OS PURITANOS, CONCEITO E RELEVÂNCIA PARA O CRISTIANISMO PÓS-MODERNO

May 27, 2017 | Autor: Jeferson Pereira | Categoria: Patristics, Teologia, Historia eclesiástica, Teologia Sistemática, Patrística
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OS PURITANOS, CONCEITO E RELEVÂNCIA PARA O CRISTIANISMO PÓS-MODERNO Jeferson Alfredo Pereira*

RESUMO

O presente artigo trata de um importante assunto que, nos últimos anos, tem retomado seu lugar de destaque no meio evangélico: os puritanos, seu conceito e relevância para o cristianismo nos dias atuais. O artigo visa enfatizar algumas verdades e trazer a aplicabilidade dos conceitos bíblicos ensinados pelos puritanos diante das necessidades da igreja evangélica brasileira.

PALAVRAS CHAVE: Puritanos; Reforma; Santos; Cristianismo; Vida cristã.

INTRODUÇÃO

Diante dos avanços numéricos da igreja evangélica brasileira, tais como: a abertura de novos meios para a formação e geração de novos líderes; a edição mensal de novos livros teológicos quer traduzidos, ou escritos por autores brasileiros; o aumento do número de cristãos convertidos através do trabalho com células e evangelismo; percebe-se os números que enchem os olhos nas pesquisas do IBGE dizendo que o protestantismo tem crescido cada *

O autor é Evangelista da Igreja Presbiteriana do Brasil, pastor de Jovens e Adolescentes na IPB Central de Presidente Prudente, aluno do 1º ano do Curso Avançado de Teologia do Seminário Martin Bucer.

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vez mais; números e avanços que deveriam ser muito bem recebidos, mas, como é de senso comum entre os cristãos protestantes, nem sempre os números revelam os verdadeiros resultados quando se trata da Igreja de Cristo. Diante dessa realidade, é importante aos cristãos resgatar o zelo pelo cristianismo autêntico e, para isso, nada melhor do que estudando a vida dos Puritanos. 1. OS PURITANOS NA BUSCA POR UM “CONCEITO”

Mesmo que haja um conceito estabelecido de Puritanismo ou sobre os Puritanos, o mesmo tem sido logrado e mal compreendido por muito tempo nas igrejas evangélicas. No meio reformado esse conceito é um pouco mais nítido, ainda que também possua nuances diferentes. Mas o que vem a ser, verdadeiramente, o Puritanismo? Pode-se observar uma série de obras que, nos últimos anos, tentam “acertar o rumo e a orientação” da interpretação da Igreja sobre o modo de vida cristão e qual o verdadeiro valor histórico e teológico que o Puritanismo oferece séculos depois. Infelizmente a ociosidade na prática da leitura da maioria do povo evangélico, ou a famosa falta de tempo, faz com que os livros que são oferecidos, sejam deixados de lado por causa do seu tamanho e linguagem. O próprio artigo que se oferece é apenas uma tentativa para que o leitor possa buscar mais informações sobre tão precioso tema. Sobre os puritanos Franklin Ferreira comenta que: Os ministros ingleses e escoceses que, nos séculos XVI e XVII, buscaram purificar a Igreja da Inglaterra (anglicana) dos vestígios de rituais e costumes “papistas”. Para isso, combinavam piedade e disciplina com o desejo de reformar a maior parcela possível da igreja e da sociedade. Eles estavam interessados em ensinar e pregar segundo as Escrituras, aprendendo delas um padrão para a espiritualidade cristã com ênfase na conversão, no viver experimental e na adoração centrada no Deus trino.1

Alguns cristãos, na ânsia de estigmatizar os puritanos como seres perfeitos e sem defeitos, podem ficar escandalizados ao saber que:

Devemos imaginar esses puritanos como o extremo oposto daqueles que se dizem puritanos hoje; imaginemo-los jovens, intensamente fortes, intelectuais, progressistas, muito atuais. Eles não eram avessos a bebidas com álcool; nem mesmo à cerveja, mas os bispos eram a sua aversão. Puritanos fumavam (na época eles não sabiam dos efeitos danosos do fumo), bebiam (com moderação), caçavam,

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PACKER, James Innel. Entre os gigantes de Deus: Uma visão puritana da vida cristã. São José dos Campos: Editora Fiel, 2016. 7-8 p.

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praticavam esportes, usavam roupas coloridas, faziam amor com suas esposas, tudo isso para a glória de Deus, o qual os colocou em posição de liberdade.2

Talvez por essa causa os amados irmãos oriundos das igrejas pentecostais e neopentecostais, como também outras denominações “emergentes” – não em sua totalidade – não conheçam nem aceitem os puritanos como exemplo para o padrão do cristianismo hoje. A reprimenda pelo comportamento citado acima, faz com que, mais uma vez, os puritanos tenham o seu modo de vida incompreendido através dos anos. É preciso afirmar, entretanto, que somente esse trecho transcrito não oferece a totalidade do conceito sobre o modo de vida dos puritanos. Trata-se apenas de um ponto de partida para que o leitor tenha sua mente aberta a uma realidade que nem sempre foi divulgada sobre os Puritanos. Pode-se comparar o estudo e pesquisa sobre o estilo de vida dos puritanos é muito parecido com a exegese: É necessário um contexto e daí por diante uma interpretação correta sobre quem eram, “afinal os puritanos permanecem um guia para os cristãos hoje”3 e o que de seus exemplos pode ser aplicado no cristianismo séculos depois, em plena era pós moderna? “É por isso que me preocupa uma genuína definição do Puritanismo. Isso tem se tornado cada vez mais difícil por causa da abundância de livros que estão sendo publicados sobre esse assunto”.4 Os Puritanos eram essencialmente, aquele tipo de cristão que mesmo estando no mundo, nada era secular, tudo tinha intensa ligação com aquilo que é sagrado e eterno. Sendo assim, seu estilo de vida primordialmente envolvia a prática da vida cristã de acordo com a Bíblia, para honra e glória de Deus. Em contrapartida, os dias atuais demonstram uma distância cada vez maior da essência Bíblica, à beira da morte da doutrina. No presente artigo, o conceito utilizado sobre quem eram os Puritanos é composto pelo postulado do Dr. Ryken que afirma: O Puritanismo foi parte do movimento de Reforma Protestante na Inglaterra. Nenhuma data ou evento específicos marcaram o seu início. Assumiu primeiro a forma de um movimento organizado nos anos de 1560 sob o reinado da Rainha Elizabeth, mas quando identificamos as características daquele movimento vemos que suas raízes remontam desde à primeira metade do primeiro século. [...] Eles desejavam purificar a igreja dos vestígios restantes de cerimonia, ritual e hierarquia católicos. Esta luta de início com a igreja do Estado rapidamente se ampliou para incluir outras áreas da vida pessoal e nacional. O Puritanismo foi então, em parte, um fenômeno distintamente inglês, consistindo no descontentamento para com a Igreja da Inglaterra. Mas desde o princípio foi também parte do protestantismo

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Ibid, 8-9 p. RYKEN, Leland. Santos no mundo: os puritanos como realmente eram. São José dos Campos: Editora Fiel, 1992. 14 p. 4 LLOYD-JONES, David Martyn. Os puritanos: Suas origens e seus sucessores. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1993. 247 p. 3

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europeu. Horton Davies diz que o “puritanismo começou como uma reforma litúrgica, mas desenvolveu-se numa atitude distinta em relação à vida”.5

Em consonância, a declaração do Reverendo Augustus Nicodemus ao recomendar a brilhante obra de Joel R. Beeke e Randall J. Pederson sobre os Puritanos informa que: O apelido “Puritanos” foi colocado por seus inimigos para ironizar o ideal de pureza que defendiam. Eles estavam insatisfeitos porque a Igreja da Inglaterra havia se reformado apenas parcialmente, conservando ainda muitos elementos do catolicismo romano que eles consideravam contrários as Escrituras. Queriam uma igreja purificada destes acréscimos, o que lhes ganhou o apelido de “Puritanos”. A firmeza com que defendiam suas convicções, o rigor teológico e exegético de suas obras, o modo de vida frugal, austero e simples que defendiam valeu-lhes uma reputação de gente inflexível, sisuda, pudica, e obtusa, especialmente depois que caíram em desgraça política na Inglaterra. Hoje, todavia existe um movimento de contornos mundiais que visa resgatar a importância do movimento puritano na história da Igreja.6

Ao estudar a vida dessas pessoas, nota-se logo de início, que grande parte dessa reputação é infundada. Os Puritanos eram pessoas incríveis, simplesmente abençoados por Deus pelo fato de escolherem “a boa parte”, escolherem servir ao Senhor de todo seu coração, alma e entendimento. Mesmo que isso lhes acarretasse perseguição, privações e até mesmo a incompreensão que reina até os dias de hoje.

1.1 COMO VIVIAM OS PURITANOS?

Os puritanos não viviam de qualquer maneira. É um erro achar que eles eram totalmente santos, mas é correto afirmar que a santificação em seu viver encabeçava a lista de prioridades de um puritano. “Assim como em muitas áreas da vida cristã, os puritanos são modelo para todos os crentes no que concerne à santificação”.7 Também é um erro afirmar que os puritanos eram pessoas com um estilo de vida qualquer. Como exemplo disso, seu trabalho era algo realmente sagrado, no sentido do termo: “dar glória ao Senhor”. Os puritanos eram pessoas essencialmente esforçadas, trabalhadoras, dormiam cedo e acordavam cedo. É importante notar que:

No todo o Puritano típico nos teria impressionado por trabalhar arduamente, ser econômico, sério, moderado, prático em suas perspectivas, doutrinário em assuntos religiosos ou políticos, bem informado a respeito dos últimos acontecimentos

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RYKEN, Leland. Santos no mundo: os puritanos como realmente eram. São José dos Campos: Editora Fiel, 1992. 22 p 6 BEEKE, Joel R.; PEDERSON, Randall J.. Paixão pela pureza. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 2010. 17 p. 7 BEEKE, Joel R. Vivendo para a glória de Deus. São José dos Campos, Editora Fiel, 2010. 207 p.

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políticos e eclesiásticos, argumentativo, bem educado e inteiramente familiarizado com o conteúdo da Bíblia.8

No presente século, em relação à sua agenda, talvez o Puritano fosse considerado como um workaholic,9 ou no mínimo um ativista diante dos inúmeros afazeres que compunham sua rotina. Entretanto, sua rotina continha muito mais espiritualidade e, a razão disso é que todas as tarefas empreendidas pelo puritano eram destinadas a glorificar o Senhor. Ao ler os historiadores falarem sobre seu estilo de vida, é nítida a diferença no discernimento e propósito das tarefas no dia a dia do puritano. “O mesmo espírito permeia o pensamento puritano na relação entre o esforço humano e a bênção divina. Cotton Mather afirmou: “Em nossas ocupações estendemos nossas redes; mas é Deus quem põe nas nossas redes tudo que vem nelas”. 10 É claro que o ideal de moderação dos puritanos os guardava de toda espécie de trabalho excessivo. Outro ponto que merece destaque no viver dos puritanos era a forma como tratavam suas famílias: O amor do qual falam esses puritanos é um êxtase emocional que arrebata o que ama à sua órbita. Henry Smith disse a seus congregados que no matrimônio deve haver “um unir de corações e um entretecer de afeições juntos”. William Gouge instou com esposas “a amarem seus maridos, tanto quanto os maridos deveriam amar suas esposas”, acrescentando: “Sob o amor todas as outras tarefas estão contidas: pois sem ele nenhum dever pode ser bem realizado”.11

Os puritanos tratavam as famílias com tamanha importância a partir do princípio que através de uma família estruturada na Palavra de Deus, a igreja e a sociedade poderiam ser reflexos desse viver bíblico. “Eles criam que a família era a unidade fundamental de uma sociedade santa”12. Existe aqui a necessidade da observância desse princípio, o de dependência de Deus, não da igreja ou da sociedade para a formação da família, mas unicamente da Bíblia Sagrada. A família era a força motriz que induziria tanto a igreja, quanto a comunidade a tornar-se mais parecida com Cristo e não o contrário. Existe atualmente uma dupla tragédia: de um lado, centenas de crentes protestantes colocam a culpa do fracasso familiar na ausência da igreja, enquanto essas mesmas famílias são atacadas constantemente pela proposta de projetos de lei absurdos e eventos patrocinados pelo estado, como por exemplo, as “paradas da diversidade” e as passeatas em prol do “orgulho LGBT”. Toda essa 8

RYKEN, Leland. Santos no mundo: os puritanos como realmente eram. São José dos Campos: Editora Fiel, 1992. 35 p 9 Workaholic (uôrcarrólic) (ingl) s m+f Pessoa que se dedica exclusivamente ao trabalho. 10 RYKEN, Leland. Santos no mundo: os puritanos como realmente eram. São José dos Campos: Editora Fiel, 1992. 47 p 11 Ibidem, 64 p 12 Ibidem, 88 p

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enxurrada de ataques contra a família cristã faz com que o retorno à Palavra de Deus e ao culto racional tanto na igreja, quanto doméstico, tenha destaque na agenda de prioridades do verdadeiro cristão protestante!

2. A RELEVÂNCIA DO PURITANISMO PARA A IGREJA EVANGÉLICA BRASILEIRA.

A igreja evangélica brasileira precisa retornar aos trilhos, no ponto onde perdeu seu rumo. Esse “acidente de percurso” pode ter sido em meio ao surgimento da teologia da prosperidade e o abandono da ortodoxia das Sagradas Escrituras quando a igreja perdeu seu foco e seu verdadeiro objetivo, ainda que graças a Deus não em sua totalidade. Inicia-se a defesa da relevância do exemplo de vida dos Puritanos, baseando-se na sua espiritualidade, sempre fundamentada nas Sagradas Escrituras. Os Puritanos sempre tiveram como prioridade a leitura e a aplicação, a verdadeira prática da Bíblia Sagrada em suas vidas. Notava-se a prática da Palavra de Deus desde o nascer do sol, até o último “boa noite”. Isso se deve a realidade de que essa “prática” tinha resultados concretos no estilo de vida puritano. Alguns autores podem dizer que a importância dos puritanos para a igreja pós-moderna foi a “perseverança em meio à perseguição” outros podem citar “os escritos deixados para nosso tempo”, Porém, sem o intuito de desmerecer todas essas coisas, a principal contribuição foi a estrutura de vida diária essencialmente bíblica. Já foi abordado nesse breve artigo que a “última coisa” que os puritanos estavam preocupados era com a “aparência externa”. O que realmente importava era o cerne da madeira, a essência do homem, do que ele era feito, quais suas ideias e objetivos. E se isso tudo não estivesse repleto da Palavra de Deus, provavelmente não poderia ser chamado de “viver puritano”. A triste realidade no meio da igreja evangélica brasileira - na atualidade - é a existência de uma total perda de “interpretação bíblica” que assola nossa nação e que não difere no restante do mundo. Por exemplo: enquanto esse artigo é escrito, é lançada, no mercado brasileiro a “bíblia da Inclusão”, uma “bíblia de estudo” voltada especificamente para os homossexuais, homo afetivos, travestis entre outros que se auto classificam como “excluídos da sociedade”. Ainda que os autores digam que tal livro pode ser usado por “qualquer cristão”. Fica a pergunta: “como pode ser lançada uma obra com essa característica, ser chamada de Bíblia, se a Bíblia Sagrada possui em seu cerne graves admoestações e proibições sobre esse tipo de prática e relacionamento?”

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Obviamente que para tal intento o texto sagrado da Bíblia precisaria ser modificado, alterado, ou pelo menos orientado a ser interpretado de maneira incorreta. No entanto, o autor do projeto define assim tal “empreendimento”: A versão utilizada na Bíblia Comentada [...] é própria [...] Os comentários refletem o pensamento do autor sobre os vários aspectos doutrinários, que permeiam o fazer cristão dos religiosos da igreja hodierna. Os textos bíblicos não serão alterados para favorecer grupos ou classes de pessoas, pelo contrário, a Bíblia Comentada [...] propõe uma versão que mescla a equivalência formal dos textos e a equivalência dinâmica, com o fito de proporcionar um entendimento mais fácil e aplicável dos textos sagrados; Embora os comentários bíblicos esclareçam sobre a inclusão eclesial dos homossexuais, transexuais e travestis, a Bíblia Comentada [...] não é uma material exclusivamente para Gays; o que significa dizer que ela não é uma “Bíblia Gay”, Como foi veiculado por alguns meios de comunicação. Admite-se dizer que a “Bíblia Comentada [...] é sim o “Livro do Inclusão.13

Na tentativa de interpretar o que o autor da obra deseja dizer, pode-se ver claramente que existe uma “promessa” de que o texto original da Bíblia não será alterado, entretanto, ao mesmo tempo, está implícita uma oferta que nas palavras do autor “propõe uma versão que mescla a equivalência formal dos textos e a equivalência dinâmica”, ou seja, mesclarem o certo com o errado, do exato com o que é relativo. O que está em pauta não é a discussão sobre esse “lançamento”, ou sobre essa “nova bíblia”, o que é verdadeiramente assustador e preocupante é o silêncio absurdo da igreja brasileira diante de tais ideologias. Quer seja no senado, quer nas livrarias, quer nas praças e ruas, um turbilhão de informações, credos e crenças são oferecidos como “verdade” e a igreja se encontra paralisada em seu ativismo egocêntrico. A vida modelada pelas Sagradas Escrituras demonstra que sempre existiram homens de Deus dispostos a entregar suas vidas pela pregação da verdade. Observa-se tal ato na vida dos Puritanos. Tais personagens históricos apregoavam o anúncio público do que era pecado em relação ao que era correto para o povo que Deus veio para salvar. Isso desde antes de João Batista a começar pelos profetas. Se esse não for um sinal claro para que a igreja evangélica brasileira, no mínimo, repense seus feitos na nossa nação, então a situação pode ser mais séria do que se pensa! Um grande problema do povo evangélico, talvez principalmente entre os da linha reformada, é de que o pensamento “hiper calvinista” possa estar permeando o estilo de vida e a ação dos crentes. O pensamento de que: “salvos e pronto” pode criar um hiato desnecessário entre a ação evangelística dinâmica e o alcance do perdido que é assolado todos os dias com diversas políticas e filosofias “inclusivas” como essa apresentada em mais um produto 13

DIREITO A FÉ. Graça Sobre Graça - Direito à Fé. Disponível em: . Acesso em: 08 nov. 2016.

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“gospel”. Somente a partir da conscientização e do retorno ao primeiro amor, bem como uma alteração no modo de vida no dia a dia do cristão brasileiro resultar efetivamente numa relevância cultural para a sociedade brasileira a partir da igreja. Observe a advertência do Dr. John Stott: “Poucos temas tem exercido tanto impacto nos últimos anos quanto o da homossexualidade. As rápidas mudanças sociais têm revelado um nível sem precedentes de aceitação da homossexualidade. Isso tem levado a uma mudança nas percepções ocidentais de questões tais como a natureza da sexualidade, o conceito de família, a educação das nossas crianças e a natureza dos direitos humanos. É nesse contexto que a igreja tem que oferecer liderança ao refletir biblicamente e responder de maneira adequada a esses temas. [...] Ao refletirmos sobre a mensagem da Bíblia e as exigências da nossa cultura, precisamos reafirmar nossa convicção na autoridade das Escrituras”.14

Se o povo evangélico não souber mais o que é a Bíblia Sagrada verdadeiramente, como poderá saber discernir o certo do errado? Partindo desse pressuposto é que se nota o cuidado e o zelo dos puritanos em manter a mensagem bíblica fiel ao seu autor. Aprendemos dos teólogos puritanos e da segunda reforma holandesa que devemos poupar-nos nas grandes verdades da santa Escritura. Os teólogos de ambos os movimentos acharam na santa Bíblia tudo quanto de que necessitavam. Acharam aqui um sistema de doutrina, um manual de culto e uma ordem eclesiástica que foi inspirada por Deus, compreensível, todo abrangente e totalmente irresistível. Devemos também apreciar essa autoridade e protegê-la da erosão. 15

3. CONCLUSÃO Conclui-se que três aspectos podem iniciar a mudança ou o reavivamento necessário na igreja brasileira a partir da vida e história dos Puritanos. Em primeiro lugar, a fundamentação da família na Palavra de Deus. Uma família estruturada e ajustada à Palavra de Deus modifica sua comunidade instantaneamente. É o efeito que a igreja primitiva teve sobre Jerusalém, Judéia, Samaria, bem como os confins da terra. O segundo aspecto Puritano é o retorno as Escrituras como centro da revelação de Deus. Mesmo as igrejas pentecostais podem ter primeiramente a Bíblia como instrumento de revelação divina e como regra de prática para seus membros. Finalmente, fazer uso da pregação expositiva e que no momento do compartilhar da Palavra de Deus, seja esse o ponto máximo do culto. Dessa maneira, pode-se iniciar uma revolução na maneira de pensar, viver e agir dos cristãos de modo que seja 14

JOHN STOTT – OS CRISTÃOS E OS DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS 465p BEEKE, Joel. Espiritualidade Reformada: Uma teologia prática para a devoção a Deus. São José dos Campos: Editora Fiel, 2014. 399-400 p 15

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restaurado o puritanismo necessário para os nossos dias. Não é uma questão de “romancismo ou saudosismo”. É uma questão de valores que não podem ser negociados e que, caso consigam ser resgatados, serão de grande valia para todo o povo de Deus.

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