PARADIGMAS DA INTELIGÊNCIA NA PSICOLOGIA: CONSEQUÊNCIAS PARA O ESTUDO SOBRE O DESENVOLVIMENTO DO SELF E DA AUTOCONSCIÊNCIA NA PSICOLOGIA COGNITIVA

May 24, 2017 | Autor: Antonio Roazzi | Categoria: Self and Identity, Inteligencia, Autoconsciência, teoria Triárquica
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- Revista EDUCAmazônia - Educação Sociedade e Meio Ambiente, Humaitá, LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA – ISSN 1983-3423 – IMPRESSA – ISSN 2318 – 8766 – CDROOM – ISSN 2358-1468 - DIGITAL ON LINE

Ano 9, Vol XVII, Número 2, Jul-Dez, 2016, Pág. 8-37.

PARADIGMAS DA INTELIGÊNCIA NA PSICOLOGIA: CONSEQUÊNCIAS PARA O ESTUDO SOBRE O DESENVOLVIMENTO DO SELF E DA AUTOCONSCIÊNCIA NA PSICOLOGIA COGNITIVA Renê Marcelino da Silva Júnior1 Alexsandro Medeiros do Nascimento2 Antonio Roazzi3 Resumo: O presente estudo objetivou estabelecer relações entre inteligências específicas e os processos de construção do Self por meio da autoconsciência, à luz de dois modelos teóricos da inteligência na psicologia cognitiva: o primeiro refere-se a teoria CHC que postula uma estrutura integrada da inteligência composta por fatores específicos, intermediários e um fator geral; e o segundo que trata da teoria triárquica da inteligência a qual descreve as facetas prática, analítica e criativa definindo os componentes de processamento cognitivo necessários a resolução de tarefas. É plausível hipotetizar que os fatores gerais da inteligência e suas decorrentes formas de raciocínio, assim como as facetas de processamento inteligente, otimizem o trabalho dos mediadores cognitivos da autoconsciência na produção de informação sobre o Self com consequente complexificação do autoconceito. Os apontamentos levantados neste estudo definem uma agenda de pesquisas para um preciso tratamento empírico das possíveis interferências das inteligências sobre os processos autoconstrutivos no seio da autoconsciência. Palavras-chave: Autoconsciência; inteligência; self; teoria CHC; teoria Triárquica. Abstract: The present study aimed to establish relations between specific intelligences and the processes of construction of the Self through self-awareness, in the light of two theoretical models of intelligence in cognitive psychology: the first refers to the CHC theory that postulates an integrated structure of intelligence composed by specific factors - intermediate factors and a general one; and the second that deals with the triarchic theory of intelligence which describes the practical, analytical and creative facets defining the components of cognitive processing required to solve tasks. It is plausible to hypothesize that the general factors of intelligence and its resulting forms of reasoning, as well as the facets of intelligent processing, optimize the work of the 1

Licenciatura em Biologia pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), e Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Cognitiva – UFPE. Endereço eletrônico de contato: [email protected]. 2

Adjunto no Departamento de Psicologia da UFPE, Professor Permanente no Programa de PósGraduação em Psicologia Cognitiva, e Coordenador do Laboratório de Estudos da Autoconsciência, Consciência, Cognição de Alta Ordem e Self – LACCOS / UFPE. Endereço para Correspondência com os autores: Programa de Pós-Graduação em Psicologia Cognitiva, Av. da Arquitetura, s/n, Centro de Filosofia e Ciências Humanas – CFCH, 8º Andar, 50740-550, Recife – PE, Brasil. Telefones: [55-81] 2126-8272 / 2126-7330. Fax: [55-81] 2126 7331. Endereço eletrônico de contato: [email protected]. 3

Professor Titular no Departamento de Psicologia da UFPE. Endereço eletrônico de contato: [email protected].

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cognitive mediators of self- awareness in the production of information about the Self with consequent complexity of self-concept. The notes raised in this study define a research agenda for a precise empirical treatment of possible interferences of the intelligences on the self-constructive processes in the heart of self- awareness. Keywords: Self-awareness; intelligence; self; CHC theory; Triarchic theory.

Introdução Nos últimos anos as investigações em psicologia seguem uma intensa procura pela definição do conceito de Inteligência e uma série de questões relacionadas a ela no que diz respeito à influência sociocultural, biológica, aos métodos para investigá-la, etc., e as diferentes perspectivas, sejam elas neurobiológicas, psicológicas, e antropológicas, as quais têm mobilizado intenso esforço em caracterizar tal fenômeno (e.g., Ceci & Roazzi, 1994; Roazzi, O’Brien, Souza, Dias & Roazzi, 2008; Roazzi & Souza, 2002). De fato, as teorias variam em razão da tradição de pesquisa herdada podendo ser classificadas, de modo geral, em três grandes abordagens: a fatorial ou psicométrica, a desenvolvimental e a cognitiva (Almeida, 1988; Almeida & Roazzi, 1988). Em um enfoque histórico das investigações psicológicas, a tradição psicométrica dominou por muito tempo o campo dos estudos da Inteligência até o início dos anos 70. Ela tem como princípio básico explicação sobre a estrutura da Inteligência principalmente a partir do recurso da análise fatorial que permite encontrar os componentes do fenômeno em estudo com base nas diferenças individuais no desempenho em testes. Nesta perspectiva encontramos as primeiras referências nos trabalhos de Alfred Binet que elaborou a primeira escala de mensuração da inteligência, em que a partir de uma série de capacidades procurava determinar a idade mental dos indivíduos a qual era comparada com os índices de sujeitos de mesma idade para diferenciar níveis de 9

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inteligência superior, inferior e mediano. Terman (1937, citado em Roazzi et al., 2007), a partir da Escala proposta por Binet cria a noção de Quociente de Desenvolvimento Intelectual (QI). Spearman e Jones (1951), através do uso de análises fatoriais, distinguem fatores que comporiam a base de qualquer ação inteligente sendo eles um fator geral (fator g) e vários fatores específicos. O fator g seria o componente que permeia todo o desempenho intelectual e os específicos seriam relevantes para o desempenho em tarefas particulares. Thurstone (1938) propôs uma teoria de Inteligência baseada em sete habilidades mentais primárias, como compreensão verbal, facilidade numérica, memória, velocidade perceptual, visualização espacial, fluidez verbal e raciocínio indutivo. Tal autor se opunha à ideia de um núcleo geral para inteligência, mas sim fatores independentes. A análise destes fatores possibilitou a extração de fatores de segunda ordem levando-o a aceitar a proposta de um fator g como componente estrutural da inteligência (Roazzi et al., 2007; Almeida, 1994). Guilford (1967) apontou um número ainda maior de aptidões diferenciadas, combinando operações mentais, conteúdos e produtos descritivos das tarefas cognitivas. A expansão da ideia de um fator geral da Inteligência encontra espaço no modelo hierárquico de Vernon (1965) em que ele postula uma pirâmide na qual o seu vértice representa a posição do fator g, abaixo estão os fatores que descem na pirâmide para um maior nível de especificidade. Na mesma direção, ampliando a ideia de um fator g, Cattell (1987) desmembrou tal capacidade geral em dois fatores: as Inteligências fluida e cristalizada a partir de extensa análise sobre os testes produzidos num intervalo de 60 anos, elaborando sua teoria Gf-Gc da Inteligência, fazendo progredir uma compreensão da

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Inteligência como um conjunto multidimensional de habilidades específicas que podem atuar independentes e em conjunto (Roazzi et al., 2007). Assim, acompanhando a evolução das teorias psicométricas verifica-se o caminhar das teorizações num movimento de teor conciliatório que congregasse tanto as capacidades gerais com as capacidades específicas para a definição da estrutura da inteligência. A síntese mais atual no campo da psicometria que tenta conciliar de maneira mais ampla fatores gerais e específicos da inteligência é a Teoria CattellHorn-Carroll das Habilidades Cognitivas (Teoria CHC) representando um modelo integrativo das últimas versões estruturais da inteligência (Santos & Primi, 2005), a qual será a segunda das concepções de inteligência adotadas pela presente reflexão investigativa. Pouco se tem discutido sobre as relações entre as inteligências e os processos de construção do Self, muito embora as investigações tenham se debruçado sobre alguns processos relacionados ao Self como autoestima, autoeficácia, autoconceito, etc., não encontramos estudos relacionando os mecanismos cognitivos subjacentes aos processos de autoconstrução e as habilidades cognitivas postuladas pelas teorias da inteligência. Neste sentido, o presente estudo objetiva estabelecer relações entre inteligências e os processos de construção do Self à luz de dois modelos teóricos de inteligência, a saber, o modelo CHC das habilidades cognitivas e o modelo de Processamento da informação, examinando o envolvimento das habilidades cognitivas e dos processos de raciocínio nas operações da autoconsciência, esta tomada enquanto ferramenta psicológica de processamento, identificação e armazenamento de informação sobre o Self.

Na próxima seção apresentamos o modelo fatorial da

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inteligência descrevendo a hierarquia organizacional de suas dimensões; na segunda seção descrevemos o paradigma do processamento da informação e na última seção trataremos a participação dos fatores e processos da inteligência nos processos autoconstrutivos, tomando autoconsciência como função basilar para construção do Self, expondo algumas notas introdutórias no sentido de estender o escopo ampliado de considerações sobre as relações intersistêmicas entre Self e processos cognitivos gerais.

Um Modelo Hierárquico de Inteligência na Psicometria A ideia de um fator geral que permeia as habilidades específicas na estrutura da Inteligência aparece de modo aprofundado nos trabalhos de Cattell (1998). Ele avaliou as correlações entre o fator g de Spearman e as capacidades primárias de Thurstone e verificou a presença de duas capacidades gerais: a inteligência fluida (Gf) e a inteligência cristalizada (Gc). A diferença entre estas duas capacidades tem como critério a “maior ou menor sensibilidade aos processos de aculturação e à experiência em geral” (Roazzi, et al., 2007. p.5), de forma que a Inteligência fluida está relacionada aos processos lógicos que tem por base o raciocínio indutivo e dedutivo, sendo estes concebidos como habilidades que sofrem influências dos fatores biológicos e neurológicos, portanto pouco sensíveis as influências culturais; por sua vez, a Inteligência cristalizada está relacionada às habilidades e conteúdos decorrentes dos processos de aculturação e experiência educacional (Cattell, 1998). Horn (1991) decidiu ampliar a proposta de Cattell (1998) fazendo-a evoluir para um modelo multidimensional. Ele propôs que a inteligência não estaria organizada somente em dois fatores de cunho geral, mas em nove habilidades intelectuais:

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Inteligência Fluida, Inteligência Cristalizada, Processamento Visual, Processamento Auditivo, Memória de Curto Prazo, Memória de Longo Prazo, Rapidez de Processar, Rapidez de Decidir e Habilidade Quantitativa (McGrew, 2003). Na mesma direção, Carrol (1993) fez uma varredura dos últimos 60 anos na literatura científica, selecionou 461 conjuntos de dados de 1500 referências nas quais estavam incluídos quase todos os mais importantes e clássicos estudos da estrutura da Inteligência feitos pela abordagem fatorial e efetuou uma reanálise utilizando métodos mais avançados.

Este estudo resultou em um modelo hierárquico da Inteligência

chamado Teoria dos Três Estratos. O nome “Estrato” refere-se à ideia de camadas dispostas em três níveis em função da generalidade (Primi, 2002), os fatores do primeiro estrato seriam possíveis de se acessar no nível comportamental através das tarefas contidas nos testes de inteligência. Os fatores de segunda ordem seriam os que demonstram associações simultâneas entre o fator g e os fatores do primeiro estrato (Primi & Almeida, 2000a). Buscando um modelo integrativo que melhor explicasse e diferenciasse as diversas capacidades cognitivas dentro da abordagem psicométrica McGrew e Flanagan propuseram a integração da Teoria Gf e Gc proposta por Cattell e Horn e a Teoria dos três estratos formulada por Carroll, propondo a Teoria Cattell-Horn-Carroll das Habilidades Cognitivas (CHC) (Santos & Primi, 2005). O modelo CHC parte do pressuposto de que a inteligência organiza-se a partir de fatores cognitivos que funcionam em diversos níveis de generalidade, uns mais gerais ou comuns a várias tarefas, e outros mais específicos de uma dada tarefa, dando origem a um modelo hierárquico na definição estrutural da inteligência (Almeida, Guisande & Primi, 2008). O modelo organiza-se em três estratos, no primeiro estão

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mais de setenta fatores específicos relacionados ao conjunto de tarefas que são avaliadas pela multiplicidade de testes. No segundo estrato situam-se os fatores de segunda ordem, estes agregam os fatores do primeiro estrato em termos de processos cognitivos e conteúdos comuns, formando dez fatores amplos que situam-se em posição intermediária no modelo e refletem associações, tanto com fatores específicos, como com o fator geral da inteligência. O terceiro estrato é ocupado pelo fator geral da inteligência o qual abarca os processos cognitivos mais gerais, comuns às diversas atividades mentais dos estratos inferiores (McGrew, 2003). Os dez fatores amplos que ocupam o segundo estrato apresentam uma relação hierárquica com o fator g da inteligência, de forma que alguns fatores apresentam maior associação com o fator g na seguinte ordem: Inteligência Fluida (Gf), Inteligência Cristalizada (Gc), Conhecimento Quantitativo (Gq), Leitura e Escrita (Grw), Memória de Curto Prazo (Gsm), Processamento Visual (Gv), Processamento Auditivo (Ga), Capacidade de Armazenamento e Recuperação de Memória de Longo Prazo (Glr), Velocidade de Processamento (Gs) e Rapidez de Decisão (Gt) (McGrew, 2004; Primi, 2003). Os fatores pertencentes ao segundo estrato do Modelo CHC são descritos em detalhes na Tabela 1.

Tabela 1. Definição dos dez fatores amplos pertencentes ao segundo estrato do Modelo CHC (Primi & Almeida, 2002) Fator Descrição Amplo GfInteligência fluida: Refere-se ao uso de operações mentais de raciocínio em situações novas que dependem minimamente de conhecimentos adquiridos. Estas operações estão associadas à capacidade de resolver problemas novos, relacionar ideias, induzir conceitos abstratos, compreender implicações, extrapolação e 14

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Gc-

Gq-

Grw.

Gsm-

Gv -

Ga -

Glr-

Gs-

Gt -

reorganização de informações. Inteligência cristalizada: Refere-se à extensão e a profundidade dos conhecimentos adquiridos de uma determinada cultura e a aplicação efetiva deste conhecimento. Capacidade de raciocínio adquirida pelo investimento da capacidade geral em experiências de aprendizagem. Primariamente baseada na linguagem. Está associado ao conhecimento declarativo (conhecimento de fatos, ideias, conceitos) e ao conhecimento de procedimentos (raciocinar com procedimentos /aprendidos previamente para transformar o conhecimento). Conhecimento Quantitativo: Refere-se ao estoque de conhecimentos declarativos e de procedimentos quantitativos. Habilidade referente à utilização de informação quantitativa e manipulação de símbolos numéricos; conhecimento matemático. Leitura e Escrita: Conhecimento adquirido em habilidades/competências básicas da compreensão de textos e expressão da escrita. Inclui desde habilidades elementares como decodificação em leitura e ortografia até habilidades mais complexas como a compreensão de textos e a composição de histórias. Memória de Curto Prazo: Capacidade associada à manutenção de informações na consciência por um curto espaço de tempo para poder recuperá-las logo em seguida. Processamento Visual: Refere-se à capacidade de gerar, perceber, armazenar, analisar, manipular e transformar imagens visuais. O fator Gv está associado aos diferentes aspectos do processamento de imagens (geração, transformação, armazenamento e recuperação). Processamento Auditivo: Refere-se à capacidade associada à percepção, análise e síntese de padrões sonoros. Capacidade discriminativa de padrões sonoros (incluindo a linguagem oral) particularmente quando apresentados em contextos mais complexos como, por exemplo, a percepção de nuances em estruturas musicais complexas. Armazenamento e Recuperação da Memória de Longo Prazo: Extensão e fluência que itens de informação ou conceitos são recuperados da memória de longo prazo por associação. Está ligada ao processo de armazenamento e recuperação posterior por associação. Capacidade de recuperar os itens de informação da base de conhecimentos por meio de associações. Este fator agrupa os testes psicométricos criados de avaliação da criatividade sendo muitas vezes chamado de domínio da produção de ideias. Velocidade de Processamento: Refere-se à capacidade de manter a atenção e realizar rapidamente tarefas simples automatizadas em situações que pressionam o foco da atenção. Está geralmente ligado a situações em que há um intervalo fixo definido para que a pessoa execute o maior número possível de tarefas simples e repetitivas (sustentabilidade). Rapidez de Decisão: Rapidez em reagir ou tomar decisões envolvendo processamentos mais complexos. Refere-se à reação rápida a um problema envolvendo processamento e decisão (imediaticidade).

Os fatores Gf e Gc possuem uma maior associação com o fator geral da inteligência. A inteligência fluida se refere à habilidade de estabelecer relações entre

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estímulos complexos utilizando-se para isso raciocínio indutivo e dedutivo. O raciocínio indutivo é uma habilidade específica da inteligência fluída e trata-se da capacidade do indivíduo de descobrir padrões entre distintos elementos partindo de pequenas partes de informação e incorporando-as num conjunto de regras ou conceitos abstratos, de forma a organizar as informações e dar-lhes significado. Essa é uma habilidade importante que permite que o indivíduo, na ausência de experiências ou conhecimentos anteriores, resolva os diversos problemas que enfrenta (McGrew, 2003). O raciocínio analógico também se compõe como um fator específico do raciocínio indutivo, é avaliado por tarefas que exigem que as pessoas encontrem semelhanças e diferenças entre estímulos com a finalidade de localizar padrões e regras gerais (Primi & Almeida, 2000a; Sternberg, 1985), este tipo de tarefa é adequada para avaliar inteligência fluida. Neste sentido, é possível que estas habilidades que apresentam associações mais fortes com as capacidades gerais da inteligência ofereçam suporte ao processamento da informação sobre o Self. De forma que indivíduos que apresentam a inteligência fluida mais desenvolvida têm a seu dispor um robusto potencial cognitivo para exploração das várias dimensões do Self durante a autofocalização da atenção. Por outro lado, a inteligência cristalizada está relacionada aos processos de aculturação, refletindo as experiências educativas e culturais do sujeito, a capacidade de resolver problemas mobilizando esquemas aprendidos previamente, fazendo referência ao arcabouço de conhecimentos dos sujeitos (Primi & Almeida, 2000a). Envolve principalmente o conhecimento verbal ou baseado na linguagem, habilidades associadas a modalidade auditivo-simbólica de representação da informação. Umas das formas frequentemente usadas para avaliar Gc é pedir aos

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indivíduos que definam ou solucionem problemas que exigem o uso e a compreensão de palavras que variam de frequência em uma cultura. A inteligência cristalizada neste caso poderia dar grande suporte ao processamento da informação sobre o Self, instrumentalizando o funcionamento dos mediadores cognitivos da autoconsciência, a saber, autofala e imagens mentais. Os repertórios de esquemas aprendidos ao longo do desenvolvimento cognitivo seriam mobilizados para o processamento e obtenção da autoinformação no seio do autofoco, pessoas com níveis elevados de inteligência cristalizada exibiriam performances mais complexas de utilização da autofala e das imagens mentais durante a auto-observação. As capacidades de processamento da cognição geral incrementariam o funcionamento autoconsciente por meio dos mediadores cognitivos, ampliando o poder de exploração dos diferentes autoaspectos, em termos qualitativos por permitir o uso mais sofisticado e complexo da autofala e das imagens na dedução e indução de informações sobre o Self e em termos quantitativos os processos autofocalizadores seriam aumentados em frequência e intensidade. Outros fatores amplos como a capacidade de processamento visual (Gv) que inclui a habilidade de manipulação de imagens mentais dariam suporte ao processamento de material icônico sobre o Self, o desenvolvimento desta habilidade pode instrumentalizar uma pessoa a representar-se iconicamente sob vários ângulos, em ambientes variados, performando comportamentos no passado e no futuro. Também a capacidade de leitura e escrita que em conjunto com a inteligência cristalizada figuram como indicadores de habilidade verbal viabilizariam o funcionamento da autofala de maneira sofisticada, sujeitos mais habilidosos com o manejo da linguagem teriam ao seu dispor um amplo campo semântico e conhecimento lexical para nomear seus

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autoaspectos,

avaliá-los,

realizar

inferências

sobre

eles.

A

capacidade

de

armazenamento e recuperação a longo prazo seria outra habilidade do segundo estrato da inteligência que perpassa os processos de autoconsciência, na medida em que o próprio Self constitui um repertório de esquemas de autorrepresentação contendo generalizações e informação autobiográfica consolidadas na memória de longo prazo, as quais podem ser recuperadas por associação para o processamento e revisão de acordo com as demandas situacionais. O modelo CHC das habilidades cognitivas representa a convergência mais atual dos estudos da inteligência edificando uma hierarquia de habilidades cognitivas relacionadas e integradas pelo seu grau de relacionamento com o fator geral da inteligência. É plausível considerar que as dimensões gerais da inteligência, especificamente as capacidades fluida e cristalizada estejam plenamente implicadas no processamento autoconsciente fornecendo instrumental com apoio diferencial para o processamento da informação sobre o Self. Sendo lícito hipotetizar também que elevado domínio nas habilidade de processamento visual e de armazenamento a longo prazo detenham maior influência sobre a auto-observação, os fatores mais amplos do segundo estrato contém habilidades cognitivas com graus variados de impacto sobre os processos relacionados ao Self, compondo uma rede de suporte com interferências múltiplas para a complexificação de autoinformação.

Inteligência do Ponto de Vista do Processamento de Informação Uma das limitações do modelo psicométrico em razão do emprego da análise fatorial é a ênfase na faceta estrutural da Inteligência (Sternberg, 1985). A capacidade cognitiva de uma pessoa utilizada na resolução de problemas da vida diária pode ser

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decomposta, segundo as teorias fatoriais, em diversos fatores como desenvolvimento linguístico, informação, raciocínio indutivo, raciocínio sequencial geral, visualização, memória, fluência verbal, etc. Entretanto, essas teorias não fornecem suporte para a compreensão de como essas capacidades entram em ação no momento em que a pessoa se defronta com os problemas da sua vida diária. Isto é, essas teorias não fornecem uma compreensão dinâmico-funcional da inteligência. Tal aspecto é o centro das explorações do paradigma do Processamento de Informação. Nesta perspectiva as pesquisas centram sobre áreas como resolução de problemas, tomada de decisão no pensamento, além de confirmar a existência de diferentes formas de inteligência. Para Roazzi et al. (2007), esta perspectiva abre chances de reinterpretar as diferenças individuais nos testes de Inteligência bem como a possibilidade de construir exames diferenciados de caráter menos abrangente. Tal perspectiva tem como representantes Robert Sternberg, Herbert Simon, Arthur Jasen e outros. Os autores deste paradigma identificam a velocidade e a exatidão do processamento de informação como componentes importantes da inteligência; alguns ainda incluem habilidade verbal, espacial e capacidade de atenção. Outros enfocam tanto sobre a rapidez de processamento como também sobre o processamento em tarefas cognitivas complexas (Sternberg, 2000). Estudos neste campo investigam os processos cognitivos envolvidos em tarefas apresentadas em testes psicométricos. Assim, alguns estudos investigam Inteligência a partir da velocidade de processamento, outros a partir da velocidade de acesso léxico, outros a partir de compreensão da velocidade de transmissão neuronal (Sternberg, 2000).

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O estudo considerado clássico nesta área é o de Sternberg (1977) que propôs um novo método chamado análise componencial a partir do qual é possível analisar os passos cognitivos que as pessoas executam quando resolvem problemas em testes psicométricos. Então ele vai, por exemplo, a partir de um problema de analogia, definir os componentes de codificação e processamento da informação, entre os quais são: a codificação dos termos do problema e formação de representações mentais na memória de trabalho, inferência de relações entre alguns termos, mapeamento das relações inferidas para outros termos que se presumem relações semelhantes, aplicação das relações previamente inferidas às novas situações bem como recombinações entre elas para a produção de novas ideias. Este nível corresponde a um nível básico do processamento. Dentro do domínio da Inteligência fluida, os problemas de raciocínio analógico são tarefas frequentemente utilizadas para avaliar raciocínio indutivo. Esta forma de raciocinar se relaciona ao processo de aplicar, analogamente, um conjunto de informações ou relações de um domínio bem conhecido a outro desconhecido, criando, com isto, novas informações em campos desconhecidos. Desta forma, a resolução de certos problemas envolve a mobilização das capacidades fluida e cristalizada de acordo com a natureza do problema proposto (Primi & Almeida, 2000a). Sternberg (1977), também afirma a presença de componentes de segunda ordem que organizam e gerenciam a atividade mental, planejando estratégias de resolução, executando e controlando a implementação das estratégias, e monitorando e revisando as estratégias quando necessário. Este é o nível dos metacomponentes, eles possibilitam simultaneamente o processamento, a transformação e a construção de

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cadeias complexas de informação, requerendo grande esforço mental (Sternberg, 1977; 2000). Dentro do paradigma do Processamento de informação, Sternberg (1985; 2000) elaborou uma teoria triárquica da inteligência, em que ele a considera composta de uma organização cognitiva integrada por três facetas básicas: analítica, prática e criativa. A primeira é a faceta analítica, que diz respeito à capacidade analítica medida nos testes refletindo como a Inteligência relaciona-se ao mundo interno, envolve operações de regulação e controle do funcionamento cognitivo, desenvolvimento e implementação de estratégias para resolução de tarefas contendo operações básicas como: codificação, recuperação e retenção da informação; o estabelecimento de associações e comparações, etc. Tal faceta subdivide-se em metacomponentes, componentes de desempenho e componentes de aquisição de conhecimento cujo funcionamento ocorre de modo integrado. A segunda faceta é a criativa, ela reflete o modo como os indivíduos conectam o seu mundo interno à realidade externa envolvendo a capacidade de lidar com situações novas, permitindo a ocorrência de pensamento criativo e o potencial ajuste inovador, subdividindo-se nas dimensões da novidade e automatização. A terceira faceta é a prática e envolve a habilidade de aprender, compreender e lidar com tarefas do cotidiano. Faz referência ao aspecto contextual da inteligência e subdivide-se em: adaptação, a capacidade dos sujeitos em se modificarem em função do ambiente com fins a atingir objetivos particulares, modelagem que corresponde à habilidade de modificar o ambiente e outros sujeitos para atingir objetivos, e seleção refere-se à capacidade de escolher outro ambiente quando a adaptação e a modelagem não foram eficientes, com fins de atingir seus objetivos.

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O paradigma do processamento da informação define os elementos estruturais da inteligência, seus esquemas lógicos e os processos de funcionamento da atividade mental descrevendo a dinâmica dos mecanismos cognitivos subjacente ao enfrentamento de tarefas. É licito hipotetizar que os processos de construção do Self por meio da autoconsciência podem envolver as três facetas propostas pela teoria triárquica da inteligência na medida em que podemos utilizar todos estes componentes em maior ou menor grau para o processamento da autoinformação, por exemplo, os componentes de desempenho da faceta analítica são representativos do trabalho cognitivo operado sobre qualquer autoaspecto relevante que pode ser codificado sob uma modalidade representacional, associado, avaliado e comparado ao conhecimento estocado na memória autobiográfica sobre este mesmo autoaspecto. Notas nossas sobre o entrecruzamento das facetas da inteligência com os processos de desenvolvimento do self serão detalhados com mais vagar na próxima seção.

O Desenvolvimento do Self e da Autoconsciência na interface com distintos modelos de Inteligência: Notas introdutórias a uma questão em desenvolvimento na pesquisa em cognição Construímos o Self através da apreciação progressiva sobre nossos modos de se comportar, sentir e pensar. Processo que emerge sociogeneticamente, mas que alcança maturidade psicológica pelo internalização de mecanismos cognitivos de base que fundamentam os processos internos de auto-observação. A principal ferramenta de construção do Self é a Autoconsciência, definida como a capacidade humana de prestar atenção a si mesmo realizada quando nos tornamos alvo de nosso foco atencional e

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apreciamos cognitivamente nossos comportamentos habituais, características físicas, traços de personalidade, estados afetivos, vivencias emocionais, episódios biográficos, etc. Consiste em uma qualidade psicológica que guardamos intimidade em nosso funcionamento cotidiano operada toda vez que o Self torna-se objeto da atenção (Duval & Wicklund, 1972). Morin (2004) destaca a Autoconsciência como uma ferramenta psicológica de produção do autoconhecimento que emerge a partir de fontes sociais, ecológicas, neurais e cognitivas. Por meio da autoconsciência podemos perceber e avaliar os diferentes aspectos do Self (autoaspectos), ganhar um ponto de vista objetivo sobre si, obtendo informação sobre as diferentes dimensões de si mesmo (autoinformação), a qual poderá ser integrada ao repertório de autoconhecimento e formação dos autoesquemas subjacentes ao autoconceito. O referido autor define os modos interpessoais de aquisição de autoinformação através do contato com o mundo social e físico os quais ofertam estímulos, de modalidades diversas, responsáveis por desencadear autoconsciência. Também descreve os processos intrapsíquicos de aquisição e modelagem da autoinformação a partir de substratos neurais, autoestimulação proprioceptiva e mediadores cognitivos que tem a propriedade de provocar estados de autoconsciência (Morin, 2004; 2005). É proposto que a autoconsciência seja mediada cognitivamente por formas de autorrepresentação verbal e icônica, são elas a Fala interior e as Imagens mentais. Estas teriam o papel de produzir, manter e sustentar os processos autofocalizadores funcionando como material semiótico codificador dos vários aspectos do Self. Neste sentido, torna-se válida a hipótese de possibilidade de participação dos fatores e processos do funcionamento intelectual geral no processamento de informação sobre o

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Self, em especial das habilidades e componentes cognitivos que envolvem a manipulação de material verbal e icônico, os quais elevariam em termos de complexidade o nível de exploração das dimensões do Self para a produção do autoconhecimento (Morin, 2004; 1995b). A Fala interior é definida como a atividade de conversar consigo silenciosamente, ela permite examinar os diversos aspectos do self (características físicas, comportamentos passados, etc.) por meio de um soliloquio verbal e extrair autoinformação. Tem a capacidade de reproduzir internamente os mecanismos sociais e físicos desencadeadores da autoconsciência, por exemplo, comentários emitidos por outras pessoas e direcionados ao Self podem ser duplicados durante a conversação interna, ou quando estamos diante de pontos de vista diferenciados podemos gerar um diálogo ficcional confrontando nossa posição e tomar o ponto de vista dos outros para autodescrição ganhando um ponto de vista objetivo de si, obtendo desta forma autoinformação. Através da Fala interior as avaliações dos outros significativos são replicadas e os pontos de vista divergentes com os quais nos confrontamos podem ser internalizados, demonstrando como os modos interpessoais de aquisição da autoinformação (avaliação verbal dos outros), tornam-se intrapessoais (reconhecimento verbal sobre si e para si). Neste caso, ocorre a duplicação da experiência no meio cognitivo interno por meio da fala interior, a qual será responsável por sustentar estados de autoconsciência de maneira relativamente autônoma e independente do contexto (Morin, 2004; 2005). Podemos elaborar uma conversação interna sobre as diversas dimensões do Self, estados afetivos, aparência física, padrões comportamentais, etc., as autoverbalizações permitem a conscientização das autopercepções, de modo que uma

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experiência emocional, por exemplo, passa a ser codificada em termos verbais ampliando o escopo do processamento da autoinformação agora reconfigurada em termos abstratos e conceituais possibilitando tornar mais salientes e visíveis os conteúdos das autodimensões. A fala interior traduz verbalmente autoaspectos percebidos, os nomeia, permitindo a precisa identificação e diferenciação dos mesmos, aprofundando a experiência subjetiva através da construção de um sofisticado vocabulário sobre o Self. Para Morin ao usarmos a fala interior durante estados autoconscientes reapresentamos a informação internamente em outra modalidade representacional produzindo um distanciamento mental entre o Self e os eventos mentais experimentados facilitando o processo de auto-observação e ampliando o campo perceptual da autoinformação (Morin, 2005; Morin & Uttl, 2013). Em estados de autofocalização da atenção a estrutura da fala interior pode ser configurada enquanto um processo de resolução de problemas no qual se produz uma série de autoverbalizações que questionam o Self, por exemplo, posso me questionar sobre meu desempenho no trabalho, meu comportamento sexual ou sobre minhas dificuldades acadêmicas e gerar um extenso diálogo interno buscando responder estes questionamentos, a fala interior é o instrumento cognitivo que habilita a autoanálise e a busca de respostas. Esta abordagem no uso da fala interior é vantajosa porque viabiliza a formulação precisa dos problemas autorelevantes e a produção de constantes autoavaliações, definindo o conteúdo e organização das autoverbalizações para regular a busca efetiva de autoinformação e autoconhecimento (Morin, 2005). As notas reportadas acima definem as características efetivas da fala interior para que haja precisa aquisição da autoinformação, produção de autoconhecimento e consequente complexificação do autoconceito. Diversos estudos correlacionais têm

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suportado fortes ligações entre fala interior e autoconsciência, reforçando a afirmação de que nos tornamos autoconscientes quando nos engajamos em diálogos internos sobre o Self (Morin, 1995a, b; Morin & Uttl, 2013), de maneira que o uso frequente e organização estrutural da fala interior tem ressonâncias para a sofisticação das autovisões, autoconhecimento, autoconceito e refinamento dos processos de autoconstrutivos. As imagens mentais formam outra modalidade de mediadores cognitivos do Self que participam dos processos autoconscientes. Elas representam o fenômeno de experiências visuais na ausência de qualquer estímulo do mundo exterior e tem um papel significativo em uma série de atividades psicológicas básicas como memória, aprendizagem, motivação, planejamento da ação, imaginação e emoção (Morin, 2004; 1998). Evidências empíricas informam que pessoas mais autoconscientes relatam o uso de imagens mentais como meio para introspecção (Nascimento, 2008; Nascimento & Roazzi, 2013). Elas têm sido apontadas como processo cognitivo que também permite a expansão dos mecanismos sociais responsáveis por Autoconsciência. As imagens mentais possibilitam ao sujeito ver a si mesmo agindo da mesma forma que outras pessoas o veriam, ampliando o mecanismo de tomada de perspectiva proposto por Mead (1972), ou da mesma forma, o sujeito pode imaginar-se frente a uma plateia e focar sobre autoaspectos do mesmo modo como eles seriam vistos pelas audiências. O sujeito também pode visualizar seus comportamentos passados e adquirir autoinformação válida para a construção do Autoconceito, quando o sujeito visualiza a si mesmo de determinada forma seja avaliando comportamentos passados, seja

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projetando comportamentos futuros, ele está imerso em estado de autoconsciência (Morin, 1998; 2004). No entanto, as imagens mentais, enquanto modalidade autorrepresentacional, tornam-se insuficientes para a consciencização de aspectos mais abstratos como emoções, valores, sensações, crenças, etc. sendo estes melhor abarcados por meio da autofala. As imagens são mais apropriadas para tornar conscientes aspectos mais públicos do Self como comportamentos e características físicas, o que requer a participação crucial dos estímulos autorrefletores fornecendo material icônico para a construção de um retrato mental de si, tornando funcional o uso de imagens mentais (Morin, 2004; 1998). Autofala e imagens mentais constituem instâncias cognitivas centrais para o processo de autofocalização pois possibilitam a aquisição de autoinformação essencial para construção do próprio Self. Contudo, estes mediadores cognitivos refletem os pontos de interseção do autofoco com as habilidades intelectuais; levantamos a hipótese de que no nível mais básico é possível que eles constituam os componentes elementares do processamento da informação pertencentes a faceta analítica da teoria triárquica da inteligência. Neste nível ocorreriam os processos de codificação das autopercepções que seriam representados mentalmente pela via icônica ou verbal e entrariam em uma cadeia de processamento da autoinformação envolvendo associações com conteúdos da memória, em especial conteúdos da memória autobiográfica, estabelecimento de comparações em diversos níveis com a autoinformação recuperada, inferência de relações entre autoinformação, mapeamento das relações inferidas e extrapolação para outras situações semelhantes experienciadas pelo self com

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consequente abstração de padrões e generalizações sobre o self (Nascimento, 2008; Nascimento & Roazzi, 2013). Estes são os processos subjacentes ao raciocínio indutivo e dedutivo, o âmago da inteligência fluida, pessoas com elevados níveis de inteligência fluida teriam a seu dispor instrumental cognitivo sofisticado para autoanálise, produção de inferências e generalizações sobre o Self. Neste sentido, alguém que examina ativamente sua aparência física no espelho poderia elaborar um extenso solilóquio verbal sobre seu peso, silhueta, altura, expressão facial, proporções entre partes do corpo, levantando por meio de autoverbalizações informação sobre o próprio corpo, a qual poderá ser comparada e relacionada com autoesquemas corporais prévios, padrões sociais de beleza e saúde, inferindo relações de congruência ou incongruência com os parâmetros de comparação selecionados e abstrair conclusões sobre seu estado corporal, identificando, por exemplo, que tem envelhecido ou precisa emagrecer ou ganhar massa muscular. Por outro lado, um estudante poderia recordar através do uso de imagens mentais as situações de avaliação acadêmica pelas quais passou ao longo de sua vida e com auxílio de autoverbalizações comparar, relacionar e inferir quais estratégias de estudos foram mais eficazes para obter boas notas; destaca-se que os mediadores cognitivos entrecruzam-se no fluxo cognitivo e engatariam as operações do raciocínio para o processamento da informação sobre o Self com provável refinamento do processo de produção do autoconhecimento, de modo que as autoinformações abstraídas passariam a integrar os esquemas do autoconceito, tornando-o mais complexo e articulado (Morin, 1995a). É lícito supor que a estruturação da fala interior enquanto processo de resolução de problemas (Morin, 1995b) define um caminho

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cognitivo de uso deste mediador pautado no uso dos componentes analíticos do processamento

da

informação

em

função

da

busca

de

respostas

aos

autoquestionamentos, note-se que o provável engate funcional dos processos básicos do raciocínio durante a mediação cognitiva da autoconsciência expandiria a efetiva aquisição de autoconhecimento. Durante os processos de autorreflexão podemos lançar mão dos esquemas aprendidos socialmente ou de acordo com as demandas situacionais nos confrontar com situações novas para as quais há pouco conhecimento aprendido, referem-se aos componentes da faceta criativa no modelo triárquico de inteligência. Assim, poderíamos usar o repertório de conhecimentos automatizados para processar autoinformação ou diante de situações novas manejar cognitivamente as habilidades da faceta criativa para o enfrentamento de problemas relacionados ao Self. Neste aspecto, torna-se válido hipotetizar que as variações individuais na inteligência cristalizada enquanto habilidade de manejar o conhecimento declarativo adquirido e modelizado pelas experiências de aprendizagem ao longo do desenvolvimento em uma determinada cultura devem ter impactos sobre os processos de autofocalização, em sentido primário porque os mediadores constituiriam instâncias cognitivas internas da inteligência cristalizada, em segundo plano porque operariam sobre a autoinformação as formas de raciocínio culturalmente modelizados. O domínio elevado de capacidades gerais da inteligência instrumentalizaria o trabalho cognitivo para a sofisticação no processamento da informação sobre o Self, no entanto, os fatores do segundo estrato na hierarquia do modelo CHC das habilidades cognitivas devem apresentar graus de interferência variada sobre a autoconsciência de acordo com as demandas situacionais para autofocalização e com o autoaspecto em

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apreciação, de modo que, por exemplo, pessoas com o domínio de boas capacidades de processamento visual teriam ao seu dispor um arsenal sofisticado de operação de manipulação de imagens mentais que possivelmente estenderiam o processamento da informação sobre autoaspectos públicos, que com efeitos aditivos da fala interior no processo autorreflexivo, permitiriam a análise em todos os domínios da estrutura do self e do autoconceito (Morin, 2004; Nascimento, 2008; Nascimento & Roazzi, 2013). Por fim, a teoria triárquica da inteligência propõe a faceta prática da inteligência estando relacionada à mobilização das facetas analítica e criativa para resolver problemas cotidianos, por meio de processos que devem requerer minimamente alguma participação da autoconsciência. A faceta prática inclui os manejos das próprias capacidades para adaptação a um determinado contexto, implementação de mudanças no ambiente ou seleção de novos ambientes de atuação em função de suas capacidades e objetivos, tendo como pré-condição a avaliação de suas próprias habilidades e fraquezas em relação aos contextos de atuação e metas estabelecidas com a possível participação de processos de autofocalização da atenção baseados no uso de mediadores cognitivos para a produção de autoinformação necessária a calibrar a adequação self-ambiente e o atendimento a objetivos, conforme Nascimento (2008). Para este paradigma da inteligência, pessoas inteligentes “conhecem suas forças e fraquezas e encontram meios nos quais capitalizam suas forças e compensam ou atenuam suas fraquezas” (Sternberg, 2000), este aspecto contrasta com o modelo fatorial da inteligência proposto pela teoria CHC das habilidades cognitivas o qual postula o construto inteligência fluida enquanto determinado pelos aspectos biológicos

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herdados geneticamente estabelecendo o espectro possível de desenvolvimento do comportamento inteligente, ao passo que a teoria triárquica acentua a inteligência enquanto resultado de esforços adaptativos em função da interação com contextos de atuação, reverberando em maior afinidade com as bases interacionistas da autoconsciência levantadas pelas teorizações de Morin (2004), enquanto sendo esta constituída na relação com o mundo social, físico e substratos neurológicos. Em termos empíricos muito pouco se tem esclarecido sobre as dotações genéticas para autoconsciência, especificamente pouco se sabe sobre os substratos neurais dos diferentes tipos de autoconsciência (pública, privada, ruminação, reflexão), no entanto postula-se que as dimensões neurológicas não determinam o teto para o autofoco, mas são posicionadas de modo articulado às fontes sociais e físicas da autoconsciência desenvolvidas na interface entre biologia e cultura.

Considerações finais Objetivamos estabelecer relações entre os processos de desenvolvimento do Self e dois paradigmas da inteligência na psicologia cognitiva, um de base psicométrica e outro assentado no paradigma do processamento da informação. A teoria CHC das habilidades cognitivas propõe uma arquitetura da inteligência pautada em uma hierarquia de fatores/habilidades cognitivas distribuídas em três níveis em função de sua generalidade, entre os fatores de generalidade mais ampla está o fator geral da inteligência composto pelas inteligências fluída e cristalizada diferenciadas em função de sua sensibilidade a aculturação (Carrol, 1993; McGrew, 2003; Almeida, Guisande & Primi, 2008; Santos & Primi, 2005). A teoria Triárquica da inteligência, 31

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por sua vez, preocupa-se com o processamento cognitivo durante a execução de testes psicológicos e define as operações intelectuais a partir de uma modelo em três facetas: analítica, criativa e prática, as quais subdividem-se em componentes cognitivos específicos (Sternberg, 1985; 2000). A autoconsciência é proposta como uma função psicológica central para construção do Self (Nascimento, 2008), ela nos habilita ao levantamento de informação sobre o Self (Duval & Wicklund, 1972) e é mediada internamente pelas imagens mentais e pela fala interior (Morin, 2004; Nascimento & Roazzi, 2013), de modo que torna-se lícito hipotetizar que estas modalidades representacionais devam figurar como um dos pontos de interseção com os fatores e habilidades intelectuais, sendo plausível a suposição de que a posse de robustas habilidades intelectuais ampliariam o escopo da auto-observação refinando o processamento da autoinformação com consequente complexificação dos autoesquemas e todas as dimensões do autoconceito. Neste sentido, é válido hipotetizar que os componentes da faceta analítica devam dar suporte ao funcionamento dos mediadores cognitivos engatando uma cadeia de comparações, inferências e abstrações da autoinformação adicionando maior precisão e generalidade viabilizando desta forma que as operações do raciocínio subjacentes à inteligência fluida operem também sobre o refinamento da autoinformação. O repertório de experiências prévias e esquemas de raciocínio aprendidos no contato social, os quais são representados na teoria Triárquica da inteligência pela faceta criativa e na teoria CHC das habilidades cognitivas pela inteligência cristalizada devam ser plenamente aplicados à produção da autoinformação durante os estados autoconscientes, com destaque ao fato de que a fala interior e as imagens mentais possam ser também as modalidades representacionais do conhecimento manipulado

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pela própria inteligência cristalizada. No entanto, as habilidades do segundo estrato provavelmente devem ter impactos variados sobre o processamento da autoinformação de acordo com o autoaspecto em questão, sendo plausível pensar que o domínio de elevadas capacidades de processamento visual refinariam o processamento de imagens mentais sobre o Self como indiciam os achados de Nascimento (2008) e Nascimento e Roazzi (2013). Os dois paradigmas da inteligência contrastam suas posições quanto aos fatores biológicos na determinação do comportamento inteligente, o paradigma fatorial postula a herança biológica da inteligência fluida, enquanto a teoria do Sternberg (1985) destaca a faceta prática da inteligência para que possivelmente o Self lance mão da reflexão sobre sua adequação aos contextos de vida com fins a alcançar melhor adaptação e potencializar o uso de suas capacidades guardando proximidade epistemológica com as teorizações da autoconsciência que acentuam sua formatação ontogenética na confluência das fontes socioecológicas e neurocognitivas (Morin, 2004). As notas aqui descritas abrem uma agenda de reflexões ainda não tratadas empiricamente sobre as relações intersistêmicas do funcionamento cognitivo geral e os processos de construção do Self pela via da autoconsciência. Referências Almeida, L. S. (1988). O raciocínio diferencial dos jovens. Porto: INIC. Almeida, L. S. (1994) Inteligência: Definição e Medida. Aveiro: CIDInE. Almeida, L. S., Guisande, M. A., & Primi, R. (2008). Construto e medida da inteligência: Contributos da abordagem factorial. In: L. S. Almeida, M. A.

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Renê Marcelino da Silva Júnior - Licenciatura em Biologia pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), e Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Cognitiva – UFPE. Endereço eletrônico de contato: [email protected]. Alexsandro Medeiros do Nascimento - Adjunto no Departamento de Psicologia da UFPE, Professor Permanente no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Cognitiva, e Coordenador do Laboratório de Estudos da Autoconsciência, Consciência, Cognição de Alta Ordem e Self – LACCOS / UFPE. Endereço para Correspondência com os autores: Programa de PósGraduação em Psicologia Cognitiva, Av. da Arquitetura, s/n, Centro de Filosofia e Ciências Humanas – CFCH, 8º Andar, 50740-550, Recife – PE, Brasil. Telefones: [55-81] 2126-8272 / 2126-7330. Fax: [55-81] 2126 7331. Endereço eletrônico de contato: [email protected] Antonio Roazzi - Professor Titular no Departamento de Psicologia da UFPE. Endereço eletrônico de contato: [email protected]

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