PALMAS PARA JOÃO CRISTIANO

PALMAS PARA JOÃO CRISTIANO


Autora: Ana Maria Machado

Ilustradora: Maria Inês Martins



Ao escrever um livro em homenagem ao bicentenário
do escritor Hans Christian Andersen, Ana Maria Machado apresenta uma visão
biográfica, da vida de Hans Christian, para crianças.

A autora tenta captar a atenção do leitor ao
apresentar Hans Christian como João Cristiano e iniciar um relato em que
mistura vida e obra do homenageado.

Na primeira parte, faz um perfil do personagem
famoso e descreve sua infância, num extenso e confuso relato, em que as
informações da biografia de Hans Christian são entrelaçadas com histórias e
situações criadas pela autora.

Na seqüência do livro, ao apresentar o perfil e a
personalidade de Hans Christian, não o revela de maneira adequada ao seu
leitor: "... muita gente achava que ele era um sujeito esquisito,
desengonçado, meio chato... uma alma complicada". E, ao introduzir a fase
adulta de Hans Christian, a autora confunde ainda mais o jovem leitor ao
escrever: "Mas o fato é que pouco depois ele começou a escrever umas coisas
diferentes – histórias para crianças." Neste momento, Ana Maria Machado faz
surgir à nossa frente, um ser amadurecido, brincalhão, divertido, sonhador
e poético e só um pouquinho triste. Seria possível? Seria adequada a
apresentação de um autor reconhecido, aplaudido, cuja fama e glória
ultrapassam continentes e séculos, passar por uma análise tão superficial?
Mesmo que esta análise seja para apresentá-lo ao público infantil.

Ao tentar unir vida e obra num livro biográfico, Ana
Maria Machado não oferece a verdadeira dimensão do conjunto da obra de Hans
Christian que ao atravessar séculos, se imortaliza e universaliza. Pois,
Hans Christian,ao direcionar o olhar para dentro de si e para o mundo a sua
volta, parece reconhecer um mundo rico de contradições, e consegue de uma
maneira virtuosa colocá-las em suas histórias. Uma obra que se renova cada
vez que é lida, ouvida e sentida por pequenos leitores ao redor do mundo.

Por sua vez, Ana Maria Machado pinça os melhores
contos de Hans Christian, sempre os relacionando ao escritor, ao seu tempo,
e a sua história, mas, ao oferecer rápidos resumos e observações de cada
obra, não consegue captar o interesse e a atenção de seus leitores para a
história de um menino que, ao contar sua história e sua visão de mundo,
oferece um belíssimo tesouro de contos que falam da alma humana: medo,
abandonos, alegria, tristeza, fantasia, sonhos... muitos sonhos.

Uma homenagem menor ao grande escritor.

Um projeto gráfico de boa qualidade, apresentado
com uma capa de cor amarela e letras coloridas, papel de excelente
qualidade. As ilustrações de Maria Inês Martins são em cores suaves e estão
presentes em todas as páginas do livro. Suas ilustrações para o texto de
Ana Maria Machado não suscitam questões ou questionamentos, simplesmente
reproduzem o texto. As imagens emolduradas por um traço preto retiram a
leveza das cores suaves das ilustrações.

Ana Maria Machado detentora do Prêmio Hans
Christian Andersen, fazendo parte da imensa platéia que aplaude de pé e
homenageia o reconhecido autor, ficou devendo para seus leitores um texto
mais poético, mais criativo, mais sensível sobre a vida e obra de Hans
Christian Andersen.