PAISAGENS, VIAGENS E IMAGENS DE DIAMANTINA: UM RETRATO DA CIDADE POR LÚCIA MACHADO DE ALMEIDA E CECÍLIA MEIRELES

June 2, 2017 | Autor: Camila Souza | Categoria: Comparative Literature
Share Embed


Descrição do Produto

PAISAGENS, VIAGENS E IMAGENS DE DIAMANTINA: UM RETRATO DA CIDADE POR LÚCIA MACHADO DE ALMEIDA E CECÍLIA MEIRELES Camila de Souza Ramos/Mestranda Unimontes Orientadora: Drª. Ilca Vieira de Oliveira/ Unimontes O presente trabalho objetiva discutir sobre os aspectos da paisagem, da imagem, da viagem real e da fictícia em ambos os textos. Sendo estes, Passeio a Diamantina, publicado em 1960 por Lúcia Machado de Almeida, e Romanceiro da Inconfidência, em 1953, de Cecília Meireles. Analisaremos, nos dois textos, a forma como esses aspectos são representados na prosa e na poesia, como também o processo memorialístico utilizado ao recuperar a paisagem geográfica e a urbana da cidade do passado para o presente da escrita. Para este estudo, usaremos dois poemas de Cecília Meireles, “Romance XI ou do Punhal e da Flor” e “Romance XVII ou das Lamentações do Tejuco”, e os dois primeiros capítulos de Passeio a Diamantina. Dessa forma, abordaremos, à primeira vista, principalmente, o encontro da autora Almeida com a cidade de Diamantina, cujas paisagens daquele lugar remetiam a imagens do passado, traçando um paralelo com a poesia de Meireles. Assim, discutiremos a visão dessas duas escritoras que, como um bom viajante, segundo Michel Onfray “tem a capacidade de registrar as menores variações, é sensível aos detalhes, à informação microscópica.”.1 Dessa forma, vão conhecer a cidade do seu tempo, passear pelas ruas, adentrar nos casarões para reconstruir uma história que está marcada na arquitetura colonial, nos objetos dos antepassados, nas personagens históricas, nos costumes, na cultura popular, na religiosidade, dentre outros aspectos que fazem parte do patrimônio cultural de Diamantina. Sabemos que a literatura nos proporciona transitar no tempo, criar espaços, conhecer lugares por meio da memória, através de leituras de textos literários e outros gêneros. Como a proposta deste trabalho é estudar os fatores que compõem o retrato da cidade, parte-se de um texto não literário, o texto de Almeida, considerado como um guia, e de outra, literária, permeada pelo lirismo, pela subjetividade e pela ficcionalidade, como é caso de Romanceiro da Inconfidência. Analisaremos, assim, as diferentes formas de representação da cidade nos dois textos, bem como os limites ultrapassados por Almeida, ao dar vigor à sua escrita, para que não seja apenas um livro contendo informações a um turista, mas que o provoque e o sensibilize. 1

ONFRAY, 2009, p. 61.

Nesse contexto, o divagar, no relato de Passeio a Diamantina, é o que possibilita o retrato subjetivo dessa cidade, ao descrever as ruas, as casas, a arquitetura e todos os aspectos que compõem esse cenário. Veja-se, a seguir, a descrição: Algumas ruas são estreitas, cheias de cantinhos misteriosos e de casas minúsculas, como as da pequena cidade de Óbidos, em Portugal. O curioso é que, dentro da harmonia do estilo e do conjunto, não se encontra uma casa igual à outra. A fantasia dos habitantes expandiu-se nos ornatos, na pintura das cismalhas e beirais, na estamparia dos vidros da janela e sobretudo nas rótulas, de desenhos caprichosos. 2

No fragmento citado, é visível a sutileza nas descrições do narrador, ao informar sobre a cidade e também ao encantar o leitor através de uma leitura prazerosa, que se torna um convite para passear imageticamente pelas ruas de Diamantina. Assim como o urbano, o aspecto geográfico também tem o seu destaque. No texto, há uma série de descrições sobre a sua beleza natural, principalmente a natureza existente nos arredores da cidade. Com as suas descrições, percebemos como a escritora olha de uma forma particular para a cidade; como busca, através dos resquícios do passado, investigar a sua história, apresentado uma Diamantina que merece ser explorada pela beleza natural e pelos elementos históricos nela existentes. Nesse mesmo ponto de vista, Ítalo Calvino aborda que: A cidade não conta seu passado, ela a contém como as linhas da mão, escrita nos ângulos das ruas, nas grades das janelas, nos corrimãos das escadas, nas antenas dos pára-raios, nos mastros das bandeiras, cada segmento riscado por arranhões, serradelas, entalhes, esfoladuras. 3

Seguindo o pensamento de Calvino, podemos inferir que a cidade, com sua paisagem e tudo o que nela contém, possibilita, através de objetos antigos, da arquitetura e da projeção desse cenário, a leitura de imagens e de viagens para um tempo passado, de acordo com o olhar de cada um. Para muitas pessoas, tais aspectos podem passar despercebidos, enquanto que, para outras, já existe uma representação de tempos e de histórias passadas. Sobre esse aspecto, a forma de conduzir a viagem e de olhar para suas paisagens, Onfray o discute utilizando dois termos: o turista, que se conforma em apenas ver, em apreciar a cultura do outro, e o viajante, que quer ir além, quer entender e conhecer melhor a cultura do outro. Para melhor exemplificar seu pensamento, descreve: Viajar supõe menos o espírito missionário, nacionalista, eurocêntrico e estreito, do que a vontade etnológica, cosmopolita, descentrada e 2 3

ALMEIDA, 1960, p. 91. CALVINO, 1990, p. 14-15.

aberta. O turista compara, o viajante separa. O primeiro permanece à porta de uma civilização, toca de leve uma cultura e se contenta em perceber sua espuma, em apreender seus epifenômenos, de longe, como espectador engajado, militante de seu próprio enraizamento; o segundo procura entrar num mundo desconhecido, sem intenções prévias, como espectador desengajado, buscando nem rir nem chorar, nem julgar nem condenar, nem absolver nem lançar anátemas, mas pode pegar pelo interior, que é compreender, segundo a etimologia. O comparatista designa sempre o turista, o anatomista indica o viajante. 4

Nesse viés, o olhar do viajante é aquele que se infiltra no espaço alheio procurando compreendê-lo; é o olhar lançado à cidade como um mecanismo que conduz a viagens e projeções de imagens, de fatos que aconteceram num determinando tempo e que estão marcados pela presença dessas ruínas passadas. Observemos, agora, como a escritora Lúcia Machado lança o seu olhar a Diamantina: Riachos frescos e sinuosos sulcam a paisagem enfeitada de florinhas multicores, e um biombo de “quartzito” emoldura-lhe sua beleza. Quando se abrirem os poros de sua sensibilidade, você perceberá qualquer coisa de imponderável no ar, como se algo do que outrora sucedeu nestas paragens as houvesse marcado para sempre: zunido de chicotes rasgando carnes negras de escravos rebeldes... Suspiros abafados de casais apaixonados... Suspiros de intrigas e traições... 5

No fragmento mencionado, percebemos que a subjetividade presente nas descrições do narrador remete-nos à forma de olhar para Diamantina. Olhar particularizado e profundo, deixando-se conduzir pela sua sensibilidade, ao descobrir, nos detalhes da cidade, a história do seu passado. Nota-se, portanto, que esse olhar caracteriza um viajante que vai além da superficialidade das coisas, como podemos observar no próprio fragmento, em que a beleza natural de Diamantina remete a imagens do passado; os riachos frescos e sinuosos propiciam alusões a um passado histórico; os problemas da escravidão que perdurou por séculos no país; os romances e os conflitos marcados pela dor e violência; tudo isso são aspectos que possibilitam as diferentes interpretações do texto. Sendo assim, é perceptível o olhar do viajante em Passeio a Diamantina, o que não se difere da poesia de Cecília Meireles, como podemos observar no poema “Romance XVII ou das Lamentações do Tejuco”: Ai, que rios caudalosos, e que montanhas tão altas! Ai, que perdizes nos campos, e que rubras madrugadas! 4 5

ONFRAY, 2009, p. 58-59. ALMEIDA, 1960, p. 9.

Ai, que rebanhos de negros, e que formosas mulatas! Ai, que chicotes tão duros, e que capelas douradas! Ai, que modos tão altivos, e que decisões tão falsas... Ai, que sonhos tão felizes... que vidas tão desgraçadas! 6

No texto citado, pode-se ver que há um retrato de Diamantina revelando não só a beleza natural, a arquitetura da cidade, que está visível, a olhos nus, mas os sentimentos humanos, que requerem interpretação, questionamento e sensibilidade. Nesse poema, temos um eu lírico que se expressa de forma doída, com pesar e lamentações. Aspectos estes, que está marcado pelo uso repetitivo da interjeição ”Ai”, revelando o sofrimento do eu lírico em resgatar essas lembranças, como o próprio título do poema já diz: “Das Lamentações do Tejuco”. Lendo atentamente essa estrofe do poema de Meireles e o trecho mencionado de Almeida, verificamos que há uma semelhança entre essas duas escritas, embora uma esteja para o lírico, e a outra, para o prosaico, é perceptível que, em ambos os textos, estão sendo retratadas as mesmas coisas, com a mesma visão. Sendo, portanto, o olhar do viajante, porém de maneira distinta; enquanto, na poesia, a cidade de Diamantina está distante, na prosa, é a Diamantina do tempo presente da escrita. Dessa forma, as duas escritoras se posicionam de maneira profunda; indagam e procuram entender os fatos; e, por meio da visão de um viajante, recriam, em seus textos, as imagens da cidade, possibilitando ao leitor essa construção imagética. Nesse viés, os versos ceciliano nos remetem à descrição feita por Almeida, ao retratar uma visão panorâmica da cidade de Diamantina, mostrando ao leitor o histórico e o natural. Dessa forma, podemos dizer que há um entrelaçamento dessas duas escritas, prosa e poesia, que se conjugam na construção do retrato da cidade possibilitando, em dados momentos da leitura de Passeio a Diamantina, ler a poética de Meireles. Notamos que as duas escritoras, ao olharem para a cidade, buscam, com o manuseio das palavras no trabalho de suas escritas, projetarem, na mente do leitor, o cenário descrito em seus textos. A autora de Passeio a Diamantina oscila entre passado e presente para construir imagens da cidade, preocupando-se em situar o leitor nesse labirinto do tempo. Estabelece, assim, um diálogo com o mesmo, convidando-o a um passeio, em uma 6

MEIRELES, 2010, p. 60.

viagem memorialística, através dos aspectos históricos, presentes nos monumentos de Diamantina. Enquanto que, nos de Meireles, notamos um eu lírico saudosista, que recorda a cidade antiga e, assim, vai discorrendo sobre o seu passado, o seu crescimento, o ápice e o declínio. Em cada ponto de Diamantina há uma história, marcas do passado: como surgiu a Igreja de São Francisco de Assis, o Museu do Diamante, a Casa de Chica da Silva, a Casa da Glória, o mercado e a primeira rua do Tijuco. Enfim, monumentos que resistiram à força do tempo e estão presentes para relembrar o passado colonial dessa cidade para as gerações futuras. Passear pelas ruas de Diamantina, como Lúcia Machado nos convida em seu texto, é fazer uma viagem imaginária a essa cidade; é conhecer a sua origem, os seus encantos, a sua beleza e a sua cultura. Passeio a Diamantina guia o leitor ao conhecimento, levando-o a imaginar, a construir em sua mente um retrato da cidade. Dessa forma, as escritoras retratam a cidade com suas fases e mudanças; e as pessoas que protagonizaram os dramas da sua história, como por exemplo, o caso da perseguição do Ouvidor Bacelar ao contratador Caldeira Brant, fato este que foi motivo de intrigas e de traições, como vemos a seguir: E o povo do Tijuco vivia alegre e feliz naquele ano da graça de 1751 do nascimento do Nosso Senhor Jesus Cristo. [...] Ora, aconteceu que, naquele já citado ano, o Tijuco se preparou para comemorar com solenidades excepcionais as cerimônias da Semana Santa na Igreja de Santo Antônio. Veio muita gente do Sêrro Frio (Vila do Príncipe), inclusive o novo ouvidor Bacelar, que acabava de chegar de Lisboa. Eis que entra no templo Felisberto com sua mulher, filhos e uma linda jovem, sua parenta. Mal pousara os olhos na môça, o Ouvidor dela não mais os pôde tirar. [...] e, arrancando a flor que trazia à lapela [...] atirou-a no colo da bela. O escândalo foi grande. [...] Terminada a festa, os dois homens se encontraram e discutiram. Exaltado, Cadeira Brant deu uma punhalada no Ouvidor [...]. 7

No fragmento de texto citado, percebemos, em sua descrição, a atitude de descompostura do senhor Ouvidor, que foi motivo de falatório entre os presentes e de briga com o Contratador Felisberto Caldeira Brant, que se sentiu insultado pelo cortejo de Bacelar à sua parenta. Em discussão, deu-lhe uma punhalada; por sorte do Ouvidor, nada lhe aconteceu; o botão de metal fez deslizar a lâmina do punhal, e a confusão, segundo a autora, só foi cessada com a intervenção do padre Cambraia, o qual lhes mostrava um crucifixo, símbolo sagrado de Cristo. O mesmo episódio é retratado em

7

ALMEIDA, 1960, p. 38-39.

Romanceiro da Inconfidência, no qual, liricamente, é reproduzida a cena do conflito entre Bacelar e Caldeira Brant no “Romance XI ou do Punhal e da Flor”: Rezando estava a donzela, rezando diante do altar. E como a viam mirada pelo Ouvidor Bacelar! Foi pela Semana Santa. E era sagrado, o lugar. Muito se esquecem os homens, quando se encantam de amor. Mirava em sonho, a donzela, o enamorado Ouvidor. E em linguagem de amoroso arremessou-lhe uma flor. Caiu-lhe a rosa no colo. Girou malícia pelo ar. Vem, raivoso, Felisberto, seu parente, protestar. Era na Semana Santa. E estavam diante do altar. Mui formosa era a donzela, E mui formosa era a flor. Mas sempre vai desventura onde formosura for. Vede que punhal rebrilha na mão do Contratador! Sobe pela rua a tropa que já se mandou chamar. E era à saída da igreja, depois do ofício acabar. Vede a mão que há pouco esteve contrita, diante do altar! Num botão resvala o ferro: e assim se salva o Ouvidor. Todo o Tejuco murmura, – uns por ódio, uns por amor. Subir um punhal nos ares, por ter descido uma flor! 8

O próprio título do poema já é uma sintaxe do episódio; o punhal, representação da luta entre o Ouvidor e Contratador, e a flor, o símbolo da conquista, da desavença e também da fragilidade. Podemos perceber nos versos ceciliano, os recursos na qual a poetisa utiliza para sensibilizar o seu leitor, como por exemplo, a metáfora da flor e da donzela, já que ambas são representações de algo sensível, delicado e também 8

MEIRELES, 2010, p. 61-62.

formoso, que contrasta com o punhal, que é de aço, representa força, luta, conflito e dor. Assim, é visível nos versos de Meireles, a sequência das imagens das cenas ocorridas; da donzela rezando, do cortejo e da discussão entre o Bacelar e Caldeira Brant, formando o pequeno enredo do romance. Dessa forma, observamos, mais uma vez, um entrelaçamento dos dois textos, escritas que se aproximam com a subjetividade contida em reproduzir os dramas e suas emoções. Em ambos os relatos, é explícita a indignação do Contratador e do povo do Tijuco com a atitude indecorosa do Ouvidor, ao cortejar a jovem donzela em um templo sagrado. Esse sentimento de indignação, tomado pelos defensores de Felisberto e por ele próprio, revela o conservadorismo familiar e a intolerância dos mesmos diante de uma situação constrangedora que, ironicamente, está expressa nos versos: “Subir um punhal nos ares/ Por ter decido uma flor!”. Fato que foi sinônimo de desrespeito à família e, principalmente, à figura patriarcal, neste caso, o Contratador Felisberto; sendo que não só a moça estaria sendo desrespeitada, mas também o próprio Felisberto, se não tomasse nenhuma atitude para defender a honra de sua família. Notamos, assim, que uma atitude como a do Ouvidor era totalmente inadmissível; marca cultural de um sistema colonial no qual os valores familiares eram bastantes conservadores, e o poder centrava-se nas mãos do homem, o patriarca da família. Outro aspecto relevante é a religiosidade, as comemorações e o respeito pelos objetos sagrados, como nos revela o texto de Almeida, no qual a briga entre o Contratador e o Ouvidor só foi acalmada com a mostra do crucifixo, lembrando aos dois do sofrimento de Cristo, além de que estavam na igreja, diante de um lugar sagrado. Os textos de Almeida e de Meireles retratam a cidade de Diamantina e as pessoas que nela habitaram, propiciando ao leitor não só um roteiro capaz de guiá-lo em um passeio turístico, mas uma leitura de descobertas e de fascinações, sobretudo, um conhecimento antes mesmo de conhecê-la. A forma como as autoras conduzem suas narrativas é condizente ao processo de viajar, aquele que leva tempo em olhar, em que é vagarosa a sua passagem e tem-se a necessidade de construir e reconstruir imagens. É um viajar por meio das palavras, um descobrimento da história de Diamantina; é um passeio em quase três séculos passados em que, ao percorrer os monumentos históricos, resgatam imagens de ruínas passadas, trazendo a sensação de transitoriedade e deslocamento de um tempo para outro em seus textos. Dessa forma, olhar para Diamantina, como é abordado pela própria escritora, Almeida, é abrir os poros da sensibilidade. É deixar-se levar pelo emaranhado

de sua história, permitindo que os fantasmas do passado teçam seus dramas, assim como os fantasmas da Inconfidência conduziram Meireles a criar o seu texto, Romanceiro da Inconfidência. Assim, o retrato da cidade de Diamantina é essa mesclagem de passado e de presente, juntamente com os seus conflitos. Conforme aborda Carlos Antônio Leite Brandão: Lugar de revolta, mas também de liberdade e emancipação, a cidade é o lugar por excelência dos conflitos e da conciliação. Ela também contém em si vários tempos e espaços e abriga todas as esferas da vida física, espiritual e humana. Sua sorte é também a sorte de nossa sociabilidade e de nosso destino histórico e cultural. 9

Nessa perspectiva, Brandão aborda sobre os acontecimentos que sobressaltam aos olhos de um ser viajante, em que as imagens desse lugar, fazem com que meditamos sobre os fatos que ocorreram naquele determinado lugar. Características essas, presentes nos textos estudados, em que as autoras, Almeida e Meireles, por meio de suas escritas conduzem o leitor atento a viajar no tempo, e também no espaço, possibilitando o mesmo a construção de um retrato imagético da cidade de Diamantina. Em suma, neste artigo abordamos como o texto, Passeio a Diamantina, e os poemas “Romance XI ou do Punhal e da Flor” e “Romance XVII ou das Lamentações do Tejuco”, de Romanceiro da Inconfidência, propicia uma leitura de conhecimento, imaginação e, sobretudo, de encantamento.

RESUMO

PAISAGENS, VIAGENS E IMAGENS DE DIAMANTINA: UM RETRATO DA CIDADE POR LÚCIA MACHADO DE ALMEIDA E CECÍLIA MEIRELES

O presente trabalho tem como objetivo apresentar um estudo sobre as imagens, paisagens e viagens da cidade de Diamantina, em Passeio a Diamantina, de Lúcia Machado de Almeida, e em Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles. As escritoras, em seus textos, reconstroem o passado dessa cidade, resgatando, para o presente de suas escritas, os fatos históricos da cidade e seus personagens. Lúcia Machado, ao conhecer e estudar sobre a cidade reproduz, em sua escrita, um retrato da mesma, possibilitando, assim, que o seu leitor passeie imageticamente pelos seus relatos. Visita, desse modo, cada monumento e igreja, apreciando cada objeto, cada pintura e cada escultura. O mesmo ocorre na poesia de Cecília Meireles, ao resgatar, em seus poemas, as histórias e os sentimentos humanos.

Palavras-chave: Cidade de Diamantina. Imagem. Viagem. Paisagem.

9

BRANDÃO, 2006, p. 11.

ABSTRACT LANDSCAPES, TRAVEL AND IMAGES OF DIAMANTINA: A PORTRAIT OF THE CITY BY LUCIA ALMEIDA MACHADO AND CECILIA MEIRELES This work aims to present a study about the images, landscapes and travel of Diamantina city, in Passeio a Diamantina, by Lucia Machado de Almeida, and Romanceiro da Inconfidência, by Cecilia Meireles. The writers, in their texts, reconstruct the past of that city, rescuing, for the present of their writings, the historical facts of the city and its characters. To study and know the city, Lucia Machado play in her writing, a picture of it, and thus make the reader wander imagetically for her reports. They visit, in this way, each monument and each church, enjoying every object, every painting and every sculpture. The same occurs in the poetry of Cecilia Meireles that rescue in her poems, stories and human feelings.

Keywords: Diamantina city. Image. Travel. Landscape.

REFERÊNCIAS ALMEIDA, Lúcia Machado. Passeio a Diamantina. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1960. BONAPACE, Adolfina Portela. O Romanceiro da Inconfidência: meditação sobre o destino do homem. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1974. BRANDÃO, Carlos Antônio Leite (Org.). As cidades das cidades. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006. CALVINO, Ítalo. As cidades invisíveis. Trad. de Diogo Maionardi. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. CARVALHO, Elinor de Oliveira. A metonímia do Romanceiro da Inconfidência. 1988. 183 f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1988. CASTRO, Marilda de Souza. Romanceiro da Inconfidência: (Um diálogo entre Literatura e História). 2001. 144 f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2001. CERTEAU, Michel de. GIARD, Luce. MAYOL, Pierre. A invenção do cotidiano 2. Morar e cozinhar. 6. ed. Trad. de Efhraim Ferreira Alves. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1996. LAURITO, Ilka Brunhilde. Tempos de Cecília. São Paulo: FFLCH / USP, 1975. MACHADO, Lourival Gomes. Barroco mineiro. 4. ed. São Paulo: Perspectiva, 2003.

MACHADO FILHO, Aires da Mata. Arraial do Tijuco, cidade de Diamantina. 3. ed. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidades de São Paulo, 1980. MANGUEL, Alberto. Lendo imagens: uma história de amor e ódio. Trad. de Rubens Figueiredo et al. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. MANNA, Lucia Helena Sgaraglia. Pelas trilhas do Romanceiro da Inconfidência. Niterói: UFF, 1985. MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. Porto Alegre, RS: L&PM POCKET, 2010. MEIRELES, Cecília. Cartas para Lúcia Machado de Almeida. In: Acervo de Lúcia Machado de Almeida. UFMG, Belo Horizonte. NAZARIO, Luiz (Org.). A cidade imaginária. São Paulo: Perspectiva S.A., 2005. ONFRAY, Michel. Teoria da viagem. Trad. de Paulo Neves. Porto Alegre, RS: L&PM, 2009. PARAENSE, Sílvia. Cecília Meireles: mito e poesia. 1999. 208 f. Dissertação (Mestrado em Letras) – Programa de Pós-graduação em Letras, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 1999. SANTOS, Joaquim Felício. Memórias do distrito diamantino. 4. ed. Belo Horizonte, Ed. Itatiaia; São Paulo, Ed. da Universidade de São Paulo, 1976. SILVA, Rosiane Viana. A relação epistolar de Cecília Meireles com Lúcia Machado de Almeida. In: COLÓQUIO INTERNACIONAL DE ESTUDOS LINGUÍSTICOS E LITERÁRIOS, 1., 2010, Maringá. Anais.... Maringá: UEM/ PR, 2010.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.