Paula Rego Desafio e Bravura

Conferência Internacional sobre Paula Rego

Paula Rego e o Desenho.
Desafio e bravura

Nesta comunicação abordamos o desenho de Paula Rego como forma expressão do pensamento artístico e sobretudo como linguagem primordial deste pensamento, fundado na circularidade de um movimento entre a mão, o gesto e a mente, o desenho interno, aquele desenho que a pintora afirma ver antes de começar efectivamente a desenhar.
Identificamos o aparecer do desenho, como entidade identificável e o seu desaparecimento, a sua dissolução na obra final que se situa na fronteira entre desenho e pintura. Interessa-nos a matéria do desenho, do ponto de vista da materialidade, os medias, suportes e escalas, isto é o desenho externo, aquele que vemos fisicamente. Interessa-nos também e paralelamente uma outra matéria do desenho que se afirma nos temas de Paula Rego reflectindo a visão feminina da história no centro das narrativas e da contemporaneidade da sua obra. Na verdade, o estudo do desenho na obra de Paula Rego constitui um exercício de investigação sobre os valores e as funções do desenho na contemporaneidade, mas sobretudo sobre a absoluta originalidade da sua obra, o seu carácter.
No desenho de Paula Rego analisamos a bravura no modo como desafia o desenho europeu dos séculos XV ao XIX. Nestes séculos o desenho como disciplina artística autónoma, elaborou sobre a sua própria definição, na prática das oficinas e na literatura artística, com uma visão de presente e futuro que lhe permite mutar-se e expandir-se continuamente. Paula Rego desafia conceitos, regras, cânones, mantendo o desenho no centro da sua actividade, abordando temas intemporais de desenho que revelam formas de bravura. A representação do corpo feminino no centro das lutas de puro exercício do desenho como formas de metáfora à bravura da existência feminina.
Desenho, Desafio e Bravura