivas de curto, médio e longo prazo das entidades empresariais. Com a análise minuciosa dos relatórios anuais e de sustentabilidade divulgados pelas empresas integrantes do Índice de Sustentabilidade Empresarial e selecionados através de critério de volume de vendas (Revista Exame Melhores e Maiores), foi possível abranger uma amostra de onze empresas de setores distintos. A pesquisa indicou boa aderência aos nove elementos retirados da Estrutura Conceitual pelas onze empresas analisadas. Esse resultado é previsto devido as suas práticas Centre for Social and Environmental Accounting Research

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em sustentabilidade e adesão às diretrizes trazidas pelo Global Reporting Iniciative (GRI), que possui o objetivo de proporcionar maior transparência e de indicar o caminho a ser percorrido pelas organizações que buscam estruturar sua gestão da sustentabilidade. Com a definida versão G4 das diretrizes do GRI, houve uma preocupação de aumentar a qualidade técnica dos relatórios e se alinhar com outros protocolos como o Relato Integrado do IIRC. Foi identificada a ausência de informações claras pertinentes ao capital intelectual em três empresas (Suzano Papel e Celulose, Telefônica e Vale), sendo que não são divulgados quais elementos a empresa considera em seus ativos intangíveis, como conhecimento, marcas, patentes, softwares, etc. ou como são inseridas na cadeia de valor da companhia. O mesmo se verificou com o capital manufaturado em três empresas (Eletropaulo, Telefônica e Vale), pois não são mencionados em seus relatórios questões pertinentes aos objetos físicos disponíveis para uso na operação. Conforme conceitos fundamentais abordados na Estrutura Conceitual, nem todos os capitais são relevantes ou aplicáveis a todas as organizações, podendo ser a interação dentre os capitais sempre presentes, porém não necessariamente relevantes para serem incluídas em um relatório integrado. Como não se mantinha no escopo desta pesquisa verificar a relevância dos seis capitais, e sim sua divulgação, não se pode considerar este fato uma justificativa à frequente ausência dos dois capitais mencionados. Constatou-se também a extensão dos relatórios apresentados e assuntos materiais que não possuíam uma abordagem integrada, dificultando a compreensão e conectividades dos fatos expostos. Observou-se a evidente falta de integração de informações em duas empresas (Braskem e Gerdau) dentre a amostra. Portanto, os relatórios frequentemente deixam de cumprir o conceito de concisão proposto pela Estrutura Conceitual ao trazer o excesso, a repetição e a desconectividade de informações. Como consequência do princípio da concisão, temos a difícil missão de utilizar os relatórios para a extração de informações pontuais. Conforme Eccles (2011), o relatório único deve reduzir as informações de relatórios anuais e os relatórios de sustentabilidade agregando-os em um único meio no qual ferramentas estarão disponíveis para que diferentes usuários com interesses específicos consigam capturar as informações desejadas. Podemos concluir que o Brasil se encontra em uma fase de amadurecimento em relação à gestão da responsabilidade social, mas ainda necessita se adequar ao futuro modo de reportar informações. 6. Referências Bovespa, B. (2014). Índice de Sustentabilidade Empresarial. Acesso em 08 de junho de 2014, disponível em Índice de Sustentabilidade Empresarial: Bovespa, B. (s.d.). Metodologia ISE. Acesso em 08 de junho de 2014, disponível em BM&F Bovespa:http://www.bmfbovespa.com.br/Indices/download/Metodologia-ISE.pdf MARCONDES, A. W., & BACARJI, C. D. ISE Sustentabilidade no mercado de capitais. São Paulo: Report Editora, 2010. SIMONETTI, R. O valor do ISE. São Paulo, 2012. ECCLES, R. G.; KRZUS M. P. Relatório Único: Divulgação integrada para uma estratégia sustentável. São Paulo: Saint Paul Editora, 2011. DIAS, Edson Aparecido; BARROS, Lucas Ayres. Sustentabilidade Empresarial e Retorno ao Acionista: um estudo sobre o ISE. ENANPAD, 2008. ANEFAC, Relato Integrado: Um olhar corporativo. Acesso em 08 de junho de 2014, disponível em Revista ANEFAC Edição 168 Janeiro/fevereiro: IIRC, Framework do Relato Integrado. Acesso em 17/03/2014 em:

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