Os professores usam ou não usam a web para (com) os alunos?

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I ENCONTRO INTERNACIONAL DA CASA DAS CIÊNCIAS LISBOA, 21 E 22 DE MARÇO DE 2013

COMUNICAÇÕES LIVRO DE RESUMOS

I Encontro Internacional da Casa das Ciências 21 e 22 de Março de 2013 Escola Secundária D. Dinis, Lisboa

ISBN 978-989-98309-0-5 1

OS PROFESSORES USAM OU NÃO USAM A WEB PARA (COM) OS ALUNOS? 1

Castro, C.1, Andrade, A.2 & Lagarto, J.3 Faculdade de Educação e Psicologia, 2 Faculdade de Economia e Gestão, 3 Faculdade de Ciências Humanas, Universidade Católica Portuguesa, Portugal

Palavras-Chave: educação, geração 2.0, recursos educativos digitais, web.

Em “A Galáxia Internet: Reflexões sobre Internet, Negócios e Sociedade”, Manuel Castells [1] apresenta uma análise de como uma rede eletrónica conseguiu provocar mudanças de paradigma na sociedade, desde a economia ao trabalho. Por seu lado, Nicholas Carr [2] refere que se o dínamo elétrico foi a máquina que moldou o século XX, o dínamo da informação será a máquina que moldará a sociedade do século XXI. Parece pois claro que a educação, a escola e os professores não poderão ficar indiferentes perante todas estas profundas e aceleradas mudanças. Na recente resolução governamental referente à Agenda Portugal Digital (n.º 112/2012) é indicado que para “(…) melhorar a literacia, qualificação e inclusão digitais (…)” até 2015 é necessário que o MEC (entre outros) promova “(…) o desenvolvimento de competências multidisciplinares, assumindo as TIC com transversalidade, no âmbito das áreas científicas”. Tais objetivos parecem estar de acordo com a lógica de Levy [3] em “(…) considerar a literacia para uma inteligência coletiva em médias digitais” (p. 45). Resnick relembrava recentemente [4] a visão radical de Seymour Papert de 1971: os computadores tornar-se-iam de tal forma acessíveis que transformariam a/s forma/s como se aprende. Na verdade, as crianças e os jovens estão a crescer num mundo pleno de opções de informação e de entretenimento, sem paralelo na história da humanidade [5] utilizando as ferramentas em modo multitarefa. De facto, a convivência dos atuais estudantes com as tecnologias digitais afetou de tal modo as suas preferências para aprender que esperam que sejam também parte integrante da sua educação colocando, assim, grandes desafios à geração 1.0 [6, 7]. Nesse sentido, organizações como a International Society for Technology in Education [7] preconizam que os estudantes tenham oportunidade de, usando regularmente as tecnologias de informação e comunicação, desenvolvam competências que fortaleçam a criatividade, o pensamento crítico, o trabalho colaborativo na sala de aula e fora dela. A profusão de informação online produzida por muitos e facilmente acessível cria oportunidades para que os professores tenham à sua disposição imensos recursos educativos digitais para utilizar na sala de aula para e com a geração 2.0 [6]. As ferramentas da web, nomeadamente da web 2.0 permitem a partilha e utilização de todos os conteúdos que se encontram na ‘nuvem’ e que o professor considerar pedagogicamente úteis. Permitem até que os próprios estudantes sejam cocriadores e participantes ativos no seu processo de aprendizagem, numa lógica de prática construtivista.

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Perante a forte presença de ferramentas cognitivas [8] nas salas de aula, pretendemos conhecer como os professores se encontram a utilizá-las para aceder ao espaço de aprendizagem que a web proporciona para e com os alunos. Apresentamos alguns resultados preliminares de um estudo exploratório e descritivo realizado com uma amostra por conveniência constituída por professores do Continente e Ilhas de todos os níveis de ensino. Neste âmbito, centramo-nos nas questões respeitantes ao recurso a repositórios de recursos educativos digitais e a ferramentas da web 2.0. Os professores indicam: i) pesquisar recursos na web; ii) recorrer a diversos repositórios dos quais selecionam e descarregam recursos educativos para uso nas suas práticas pedagógicas e iii) partilhar sobretudo ficheiros nomeadamente com os pares. A maioria assinala que não produz qualquer tipo de recurso e as ferramentas web 2.0 são utilizadas por uma minoria de respondentes. Dos resultados infere-se ainda que os professores da amostra em estudo, embora encontrando-se a recorrer à web de forma moderada, atribuem-lhe grande importância. Antecipando razões explicativas, indicamos alguns obstáculos que deverão ser considerados para uma mais ampla utilização da web pelos professores: a extensão dos programas oficiais que, embora prevendo a utilização das tecnologias de informação e comunicação, não permitem margem de tempo para a experimentação ao espartilhar a duração para lecionar os conteúdos, a falta de uma sólida formação em tecnologias de informação e comunicação que permita o conhecimento de como as integrar apropriadamente em cada área curricular, a falta de apoio na resolução de falhas técnicas ou a falta de resiliência perante as muitas adversidades da profissão de professor que concorre com a motivação para experimentar e tentar satisfazer a real demanda dos alunos. Os espaços tecnologicamente enriquecidos em que as salas de aula se transformaram parecem ter vindo criar as condições para que aconteça um conflito cognitivo. Draper et al. [citado em 9] referiram já em 1992 que esse conflito tem de acompanhar uma mudança de crença. Para que esta aconteça é necessária a experimentação. E para esta é preciso tempo. [1] Castells, M. (2004). A Galáxia Internet: Reflexões sobre Internet, Negócios e Sociedade. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. [2] Carr, N. (2008). The Big Switch. Rewiring the World, from Edison to Google. New York: W. W. Norton & Company. [3] Levy, P. (n.d.). The 21st Century Public Sphere. Digital media. Recuperado de http://techyredes.files.wordpress.com/2011/08/techyredes_article_pierre-levy.pdf [4] Resnick, M. (2012). Reviving Papert’s Dream. Educational Technology, July-August, 42–46. [5] Hobbs, R. (2010). Digital and Media Literacy: A Plan of Action. Washington DC, USA: The Aspen Institute. [6] Figueiredo, A. D. (2009). A Geração 2.0 e os Novos Saberes. Conselho Nacional de Educação. [7] ISTE. (2007). National Educational Technology Standards for Students. Recuperado de http://www.iste.org/standards/nets-for-students/nets-student-standards-2007 [8] Jonassen, D. H. (2000). Computadores, Ferramentas Cognitivas. Desenvolver o pensamento crítico nas escolas. Porto: Porto Editora. [9] Webb, M. E. (2005). Affordances of ICT in science learning: implications for an integrated pedagogy. International Journal of Science Education, 27(6), 705–735. doi:10.1080/09500690500038520

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