Para um Modernismo em Portugal
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Contexto e cultura – apontamentos para o modernismo em Portugal Com o fim da segunda grande guerra, o surgir de novas democracias, e uma oposição acordada pela queda do fascismo na europa, suscita o despertar de novas reflexões culturais, o que fez com que em Portugal na passagem da década de40 para os anos 50 se desse o início de uma reflexão sobre o modernismo na arquitectura Portuguesa. Foi a partir do final da guerra que uma atmosfera de liberdade marcou uma geração de jovens para essa reflexão nível cívico como artístico e estético. A própria sociedade Portuguesa, com o final da grande guerra sofre uma ruptura, apesar de nos situarmos a par da guerra, havia uma consciência geral nova, onde influenciou a cultura, a economia e a política profundamente, abalando as bases onde Oliveira Salazar assentava. Acabou por “cair da cadeira”, pois difundia uma visão que visava a possibilidade de democracias mudarem a situação política no país. O estado Novo sobrevive à guerra, mas não da mesma forma que nos anos 30, pois a economia, com uma crise global e uma nova consciência social irão aumentar fortemente oposições ao regime vigente. Contudo as conveniências dos Aliados Ocidentais e certas medidas tomadas irão permitir uma estabilização no regime por mais 20 anos, e para a estabilização de muitos monopólios. A Oposição vislumbrava condições para existir um rápido derrube do estado Novo. Em Julho de 1946, um ano após o fim da guerra, o sector intelectual do MUD |Movimento da Unidade Democrática| organiza a 1ª EGAP |Exposição Geral de Artes Plásticas| que reunia um conjunto de obras com um carácter estético muito ecléctico. José Augusto França na “Exposição Geral de Artes Plásticas” aponta os “Artistas académicos e também modernistas, jovens que surgiam em franca antipatia ao regime, arquitectos de empenho social, formavam um todo, a vários títulos, heterogéneo.” As “Gerais” abriram a par de uma ideologia no Neo‐Realismo, uma nova identidade de um todo, onde todas as artes se juntavam, onde a imagem do homem disperso e incompleto estava em vias de se transformar num todo. “Artistas” pendiam nessa nova realidade contemporânea, e na busca dela. Essa procura desfez as “escolas”, e essa busca uniu a pintura e a fotografia, porque essa realidade existencial era a mesma e a procura idêntica, e era simultaneamente uma contestação política e o inicio da integração das três artes. Este pensamento fez parte da realidade de muitos jovens arquitectos, de uma geração que viu meios para os novos ideais estéticos, uma realidade económica e um meio social que justificava essa nova realidade, funcionalista, que partia movimento moderno na arquitectura. O I Congresso Nacional da Arquitectura, cujo antecessor o CIAM, no movimento moderno na arquitectura, foi fundamental para a compreensão da produção arquitectónica, elaborando um “manifesto”, anónimo, colectivo e humilde, com bases nessa ordem do neo‐realismo. As “Gerais” vão juntando e divulgando o neo‐realismo Português, com uma forte marca democrática, influenciadas por Mário Dionísio, e onde surge já keil do Amaral, cujo papel irá dinamizar a classe dos Arquitectos, substancialmente essas gerações mais novas. Ao contrário da 2ª, a 3ª EGAP em Maio de 48, simultaneamente à Magna exposição de obras públicas, fez uma selecção do que havia de mais moderno e a “par dos modernos”, onde são expostos em Lisboa trabalhos de Arménio Losa e Cassiano Barbosa do Porto. As “Gerais” permitiram assim uma visão de um percurso de arquitectos com uma atitude polemica à arquitectura do Estado.
As sucessivas organizações e instituições de divulgação ao movimento vão solidificando exaltações. O ICAT, também de 1946, (Iniciativas Culturais Arte Técnica), dinamizado também por Keil do Amaral, com sede no atelier de João Simões, permitiu a reunião e debate de muitos arquitectos desta nova geração, que irá ter um papel base para a ODAM. O ODAM, iniciava‐se no Porto no ano de 1947, com o objectivo de divulgar os princípios e a problemática da arquitectura moderna. Mas pela primeira vez assumidamente moderno. De facto poderíamos indicar as outras organizações como o antecessor de Carlos Ramos na Escola do Porto, Rogério de Azevedo, onde no mesmo ano e no mesmo sitio seria capaz de fazer uma obra “à antiga portuguesa” e uma garagem “modernista”, onde esse modernista é mais uma problemática estética do que em si o novo programa. O lema “Os nossos edifícios são diferentes dos do passado porque vivemos num mundo diferente” reinava no Porto e nas exposições que vinham realizando. Fernando Távora, discípulo de Carlos Ramos, apesar que no Norte, vinha de um meio idêntico ao de Keil do Amaral, ambos de uma classe distinta daquela que queriam melhorar, porta‐ vozes de valores e cultura, problematizavam o habitar. Nesse mesmo ano, antecedendo o ODAM, o arq. Fernando Távora publica um inovador ensaio para o “Problema da Casa Portuguesa”. Contrabalançando com a obra de Raul Lino, “A Casa Portuguesa” Essa problematização já não era nova, na verdade chegava com 20 anos de atraso, a questionação da habitação, e dos novos modos de viver, novos programas e equipamentos, como o problema da habitação colectiva, e o uso de novas técnicas e a recriação da tecnologia dos materiais para novos usos. Mas essa problematização antropológica e social não descurava uma estética do edifício assente em pilotis, a planta livre ou o alçado livre, a janela em cumprimento e com grande “finale” a cobertura em terraço. O MRAR não partia do ICAT de Keil do Amaral, nem do ODAM de Fernando Távora, cuja manifestação, Nuno Teotónio Pereira organizava com base numa manifestação publica em 1953, “Movimento de Renovação de Arte Religiosa”, Teve um papel importante na exposição de Arquitectura Religiosa Contemporânea”, e na reflexão e divulgação enquanto estudante, pós 1943, publicações de Le Corbusier, tal como sobre a “cite Radieuse” e a Carta de Atenas. Nos primeiros trabalhos é formalmente reclamado do estilo internacional, tendo tido um papel fundamental para a evolução da arquitectura moderna. Em Portugal chegava novas visões para um “novo mundo”, tal como reconheceu muito depois Keil do Amaral; “Nunca tínhamos tido oportunidade de falar de arquitectura, de maneira que dissemos tudo o que considerávamos importante, de uma maneira caótica, mas cheia de vida, e de intenções religiosas,… acreditávamos que havia um mundo novo em gestão, mais belo e equitativo e que tínhamos um papel importante a desempenhar nele: uma função social.”
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