Parmênides e Aristóteles - A doutrina eleática e as reações aristotélicas.

May 30, 2017 | Autor: Gabriel das Neves | Categoria: Pre-Socratic (Pre-Platonic) Philosophy, Parmenides, Classical Greek Philosophy
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Guthrie, W.K.C. A History of Greek Philosophy, Volume II, Cambridge, Cambridge University Press, 1979, p.1. Guthrie baseia essa data no relato sobre a idade de Parmênides no Parmênides de Platão (127a-c) que se refere a Parmênides como tendo entorno de sessenta e cinco anos, partindo disso e utilizando-se da idade de Sócrates da data dramática, Guthrie chega a sua data. O próprio Guthrie nota como isso entre em conflito com o relato de Diógenes Laércio, que declara a akme do filósofo em 504-1 a.C., e se refere à crítica de Burnet ao método "mecânico" utilizado por Diógenes, que teria provavelmente utilizado a fundação de Eleia como ponto de referência, dada por ele como a data da akme de Xenófanes.
Diógenes Laércio. Vidas e Opiniões dos Filósofos Eminentes, IX-21.
Parmênides, Peri Physis. B1 29-30. A escolha entre "persuasiva" e "bem redonda" depende da fonte escolhida. Em Sexto Empírico acha-se a primeira alternativa, em Simplício, a segunda.
Ibidem. B1 26-28. Sigo aqui a tradução de Santoro para o português, que traduz moira por um termo não tradicional, mas que expressa bem o significado. Guthrie, na sua tradução para o inglês utiliza o termo "lot", do qual um dos significados é destino, apesar de não chamar atenção para o termo original no texto grego.
Fränkel, Hermann. Wege und Formen, Munique, Beck, 1955, p. 157.
Optou-se por manter a lacuna deixada no texto por Santoro, cuja tradução é a referência em português utilizada neste trabalho. Tradicionalmente ela seria preenchida, como foi por Diels e por muito outros depois dele (incluindo Guthrie, cuja tradução para o inglês também serve como referência para este trabalho), com [afasta-te], implicando na existência de duas vias que Parmênides deve evitar e, assim, existiriam ao todo três vias. Todavia, há outra proposta para preencher essa lacuna, a de Cordero, que propõe [parte], mudando radicalmente o sentido do verso, e tendo como consequência a existência de somente duas vias. A tradução de Santoro deixa a lacuna, porém faz uma observação onde comenta considerar a proposta de Cordero mais coerente, e de fato sua tradução do fragmento B6 é melhor estruturada para a sugestão de Cordero. De qualquer forma, como não é objetivo deste estudo propor uma ou outra solução, concordou-se com a opção de não impor sobre o texto original uma suposta solução.
Parmênides, Peri Physis, B7 1-2.
Ibidem. B8 20.
Ibidem. B8 15-16
Ibidem. B8 22-24
Isso, porém não significa que esse questionamento não surgiu no pensamento eleático, porém foi Melisso o primeiro a fazê-lo.
Parmênides, Peri Physis, B8 52-53.
Owen, G.E.L. Eleatic Questions. The Classical Quarterly, 1960, p.85.
Aristóteles, Física, I 184a 14-16.
Ibidem, I 184b 25-26. Para este trabalho a referência principal é a tradução para o inglês feita por R. P. Hardie e R. K. Gaye, que faz parte da tradução do corpus aristotelicum para o inglês sob a edição de W. D. Ross. Consultou-se também a tradução para o português dos Livros I e II por Lucas Angioni, que presta grande ajuda, mas optou-se por utilizar-se tradução própria do autor do trabalho do texto em inglês referido acima. Todas as citações da Física seguirão essa escolha.
Aristóteles, Física, I, 185a 3-4.
Ibidem, I, 185a 14.
Ibidem, I, 185a 20-21
Termo que comumente terá no seu lugar "substância", ambos traduzindo οὐσία.
Ibidem, I, 185a 31
Também se encontrará a tradução como infinito (inclusive é por esta que optam Hardie e Gaye), que talvez melhor reflita essa suposta relação com a quantidade que Aristóteles utiliza-se para criticar Melisso. Ambos os termos são traduções válidos para άπειρος.
Aristóteles, Física, I, 186b, 4-14
Noções introduzidas no Livro II da Física, onde serão estudadas mais profundamente. Nesta passagem da obra aristotélica o estudo que será feito já as toma como estabelecidas.
Aristóteles, Metafísica, I, 983b, 4. Semelhantemente ao que ocorreu com as citações da Física que aqui se encontram, optou se por, ao citar a Metafísica, utilizar-se de tradução para o português de autoria própria do texto da tradução para o inglês de W. D. Ross, fazendo uso da tradução de Vincenzo Cocco com notas de Joaquim de Carvalho que se encontra no volume IV da coleção Os Pensadores como auxílio.
Aristóteles, Metafísica, I, 984a, 21.
Ibidem, I, 984a, 32
Isso não se limita a Metafísica e a Física. Efetivamente, é com passagens como a 986b 31 na Metafísica que se consegue entender como se encaixam no âmbito maior do pensamento aristotélico passagens como a 318b 6 ou a 33b 13 do De Generatione et Corruptione, por exemplo.
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IFCS – História da filosofia Antiga II
Parmênides e Aristóteles
A doutrina eleática e as reações aristotélicas

Gabriel Ferreira das Neves







Introdução
Parmênides é, sem dúvida, um marco na história do pensamento grego. Talvez tão útil quanto a noção de filosofia pré-socrática, seja a pós-parmediana. Com posicionamentos tão inovadores, se não radicais, acerca da natureza do ser, suas reflexões não só mudaram os caminhos da investigação daqueles que serão posteriormente chamados de fisiólogos, como também anteciparam pontos centrais das discussões em Platão e seus posteriores, influenciando as soluções ou estimulando refutações.
Aristóteles não é exceção. Pelo contrário, como filósofo que, mais que qualquer outro no período clássico da filosofia grega, buscou investigar a tradição anterior, em diversos momentos dialoga com a doutrina eleática, seja na figura de Parmênides, ou na de seus discípulos Zenão e Melisso. De fato, é inevitável que um pensador como Aristóteles, que vê no desenvolver da filosofia um movimento com uma perspectiva teleológica, não comente seus antecessores. Deixar Parmênides de lado nesse estudo seria impensável.
Porém, não se limitam a essa análise histórica as interações entre o pensamento aristotélico e os Eleatas. Nem pode, pois os argumentos desses, mais que do que servirem somente como instrumentos para mostrar que as teorias aristotélicas já estavam presentes, de alguma forma, nas doutrinas de pensadores anteriores (não que isso nunca ocorra, seria irresponsável afirmar que Aristóteles não interpreta outros pensadores de maneira a corroborar sua própria visão), a argumentação de Parmênides ainda se faz, mais de um século após sua elaboração, obstáculo para as posições de Aristóteles. Assim, em quase todas as suas obras sobre a physis e na Metafísica encontram-se passagens referentes à doutrina eleática.
Todavia, a fim de se comentar todas essas passagens, seria necessário um trabalho com escopo muito maior do que o aqui proposto. Com esse pequeno estudo focar-se-á naquelas contidas no Livro I da Metafísica e no Livro I da Física, que podem ser consideradas as de maior importância e que melhor permitem compreender como Aristóteles entendeu o pensamento de Parmênides.
Outra observação pertinente é que, apesar de se considerar necessário para o objetivo deste estudo uma seção que apresente o pensamento de Parmênides, isso se dará de maneira simplificada. A natureza fragmentária de sua obra (assim como a de todos os pré-socráticos) permitiu que surgissem diversas leituras da mesma, propostas por vários comentadores ao longo dos últimos dois séculos. Ainda que talvez possam ser mencionados alguns autores contemporâneos (afinal não seria possível não se utilizar de seu auxílio para leitura feita neste trabalho), não se objetiva explicar extensivamente todas as diversas posições acerca de Parmênides.
Com essas duas considerações em mente é que será tratado este estudo.
Parmênides e sua obra: o Caminho do Ser e o Caminho do Parecer
Parmênides nasceu no final do século 6 a.C., provavelmente entre 515-10, segundo o cálculo de Guthrie , em Eleia, cidade localizada na Magna Grécia, região do sul da Itália que foi amplamente colonizada pelos gregos. Entender o ambiente cultural e intelectual onde ele cresceu ajuda a entender, ou ao menos tentar, como se formou seu pensamento. Eleia é também onde residiu Xenófanes, ao qual uma tradição que remonta a Teofrasto (e talvez Aristóteles, porém esse não é tão assertivo quanto a isso) associa Parmênides como discípulo daquele. A marca da teologia de Xenófanes e sua noção de unidade ressoam, de fato, no pensamento Eleata.
No entanto, não se limita a isso o contexto no qual Parmênides está inserido. Intrigantemente, ele é também associado ao Pitagorismo. Diógenes o faz discípulo também de Ameinias , pitagórico do qual nenhuma outra menção restou. Essa ligação é consideravelmente mais difícil de ser notada na sua obra, e se, de fato, em algum momento Parmênides foi adepto dos pitagóricos, ele já havia se afastado dessa doutrina quando produziu sua própria obra.
Não se pode ignorar, também, o conjunto maior da tradição cultural e literária grega, especialmente da poesia épica. Parmênides, assim como Xenófanes, optou por escrever no hexâmetro homérico, e em seus escritos encontram-se vários ecos de Homero e Hesíodo. A escolha em si por esse meio, e não simplesmente pela prosa que talvez facilitasse mais a transmissão do complexo pensamento, levanta as primeiras questões acerca do texto. Optou-se por um meio que facilitaria a divulgação do texto? Ou uma preocupação, semelhante a de Xenófanes, sobre tomar esse meio da mão daqueles que criam estórias ludibriosas?
A obra de Parmênides, o poema Da Natureza (ΠΕΡΙ ΦΥΣΕΩΣ), chegou à atualidade em fragmentos, que como um todo constituem cento e cinquenta e quatro versos, sendo tradicionalmente divididos em três partes: o Proêmio, o Caminho da Verdade (ou do Ser) e o Caminho do Parecer (doxa). É notável que da primeira metade do texto, o Proêmio e o Caminho da Verdade, tenha sobrevivido em quase sua totalidade enquanto da segunda metade restou pouco, estando mais fragmentada e desconexa, apontando para a maior importância dada àquela pela tradição posterior e para como, ainda que inadvertidamente, não houve o mesmo esforço para preservar a porção final do texto.
O proêmio que introduz o poema é marcado por uma narrativa fabulosa, onde Parmênides conta a jornada feita por ele, ao final da qual encontra a Deusa que lhe ensina tanto a respeito "do intrépido coração da verdade persuasiva [ou bem-redonda] quanto das opiniões de mortais em que não há fé verdadeira." .
O relato é onde mais facilmente se vê a influência da tradição épica no escrito, as palavras retomam a imagética e vocabulário dos grandes poetas. O narrador-Parmênides viaja na carruagem do Sol, guiado pelas Helíades, ao longo do trajeto que o leva dos domínios da Noite em direção aos do Dia. No caminho onde eles se encontram, há, separando-os, um grande portão, cujas chaves são de posse da Justiça (dike), a quem cabe deixar que o viajante passe. Continuando sua viagem, ele encontra a Deusa inominada que o saúda, assegura-lhe o direito de estar lá, pois "nenhuma Partida (moira) ruim te enviou a trilhar este caminho, (...), mas sim Norma (Themis) e Justiça" .
A partir desse ponto o poema será dominado pela fala da Deusa, atribuindo a tudo um caráter de revelação divina. Guthrie traça um paralelo entre a função da Deusa aqui, com a das Musas dos poetas épicas, que as invocam a fim de que possam entoar seus cantos. Continuando seu comentário sobre a relação do proêmio com a tradição religiosa-cultural grega, Guthrie aponta para a semelhança da viagem de Parmênides, entendida como uma jornada espiritual, com a tradição de figuras semimísticas como Hermotimus e Epimenides.
Todas essas influências são bem marcadas nessa passagem inicial do poema, porém, mais do que esclarecer o pensamento de Parmênides, elas levantam questões sobre qual a função do proêmio e qual o valor dessa parte do texto para o próprio autor. Muito se discutiu, por parte de comentadores contemporâneos, sobre esse tópico. Parece ser do interesse dos autores modernos tratar essa passagem como completamente alegórica, a jornada da Noite para o Dia representa o sair da ignorância para o conhecimento verdadeiro e o autor está somente se utilizando de construções familiares do seu tempo e sua cultura. Ainda que seja impossível negar o aspecto alegórico da passagem, pois este se faz claro, é de um desejo anacrônico querer impor esse completo desligamento de qualquer caráter místico, se recusando a "ler a obra como um poema épico da época em que foi escrito, e entender, por meio da linguagem, o fenômeno histórico de fato" .
Introduzida a Deusa, e anunciado que lhe será ensinado a verdade e as opiniões falsas dos mortais, inicia-se a segunda parte do Poema, começando com a identificação das vias de questionamento que levam a esses saberes:
[B2] Pois bem, agora vou eu falar, e tu, presta atenção ouvindo a palavra
acerca das únicas vias de questionamento que são a pensar:
uma, para o que é e, como tal, não é para não ser,
é o caminho de Persuasão – pois Verdade o segue –,
outra, para o que não é e, como tal, é preciso não ser,
esta via, indico-te que é uma trilha inteiramente inviável;
pois nem ao menos se reconheceria o não ente, pois não é realizável,
nem tampouco indicaria: [B 3] pois o mesmo é (a) pensar e também ser. (Parmênides, Peri Physis, B2-B3.)
Assim a Deusa enuncia a via do ser, que leva a verdade, e a do não-ser, que se declara errônea. Nesta passagem está o princípio fundamental de todo pensamento eleático: o que é é, e o que não é não é. Tirar dessa premissa todas as conclusões acerca do Ser, assim chegando ao saber verdadeiro, que se mostra completamente contrário às opiniões dos homens, será o objetivo das próximas passagens do poema e a motivação da doutrina eleática como um todo.
A fim de se melhor compreender as vias de questionamento e a primeira conclusão que já tirou a respeito do ser e do não-ser – o não-ser nunca será objeto do pensar, a isso cabe somente o que é –, vale citar a passagem amplamente considerada como seguinte a B2 e B3:
Precisa tal dizer tal pensar que o ente é; pois há ser,
mas nada não há; isto eu te exorto a indicar.
Pois [____] desta primeira via de investigação,
em seguida daquela em que mortais que nada sabem
forjam, bicéfalos; pois despreparo guia em frente
em seus peitos um espírito errante; eles são levados,
tão surdos como cegos, estupefatos, hordas indecisas,
para os quais o existir e não ser valem o mesmo
e não o mesmo, de todos o caminho é de ida e volta. (Ibidem. B6.)
Independentemente de quantas vias de questionamento existam (ver nota 7, referente a essa questão), fica claro com essa passagem que o objeto do pensar é somente o Ser e que, somente tendo isso sempre como fio condutor da investigação se seguirá a via da verdade. Nesse trecho também é apontado no que consiste o erro das opiniões dos mortais, a outra via que é tratada no texto, os homens constantemente confundem o ser e o não-ser, seguindo cegamente as aparências, as sensações. Isso é reforçado com o primeiro verso do fragmento seguinte: "Pois isto não, nunca hás de tomar não entes a serem; mas o que pensas, separa desta via de investigação" .
Dado esse aviso, segue a Deusa com o que pode ser considerada a parte central do poema e a mais importante do pensamento de Parmênides. No fragmento B8, ao longo dos primeiros cinquenta versos, desenvolve-se uma marcante argumentação a respeito das características do Ser.
Primeiramente, o Ser não foi gerado, nem se corromperá. Afinal, de onde proveria o Ser? Antes do ser não poderia existir o não-ser, pois, além de isso constituir um absurdo, já que o não-ser não é, como do nada surgiria algo? Ex nihilo nihil fit, como será depois nomeado esse que, segundo Aristóteles, é um axioma do pensamento grego que nenhum fisiólogo ousaria negar. Também do que é não pode surgir "Pois, se surgiu, não é, nem se há de ser algum dia" , o ser só pode ser pensado no presente. O Ser é eterno. Nunca foi no passado, nem será no futuro, mas sempre é.
O Ser é também único, indivisível e uniforme. "A decisão sobre tais está nisto: é ou não é" , com essas palavras Parmênides afirma que só existem duas possibilidades: ser ou não-ser, não existem graus de ser. É nesse sentido que afirma "Nem é divisível, pois é todo equivalente: nem algo maior lá, que o impeça de ser contínuo, nem algo menor, mas é todo pleno do que é" . Mas, sendo todo igualmente ser e como não-ser não há, é, também, necessariamente imóvel.
Além disso, imóvel, nos limites de grandes amarras,
fica sem começo, sem parada, já que origem e ocaso
muito longe se extraviaram, rechaçou-os Fé verdadeira.
O mesmo no mesmo ficando, sobre si mesmo pousando,
e assim, aí fica firme, pois poderosa Necessidade
mantém nas amarras do limite, cercando-o por todos os lados,
porque é norma o ente não ser inacabado. (Ibidem. B8 26-32)
Além da imobilidade, nessa passagem ricamente adornada, Parmênides deduz uma qualidade do Ser das mais intrigantes entre as que até esse ponto foram afirmadas. O Ser tem de ser limitado. A princípio estranho, talvez quase contraditório, tendo em vista o que foi declarado previamente, conforme segue a argumentação fica mais claro o porquê desse ser limitado. O Ser não é apeiron, pois isso significaria que ele é inacabado, sendo inacabado careceria de algo. É inconcebível que o Ser, que é tudo, seja carente. Mais, retornando a noção de que ou é ou não é, caso ele carecesse de algo, careceria de tudo. Associando o ilimitado ao inacabado, Parmênides impossibilita que o Ser não seja limitado.
E finalizando a descrição do Ser e o Caminho da Verdade, afirma-se, já que é limitado e todo "homogêneo", o Ser é semelhante a uma esfera. Aqui se vê a marca de uma ideia tradicional do pensamento grego, a perfeição do formato esférico, que surge de um equilíbrio que ele apresenta. Essa noção também é encontrada nas cosmologias de Platão e Aristóteles, e na forma das esferas celestes marcará o pensamento científico até o surgimento da astronomia moderna.
Para o leitor contemporâneo, essa passagem é provavelmente a que mais causa desconforto. Junto com a caracterização do Ser como limitado, assemelhá-lo a uma esfera parece ir na direção contrária do pensamento eleático de que o não-ser não há. Se ele se assemelha a uma esfera finita, tem que haver algo além dele. Embora existam leituras que entendem isso de uma maneira não literal, pois compreendem que a essa altura a noção do espaço já foi abolida da mesma maneira que o tempo, e consideram a limitação do Ser como uma maneira de dizer sua invariabilidade e a semelhança a uma esfera baseada somente naquela noção de uniformidade e perfeição desse formato, é também importante notar que está se impondo uma noção de espaço anacrônica. O espaço euclidiano, infinito, não está presente em Parmênides. É possível lê-lo como declarando que a esfera do Ser é tudo que há, pois não há necessidade para ele de que haja algo além .
Assim, declarando como nomes sem sentido o que os mortais declaram ser surgir, sucumbir, mudar e qualquer espécie de movimento como um todo, termina a fala da Deusa pertinente à via verdadeira. Desse ponto em diante Parmênides "aprende opiniões de mortais, ouvindo o mundo enganoso de minhas palavras" .
Começa então o relato de uma cosmologia baseada em um par de opostos – Fogo (ou Luz) e Noite – cuja oposição inclui os outros pares de opostos que compõem as coisas (são mencionados nos fragmentos rarefeito e denso, leve e pesado, masculino e feminino, direita e esquerda). A introdução da dualidade na Via da Opinião, aquela que considera que existe movimento, parece uma atitude necessária, visto que na Via da Verdade mostrou-se que do uno não é possível que algo além surja, e a listagem de opostos pode ser a influência do pensamento pitagórico, certos pares de opostos que Parmênides cita também são listados na série de oposições que Aristóteles atribui aos pitagóricos.
Essa porção do poema também parece conter amplas descrições dos fenômenos celestes e, pelo que indica o fragmento B13, até uma teogonia que menciona Eros como o primeiro dos deuses a ser concebido pela divindade que governa a mistura dos opostos. No entanto, como já foi mencionado no início desta seção, dessa porção do poema perdeu-se a maior parte, restando apenas fragmentos que, além da apresentação da dualidade, no máximo permitem que se saiba alguns dos tópicos que foram abordados nela. Reconstituí-la em sua totalidade é impossível, e quanto a tentar interpretar paráfrases e comentários de autores posteriores, como Simplício ou Aécio, foge ao objetivo deste trabalho, que visa somente a leitura por Aristóteles do pensamento de Parmênides, para o qual a reconstrução aqui feita do pensamento do Eleata basta.
Somente mais uma questão vale ser mencionada antes de passar-se a discutir a leitura aristotélica abertamente, que serve justamente para introduzir pontos aos quais se retornará quando essa discussão for feita: qual a função do Caminho das Opiniões? É de se estranhar que tendo explicitado a verdade, que vai completamente contra o parecer dos homens que se deixam guiar pelas aparências, a Deusa de Parmênides precise expor uma explicação que ela própria declara ser falsa.
Diz a Deusa "para que nunca nenhum dos mortais te supere em perspectiva". Alguns autores contemporâneos entendem a partir disso que a função dessa parte do poema é simplesmente para que possa argumentar com tais homens. Outra leitura é de que busca-se representar um sistema baseado, ou no de algum pensador específico, como Heráclito ou os Pitagóricos, ou em um amálgama das opiniões gerais da época, e mostrar sua falsidade. Uma última alternativa, e que será de importância para este trabalho, é a de que se trata de uma tentativa por Parmênides de explicar da melhor maneira possível o mundo do sensível.
É com todas essas questões que autores posteriores, entre eles Aristóteles, terão que lidar quando formularem seu pensamento.
Os comentários de Aristóteles sobre e contra Parmênides
Os dois principais "momentos", ao menos para os objetivos deste estudo, na obra aristotélica em que se discute o pensamento de Parmênides são, como já foi mencionado na introdução, o Livro I da Física e o Livro I da Metafísica. No entanto, as duas passagens diferem consideravelmente, tanto a maneira como a doutrina de Parmênides é abordada, quanto o propósito das investigações nos dois livros são diferentes, ainda que se possa afirmar que há algo em comum, na medida em que, em ambos, Aristóteles encontra-se apresentando o pensamento daqueles que o antecederam para que possa introduzir o seu próprio (o que, vale ressaltar, também torna necessário ter em mente a visão desse sobre o que poderia se chamar, anacronicamente, de história da filosofia, que, para Aristóteles, tem em sua filosofia uma exposição de uma verdade a qual não era completamente alheia aos seus anteriores, mas não se encontrava plenamente desenvolvida no pensamento deles, e como essa visão pode levar a deturpações nesse). É justamente essa diferença, porém, que torna tão importante, a utilização de ambos os textos para o entendimento de como Aristóteles interpretou Parmênides.
Por qual das passagens começar um estudo é, fundamentalmente, decisão do intérprete. Para este estudo ao menos, iniciar pelo Livro I da Física é considerado mais interessante, por uma série de fatores. Além do diálogo com a doutrina eleática ser maior, de fato grande parte do Livro I é dedicado a responder diretamente a doutrina de Parmênides, seja atacando ela diretamente como problemática ou expondo de que maneira é possível aquilo que os Eleatas consideravam falso, e mais do que respeitar a cronologia tradicionalmente associada ao corpus aristotelicum (que põe os livros relacionados à physis como anteriores à Metafísica), a parte da doutrina que será discutida e o objetivo com que essa discussão se dá, fazem merecer uma exposição prévia àquela presente na Metafísica.
Aristóteles, logo no início da Física, tendo declarado que a primeira tarefa relativa ao estudo da physis é estabelecer aquilo relativo a seus princípios , afirma, contra uma tradição que ele mesmo faz parte, se não a inicia, que os Eleatas não são fisiólogos: "Porém, investigar se o Ser é um e imóvel não é uma contribuição para o estudo da natureza" . A fim de entender a motivação de tal declaração, que a princípio causa estranheza no leitor familiarizado com a interpretação tradicional dos pré-socráticos, é necessário entender o contexto no qual ela está inserida, isto é, a Física de Aristóteles, o intento do estudo feito nessa e como ele norteará como será a relação com os Eleatas.
Para que seja possível esse entendimento, é, antes, necessária a compreensão da própria noção de physis, de natureza, para Aristóteles. Se para Parmênides o real é o Ser e o que observamos com as sensações é falso (posicionamento que claramente influencia o mestre de Aristóteles, Platão, e seu posicionamento sobre o mundo das sensações), para Aristóteles não há nada sobre a realidade sensível que a torne inerentemente enganadora e é a partir dela que se conhece os entes. Aceitar a realidade sensível é, também, aceitar o movimento, entendido em todas as suas formas. Para que se possa garantir um estudo da natureza, entendida dessa maneira, começando pela questão dos princípios, é necessário, primeiramente, impossibilitar um Ser como o dos Eleatas. É por isso que, apesar de inicialmente, ao listar as possibilidades acerca de como e quantos podem ser os princípios, mencionar a opinião de Parmênides e Melisso, declara que essa posição não pode ser mantida para um estudo da física, "Pois se o Ser é somente um, e um na maneira mencionada [imóvel], não há mais princípio, já que um princípio tem que ser o princípio de alguma coisa ou coisas" .
Para que seja possível o estudo da natureza, deve ser considerado dado que ao menos certas coisas estão a se movimentar, "o que é claro pela indução [επαγωγή]" . No entanto, não parece ser suficiente, para Aristóteles, essa argumentação para que se possa abandonar as questões que os Eleatas levantam. Assim, concedendo que são questões pertinentes ao estudo da natureza, procede com uma refutação mais aprofundada do pensamento de Parmênides, começando por atacar diretamente seu entendimento de dois conceitos fundamentais: Ser e a unicidade.
A crítica a como os Eleatas entendem ambos esses conceitos será embasada na não percepção, segundo Aristóteles, por parte daqueles da multiplicidade de sentidos que esses termos podem ter. "A questão mais pertinente pela qual começar é em que sentido se afirma que todas as coisas são um, pois "ser" é usado em vários sentidos" . Esses vários sentidos que Aristóteles fala provém da introdução da diferenciação entre ser essência e ser qualidade (ou quantidade). Se o ser é um, Aristóteles afirma, tem de ser um de acordo com essas categorias. Tendo essas noções, levantam-se várias dificuldades contra a doutrina eleática, pois qualidade e quantidade são atributos concomitantes da essência, somente essa sendo independente, "pois tudo é predicado da essência como sujeito" . Se o Ser é um, como afirmam os Eleatas, ele tem de ser essência e nada mais. No entanto, esses pensadores, segundo Aristóteles, atribuem quantidade ao ser (vale notar que quando Aristóteles menciona a atribuição de quantidade ao Ser, ele cita apenas Melisso, que afirma que o Ser é ilimitado , posição no qual diverge de Parmênides, o que permite que se levante a questão da validade dessa crítica para esse, ainda que um aristotélico pudesse facilmente adaptar o argumento para o Ser limitado de Parmênides), o que implica que eles afirmam ou que o Ser é só quantidade, o que já foi declarado como impossível, ou que o Ser é tanto essência quanto quantidade, o que, porém, faria com que ele deixasse de ser um e passasse a ser dois.
Aristóteles parece estar sugerindo, então, que para que o Ser possa ser como os Eleatas desejam, seria necessário que o ser fosse apenas essência, mas continuando sua crítica ele passa a atacar a própria noção de unicidade que aqueles têm. Assim como ignoram a multiplicidade de sentidos para o ser, para Aristóteles, também o fazem para o um. Pode-se dizer que algo é um em três sentidos: é um por ser contínuo, é um por ser indivisível e duas coisas são "um" por serem essencialmente a mesma.
Se os Eleatas propõem que o um é o contínuo, o Ser não poderá ser indivisível, pois todo contínuo é divisível ad infinitum. Caso afirmem que o um é indivisível, retornando as noções de "ser" introduzidas anteriormente, Aristóteles declara que o Ser não poderia então ter nenhuma qualidade ou quantidade que os Eleatas queiram atribuir a ele, já que qualquer predicação tem por necessário a divisão entre sujeito e os predicados. Ademais, caso queiram expressar aquele terceiro sentido, sua doutrina se resume a que tudo é o mesmo.
Tomar que o "ser" tenha somente um sentido, não só significa, para Aristóteles, que Parmênides parte de uma premissa falsa, mas também que chega a conclusões errôneas através de uma argumentação espúria. Para aquele, Parmênides não entende que, por exemplo, ainda que o "branco" tenha somente um sentido, isso não fará com que as "coisas brancas" deixem de ser várias, explicando:
Pois aquilo que é branco não será um no sentido de que é contínuo nem no sentido de que tem de ser definido de uma única maneira. "Branco" será diferente do "que é branco". [...] Pois "branco" e "o que é branco" diferem em definição [do ser]... (Aristóteles, Física, I, 186a 26-30)
São esses enganos, para Aristóteles, tanto nas premissas quanto no desenvolvimento delas, que levam Parmênides a concluir que o ser é a essência e a unidade indivisível, sem notar as consequências que disto provêm para a própria natureza do ser .
É somente após todo esse ataque à doutrina eleática que Aristóteles se permite começar a falar sobre a explicação da natureza a maneira dos verdadeiros fisiólogos, começando por uma breve (comparada ao tamanho reservado ao diálogo com Parmênides e Melisso) descrição e problematização da visão daqueles que o antecederam (especialmente Anaxágoras, a fim de criticar a infinidade dos princípios), para depois expor sua própria doutrina a respeito dos princípios da physis, a partir do par de contrários e do substrato sobre o qual eles agem. Tal é a importância de Parmênides, apesar de todas as críticas que o Estagirita traça sobre como a inexperiência dele o guiou a um caminho falso, a ele é reservado maior parte da introdução ao estudo da natureza. E mesmo depois disso tudo, quando concluindo sua apresentação, Aristóteles faz questão de mencionar como seu posicionamento não vai contra os princípios de que ou algo é ou não é, nem de que nada provém do ser ou do não-ser, ainda que a este último se adicione, devido aos novos desenvolvimentos de sua doutrina afirmaria Aristóteles, nada sem qualificação (pois de certa forma o músico provém do não-ser, na medida em que se mostra não-ser enquanto músico, ou seja, do não-músico).
Tal posição, que mescla uma crítica profunda, muitas vezes expressa através de um fraseado quase depreciativo, a uma aceitação da importância da doutrina eleática, também se encontra na outra passagem de Aristóteles que se focara aqui, o Livro I da Metafísica. No entanto, como já foi mencionado anteriormente, a abordagem do pensamento de Parmênides ocorre de forma bem diferente da encontrada na Física.
O famoso comentário sobre os filósofos anteriores feito no primeiro livro da Metafísica se dá num contexto de averiguação das maneiras com que a noção de causa pode ser e foi entendida. Tendo estabelecido que a sabedoria procurada é o conhecimento das causas primeiras, originais, sendo que a causa pode ser entendida de quatro sentidos : a essência (causa formalis), o substrato (causa materialis), a origem do movimento (causa efficiens) e o fim (τέλος) do movimento (causa finalis), Aristóteles propõe que, para auxiliar o estudo ali feito, examine-se os pensadores que investigaram a realidade previamente, pois ao filosofarem também falaram sobre certos princípios e causas, e ao estudá-los "nós ou descobriremos uma nova espécie de causa, ou ficaremos mais convencidos da veracidade daquelas que atualmente mantemos" , assim legitimando o pensamento do próprio Aristóteles através de uma perspectiva de desenvolvimento teleológico da filosofia.
Aristóteles considera que os primeiros filósofos avistaram somente o princípio de aspecto material, aquilo que subjaz as transformações no mundo. Ainda que debatessem sobre a natureza desse princípio, nas suas discussões ainda incipientes falta a explicação para as mudanças que ocorrem, "pois o substrato por si não mudará a si mesmo" . No entanto, a própria natureza da investigação levou logo ao questionamento acerca disso e é nesse momento da "história" da filosofia que Aristóteles inserirá os eleatas. Eles, mantendo que o substrato é um, como se houvessem falhado na procura por essa causa origem do movimento, optam por declarar esse substrato único, que compõe a natureza, como imóvel, imutável, não só no sentido que os seus antecessores já falavam, isto é, no sentido da geração e destruição do próprio substrato (Aristóteles afirma que esta é uma crença primitiva e com a qual todos concordam), mas em todos possíveis sentidos de mudança.
Já é possível perceber certa diferença na maneira que os Eleatas são interpretados nessa passagem em comparação com o Livro I da Física, um aspecto dos mais notáveis é que não são explicitamente excluídos do conjunto dos fisiólogos como são na obra anterior. Porém, o que é mais gritante é o que Aristóteles declara sobre Parmênides, o qual é considerado como merecedor de ser tratado à parte dos outros (nomeadamente Melisso e Xenófanes, sobre o qual Aristóteles afirma que é dito ter sido o mestre de Parmênides):
Daqueles que afirmam que tudo é um, nenhum sucedeu em descobrir uma causa desta espécie [da origem do movimento], exceto, talvez, Parmênides, e este somente na medida em que supõe que haja, não uma, mas duas causas. (Aristóteles, Metafísica, I, 984b, 1-5)
Esta passagem é, talvez, uma das mais intrigantes do Livro I. A afirmação parece não só contraditória, mas também parece ir diretamente contra todas as representações do pensamento de Parmênides, inclusive a que Aristóteles faz, não só na Física, mas como na própria Metafísica, na apresentação dos Eleatas que antecede diretamente essa passagem. Essa caracterização intrigante do pensamento de Parmênides continua no início do capítulo seguinte, o capítulo IV, que dá continuidade à discussão sobre a causa origem do movimento:
Poder-se-ia supor que Hesíodo foi o primeiro a procurar por algo assim [causa do movimento], ou alguém que põe amor ou desejo como princípio entre os entes, como Parmênides faz, pois ele, construindo sua gênese do universo, diz: – Amor primeiro de todos os deuses ela concebeu. (Aristóteles, Metafísica, I, 984b, 25)
Aqui se encontra a primeira indicação sobre o que Aristóteles está tratando. Essa passagem cita expressamente o fragmento B13 do poema de Parmênides, que é tradicionalmente posto na Via da Opinião, e a referência a uma "gênese do universo" feita por Parmênides, que só traça algo do tipo quando expressa a "opinião dos mortais", corrobora isso. Aristóteles parece estar abordando a parte final do poema de Parmênides, e tratando como parte do próprio pensamento desse. De fato, confirmação disso é dada mais adiante, no capítulo seguinte:
Pois, declarando que, além do que é, nada que não é há, ele pensa que o que há é necessariamente um e que nada mais há (acerca disso falamos mais claramente no nossa obra sobre a natureza), mas sendo forçado a seguir os fatos observados, supondo a existência daquilo que é um em formula, mas mais que um segundo nossas sensações, ele então propõe duas causas e dois princípios, nomeando-os quente e frio, como se dissesse fogo e terra, dos quais ele associa o quente ao ser e o outro ao não-ser. (Aristóteles, Metafísica, I, 986b, 30-31)
Fica clara, com essa passagem, a interpretação do pensamento de Parmênides que ocorre na Metafísica. Aristóteles considera que o expresso na Via da Opinião é uma doutrina própria de Parmênides, tentando explicar o que lhe é dado através das sensações, ainda que, para o Parmênides de Aristóteles, a realidade continue sendo a unicidade que o logos expõe como verdadeira. Interessantemente, Aristóteles também afirma, como buscando poder fazer uma ligação entre as duas vias do pensamento de Parmênides, que a dualidade quente/frio é associada, respectivamente, a dualidade ser/não-ser. Em nenhum dos fragmentos que chegaram à contemporaneidade há essa associação, o que impede que se saiba se essa se trata de uma introdução de Aristóteles ou se de fato é um traço do pensamento de Parmênides. Ela é o aspecto mais singular da maneira como Parmênides é entendido por Aristóteles e, por maior que seja a influência desse na maneira como, até hoje, se lê os diversos pré-socráticos, essa associação é uma faceta que permanece muito restrita ao aristotelismo.
Considerações Finais
Terminando com essa passagem se faz possível destacar a dificuldade de compreender a interpretação aristotélica de Parmênides caso se tente dissociar as diversas obras do Corpus Aristotelicum, buscando ler cada uma como independente do resto. Sozinhas, as obras levam, no mínimo, a uma aparente contradição do autor, se não à desconsideração daquelas como meios de acesso ao pensamento de uma das mais importantes figuras da filosofia grega.
Independentemente do valor ou da confiabilidade que possam ser dados a Aristóteles como transmissor do pensamento de seus predecessores, de fato certo nível de ceticismo é necessário em relação à crença na imparcialidade da exposição, se é que essa foi pretendida por Aristóteles, não se pode negar que ele não só permitiu com que muito do pensamento que o antecedeu continuasse conhecido, como também forneceu instrumentos imprescindíveis para interpretação desse. O acesso imaculado, perfeito e total à obra de um filósofo tão distante cronologicamente como Parmênides é uma ilusão que, enquanto mantida, não fará mais do que criar empecilhos para o estudo de pensadores como ele.
Nesse sentido, ainda que se mantenha que Aristóteles tem em vista sua própria doutrina quando apresenta a dos outros, ele é indispensável para qualquer tentativa de melhor entender o pensamento grego.

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