Paywall: O Sistema De Cobrança Por Acesso A Conteúdos No Webjornalismo

October 1, 2017 | Autor: Thiago Vieira | Categoria: Folha de S. Paulo, The New York Times, Paywalls, Financial Times
Share Embed


Descrição do Produto

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
COORDENAÇÃO DE PESQUISA


Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC)
CNPq/UFS



Ji



Área do conhecimento: Ciências Sociais Aplicadas
Sub-área do conhecimento: Comunicação
Especialidade do conhecimento: Jornalismo e Editoração

Bolsista: Thiago Vieira Pereira
Nº Matrícula: 09140811
Orientadora: Lilian Cristina Monteiro França

Departamento de Comunicação Social
NUCA – Núcleo de Pesquisa em Comunicação e Tecnologia

Relatório Final
Período: janeiro de 2014 a julho de 2014.


Este projeto é desenvolvido com bolsa de iniciação científica
PIBIC/CNPq

RESUMO

Desde o começo da migração dos jornais para os sites noticiosos na
internet, os grupos de imprensa têm se refletido sobre os desafios de levar
sua audiência a pagar pelo consumo de seu conteúdo. Antes restritos por
condições logísticas, os leitores se viram na internet diante de tamanha
oferta que banalizou o preço da informação noticiosa. O conflito entre
cobrar por informação e a arquitetura abertura da internet levaram à
divergências entre estudiosos e empresários, e entre estes últimos e seu
próprio público. Jornais de nicho como The Wall Street Journal e Financial
Times cobrando tiveram pouco impacto, até que o famoso The New York Times
popularizou a prática. Diversos casos de sucesso e fracasso não apontaram
uma direção definitiva sobre a cobrança pelo acesso a notícias. Os
resultados finais fornecem caminhos gerais para estratégias de sucesso, mas
não são suficientes para definir um modelo claro de rentabilidade, à altura
do existente na mídia impressa.

PALAVRAS CHAVES: PAYWALLS, The New York Times, Financial Times, Folha de
São Paulo






















SUMÁRIO

"1. INTRODUÇÃO "3 "
"2. CONCEITO E TIPOLOGIAS DE PAYWALLS "6 "
"3. SITES NOTICIOSOS SEM PAYWALLS. "17 "
"4. ENTREVISTAS ESTRUTURADAS "22 "
"5. CONCLUSÕES FINAIS. "26 "
"6. BIBLIOGRAFIA "27 "

1. INTRODUÇÃO - UM PERÍODO PESSIMISTA PARA A IMPRENSA.




Na primeira década do século 21, a indústria jornalística
se viu em maus lençóis. O livre fluxo de informações que veio junto com o
acesso generalizado à internet foi o principal responsável por fazer a
circulação dos jornais e revistas impressos, a principal fonte de renda de
grande parte dos grupos de mídia tradicionais, declinar[1].

Entre os anos 2000 e 2010 as empresas donas de jornais
viram a circulação e o lucro de seus impressos despencarem, sem que os
lucros nos empreendimentos digitais pudessem suprir a queda:

Em todo o mundo, o lucro advindo de propagandas publicadas em jornais
impressos representa quase 50% do lucro e ainda é um referencial para
medir a saúde de um jornal. Porém, o número de impressões vem diminuindo
significativamente em todos os continentes, exceto na Ásia.

Nos EUA, entre 2001 e 2012, o lucro com publicidade em jornais impressos
declinou de US$44,3 bilhões para US$19,5 bilhões. Enquanto entre 2003 e
2012, os lucros com publicidade em jornais digitais apenas aumentaram de
US$1,5 bilhão para US$3,4 bilhões.

Ainda nos EUA, 48% dos jornais já possuem um paywall para
acesso ao conteúdo no seu site. E dos que ainda não implantaram, 44% destes
planeja fazê-lo no futuro[2].

A indústria da jornalística também acabou por sofrer
pressão da indústria dos dispositivos portáteis, como tablets e
smartphones, junto com os ecossistemas de aplicativos, já que muitos deles
têm funções de criar "revistas" personalizadas, a partir de conteúdos
disponibilizados gratuitamente na internet (de blogs, videologs, podcasts e
afins).

Note-se que parte desses conteúdos gratuitos também é
disponibilizada por grupos da imprensa que tem como base histórica empresas
de informação pré-internet. Quando a o acesso a rede ainda estava em sua
infância, era senso comum que a informação deveria ser disponibilizada
gratuitamente, pois (vide MATTOSO):

Não havia base instalada de leitores: no começo dos anos 90, o número de
usuários que dispunha de um computador era muito pequeno, comparado ao
número de leitores dos jornais impressos. Houveram experiências de
vender o conteúdo dos jornais em CD-ROMs que terminaram por não vingar.
A esperança vinha da internet, onde a informação seria distribuída a um
custo baixo e haveria uma fonte de renda, a seguir.

A publicidade digital cobriria os custos: a ideia de distribuir as
notícias a um custo financeiro e logístico muito menor que o da mídia
impressa era algo tentador, mais ainda quando a promessa de que a
publicidade digital permitiria distribuir conteúdo gratuitamente,
permitindo o crescimento constante da base de leitores, ao mesmo tempo
que haveriam ganhos financeiros visíveis. Hoje sabe-se que essa promessa
não vingou.

A base de leitores aumentou na mesma proporção que os
computadores e o acesso à internet baratearam. Mas os custos de produzir
reportagens jornalísticas (incluído aí os custos em recursos humano das
redações) não diminuíram na mesma proporção e os lucros advindos da
publicidade digital mostraram-se pífios.

Passados quase 10 anos do "boom" de acesso à internet, a
situação continuou a se deteriorar. O preço pago pela publicidade digital
caiu[3], os jornais e portais noticiosos, antes dois dos poucos atores a
produzir conteúdo, passaram a sofrer concorrência de um grande número de
agentes: de blogs, mídias sociais e até sites de "conteúdo viral".

Embora o primeiro registro de um grande veículo de mídia
cobrando previamente por acesso ao conteúdo seja o do The Wall Street
Journal, por ora vamos deixá-lo fora de nosso escopo, pois a cobrança
iniciou-se juntamente com a publicação do site, em 1997: o The Wall Street
Journal foi o único grande veículo de mídia pré-internet a não fornece
nenhum material noticioso gratuitamente. Em menos de um ano, o site ganhou
200 mil assinantes. Em 2007, Financial Times criou o primeiro "paywall
poroso", onde leitores podiam ler dez artigos, antes de serem obrigados se
registrarem. Em 2010, o jornal britânico The Times também erigiu um
"paywall total", exigindo pagamento prévio para a visualização de qualquer
conteúdo produzido pelo jornal[4].

Mas o grande impulso para a discussão sobre a efetividade
dos paywalls no webjornalismo veio em 2011, quando o The New York Times[5]
decidiu também elaborar um paywall ao redor de seu conteúdo. A ação de The
New York Times teve um impacto maior por dois motivos:

The New York Times tem importância geral e global: o The Wall Street
Journal é um jornal com forte foco econômico e político, voltado para
grandes investidores e empresários do ocidente. O The Times é um jornal
de temas gerais relevante, mas sua audiência é a população da
Inglaterra. The New York Times tem um público muito mais amplo, já que é
um jornal que se propõe a discutir uma ampla gama de temas, que afetam
um número maior de leitores; ao mesmo tempo que é um jornal de alcance
internacional, sendo o 5º site noticioso mais acessado do mundo[6],
portanto servindo de referência para outros veículos de imprensa no
mundo.

The New York Times tem um "paywall poroso": Enquanto o The Wall Street
Journal e The Times têm sistema de paywalls que impedem qualquer
visualização de conteúdo, The New York Times utiliza um modelo de
paywall que dá direito aos não assinantes a visualizar 10 artigos
noticiosos ao visitar o site (o número anterior era de 20 artigos), 25
artigos através de sistema de busca (como Google[7] e Yahoo[8]) e um
número ilimitado através de links em sites de mídias sociais.

Desde a implementação de seu paywall, The New York Times
tem sido uma espécie de canário na mina de carvão[9], seus relatórios
financeiros sofrem grande pressão e são alvo de análises minuciosas em
vários veículos de análise de mídia[10], todos analisando seu desempenho e,
de certa forma, torcendo por seu sucesso, ansiando que talvez haja
encontrado uma forma de garantir a sobrevivência dos órgãos de imprensa.

A esta altura já entendemos que os paywalls são uma
maneira de grupos de imprensa garantirem seus lucros no novo cenário da
internet. Também vimos que existe mais de uma modalidade de paywall e
opiniões sobre como resolver o problema da fuga de receita com publicidade
digital.

A seguir continuaremos melhorando nossa definição do que
vem a ser os paywalls, quais as alternativas de financiamento e lucro para
a imprensa e expandiremos nossa discussão para outras áreas da internet,
além do jornalismo.


2. CONCEITO E TIPOLOGIAS DE PAYWALLS




Para nosso estudo precisamos de uma definição mais precisa
e ao mesmo tempo mais abrangente, para que possamos analisar e analisar
tanto os chamados paywalls quanto outras iniciativas para o financiamento e
lucro de sites noticiosos. Assim, doravante falaremos de "sistemas de
acesso a cconteúdo noticioso", para designar o pagamento prévio para o
consumo de conteúdo jornalístico. Dessa forma entendemos que as variações
de paywalls são apenas casos específicos de um modelo maior.

Paywall é um termo popularizado entre os profissionais de
comunicação para designar o bloqueio ao acesso de conteúdo produzido por
veículos de imprensa, para cobrar pelo consumo de tal material,
compensando, assim, as perdas decorrentes do modelo de faturamento com
publicidade na internet. A palavra é um neologismo formada pelas palavras
inglesas "pay" (verbo pagar no presente do indicativo) e "wall" (parede,
muro, muralha); assim subentende-se uma barreira no acesso ao conteúdo,
acessível mediante pagamento.

Os acadêmicos e especialistas em comunicação em geral são
céticos com relação à implantação de paywalls, por motivos encadeados:

Paywalls tornam difícil atrair novos leitores: se o leitor não pode
experimentar a qualidade de conteúdo em sua totalidade, é difícil ter
uma noção do custo-benefício. Isso termina por gerar uma queda no número
de visitantes com possibilidade de tornarem-se assinantes. Como citou
Bobbie Johnson, "As pessoas têm baixa tolerância às barreiras - de
qualquer tipo". Bobbie é fundador do site Matter, que iniciou suas
operações com um paywall total, mas foi não capaz de gerar renda
suficiente para se sustentar, motivo pelo qual desistiu de cobrar pelo
acesso ao conteúdo. (INGRAM, 2013)

Paywalls podem ameaçar o crescimento em escala do site: sendo uma mídia
de massa por excelência, o fato de limitar o crescimento de sua base de
leitores faz com que o alcance demográfico do site seja prejudicado, o
que acaba por afetar a renda com publicidade, já que geralmente os
anunciantes demandam escala para alcançar a maior audiência possível.
(INGRAM, 2012)

Outros fatores não diretamente econômicos depõem contra o
uso de paywalls (VINER, 2013):

Paywalls limitam consideravelmente a discussão das notícias publicadas:
Paywalls impedem que outros sites possam usar links remetendo à história
original publicada, impedindo sua proliferação pela internet. Uma
editora do jornal britânico The Guardian (cujo website não possui
nenhuma barreira ao consumo de conteúdo) descreveu como em uma
reportagem sobre vazamento de óleo, o Guardian criou um documento
colaborativo, onde os leitores poderiam deixar sugestões para a
resolução do problema. Em pouco tempo o jornal recebeu sugestões de
vários profissionais ligados à área, como mergulhadores, físico,
engenheiros e outros.

Paywalls limitam a transparência das notícias e impedem a revisão por
terceiros: Impedir o acesso às notícias na internet termina por impedir
que uma grande audiência possa apontar possíveis erros de cobertura e
edição. O Guardian cita um caso em que a primeira ministra da Austrália
cedeu uma entrevista e depois negou publicamente o que havia dito. O
jornal publicou a integra da entrevista para que a audiência pudesse
analisar por si própria as palavras da ministra.

Por outro lado, os diretores de jornais e sites de
notícias veem aspectos positivos na implantação dos paywalls. Depois de
alguns anos de experimentação, as lições aprendidas foram (GILLETTE, 2013):

Assinaturas para internet não canibalizam as assinaturas impressas: por
muito tempo temeu-se que oferecer assinaturas online, de preço mais
barato, acabassem por comprometer a versão impressa, que tem maior
retorno em publicidade. Mas o que se percebeu é que assinaturas online
trazem tipos diferentes de assinantes, familiarizados com dispositivos
eletrônicos, que demandam conveniência no consumo de suas notícias.

Um modelo de bloqueio a acesso e assinatura torna os espaços para
anúncios mais valiosos: usando um sistema de análise de comportamentos
dos assinantes, os jornais podem entender melhor seu público e garantir
com mais segurança que os anúncios atinjam seu público-alvo. Rob
Grinshaw, diretor do site do Financial Times, disse que "Temos crescido
no negócio de publicidade a cada ano desde que introduzimos assinaturas.
Por causa da profunda relação que temos com o público e os dados que
temos sobre nossos assinantes, podemos garantir que os anunciantes
atinjam públicos específicos muito escassos."[11]

Os dados sobre os assinantes permitem conhecê-los melhor, aumentando seu
tempo de assinatura: os editores estão usando os dados sobre seus
clientes para definir o limite de tempo para períodos experimentais
gratuitos, calculando seu valor de tempo de vida como assinantes e
maneiras de segurá-los por mais tempo.

Os paywalls dividem-se em duas categorias principais:
paywall unilateral e poroso ou flexível.

O paywall unilateral requer uma assinatura paga antes que
qualquer conteúdo posso ser acessado. É o modelo de paywall adotado por The
Wall Street Journal, Financial Times e The Times. Considerado arriscado, é
possível que grande parte da audiência já conquistada seja perdida para
concorrentes. Por esse motivo é preferível que a adoção desta variante seja
efetuada apenas se o grupo de imprensa for um agente dominante em um
ambiente de nicho.

Os críticos dos paywalls reprovam esta modalidade, pois
consideram que há prejuízo para o próprio veículo, diminuindo sua
influência. Jimmy Wales, fundador da Wikipedia, afirmou que o The Times, ao
implementar um paywall total, se tornou irrelevante (MACMILLAN, 2013). De
fato, após o aparecimento da cobrança, o tráfego para o site caiu 60%
(WAUTERS, 2011).

Dentre os três citados, cabe analisar o caso do Financial
Times com detalhes. A cobrança por conteúdo começou em 2007, quando os
usuários podiam visualizar 30 artigos por mês antes que houvesse cobrança.
Porém desde 2010, esse número foi reduzido para dez artigos por mês e
leitura livre dos blogs do jornal, com uma condição: o leitor deve se
registrar previamente.

Felix Salmon, da Reuters, comentou sobre o sistema de
acesso a cconteúdo noticioso de Financial Times comparando-o a um zigurate:

há uma camada de blogs que é gratuitaa com registro,
e em seguida há uma camada de notícias que custa uma
certa quantidade de dinheiro, e então há a camada de
Lex [a coluna mais antiga do jornal, um serviço
premium[12]] em cima disso, que custa ainda mais,
todo o caminho através dos boletins de alta do dólar
e até mesmo as assinaturas de serviços como Medley
(serviço de consultoria financeira do Financial
Times[13]) (SALMON, 2012).

Nota-se na estratégia de Financial Times uma variação em
relação ao simples limite de visualizações de artigos noticiosos em um
determinado período de tempo: existem determinados tipos de conteúdo que
podem ser acessados gratuitamente, tipos de conteúdo que precisam ser pagos
e há conteúdos que precisam ser pagos isoladamente. Salmon compara a
estratégia a um zigurate, mas uma comparação mais próxima é a dos pacotes
de televisão por assinatura.

Na TV por assinatura, o usuário contrata mediante
pagamento um pacote básico de canais. Caso deseje mais canais e serviços
melhores, o usuário precisa pagar um preço maior. E existem serviços de
assinatura individualizada, onde paga-se apenas pela adição de um canal
específico.

Para balancear a perspectiva sobre os paywalls totais,
citamos o caso de fracasso do San Francisco Chronicle, que desistiu de usar
um paywall total em agosto de 2013, quatro meses depois de iniciar o
serviço. O Chronicle vai usar uma estratégia de site-duplo: enquanto seu
site irmão, o San Francisco Gate, vai fornecer gratuitamente jornalismo
"hard news" e colunas de opinião, o San Francisco Chronicle vai fornecer
conteúdo premium que tenta "replicar a experiência do jornal impresso e
reflete as mudanças nas notícias ao longo do dia"[14] (BAUJON, 2013). Os
editores do jornal não forneceram detalhes sobre a motivação para tal.

O paywall poroso funciona permitindo a um usuário
visualizar um determinado número de artigos antes de exigir assinatura
paga. É o modelo adotado atualmente por Folha de São Paulo e The New York
Times.

No Brasil, a Folha de São Paulo implantou este modelo de
paywall em 21 de junho de 2012. Os usuários podem visualizar livremente 20
artigos por mês, antes de ser exigido um cadastro simples, o que permite
visualizar mais 20 artigos no mês. A partir do 41º artigo, é preciso uma
assinatura mensal. O jornal colheu lucros no período de 1 ano[15]:

A média mensal de páginas visualizadas passou de 213,8 milhões para
245,9 milhões. Uma variação de 15%.

O número de visitantes do site aumento 4%, de 19,4 milhões para 20,1
milhões.

A assinaturas totalmente digitais aumentaram 189%.

Após a implantação do paywall, o The New York Times também
obteve resultados financeiros visíveis:

No período de fevereiro 2011 a até fevereiro de 2012, o grupo teve
prejuízo de US$39,7 milhões, em contraste com o lucro de US$107,7
milhões nos 12 meses anteriores[16].

De fevereiro de 2012 a fevereiro de 2013, houve lucro de US$133 milhões.
No período, o número de assinantes digitais aumentou de 406.000 para
640.000. O presidente e diretor executivo, Mark Thompson, afirmou em
comunicado de fevereiro de 2012 que "pela primeira vez em nossa
história, a receita anual de circulação superou a de publicidade"[17].

Os números atestam: a estratégia de cobrar pelo acesso ao
conteúdo fez as receitas do NYT voltarem a ser positivas e fez com que uma
redação antes receosa ficasse orgulhosa em capitanear um novo movimento na
imprensa mundial.

Um caso de fracasso para os paywalls porosos é o do The
Dallas Morning que eliminou seu paywall (este acontecimento ajuda a
explicar o do San Francisco Chronicle). Quando o Dallas Morning ofereceu um
serviço de assinatura por um site que oferecia as mesmas notícias da versão
impressa, por um preço que equivalia a 10% do preço da assinatura impressa,
apenas 5% da sua base de assinantes disseram estar interessados. O Dallas
Morning iniciou seu paywall poroso, no primeiro semestre de 2011, mas,
segundo seu chefe de marketing, "A solução do paywall não tem funcionado.
(...) O paywall não criou uma onda maciça de assinantes [digitais]."[18] A
alternativa foi oferecer um site premium: assinantes terão acesso a uma
versão "visual" do site do jornal, em que imagens das reportagens formam um
mosaico. O site também vai exibir menos publicidade do que a versão
gratuita (INGRAM, 2013).

Uma pergunta inegável surge: até quando os paywalls vão
conseguir conter a fuga de receita para outros veículos de mídia na
internet? Quem observa estes movimentos com atenção não é muito otimista.

Mathew Ingram, comentarista de mídia do site Giga Om,
considera os paywalls porosos uma estratégia de "saco de areia", uma
estratégia defensiva e questionável a longo prazo. Ingram questiona
principalmente os números de novos assinantes, indagando se eles realmente
representam uma recuperação:

(...)o que se entende pelo termo "funcionando?" O NYT
está recebendo leitores que pagam? Sim. Mas o valor
de longo prazo ainda é muito mais uma questão em
aberto - e um paywall continua sendo uma estratégia
fundamentalmente defensiva[19] (INGRAM, 2011).

Ingram questiona não apenas o número de assinantes
digitais de The New York Times, mas também o valor do faturamento com essa
operação, em comparação com o lucro total:

A questão básica é que o paywall está
indiscutivelmente produzindo aproximadamente $ 35
milhões ou mais por ano na taxa atual de assinaturas
- mas (...) é uma gota relativa no balde para uma
empresa do tamanho do NYT, que tem uma receita de
cerca de US $ 2 bilhões. E será que esse número
crescer, ou vai ficar na mesma ou até mesmo encolher?
Mesmo que dobre, ainda é uma contribuição
relativamente pequena para o negócio global. É melhor
do que nada? Claro que é. Mas não vai ajudar nem
quebrar o jornal.[20] (INGRAM, 2011)

Joshua Benton, do Nieman Journalism Lab, reforça o
ceticismo de que o número de assinantes de The New York Times vá aumentar
ao longo do tempo. Sua argumentação tem dois pontos como base, ambos
fazendo uma analogia ao TimesSelect, de 2005, uma tentativa frustrada de
The New York Times em conseguir pagamento por conteúdo (BENTON, 2011).

O número de assinantes vai declinar com tempo: na experiência do
TimesSelect houve um grande número de assinaturas nos primeiros meses do
programa, mas os números praticamente estagnaram nos anos seguintes: de
setembro a novembro de 2005, 135 mil pessoas assinaram TimesSelect.
Porém, de dezembro de 2005 até setembro de 2007, apenas 92 mil pessoas
assinaram o mesmo programa. A estagnação foi óbvia, reforçando a ideia
já apresentada de que paywalls dificultam a atração de novos leitores e
possíveis assinantes.

Os assinantes de The New York Times são leitores de longa data do
jornal, não leitores novos: Benton argumenta que esse grande número
inicial de assinaturas é resultado da base instalada de leitores, que
leem o jornal há longa data e que veem um valor cívico em apoiar o
jornal. Bentom diz que:

"Eles são o principal alvo dos esforços passados e
presentes do Paywall do Times. O problema é que há um
número limitado deles por aí. E TimesSelect, pelo
menos, teve um período difícil com um monte de
impecílios (para conseguir assinantes) além deles -
com um aumento de assinaturas em cerca apenas 7.000
nos últimos quatro meses."[21]

Para o caso da Folha de São Paulo, a própria ombudsman,
Suzana Singer, entende que o jornal também vai precisar lutar para aumentar
sua base de usuários e produzir material de melhor qualidade, pontos já
citados anteriormente neste texto:

A audiência na internet é dispersa, fluida,
provavelmente a expressiva maioria dos visitantes do
site da Folha nem vai dar com a cara no 'muro de
cobrança', porque consome pouquíssima notícia. Entre
os que atingirem a cota de 40 textos por mês, só os
realmente comprometidos com o jornal aceitarão pagar.
Não é difícil imaginar formas de burlar o 'paywall',
mas a experiência com iniciativas semelhantes
-download de músicas, por exemplo- mostra que uma
parcela considerável não se incomoda em gastar, desde
que não seja muito. Para esse grupo menor mas fiel, o
jornal precisará oferecer conteúdo de qualidade
superior à que o site tem hoje. Para ler pequenos
informes sobre o que aconteceu nas últimas horas, em
textos mal-ajambrados, ou para saber das fofocas mais
recentes sobre celebridades do 'mundo B', ninguém
precisa gastar um centavo, há uma oferta enorme de
sites e blogs gratuitos na rede (SINGER, 2012).

Suzana acaba citando dois pontos que também precisam ser
levados em conta por quem pretende adotar um paywall em seu veículo de
mídia:

Já existem maneiras de burlar os paywalls: usuários experientes em
ciência da computação criaram para browsers extensões que permitem
visitar vários sites noticiosos sem pagar nada. Para a Folha de São
Paulo, Sergio Schuler criou o script "Folha de S. Paulo Paywall
Killer"[22], para ser usado com o complemento Greasemonkey, disponível
para os navegadores Firefox e Chrome. Os scripts "Financial Times Cookie
Fixer"[23] e "Financial Times Free articles Hack"[24], ambos também para
serem usados com o Greasemonkey, dão conta do limite de acessos ao site
do Financial Times. Para o The New York Times, o script "NYTimes Article
Limit Remover"[25] anuncia que "Este script tem vários métodos de backup
e vai continuar trabalhando, mesmo se o site nytimes.com lançar código
novo". Um complemento que vai ainda mais longe é o AdBlock Plus[26]:
além de ultrapassar os paywalls de vários grandes jornais, é capaz de
bloquear toda e qualquer propaganda da internet. Ele acaba sendo um
problema maior ainda para os jornais que não utilizam paywalls. Voltamos
a falar disso mais adiante.

O modelo "freemium" já se mostrou vitorioso, em relação a produtos de
mídia: a palavra freemium é um neologismo que mescla as palavras "free"
(grátis, em inglês) e "premium" (substantivo que designa o que é
superior em qualidade). Neste modelo de negócios, os produtos ou
serviços básicos são fornecidos de maneira gratuita, mas para ter a
experiência completa ou aprimorada (com novas funcionalidades ou livre
de propagandas) de tais é preciso pagar. É um conceito que precisa ser
melhor explicado, para tornar evidentes outras formas de lucro nos
sistemas de acesso a cconteúdo noticioso.

O termo "freemium" foi cunhado por Jarid Lukin, em uma
resposta a um texto do investidor Fred Wilson onde ele argumentava:

Dê o seu serviço de graça, possivelmente apoiado em
publicidade mas talvez não, adquira uma grande
quantidade de clientes de forma muito eficiente
através do boca a boca, redes de referência,
marketing de busca orgânica, etc, em seguida, ofereça
serviços agregados de valor Premium ou uma versão
melhorada de seu serviço para sua base de clientes
(WILSON, 2006).

Wilson mostra como este modelo de negócios é vantajoso
para serviços e produtos digitais. Suas bases vêm da década de 1980, quando
desenvolvedores de software forneciam gratuitamente disquetes ou CD-ROMs
contendo ou versões limitadas ou versões completas com tempo limitado de
uso. As limitações impostas podem ser de vários tipos e cumulativas
(KINCAID, 2009):

Funcionalidades limitadas: é fornecido um produto ou serviço básico,
cujas funcionalidades pelas quais é famoso são disponibilizadas apenas
após pagamento.

Capacidade limitada: serviços de armazenamento na internet podem
oferecer gratuitamente uma pequena quantidade de armazenamento, cobrando
mais por armazenamento adicional.

Suporte limitado: usuários da versão gratuita não tem direito a
atendimento personalizado, sendo exigido pagamento para tal.

Tempo ou banda limitada: o serviço é disponibilizado por determinado
período de tempo ou de transferência de dados.

Nota-se que este sistema de acesso a cconteúdo noticioso
é quase o oposto do já apresentado: enquanto os paywalls penalizam aqueles
usuários que mais leem e interagem com o site cobrando para que leiam e
interajam mais, o modelo freemium recompensa aqueles que o fazem.

O então editor do Washington Post, Raju Narisetti, e o
professor de jornalismo empreendedor da City University of New York's
Graduate School of Journalism, Jeff Jarvis, propuseram, baseados nessas
ideias, um modelo de recompensas para os leitores e usuários que ajudam a
difundir o site de notícias, consomem publicidade e outras ações.

A ideia básica de Jeff Jarvis é um sistema onde todos os
consumidores de conteúdo de um site são cobrados, mas os que são mais
engajados e apoiam o jornal recebem benefícios que diminuem o preço da
cobrança:

Minha ideia para o paywall poroso inverso valoriza o
leitor engajado sobre o leitor ocasional - e até
mesmo recompensa maior engajamento. E é aí que está,
eu acho, a habilidade chave estratégica para negócios
on-line de notícias: a compreensão de que os leitores
não são todos iguais, sabendo quem são os seus
leitores mais valiosos, conseguindo mais deles, e
tornando-os mais valiosos[27] (JARVIS, 2011).

Para tal, Jarvis elaborou uma lista de ações pelas quais
alguém, pode ganhar "créditos", usando como exemplo o The New York Times:

Você vê os anúncios, você tem crédito; Você clica:
mais crédito; Você volta muitas vezes e lê muitas
páginas: crédito; Você promove The Times no Twitter,
Facebook, Google+, ou seu blog: crédito; Quanto mais
pessoas compartilham o que você compartilhou, mais
crédito você recebe; Você compra mercadoria via Times
e-commerce(serviço de compras virtuais de The New
York Times): crédito; Você compra ingressos para um
evento de Times: crédito; (...)[28] (JARVIS, 2011)

Jarvis fala que um modelo desses nunca iria funcionar na
prática, pois, como citado anteriormente por Suzana Singer, o engajamento
nos jornais é muito baixo e portanto o número de pagantes também o seria.
Mas o que Jarvis quer é passar a ideia de que os jornais devem cuidar
melhor de seus leitores mais fiéis.

Similarmente, Raju Narisetti, na conferência Newsfoo, em
novembro de 2011, propôs um modelo de recompensas aos usuários que
transformaria os então "paywalls" em "freewalls", onde os leitores mais
engajados recebem mais benefícios gratuitamente:

É tudo sobre o seu 'status' e suas 'ações' ficando
mais perto de 'grátis'.

Em vez de começar com um limite de 20 histórias para
ler antes encontrar o paywall, você começa com um
nível de Points, moeda digital valiosa, que permite
que você explore e consuma uma quantidade de artigos
no site gratuitamente. Embora cada artigo lido
"consuma" alguns Points, ao mesmo tempo, outras ações
que você faz acumulam mais Points (nosso medidor
positivo acrescenta, não apenas para diminui),
permitindo assim que você leia mais conteúdo. Quando
você alcança um certo nível de atividade em um mês,
você entra na zona verde que o coloca no 'Estado de
Pioneiro'. O resto do mês no site é grátis para você,
não importa o que você faz a partir de agora."[29]
(em INGRAM, 2011)

Narisetti também cita em sua apresentação ações parecidas
com as já ditas por Jeff Jarvis.

Daremos continuidade à nossa discussão falando dos grupos
de imprensa que decidiram adotar outros modelos de renda diferentes dos
paywalls.

3. SITES NOTICIOSOS SEM PAYWALLS.

Apesar dos benefícios financeiros que os paywalls
prometem, ainda existem grupo de imprensa e mídia que são avessos a essa
abordagem.

O jornal britânico The Daily Mail tem tido resultados
muito positivos fornecendo notícias gratuitamente, com expectativas de que
o lucro com publicidade digital em seu site Mail Online vá superar os
lucros com publicidade impressa em 2015. Convém notar que os lucros com
publicidade impressa mantiveram-se praticamente estáveis em 2012, com uma
variação de -1% (SMITH, 2013).

O site também apresenta níveis bastante altos de
engajamento e de retorno: em média, os leitores gastam 40 minutos por mês
(o dobro do seu rival mais próximo, o The Sun), com um gasto médio de 35
minutos apenas na página inicial do site, mais do que no portal de notícias
do Yahoo e do gigante dos vídeos YouTube. A estratégia da página inicial
funciona atualizando-a constantemente ao longo o dia a cada trinta minutos
com notícias de impacto, fazendo o leitor voltar várias vezes ao longo do
dia (SMITH, 2013).

O conteúdo das matérias publicadas em Mail Online também
tem influência sobre a popularidade do jornal: o jornal que lhe deu origem,
o The Daily Mail, é um tabloide que costuma publicar notícias picantes,
sensacionalistas e algumas vezes sem apuração adequada.

Um fotógrafo falsificou a foto de uma nevasca que teria
ocorrido em uma região da Inglaterra e fez parecer que ela tinha sido
veiculada pela estatal BBC. O Mail Online publicou a foto erroneamente,
enquanto o autor da montagem proclamava nas mídias sociais ter enganado o
jornal (SILVERMAN, 2012).

Certamente esta não é uma abordagem que The New York
Times, Folha de São Paulo e Financial Times gostariam de seguir, mas é
inegável que Mail Online tem feito um trabalho que dá resultados,
aproveitando os elementos abertos da web.

Esta é uma abordagem semelhante ao que o "site de conteúdo
viral" BuzzFeed faz. Auto definido como uma companhia de "entretenimento e
notícias sociais", que "fornece as notícias de última hora mais
compartilháveis, reportagens originais, entretenimento e vídeos na web
social para a sua audiência global de 100 milhões"[30], sua estratégia de
geração de lucros é semelhante à de vários jornais sensacionalistas, mesmo
que não se defina como um agente de imprensa.

O conteúdo do site é elaborado tanto por uma equipe
editorial própria quanto por uma comunidade de usuários que podem registrar-
se livremente. O resultado final geralmente consiste de listas de tópicos
contendo texto e imagens (geralmente animadas) sobre diversos assuntos.

A publicidade é misturada ao conteúdo, tanto o
desenvolvido pela equipe editorial quanto pela comunidade, e vem na forma
de "conteúdo patrocinado": peças elaboradas por agências publicitárias para
se fazer passar por conteúdo elaborado e publicado de maneira convencional.
Este formato trouxe ao BuzzFeed ganhos notáveis: para 2014, o lucro
estimado é de US$120 milhões em vendas de publicidade, o dobro de 2013
(BEAUJON, 2013). Mas existem problemas com os quais BuzzFeed vai precisar
lidar para continuar relevante e rentável, éticos e técnicos.

Um dos problemas éticos é semelhante ao dos tabloides:
falta de apuração das informações. O chefe executivo Jonah Peretti cita que
para a escolha de sua equipe editorial ele prefere

Pessoas que realmente entendam como a informação é
compartilhada no Twitter e Facebook e Instagram e
outras plataformas emergentes, porque em alguns casos
isso é tão importante quanto, você sabe, ter talento
para reportagens tradicionais[31] (BEAUJON, 2013)

É de se temer que essa habilidade extra para a
disseminação de informações seja a causa de vários problemas que acontecem
quando o BuzzFeed, "uma companhia de entretenimento e notícias sociais",
tenta emular valores jornalísticos tradicionais.

Quando uma série de tornados atingiu o estado do Texas,
nos Estados Unidos da América, em abril de 2012, o BuzzFeed foi rápido em
recolher imagens relacionadas que foram publicadas em sites de mídias
sociais[32]. Porém, sem apuração, várias das imagens ou foram manipuladas
ou simplesmente não eram relacionadas à catástrofe. Após remover as
imagens, BuzzFeed foi questionado por remover as imagens sem explicações e
acusado de falta de transparência (SPENCER, 2012).

Joshua Bentom analisa essa situação em outros termos:

Você está vendo as organizações noticiosas dizerem:
'Se isso está acontecendo na Internet, é a nossa
onda'. O próximo passo de descobrir se isso aconteceu
na vida real é para outra pessoa[33] (SOMAIYA &
KAUFMAN, 2013)

BuzzFeed precisa tomar uma decisão sobre seu foco como
produtor de conteúdo. Uma entidade de mídia que atinge um público de 100
milhões de indivíduos precisa se decidir se quer ser uma fonte de notícias
confiáveis ou um site de entretenimento.

Outro empecilho aos lucros afeta tanto os citados Mail
Online e BuzzFeed, mas em geral grande parte de web que tem lucro por meio
de publicidade digital: os bloqueadores de publicidade.

O já citado AdBlock Plus foi criado em 2006 como uma
extensão para o browser Firefox, como variante de uma extensão
descontinuada chamada AdBlock. O programador original, Michael McDonald,
terminou por passar adiante a propriedade intelectual para Wladimir Palant,
que, em dezembro de 2011, fundou junto com Till Faida a empresa Eyeo, para
tornar o desenvolvimento da extensão sustentável[34].

A Eyeo iniciou um programa de anúncios aceitáveis, onde
anunciantes que pagassem e formatassem seus anúncios de acordo com as
regras da Eyeo poderiam exibir seus anúncios. As regras para tal incluem,
entre outros[35]:

Apenas propagandas estáticas (sem animações, sons ou similar)

De preferência apenas texto, sem imagens que chamam a atenção.

A publicidade deve ser claramente marcados como tal, com a palavra
"publicidade" ou equivalente, e que deve ser distinguível de conteúdo da
página, por exemplo, por uma fronteira e / ou uma cor de fundo
diferente.

Por conta deste programa pago, ocorreram várias acusações
de ganho danoso e comparações com máfias (HAJDARBEGOVIC, 2013). Um dos
resultados foram as variações criadas, AdBlock[36] (Não confundir com a já
citada Adblock) e Adblock Edge[37].

Estas extensões representam uma ameaça para sites
noticiosos financiados apenas através de publicidade. Em 2010 o site de
tecnologia Ars Technica fez uma experiência onde os usuários de uma"
ferramenta muito popular de adblocking" não puderam visualizar o conteúdo
do site. Os resultados do experimento levaram Ken Fisher, fundador e editor
do site a escrever um manifesto apelando aos usuários para não usarem essas
extensões no Ars Technica:

Meu argumento é simples: o bloqueio de anúncios pode
ser devastador para os sites que você ama. Eu não
estou criando um argumento de que o bloqueio de
anúncios é uma forma de roubo, ou é imoral, ou
antiético, ou faz alguém o filho do diabo. Ele pode
resultar em pessoas perdendo seus empregos, que pode
resultar em menos conteúdo em um determinado site, e
ele definitivamente pode afetar a qualidade do
conteúdo. Ele também pode colocar os sites num
verdadeiro giro morte de publicidade. Como as
receitas de publicidade diminuem, muitos sites são
atraídas para execução de publicidade de uma natureza
verdadeiramente questionável. Todos nós já vimos isso
acontecer[38] (FISHER. 2010)

De forma semelhante, o site especializado em videogames
Destructoid mostrou dados afirmando que 40% de seus usuários usam
bloqueadores de propagandas, ameaçando a sobrevivência do site. No mesmo
texto, o fundador e editor fez um apelo pelo futuro do site. (GONZALEZ,
2013)

A empresa Page Fair, que fornece ferramentas para a
medição de bloqueio de propagandas, publicou em agosto de 2013 o estudo "A
Ascensão do Bloqueio de Anúncios"[39], atestando que, em sua rede, o número
médio de publicidade bloqueada é de 22, 7%, com variação de 1,5% até 65%
entre os sites de amostra. Um cliente típico da empresa que sofre 25% de
bloqueios tem perda anual de US$500 mil. Entre os sites de notícias, a
média é de 16%.

Page Fair diz que o crescimento do uso de extensões que
bloqueiam publicidade cresce em média 43% ao ano. Em 2013, 22,7% dos
usuários de internet usavam algum tipo de bloqueador de anúncios. Para
2014, é esperada uma taxa de 32,46%. Se a adoção continuar nesse ritmo, em
2016, 66,38% dos usuários de internet não visualizarão nenhum tipo de
publicidade.

Segundo pesquisa da Eyeo entre os usuários de AdBlock
Plus, as motivações mais relevantes para o uso de bloqueadores de
publicidade são "animações e sons que distraem" e "melhor carregamento das
páginas e economia de dados transferidos"[40]. Também nos apelos dos
fundadores de Ars Technica e Destructoid, a incidência de anúncios
perturbadores foi citada. Então cabe aos criadores de anúncios elaborarem
peças que sejam menos intrusivas, para persuadir os usuários a permitirem a
visualização de publicidade novamente.

Voltando então à nossa discussão sobre os sistemas de
acesso a cconteúdo noticioso. Esses sistemas, de bloqueios totais ou
parciais, funcionando com punições ou recompensas, são uma salvaguarda a
ações como as dos bloqueadores de publicidade. Após as celeumas com os
bloqueadores de conteúdo, tanto Ars Technica quanto Destructoid implantaram
sistemas de assinaturas oferecendo vantagens aos usuários, para compensar a
queda na receita com publicidade. Por mais difíceis que sejam as
dificuldades em conquistar novos assinantes, os sistemas de acesso a
cconteúdo noticioso pode ter bons resultados, se implantados adequadamente.

4. ENTREVISTAS ESTRUTURADAS

Entre dezembro de 2012 e janeiro de 2013, o autor tentou
realizar entrevistas com os responsáveis pela implantação dos paywalls nos
objetos de estudo, segundo nosso planejamento inicial. Foram enviados e-
mails contendo entrevistas estruturadas para The New York Times, Financial
Times e Folha de São Paulo, ao passo que apenas o último respondeu no
período.

FOLHA DE SÃO PAULO - Roberto Dias, Secretário-assistente de Redação.

1. Por que foi introduzido um sistema de pagamento para
visualização de conteúdo no site de Folha de São Paulo?

Porque produzir jornalismo de qualidade custa muito
dinheiro, e o jornal precisa buscar maneiras de financiar isso. A
publicidade, sozinha, não é suficiente para fechar a equação.

2. Como funciona a cobrança para acesso ao conteúdo? Qual
o conteúdo que está protegido pelo sistema de pagamento? Existe algum
conteúdo de acesso gratuito?

Cada visitante pode ler até 20 textos gratuitamente no
site ou no aplicativo da Folha para tablets e celulares, sendo que ao
ultrapassar o décimo texto lhe for solicitado um cadastro simples. Homes,
Homes de editorias, páginas com conteúdo produzido pelo usuário e algumas
outras áreas específicas (Folhinha, Folha Transparência, por exemplo) não
são contados no paywall.

3. A diretoria de Folha de São Paulo acha que os leitores
vão julgar o conteúdo bom o suficiente para justificar o pagamento? Quais
tipos de conteúdo o site oferece de maneira exclusiva?

Sim. O site reúne toda a produção da Redação da Folha.

4. Sistemas de pagamento por conteúdo são uma maneira de
impedir que este último seja livremente consumido. Isso termina por excluir
uma parcela expressiva de possíveis visitantes, o que significa uma
dificuldade em atrair novos assinantes. Como o site responde à essa
questão?

Não concordo com as duas premissas da pergunta, e não é o
que temos observado na realidade. A parcela barrada pelo muro é muito
pequena, por ele ser poroso. Tampouco estamos tendo dificuldade em atrair
novos assinantes, e já vamos com mais de 18 meses de paywall no site e com
dois anos paywall no total (se considerada a data em que ele foi lançado no
aplicativo para tablets e celulares).

5. O fato de haver uma barreira de acesso ao conteúdo
torna mais difícil que outros sites e usuários em mídias sociais criem
links direcionados para o conteúdo bloqueado. Isso significa que o site que
cobra por conteúdo pode "ficar por fora" de debates amplos, limitando ainda
mais seu alcance. Como Folha de São Paulo lida com essa situação?

Permita-me novamente discordar da conclusão, e posso
testemunhar que ela não reflete os números que acompanho diariamente. A
parcela de tráfego que o site recebe de redes sociais cresceu
expressivamente desde o lançamento do paywall, assim como o número de
seguidores do jornal. Aliás, digo mais: esse crescimento aconteceu apesar
de 1) a nossa regra para redes sociais ser ainda mais rígida do que a do
NYT (na Folha, link vindo do Facebook é contado no paywall, até por uma
questão de defesa conceitual do modelo) e 2) termos adotado critérios mais
seletivos nos comentários feitos dentro do site, privilegiando o acesso de
assinantes.

6. Folha de São Paulo tem um plano alternativo caso o
modelo de cobrança para acesso ao conteúdo não traga os resultados
esperados?

O plano tem trazido os resultados esperados.

FINANCIAL TIMES - Rachel Taube, assistente de comunicação.

Financial Times não respondeu diretamente a entrevista
estruturada, ao invés disso retornou uma série de links para entrevistas
recentes de diretores do jornal a veículos especializados em análise da
mídia, explicando a transição vitoriosa do jornal para plataformas
digitais.

Das entrevistas extraem-se dois pontos centrais:

Uso efetivo de ferramentas de banco de dados para entender
sua audiência: John Ridding, chefe-executivo de Financial Times, disse em
entrevista que "Fomos capazes de usar as informações que já temos de nossos
clientes para criar um círculo virtuoso". O crescimento de receita dos
assinantes significa que a publicidade agora é apenas um dos vários fluxos
de receitas. "Absolutamente valorizamos a publicidade, mas nossa relação
mais importante é com o leitor"[41]. Esta abordagem teve início com a
chegada do executivo com experiência em marketing, Rob Grimshaw. Perguntado
sobre qual a importância destes dados sobre assinantes e outros usuários,
sua resposta revela aspectos administrativos da empresa:

Por exemplo, tentamos dar conta de todo cliente que
cancela, e o que descobrimos é que nem todo
cancelamento é igual. É muito comum, por exemplo, as
pessoas cancelarem simplesmente por causa de uma
falha de pagamento, o cartão de crédito que temos
para eles está fora da validade, esqueceram de
atualizá-lo, o pagamento não passa então apenas
realizando uma chamada ou enviando um e-mail, é um
simples lembrete que leva as pessoas a dizer, "Oh, eu
não quis cancelar isso. Eu vou e consertar isso."[42]

Financial Times também usa estas informações para o
desenvolvimento de produtos vendidos à parte das assinaturas, que depois
evoluem para grupos focais e são avaliadas por um conselho interno.

O segundo ponto relevante é a atenção que Financial Times
dá à sua publicidade digital. O uso do banco de dados é intenso no papel de
venda e renovação das assinaturas e desenvolvimento de produtos, mas também
é um recurso valioso para os anunciantes de publicidade. Tirando de seus
sites anúncios gerenciados por sistemas de publicidade de terceiros, o
jornal pôde criar um sistema onde os usuários são melhor monitorados.
Financial Times também entende que essa é uma ação vantajosa para seu
público, dado que Financial Times faz um esforço para ocupar seus espaços
para publicidade com anunciantes relevantes para seu público de alta renda:

É realmente um canal para os anunciantes para
trabalharem de forma eficiente com a gente em uma
oferta premium, em vez de uma oferta de mercado
aberto. É principalmente privado, mas está disponível
no mercado - pelo preço padrão. Nós não temos um
preço de barganha de porão[43].

THE NEW YORK TIMES - Não respondeu a nenhum email enviado.

Porém, no dia 29 de julho de 2014, The New York Times
Company, a empresa-mãe do jornal, apresentou seu balanço anual com queda de
21% nos lucros, de US$55,7 milhões, em comparação aos US$70,7 milhões de
2013. No período, o jornal ganhou 32 mil assinantes digitais, a circulação
impressa aumentou 1.4% e a renda vinda de publicidade caiu 4,1%. Ainda
nesse período os custos operacionais subiram 5%, totalizando US$363
milhões[44]. O pequeno número de novas assinaturas demonstra muita
similaridade com o já citado e falido programa TimesSelect.







5. CONCLUSÕES FINAIS.

A experiência de Folha de São Paulo, citada por Roberto,
mostra que a experiência se mostra diferente das previsões feitas por
analistas de mídia, mesmo depois de 18 meses de paywall.

Entretanto os números apresentados por The New York Times
em 2014, mostram que houve uma diminuição visível no número de novos
assinantes, seguindo um padrão parecido com o ocorrido com TimesSelect, o
que havia sido previsto por Bentom (2011).

Na etapa final deste relatório a discussão sobre os
paywalls diminuiu, mas os recentes números divulgados por The New York
Times devem reacender o debate sobre as estratégias que jornais de
referência de conteúdo geral devem adotar para sobreviver.

Apesar de apresentar boa porção de motivos para a não
implantação de paywalls e outros sistemas, entendemos no fim de nosso
estudo que eles são uma espécie de garantia contra ações originadas por
parte dos usuários, como os bloqueadores de publicidade.

Entendemos também através das informações sobre Financial
Times que a utilização de bancos de dados e análises de audiência, duas
capacidades nativas da Web, podem ser as próximas fronteiras da inovação
para grupos de imprensa que precisam além de gerar conteúdo noticioso,
desenvolver produtos que complementem as fontes de renda para a viabilidade
geral da imprensa enquanto negócio.

Portanto, concluímos através das respostas enviadas pelos
objetos de pesquisa que não existe ainda um modelo claro de rentabilidade
no meio digital que faça par ao modelo de ganhos através de publicidade,
presente na mídia impressa. Nossas recomendações são de que hajam
experimentações com análise de audiência digital e bancos de dados sobre os
mesmos, visto que apenas uma das empresas de comunicação citadas faz uso
corrente dos mesmos. Seus pares podem se beneficiar destas ferramentas
inéditas para guiar a criação de conteúdo e produtos informacionais.









6. BIBLIOGRAFIA

BEAUJON, Andrew (2013). San Francisco Chronicle drops its paywall.
Disponível em . Acessado em 16 de agosto de 2013.

BEAUJON, Andrew (2013). BuzzFeed CEO: Understanding 'how information is
shared' can be as valuable as 'traditional reporting talent'. Disponível em
. Acessado em 27 de dezembro de 2013.

BENTON, Joshua (2011). A New York Times TimesSelect flashback: Early
numbers are nice, but growth over time is nicer. Disponível em
. Acessado em 3 de
setembro de 2013.

FISHER. Ken (2010). Why Ad Blocking is devastating to the sites you love.
Disponível em . Acessado em 27 de dezembro de 2013.

GILLETTE, Felix. (2013). How Rising Paywalls Are Already Paying Off for
Publishers. Disponível em . Acessado em
13 de dezembro de 2013.

GONZALEZ, Niero (2013). Half of Destructoid's readers block our ads. Now
what? Disponível em . Acessado em 27 de dezembro
de 2013.

HAJDARBEGOVIC, Nermin (2013). Adblock Plus denies ad fixing allegations.
Disponível em . Acessado em 27 de dezembro de 2013.

HEIJDEN, K. van der (2004). Planejamento por cenários: a arte da
conversação estratégica. São Paulo: Bookman.

INDVIK, Lauren. (2013). The 'Financial Times' Has a Secret Weapon: Data.
Disponível em . Acessado em 2 de abril de 2013.

INGRAM, Mathew (2011). The NYT doesn't have a paywall; it's a line of
sandbags. Disponível em . Acessado em 08 de novembro de 2013.

INGRAM, Mathew (2011). Raju Narisetti's Freewall presentation at Newsfoo.
Disponível em . Acessado em 8 de novembro de 2013.

INGRAM, Mathew. (2012). The pros and cons of newspaper paywalls: a Twitter
debate. Disponível em . Acessado em 30 de novembro de 2013.

INGRAM, Mathew. (2013). Five things Jessica Lessin needs to keep in mind
about paywalls as she launches The Information. Disponível em
. Acessado em 8 de
dezembro de 2013.

INGRAM, Mathew (2013). Another wall tumbles: The Dallas Morning News
dismantles its paywall, tries to sell premium features instead. Disponível
em . Acessado
em 30 de setembro de 2013.

JARVIS, Jeff (2011). Why not a reverse meter?. Disponível em
. Acessado em 10 de
outubro de 2013.

KINKAID, Jason (2009). Startup School: Wired Editor Chris Anderson On
Freemium Business Models. Disponível em
. Acessado em 21 de outubro de 2013.

MATTOSO, Guilherme de Queirós. Internet, jornalismo e weblogs: uma

nova alternativa de informação. Disponível em
. Acessado
em 27 de dezembro de 2013.

MACMILLAN, Gordon (2010). Times paywall is a "foolish experiment" that
won't last, says Wikipedia founder. Disponível em
10 de novembro 2013.

Moritz, Gilberto de Pereira; Moritz. Mariana Oliveira; Pereira, Maurício
Fernandes (2012). Planejamento Por Cenários Prospectivos. São Paulo: Atlas.

SALMON, Felix (2012). The FT backs down on paywalled blogs. Disponível em
. Acessado em 23 de dezembro de 2013.

SINGER, Suzana (2012). 'Nós não vamos pagar nada...'. Disponível em
. Acessado em 10 de novembro de 2013.

SILVERMAN, Craig (2012). Interview with a hoaxster: How I fooled the Daily
Mail with fake pic. Disponível em . Acessado em 27 de dezembro de 2013.

SMITH, Patrick (2013). Behind the business model of MailOnline, the biggest
newspaper site in the world. Disponível em
.
Acessado em 27 de dezembro de 2013.

SOMAIYA, Ravi; KAUFMAN, Leslie (2013). If a Story Is Viral, Truth May Be
Taking a Beating. Disponível em
. Acessado em 27 de dezembro de
2013.

SPENCER, Ruth (2012). Fake tornado photos cause Twitter storm for Buzzfeed.
Disponível em . Acessado em 27 de dezembro de 2013.

VINER, Katherine. (2013). The rise of the reader: journalism in the age of
the open web. Disponível em
. Acessado em 9 de outubro de 2013.

WAUTERS, Robin (2011). Operation Failure: Times Plans To Charge For One-Day
Access To Online News. Disponível em
. Acessado
em 9 de outubro de 2013.

WILSON, Fred (2006). My Favorite Business Model. Disponível em
. Acessado em 21 de
outubro de 2013.

-----------------------
[1] Ver http://pt.slideshare.net/WAN-IFRA/world-press-trends-larry-kilman-
14153751. Acessado em 26 de dezembro de 2013.
[2] Ver http://mashable.com/2012/12/17/paywalls-here-to-stay/. Acessado em
30 de novembro de 2013.
[3] Ver
http://www.digitalstrategyconsulting.com/intelligence/2013/10/google_profits
_beat_expecations_despite_ad_price_drop_and_motorola_decline.php. Acessado
em 20 de outubro de 2013.

[4] Ver http://theweek.com/article/index/205465/the-medias-risky-paywall-
experiment-a-timeline. Acessado em 21 de outubro de 2013.
[5] http://www.nytimes.com/. Acessado em 22 de setembro de 2013.
[6] Ver http://www.ebizmba.com/articles/news-websites. Acessado em 23 de
outubro de 2013.
[7] http://www.google.com. Acessado em 12 de dezembro de 2013.
[8] http://www.yahoo.com. Acessado em 12 de dezembro de 2013.
[9] Metáfora sobre os canários que eram levados para minas de carvão na
época da Revoluçao Industrial, quando morriam na presença de gases
perigosos. Ver
http://www.avedomestica.com.br/cocad/index.php?option=com_content&view=artic
le&id=525:a-histria-dos-canrios&catid=19:diversos&Itemid=81. Acessado em 12
de dezembro de 2013.

[10] Ken Doctor é conhecido por esmiuçar o desempenho de The New York
Times. Ver http://www.niemanlab.org/author/kdoctor/ e
http://newsonomics.com/. Acessados em 14 de dezembro de 2013.

[11] Tradução do autor.

[12] Ver http://www.ft.com/lex. Acessado em 23 de dezembro de 2013.
[13] Ver http://www.medleyadvisors.com/. Acessado em 23 de dezembro de
2013.
[14] Tradução do autor.
[15] Ver http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/06/1298719-em-um-ano-
paywall-agrega-audiencia-e-assinaturas-a-folha.shtml. Acessado em 26 de
dezembro de 2013.
[16] Ver http://www.nytimes.com/2012/02/03/business/media/quarterly-profit-
falls-12-2-at-times-co.html?_r=2&. Acessado em 30 de dezembro de 2013.

[17] Tradução do autor. Ver http://www.businessinsider.com/the-new-york-
times-now-gets-more-revenue-from-subscribers-than-advertisers-2013-2..
Acessado em 8 de fevereiro de 2013.
[18] Tradução do autor
[19] Tradução do autor.
[20] Tradução do autor.
[21] Tradução do autor
[22] Ver http://userscripts.org/scripts/show/285483. Acessado em 10 de
novembro de 2013.
[23] Ver http://userscripts.org/scripts/show/13821. Acessado em 10 de
novembro de 2013.
[24] Ver https://userscripts.org/scripts/show/68072. Acessado em 10 de
novembro de 2013.
[25] Ver http://userscripts.org/scripts/show/138390. Acessado em 10 de
novembro de 2013.
[26] Ver https://adblockplus.org/en/chrome. Acessado em 10 de novembro de
2013.

[27] Tradução do autor.
[28] Tradução do autor.
[29] Tradução do autor.

[30] Tradução do autor. Ver http://www.buzzfeed.com/about. Acessado em 27
de dezembro de 2013.

[31] Tradução do autor.
[32] Ver http://www.buzzfeed.com/mjs538/incredible-pictures-of-the-
tornadoes-near-dallas. Acessado em 27 de dezembro de 2013.
[33] Tradução do autor.
[34] Ver https://adblockplus.org/en/about. Acessado em 03 de janeiro de
2014.
[35] Ver https://adblockplus.org/en/acceptable-ads. Acessado em 03 de
janeiro de 2014.
[36] Ver. http://getadblock.com/. Acessado em 27 de dezembro de 2013.
[37] Ver https://addons.mozilla.org/pt-br/firefox/addon/adblock-edge/.
Acessado em 27 de dezembro de 2013.
[38] Tradução do autor.
[39] Tradução do autor. Ver
http://downloads.pagefair.com/reports/the_rise_of_adblocking.pdf. Acesso em
27 de dezembro de 2013.
[40] Ver https://adblockplus.org/blog/adblock-plus-user-survey-results-part-
2. Acesso em 27 de dezembro de 2013.
[41] Tradução do autor. Ver http://www.poynter.org/latest-
news/mediawire/243860/how-data-from-financial-times-readers-lead-to-more-
readers-and-revenue/. Acessado em 29 de julho de 2014.
[42] Ver
http://www.cjr.org/the_audit/the_rock_star_of_the_paywall_s.php?page=all.
Acessado em 29 de julho de 2014
[43] Traduçao do autor. Ver
http://www.thedrum.com/news/2014/02/26/programmatic-trading-solution-
publishers-online-financial-model-conundrum. Acessado em 29 de julho de
2014.
[44] Ver http://www.nytimes.com/2014/07/30/business/despite-circulation-
gains-profit-falls-21-at-new-york-times-co.html?_r=0. Acessado em 29 de
julho de 2014.


-----------------------
Paywall: O Sistema De Cobrança Por Acesso A Conteúdos No Webjornalismo
Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.