Pedagogia, Controle Simbólico e Identidade. Capítulo 4 - Conhecimento oficial e identidades pedagógicas: a política da recontextualização. Basil Bernstein

May 29, 2017 | Autor: Ronai Rocha | Categoria: Identidade, Pedagogia, Teoria Curricular
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Pedagogia, Controle Simbólico e Identidade. Teoria, Pesquisa, Crítica - Basil Bernstein Capítulo 4 - Conhecimento oficial e identidades pedagógicas: a política de recontextualização •

Desejo compartilhar com vocês, nesta ocasião, algo que não é realmente mais do que um esboço, não mais do que um esboço embrionário, em vez de uma pintura concluída, pronta para ser assinada e emoldurada. Infelizmente, dentro deste esboço, as figuras, suas interações e suas tensões podem não ser reconhecidas. No entanto, apesar da possível dificuldade de reconhecimento de sua relevância hoje, é possível que algumas das figuras, as interações e as tensões serão reconhecidas no futuro. Essa pode ser uma previsão um tanto presunçosa e perigosa. Só espero que você não pensem que é presunçosa. Sempre vivi um pouco perigosamente, por isso, pelo menos em termos acadêmicos, não posso pedir desculpas. “Conhecimento oficial”, no título, refere-se ao conhecimento educacional que o estado elabora e distribui nas instituições educacionais. Vou me ocupar aqui com as mudanças nas tendências e nos focos deste conhecimento oficial trazidas pela reformas curriculares contemporâneas atualmente em curso na maioria das sociedades. Vou propor que o viés e o foco, que são inerentes a diferentes modalidades de reforma, constroem diferentes identidades pedagógicas. A partir desta perspectiva, as reformas de currículos emergem de uma luta entre grupos para fazer de sua tendência (e foco) as políticas e práticas do Estado. Assim, esperam que o viés e o foco desse discurso oficial construa, nos professores e nos alunos uma determinada disposição moral, uma motivação e uma aspiração, incorporada em determinadas performances e práticas. Vou desenvolver um modelo simples da arena oficial em que esta luta acontece. O modelo vai gerar quatro posições. Estas posições diferem em seu enviesamento e foco, e assim diferem nas identidades pedagógicas que elas projetam. Eu vou aplicar este modelo em particular ao Reino Unido, mas também vou dar pistas para sua aplicação a outras sociedades. Usarei então o mesmo modelo para considerar recursos para a construção de identidades locais, nas condições atuais de mudança cultural, econômica e tecnológica. Finalmente vou considerar brevemente a relação entre as identidades pedagógicas oficiais do Estado e as identidades locais disponíveis em comunidades e grupos.

Identidade pedagógica Quero primeiro indicar como estou usando a expressão “identidade pedagógica” (veja notas). Do ponto de vista deste capítulo uma identidade pedagógica é o resultado da inserção de uma carreira profissional em uma base coletiva. A carreira profissional



Esta tradução de capítulos de Pedagogy, Symbolic Control and Identity. Theory, Research, Critique. (Revised

Edition. Rowman & Littlefield Publishers. London, 2000), foi feita com apoio do programa CAPES-PIBID e destina-se apenas a usos não-comerciais, em grupos de estudo e aulas. (Ronai Rocha)



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de um estudante é uma carreira de conhecimento, uma carreira moral e uma carreira de localização. A base coletiva da carreira é fornecida pelo princípio da ordem social (ou o ordenamento do social, de acordo com o fraseado pós-moderno), que deverá ser retransmitida nas escolas e institucionalizada pelo Estado. A base social local da carreira é fornecida pelos ordenamentos do contexto local. É comum hoje se dizer que ao longo dos últimos 50 anos tem ocorrido grandes mudanças na base coletiva das sociedades europeias e grandes mudanças nos princípios de ordem social. Ocorreram também grandes mudanças nos contextos em que as carreiras são desempenhadas, quer sejam nos contextos internacionais, nacionais, domésticos, econômicos, educativos ou de lazer. A reforma dos currículos hoje surge a partir das exigências de engajamento nessas mudanças culturais, econômicas e tecnológicas contemporâneas. As quatro posições que vou discutir na arena oficial representam, através de suas diferentes tendências e focos, diferentes abordagens para a regulação e gestão da mudança, moral, cultural e econômica. E espera-se que estas diferentes abordagens da gestão da mudança tornemse a experiência vivida de professores e alunos, através da formação de sua identidade pedagógica (ver gráfico 1). Vou propor, em seguida, uma arena oficial de quatro posições para a projeção das identidades pedagógicas, através do processo de reforma educacional. Qualquer reforma educacional pode, então, ser considerada como o resultado da luta para produzir e institucionalizar identidades particulares. Duas dessas identidades que vou discutir são geradas por recursos geridos pelo estado: recursos centralizados. Duas identidades são geradas a partir de recursos locais e as instituições ligadas tem alguma autonomia sobre esses recursos: recursos descentralizados. Vou considerar em primeiro lugar as identidades elaboradas a partir de recursos centralizados. Esses recursos são retirados de algum lugar central, frequentemente considerado como um discurso nacional. Os recursos descentralizados são retirados de contextos ou discursos locais e focalizam-se no presente, enquanto que os recursos centralizados focalizam-se no passado.

Identidades pedagógicas retrospectivas (IR) Quais são os recursos que estruturam as identidades retrospectivas? As identidades retrospectivas (ou I. R.) são moldadas pelos grandes relatos culturais, religiosos e nacionais acerca do passado. Essas narrativas são adequadamente recontextualizadas para estabilizar esse passado no futuro. Uma característica importante dos recursos que constroem a I.R. é que o discurso não entra em uma relação de troca com a economia. Aqui, a tendência, o foco e a gestão levam a um controle forte das entradas (inputs) discursivas da educação, a saber, sobre o seu conteúdo, e não sobre suas saídas (outputs). As I.R. são formadas por discursos e práticas hierarquicamente ordenadas, fortemente delimitadas, estratificadas e sequenciadas de forma explícita. O que está em primeiro plano na construção da I. R. é a base social coletiva na forma como é revelada pelo grande narrativa recontextualizadora do passado. A carreira individual é de menor interesse. O que está em jogo aqui é a estabilização do passado e sua projeção no futuro. Seria de esperar que a I. R. hoje fosse fortemente e ferozmente projetada e dominasse a arena onde o passado é ameaçado pela mudança secular que vem do Ocidente, por exemplo, no Oriente Médio Oriente, no Norte de África. No entanto, a posição é ativa, mas não dominante na maioria das arenas oficiais. Podemos encontrar I.R. projetadas nas arenas oficiais das sociedades agora fragmentadas ou segmentadas depois do colapso dos regimes totalizadores, por exemplo, na Federação Russa e nos Balcãs.



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Diagrama 1

Identidades pedagógicas prospectivas Essas identidades, do mesmo modo que as identidades retrospectivas, são formadas a partir do passado, mas não se trata do mesmo passado. A base discursiva das identidades prospectivas tem um foco e um viés diferente. Ela tem um foco e um viés diferente porque esta identidade é estruturada para lidar com a mudança cultural, econômica e tecnológica. As identidades prospectivas são moldadas por meio da recontextualização seletiva de características do passado, para defender ou aumentar o desempenho econômico. Por exemplo, no caso do Tatcherismo, foram selecionadas características do passado que legitimariam, que poderiam motivar e que poderiam criar aquelas que eram consideradas as atitudes adequadas, as disposições e as performances relevantes para uma cultura de mercado e de um estado de bem-estar estado diminuído. Uma nova base social coletiva foi formada mediante a fusão da nação, da família, da responsabilidade individual e da empresa individual. Assim as identidades prospectivas são formadas pela recontextualização de recursos selecionados do passado para estabilizar o futuro através do envolvimento com a mudança contemporânea. Ao contrário das identidades retrospectivas, onde apenas a base coletiva está em primeiro plano, nas identidades prospectivas é a carreira (ou seja, as disposições e os desempenhos econômicos) que está em primeiro plano e inserida em um passado especialmente selecionado. A gestão das identidades prospectivas, por causa da ênfase nos desempenho que têm um valor de troca, exige que o Estado controle, na educação, tanto as entradas (inputs) quando as saídas (outputs). Sou grato a Joseph Solomon, da Universidade de Atenas, por sua formulação concisa. Podemos considerar a entrada do novo trabalhismo de Blair na arena pedagógica oficial como o lançamento de uma nova identidade prospectiva; uma identidade baseada nas fontes de um passado diferente. Um amálgama de noções de comunidade (realmente comunidades) e de responsabilidades locais para motivar e restaurar o pertencimento na esfera cultural, e uma nova responsabilidade participativa na esfera econômica. Assim, o coletivo subjacente ao novo trabalhismo parece ser uma recontextualização do conceito da sociedade orgânica. Nesta nova arena oficial potencial, a identidade retrospectiva seria projetada pelo “velho trabalhismo”. As



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posições permanecem mas os jogadores mudam. O Novo Trabalhismo de Blair, como a nova direita, controlaria as entradas e as saídas de educação, mas a serviço de uma identidade prospectiva diferente.

Identidades pedagógicas des-centradas Quero agora voltar-me para a questão dos recursos para a estruturação das duas identidades descentradas. Estas são as identidades nas quais as instituições competentes têm alguma autonomia sobre seus recursos. No caso da identidade terapêutica, a autonomia da instituição é necessária para produzir as características desta identidade; uma modalidade integrada de conhecimento e uma modalidade de relação social participativa, cooperativa. No caso do Mercado descentrado (M. D. C.), a autonomia é necessária para que a instituição e suas unidades possam variar seus recursos, a fim de produzir uma saída competitiva. Ao passo em que a centralização de fontes das identidades retrospectivas e prospectivas recontextualiza o passado, embora sejam passados diferentes, a descentralização de recursos estrutura o presente, embora sejam diferentes “presentes”. Eu chamo a identidade de "terapêutica" porque ela é produzida por teorias complexas de desenvolvimento pessoal, cognitivo e social que são muitas vezes rotuladas como progressistas. Essas teorias são os meios para um controle invisível do estudante. Essa identidade orienta-se para o pensamento autônomo, não-especializado, flexível, e, no plano social, para o trabalho em equipe como participante ativo. Sua produção é muito cara e a saída não é facilmente mensurável: a posição que essa identidade projeta é muito fraca em todas as arenas contemporâneas, e por isso o grupo social que a patrocina tem pouco poder.

Mercado des-centrado Quero agora voltar-me para os recursos que constroem a identidade de mercado descentrada. Eu acho que haverá dificuldade em reconhecê-la, se ela ainda não é uma identidade projetada a partir de uma posição na sua arena oficial. Imagine uma instituição de ensino que tem considerável autonomia sobre o uso do seu orçamento, a organização de seu discurso, a forma como utiliza o seu pessoal, o número e tipo de pessoal, os cursos que elabora, desde que: (1) ela possa atrair os alunos que têm escolha da instituição, (2) ela possa satisfazer critérios externos de desempenho e (3) ela possa otimizar a sua posição em relação a instituições semelhantes. A unidade básica da instituição, um departamento, ou um grupo também terá autonomia sobre sua própria posição no mercado: ela é a de otimizar a sua posição em relação ao valor de troca dos seus produtos, nomeadamente, os estudantes. Assim, a prática pedagógica será dependente do mercado em que a identidade será desempenhada. O sistema de gestão aqui é explicitamente hierárquico, feito por pequenas comissões não eleitas, poucas em número, que distribuirão recursos para as unidades locais, de acordo com a sua eficiência e com os respectivos procedimentos de prestação de contas. Idealmente a gestão manifesta-se por meio da distribuição de recompensas e punições. A administração monitora a eficácia das unidades locais, grupos ou departamentos, satisfazendo e criando mercados locais. A transmissão aqui surge para produzir uma identidade cujo produto tem um valor de troca em um mercado. O foco está sobre as entradas que otimizam este valor de troca. Temos aqui uma cultura e um contexto para facilitar a sobrevivência do mais apto, na forma como o mercado exige. O foco é no curto prazo ao invés do longo, no extrínseco ao invés do intrínseco, sobre a exploração de aplicações profissionais, em vez da exploração do conhecimento. A transmissão aqui vê o conhecimento como dinheiro. E como o dinheiro, ele deve fluir facilmente para onde as demandas chamam. Não deve haver impedimentos nesse fluxo. Compromissos de natureza pessoal e a dedicação dos funcionários e alunos a questões particulares são consideradas como resistências, como oposições à livre circulação do conhecimento. E assim os compromissos pessoais, as dedicações interiores não só não são incentivados,

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mas também são considerados como equivalentes aos monopólios no mercado e, como tais devem ser dissolvidos. A posição de mercado descentrado estrutura uma identidade que responde ao exterior, ao contrário daquelas dirigidas pela dedicação ao interior. O contrato substitui o pacto. Os recursos que estruturam as identidades de mercado descentrado podem também criar uma nova estratificação, tanto do conhecimento quanto das identidades. Se consideramos o setor das universidades, os contornos dessa estratificação talvez já estejam ficando claros. As universidades de elite podem manter suas posições contratando líderes em pesquisa, e como consequência terão menor necessidade de alterar seus discursos ou sua organização para manter o poder e a posição. Isso não quer dizer que tais universidades não mudarão sua organização discursiva à luz de novos conhecimentos tecnológicos e potencial de mercado, e sim apenas que a estrutura organizacional será ainda essencialmente retrospectiva. Apesar das tensões a partir da mudança de foco para a pesquisa aplicada (Mace, 1995, 1996) as identidades formadas nas instituições de elite provavelmente serão formadas pela introjeção de conhecimento. Isto é, a identidade encontra seu núcleo em seu lugar na organização do conhecimento e da prática. Ela se orienta para o interior, muito embora talvez hoje esteja mais dividida do que orientada. No caso das instituições que não de elite, elas não tem os recursos (econômicos ou simbólicos) para atrair estudiosos de primeira linha como um meio para manter seus poderes de atração, e assim podemos esperar aqui que a própria organização será o meio de manter ou melhorar a posição competitiva. Nessas instituições que não pertencem à elite, é provável que a unidade do discurso crie, com outras unidades, diversos pacotes de acordo com as contingências do mercado local. Na medida em que essas contingências de mercado mudam, ou se espera que mudem, as ‘novas’ permutações de unidade podem ser elaboradas. Aqui é provável que a identidade da equipe e dos estudantes seja formada menos por meio de mecanismos de introjeção mas muito mais por meio de mecanismos de projeção. Isto é, a identidade é um reflexo de contingências externas. A manutenção dessa identidade depende da facilidade de projetar organizações discursivas e práticas, elas mesmas dirigidas por contingências externas. Os recursos que produzem identidades de organização e discursivas de mercado descentrado tem consequências complexas e profundas.

Identidades terapêuticas descentradas (ITD) Finalmente, quero considerar brevemente a posição terapêutica descentrada. Empregarei pouco tempo nisso, porque não se trata de uma posição forte em qualquer arena. Neste caso, a transmissão que produz essa identidade vai contra as categorias especializadas de discurso e contra a estratificação dos grupos. A transmissão prefere limites fracos, a integração prefere falar de regiões do conhecimento, áreas de experiência. O estilo de gestão é suave, as hierarquias são veladas, o poder é disfarçado por redes de comunicação e por relações interpessoais. Considerando que a postura de mercado descentrado projeta identidades competitivas diferenciadas, contingentes, a posição terapêutica descentrada idealmente projeta identidades integradas estáveis com práticas cooperativas adaptáveis.

Aplicação do modelo Se agora consideramos brevemente as reformas curriculares do final dos anos 1980 e no início dos anos 1990 na Inglaterra e no País de Gales, podemos dar algumas interpretações de acordo com o diagrama. Em geral, as reformas educacionais contemporâneas tem como objetivo controlar as entradas e as saídas na educação, e isso pode ser feito de forma eficaz pela avaliação rígida e pública sobre as entradas. Isso requer uma padronização dos conhecimentos de entrada para que as comparações possam ser feitas, e autonomia local (tanto para os clientes quanto para os fornecedores) para que a competitividade das instituições seja ótima. Como isso



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funcionou na arena oficial do final dos 80, nos quais emergiram as reformas educacionais radicais? Claramente havia uma relação de complementaridade entre a posição prospectiva (neoconservadora) e a posição de mercado descentrado (a posição neoliberal) no que diz respeito à integração de um dispositivo de descentralização de gestão (avaliação e empresa), incorporado em um currículo que enfatizava a empresa nacional (cultural, econômica e política). No entanto, esta relação complementar não estava desprovida de tensão. Idealmente, a posição neoliberal seria contra um currículo nacional centralizado. No entanto, se olharmos para o conteúdo e para a organização da reforma educativa isso parece ter emanado da posição retrospectiva, na medida em que consistiu (com um novo tema ocasional) em um conjunto segmentado e seriado de matérias, organizadas por departamentos, tipicamente do passado e que incluía um foco em “competências básicas”. Houve claramente inserções vocacionais no currículo decorrentes da posição prospectiva. A identidade de mercado descentrado projetada pelos profissionais do campo de recontextualização pedagógica, apesar de ter algum apoio entre os servidores públicos do próprio Ministério da Educação não foi uma jogadora forte e as suas propostas foram severamente restringidas. Os complexos formulários de avaliação de perfil dos estudantes foram reduzidos a testes simples. Muito embora tenham sido elaboradas para a reforma conexões temáticas entre os segmentos da matriz nacional das matérias separadas, estas conexões raramente foram eficazes na prática (Whitty et al., 1991, 1994). Se olharmos agora para o resultado do jogo de posições na arena oficial com relação às reformas educacionais radicais, parece que a posição da identidade do mercado descentralizado transformou a estrutura de gestão das instituições de ensino, desde a escola primária à universidade, e criou uma cultura empresarial competitiva. Embora o fato tenha tido pouco ou nenhum efeito sobre o currículo, isso introduziu um novo discurso de gestão e economia na formação dos diretores das escolas e assim no conceito de liderança. Embora a posição de mercado descentralizado tenha tido pouco efeito sobre o discurso institucional da escola que estava firmemente situada na posição* retrospectiva, pode-se dizer que transformou radicalmente o discurso regulador da instituição na medida em que isso afetou suas condições de sobrevivência. O mercado descentrado orientou as identidades para a satisfação de exigências competitivas externas, enquanto que a ordenação segmentada e serial das disciplinas do currículo orientava as identidades para o valor intrínseco do discurso. Esta tensão entre o intrínseco e o extrínseco não é, é claro, nova. O que é novo é a institucionalização oficial do mercado descentrado e a legitimação da identidade que ele projeta. Temos uma nova posição patológica na educação: a posição pedagógica esquizoide.

A modelagem de identidades locais A análise feita até aqui tratou inteiramente do desenvolvimento de recursos, postura e identidades de modelagem na luta pela hegemonia na arena oficial da política e da reforma educacional. No entanto, essas projeções de identidade a partir do campo oficial não estão isentas dos efeitos de elaborações de identidade externas à arena oficial, às quais nos referiremos agora. Muito tem sido escrito sobre “pós-modernismo”, “modernismo tardio”, “globalização do capitalismo”, “sistemas peritos de desalocação” e não vou agora entrar nessa literatura (Giddens, 1990, 1991; Harvey, 1988; O’Neil, 1995; Touraine, 1996). No entanto, parece claro que, falando como antes, as identidades “atribuídas”, aquelas identidades que tinham um referente biológico (idade, gênero e relação de idade) tornaram-se consideravelmente enfraquecidas. Essas pontuações culturais e especializações do tempo (época, gênero, relação de gerações) são hoje recursos fracos para a construção de identidades com uma base coletiva estável. Em alguma medida essas identidades previamente atribuídas são agora potencialmente alcançáveis pela prática individual, por recursos e tecnologias contemporâneas. Ao mesmo tempo tem

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ocorrido uma contração no âmbito daquele espaço de vida que é socialmente significante. Em um extremo, o jovem, por meio de recursos de estilo, pode projetar-se como mais velho, enquanto que os indivíduos são agora excluídos do mercado de trabalho na casa dos cinquenta e às vezes mais cedo. As pontuações do tempo mudaram. Além disso, falando como antigamente, as identidades de classe e ocupação “obtidas” também se tornaram recursos mais fracos para identidades estáveis e inequívocas. No entanto, isso não deve ser tomado como sinal que, por causa das mudanças nas solidariedades de classe operária de oposição, decorrentes de mudanças na tecnologia, economia e regulação estatal, as consequências distributivas desiguais de classe têm enfraquecido. Até agora, portanto, as pontuações de tempo e espaço mudaram. É também o caso que movimentos geográficos da população, apropriados pela internacionalização do trabalho, criaram novos conjuntos de pressões culturais sobre as gerações e os gêneros. O enfraquecimento dos recursos coletivos estáveis e inequívocos para a construção de identidades, em consequência deste novo período de reorganização do capitalismo trouxe uma perturbação e um desencaixe de identidades e facilitou novas construções de identidade. Deve-se notar aqui que as construções de identidade a serem discutidas não necessariamente substituem ou deslocam as “antigas” formações estabelecidas de identidade social. Simplesmente as posições e as oposições no campo de identidade que vamos discutir assumem uma nova valência nas condições contemporâneas de mudança. Eu quero usar o mesmo modelo para a construção de identidades oficiais pedagógicas para modelar o campo de identidade local emergente e suas arenas de oposição. Basicamente eu distingui posições, recursos e projeções “descentradas”, “retrospectivas” e “potenciais”. As “descentradas” foram elaboradas com base em recursos locais orientados para o presente; as “retrospectivas” foram elaboradas com base em grandiosas narrativas do passadas, nacionais, religiosas, culturais; as “prospectivas” foram elaboradas a partir de narrativas anteriores, para criar uma recentramento da identidade que oferece uma nova base social e abre um novo futuro. Vou agora aplicar este modelo para o campo da identidade emergente e suas arenas de oposição (ver gráfico 2). Primeiro vou discutir as identidades descentradas, depois a retrospectiva e, finalmente, voltar a prospectiva. Identidades descentradas Vou distinguir aqui uma identidade instrumental (no modelo anterior, o “mercado descentrado”) e uma identidade terapêutica. Elas são elaboradas a partir de recursos e de oposições localizados de forma diferente. Em um caso, os recursos são de mercado, e no outro, são os recursos que dão sentido para criar a coerência interna. Instrumental Essas identidades são elaboradas a partir de significantes do mercado. A identidade surge de uma projeção em produtos de consumo. Esta projeção transmite ao eu e aos outros os atributos espaciais e temporais da identidade; ou seja, o que, onde, quem e a progressão. Essas elaborações são estáveis apenas em seu processo de elaboração, mas não em suas realizações temporais, que são contingentes. Pois as fronteiras destas identidades são permeáveis, e o passado não é um guia necessário para o presente, e muito menos para o futuro. A base econômica dessas identidades orienta sua política: anti-centralista. Terapêutica Estas identidades são também elaboradas a partir de recursos locais, mas estes são internos, ao contrário dos instrumentais, que são externos. Se as identidades



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instrumentais são produzidas por projeção, a terapêutica é produzida por introjeção. Aqui o conceito de eu é crucial e o eu é considerado como um projeto pessoal. É uma construção regulamentada a partir do interior e relativamente independente de significantes externos de consumo. É uma construção verdadeiramente simbólica. A identidade assume a forma de uma narrativa aberta, que elabora um tempo pessoal. Ela partilha algumas características com a oposição instrumental. Tal como acontece com o instrumental, na identidade terapêutica as fronteiras são permeáveis e o passado não é um guia necessário para o presente ou o futuro. Se a identidade instrumental é dependente das segmentações do shopping center, a identidade terapêutica é dependente de procedimentos internos para dar sentido à segmentação externa. As duas elaborações são diferentemente frágeis. No caso da instrumental, a identidade depende de recursos econômicos e quando esses não estão disponíveis então é provável que ocorra uma mudança para outros recursos econômicos no campo. No caso da terapêutica, a dependência aqui está em relação aos procedimentos internos de dar sentido, e se isso fracassa então é provável que ocorra uma mudança para outros recursos. Provisoriamente, a instrumental pode mudar para retrospectiva (nacionalista) e a terapêutica para prospectiva, mas essas mudanças podem depender, por sua vez, de idade e contexto.



Diagrama 2. Identidades retrospectivas

Essas identidades usam como recursos narrativas do passado que fornecem exemplos, critérios, pertencimento e coerência. Nesses aspectos as identidades



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retrospectivas se opõem às identidades descentradas. Ambos os modos rejeitam narrativas passadas como fonte de critérios, pertencimento e coerência para o presente e futuro. Para ambos desses modos descentrados as fronteiras são permeáveis. Da mesma maneira como distinguimos dois modos opostos de identidades descentradas, devemos distinguir dois modos opostos básicos de identidade retrospectiva: fundamentalista e elitista. Fundamentalista Conforme ilustrado pelo diagrama, há uma série de subconjuntos desta posição, mas todos eles compartilham um recurso fundamentalista religioso ou nacionalista, ou uma combinação. Esta referência proporciona uma identidade inequívoca, estável, intelectualmente impermeável, coletiva. Isso consome o eu em todas as suas manifestações e lhe dá um lugar fora das instabilidades atuais e futuras, para além das ambiguidades atuais de julgamento, relacionamento e conduta. Em alguns contextos isso produz um forte insulamento entre o sagrado e o profano, de tal forma que é possível entrar no mundo profano sem que ocorra sua apropriação ou colonização por ele. O fundamentalismo islâmico permite a apropriação das tecnologias ocidentais sem a penetração cultural. Mais perto da gente, os judeus ortodoxos na década de 1920, e até mesmo antes, ocupavam pequenas lojas e espaços de negócios na economia e mantinham a sua identidade através da prática ortodoxa rigorosa. Na década de 1960 e em diante muitos muçulmanos asiáticos britânicos ocuparam um contexto econômico e cultural similar. O problema aqui para tais identidades retrospectivas é a sua reprodução na próxima geração, e aqui podemos esperar uma mudança para posições prospectivas ou mesmo terapêuticas. A idade pode também influenciar a expressão da identidade retrospectiva através de uma seleção diferencial de recursos. Pode muito bem ser que os jovens sejam atraídos para o atual renascimento do cristianismo carismático, com sua ênfase sobre o subjetivo, o emocional, mediante intensa participação interativa e sobre oposições à ortodoxia institucional. Em um nível mais anedótico fiquei impressionado com o renascimento dos rituais estudantis de fraternidade em Portugal, na Noruega e na Alemanha. Finalmente, podemos considerar o nacionalismo e o populismo como subconjuntos de fundamentalismo retrospectivo, com base em recursos mitológicos de origem, pertencimento, progressão e destino (ascensão da extrema direita). Qualquer enfraquecimento do recurso coletivo no qual a identidade fundamentalista se baseia e que minuciosamente regula a conduta, crença e participação, como é provável na reprodução inter-geração, pode implicar uma mudança para identidades re-centrantes por parte dos jovens (ver discussão mais tarde). Elitista Esta é uma identidade retrospectiva inteiramente oposta à fundamentalista, e na verdade, à todas as outras possibilidades no campo. Ela é elaborada sobre o recurso da alta cultura: uma apropriação elitista. Esta narrativa do passado é tão consumidora do eu como a fundamentalista e fornece exemplos, cânones, critérios e desenvolve sensibilidades estéticas. É um amálgama de conhecimentos, sensibilidades, maneiras, da educação e do cuidado (upbringing). No entanto, ela pode ser apropriada pela educação e pelas redes sociais sem a intervenção do cuidado. Ele compartilha com as identidades fundamentalistas classificações fortes e hierarquias internas, mas ao contrário das fundamentalistas ela se recusa a participar no mercado. Enquanto as identidades fundamentalistas (exceto as que se baseiam em recursos nacionais ou populistas) permitem a conversão e, muitas vezes realmente incentivam a conversão, o mesmo não ocorre com as identidades elitistas, na medida em que estas exigem um aprendizado muito longo e árduo no modo estético, um modo que precisa ser mantido sem as



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solidariedades intensas em que as identidades fundamentalistas estão inseridas. Talvez as identidades elitistas estejam baseadas em formações narcisistas, enquanto que as identidades fundamentalistas são mantidas por formações de super-ego forte e eus comunitários. Prospectiva Estas identidades estão essencialmente orientadas para o futuro, em contraste com a orientação para o passado das retrospectivas e da orientação para o presente das identidades descentradas. Da mesma forma que as identidades retrospectivas, elas se baseiam em narrativas, mas esses recursos narrativos não fundamentam a identidade no passado, mas no futuro. Tratam-se de narrativas de devir (becoming), mas não do devir de um individuo, mas de uma categoria social, por exemplo, raça, sexo ou região. Os recursos narrativos das identidades descentradas anunciam sua distância em relação a uma base coletiva, social pois estas são construções individualizadas. No entanto, as narrativas que constroem o novo devir das identidades prospectivas criam uma nova base para as relações sociais, para as solidariedades e para as oposições. A este respeito as identidades prospectivas supõem um re-centramento. As identidades prospectivas são frequentemente lançadas pelos movimentos sociais, por exemplo, de gênero, raça e região. Elas são, em sua fase de decolagem, evangélicas e confrontadoras, e veremos mais tarde que têm fortes tendências cismáticas. As identidades prospectivas compartilham com os fundamentalistas o fato de consumir o eu, no sentido de que suas manifestações envolvem o eu em sua totalidade, no novo devir. Os procedimentos de desocialização são necessários para apagar a identidade anterior. Os novos apoios do grupo facilitam este processo, protegem as vulnerabilidades e orientam o recentramento. As identidades prospectivas, como as fundamentalistas, se envolvem em atividades econômicas e políticas para assegurar o desenvolvimento do seu potencial. Nos Estados Unidos os movimentos islâmicos criaram uma nova base para a identidade negra, para uma política revitalizada e um novo impulso empresarial. Aqui está um exemplo de uma identidade prospectiva decorrente de uma recontextualização de uma narrativa retrospectiva. Já mencionei anteriormente que existe uma forte tendência cismática na base social dos recursos e relações que elaboram as identidades prospectivas. Estes recursos são narrativas de um devir diferentes das projeções e imposições dos outros; um devir que é, por assim dizer, uma recuperação de algo que ainda não se expressou, de uma nova fusão. Contudo, pode existir mais do que um caminho para este novo futuro. As identidades do devir são propensas à heresia, à poluição, à desobediência, e requerem uma estreita supervisão, um monitoramento delicado antes do reconhecimento de sua autenticidade e de que sejam certificadas. A base do grupo das identidades prospectivas contém porteiros e certificadores. Pode ser mais correto pensar que cada categoria social (gênero, raça, religião) é a promotora de seu próprio campo de posições, lutando para dominar os recursos narrativos para a construção do devir autêntico. Talvez esteja implícito no campo emergente da identidade, e sobretudo em suas áreas de confrontação, o começo de uma mudança na imaginação moral. Uma das consequências relevantes do iluminismo foi a proclamação dos direitos universais mas isso foi feito ao custo do anonimato do sujeito. Todos tinham direitos declarados e garantidos, mas a mesma universalidade descontextualizava o sujeito. Hoje podemos nos perguntar se estamos experimentando um encolhimento da imaginação moral. A empatia e a simpatia somente podem ser oferecidas e recebidas por aqueles que também estão autorizados a oferecer e receber. É possível que o campo emergente da identidade e suas áreas de confrontação facilitem o encolhimento da imaginação moral, mas, diferentemente do sujeito descontextualizado do iluminismo, o sujeito já não é anônimo, e sim eloquente em uma nova contextualização.



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Uma caricatura pode ajudar aqui. A minha altura está oito centímetros abaixo da média, e perde terreno a cada melhora de dieta. Estou submetido, por outro lado, às imposições e projeções dos outros, o que deu lugar a uma identidade deteriorada. Para descobrir com os demais indivíduos da minha categoria a possibilidade de um novo devir, elabora-se um recurso narrativo (para interpretar minhas diferenças com relação ao passado, para descobrir uma voz autêntica, para criar uma nova linguagem de participação e descobrimento) baseado em estudos e pesquisas legítimos. O estudo e a pesquisa somente podem ser legítimos se são realizados por membros autorizados dessa categoria social. Somente nós podemos nos conhecer ou nos é oferecida a oportunidade de nos conhecer. Descobrem-se paradigmas (talvez Napoleão ou Chaplin). Uma identidade prospectiva é elaborada, os critérios de afiliação, crença e prática são desenvolvidos, os objetivos econômicos e políticos são formulados; uma nova categoria social é estabelecida. No entanto, alguns anos mais tarde um membro júnior do grupo produz uma agenda mais radical, com novos critérios de adesão, baseados em um novo recurso narrativo. Os novos critérios de adesão da nova narrativa definem a adesão a partir de dez centímetros abaixo da altura média. Uma grande parte do meu grupo é excluído e agora somos vistos como parte da alteridade. Temos assim o primeiro cisma e uma nova diminuição da imaginação moral. CONCLUSÃO O que parece estar acontecendo no final do século XX é um enfraquecimento e uma mudança de lugar do sagrado. No início deste século o sagrado estava localizado centralmente e informava a base social coletiva da sociedade através da inter-relação do estado, da religião e da educação. Hoje esta base coletiva tem sido consideravelmente enfraquecida (mais em algumas sociedades do que em outras) como um recurso para um sagrado centralizado. O sagrado agora revela-se em locais dispersos, em movimentos e discursos. É menos a fragmentação do sagrado, e mais a sua segmentação e especialização. Deste ponto de vista a diversidade das identidades locais que discutimos (com exceção do instrumental) pode ser menos um índice de fragmentação cultural, como em algumas histórias pós-modernas, e mais um ressurgimento cultural geral dos rituais da interioridade em novas formas sociais. Na primeira parte deste artigo, observamos a crescente patologia nas instituições educacionais que referimos como uma posição pedagógica esquizóide. Estamos no processo de produção, pela primeira vez, de um discurso, uma prática e um contexto pedagógico oficial virtualmente secular e orientado ao mercado, mas, ao mesmo tempo, há um renascimento das formas do sagrado externo a ele. Parece haver uma inversão dos lugares durkheimianos do sagrado e do profano, e uma corrosão das barras da jaula de ferro da sombria profecia de Weber. Há novas fontes de tensão, de mudança e de possibilidade na relação entre as identidades oficiais pedagógicas e seus contextos de transmissão e aquisição, e as identidades locais do campo emergente. Mas isso não quer dizer que todas as novas identidades locais que agora estão se tornando disponíveis são bem-vindas, que devam ser apoiadas ou que sejam legítimas. Glossário Conhecimento oficial: O termo “conhecimento oficial” é derivado da época em que Bernstein (1986), distinguia o “campo de recontextualização oficial”, um campo construído pelo estado através de agentes dedicados a produzir o discurso pedagógico oficial. Sobre a prática pedagógica oficial, consulte Bernstein (1990); também sobre o conhecimento oficial, consulte Apple (1993).



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Estado recentrado: Esta expressão refere-se às novas formas de regulação centralizada em que o Estado descentraliza através (a) estabelecimento central de critérios e (b) a avaliação central da saídas de agências, financeiramente (ou não), recompensa o sucesso e pune as falhas: “escolha”, seleção, controle e reprodução. Pedagogia: Eu deveria oferecer aqui uma definição de pedagogia. Pedagogia é um processo continuado mediante o qual alguém adquire novas formas ou desenvolve formas existentes de conduta, conhecimentos, práticas e critérios, tomando-as de alguém ou de algo que se considera ser um fornecedor adequado e avaliador apropriado quer do ponto de vista do adquirente ou de alguma outra entidade ou de ambos. Podemos distinguir entre pedagogia institucional e pedagogia segmentada (informal). A pedagogia institucional é realizada em lugares oficiais (estatais, religiosos, comunitários), geralmente por prestadores credenciados, nos quais se concentram os adquirentes, voluntária ou involuntariamente, constituindo um grupo ou uma categoria social. A pedagogia segmentada é realizada geralmente nas relações face a face da experiência e da prática cotidiana pelos prestadores informais. Essa pedagogia pode ser transmitida tácita ou explicitamente e o provedor pode não estar ciente de que uma transmissão tenha ocorrido. Ao contrário da pedagogia institucional, o processo pedagógico pode não ser maior do que o contexto ou segmento em que é realizado. Dessa ação pedagógica resultam competências segmentadas, isto é, não relacionadas entre si. Por exemplo, quando a criança aprende a vestir-se, a atar os sapatos, a conferir o troco no mercado, são competências adquiridas através de pedagogias segmentadas, que podem variar em seu caráter mais ou menos explicito e em seu código de realização. Aprender a ser um paciente, aprender o comportamento adequado na sala de espera, a conduta e a relação que deve haver entre o médico e o paciente são exemplos de um modo tácito de pedagogia segmentada, nos quais o transmissor ou transmissores podem não ser conscientes de que são tais. O interessante aqui são as consequências interativas da relação entre as pedagogias institucionais e segmentadas justificadamente unidas (comunicadas) As relações de enquadramento regulam a aquisição dessa “voz” e criam a “mensagem” (o que se torna manifesto, o que pode ser realizado). A dinâmica das relações de enquadramento iniciadas pelo adquirente pode iniciar a mudança de mensagem prevista e, portanto, da “voz” diretiva. Assim a identidade da teoria no código é o resultado das relações entre “voz e mensagem”. Com respeito à definição da identidade pedagógica, a imersão de uma carreira profissional nos princípios da ordem social, a aquisição estará regulada pelas relações de classificação e enquadramento (+_Cie/+_Eie) Identidade local: localização social. É difícil fixar a localização social das identidades sociais, pois estas variam com a idade, o gênero, a classe social, o campo ocupacional e o controle econômico ou simbólico. Além disso, como já foi indicado no texto, estas identidades não são necessariamente posições estáveis e podem ser esperadas mudanças, dependendo da possibilidade de manter a base discursiva ou, em alguns casos, a base económica da identidade. Em Bernstein 1996, capítulo 3, existem algumas hipóteses preliminares. A presente discussão é um desenvolvimento do mesmo capítulo. (Veja também o grupo Lancaster, 1985; Giddens, 1990;. Hay, O'Brian & Penna, 1993/4) Imaginação Moral: Essa imaginação é ameaçada de forma diferente e mais perigosamente, pelos estereótipos coletivos decorrentes de posições fundamentalistas retrospectivas. Assim, o que está em jogo hoje é tanto o encolhimento da imaginação moral (posições prospectivas) e a erosão dessa imaginação (posições retrospectivas fundamentalistas). Fontes: O modelo das quatro posições e as identidades projetadas na arena oficial teve suas origens em uma resposta (Bernstein, 1995) a um trabalho de Tyler (1995). Eu me baseei na pesquisa de Ball (1990), Dale (1994), Grace (1993) e Whitty (1991, 1994) sobre as origens, a dinâmica e as consequências das reformas educacionais radicais do final dos anos 1980 e 1990, por iniciativa do governo conservador. Eu gostei e me



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beneficiei de discussões e disputas com Wexler sobre o ressurgimento do sagrado (Wexler, 1995, 1996; Bernstein, 1995).



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