Pelo devir de uma historiografia do teatro gaúcho (2014)

May 28, 2017 | Autor: Taís Ferreira | Categoria: Theatre Studies, Historiography, Rio Grande do Sul
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Referência bibliográfica: FERREIRA, Taís. Pelo devir de uma historiografia do teatro gaúcho. Ometeca (Corrales, N.M., EUA), v. 19-20, p. 238-260, 2014. ISSN 1041-3650

Pelo devir de uma historiografia do teatro gaúcho

Taís Ferreira

Esse artigo faz uma revisão bibliográfica comentada sobre os materiais existentes publicados que apontam para a construção de uma história do teatro no Rio Grande do Sul. Portanto, trata-se de uma análise historiográfica, na medida em que apresenta aquilo que é hoje a história escrita do teatro no Rio Grande do Sul. Entretanto, trata-se também de um manifesto pelo desenvolvimento desta escrita da história do teatro no estado, ou seja, um apelo à construção de novas historiografias. Por esta razão, o título do ensaio trata de devir, de um vir a ser em processo e não de um passado construído e historicamente imutável. O objetivo primeiro deste ensaio é apontar as lacunas, espaços em branco e/ou vazios na própria escrita desta história, e não somente os acontecimentos desta produção cênica brasileira, específica e localizada espaço-temporalmente, que é rica, variada e profícua. O desejo deste ensaio é mapear aquilo que já foi feito, na tentativa de apontar novas e múltiplas possibilidades de investigação histórica que se abrem a partir desta análise inicial. Partindo desta premissa, artigo busca construir uma visão descentralizada do teatro gaúcho, ou seja, daquele teatro que participa do circuito cultural de criação, circulação e consumo no estado. Cumpre notar que quando uso o termo descentralizar, refiro-me a olhar para as diversas regiões e municípios do estado, não somente para a capital. Obviamente, por sua situação de cidade capital, Porto Alegre com certeza foi o primeiro polo produtor de teatro no estado e é hoje o que ainda tem o maior número de espetáculos, grupos e artistas residentes assim como outros oriundos de outros países e

estados que recebe anualmente em eventos de grande porte como os festivais Porto Alegre em Cena, Palco Giratório, Festival de Teatro de Rua e Festival de Teatro de Bonecos. No entanto, a Serra Gaúcha, onde há atividades e grupos profissionais em Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Garibaldi, Canela e Gramado, possui hoje um campo profissional estabelecido, assim como campo semelhante constrói-se paulatinamente em outras cidades de porte médio como Santa Maria. Cidades do Vale dos Sinos como Novo Hamburgo e São Leopoldo, bem como Passo Fundo, também têm grupos profissionais estáveis. No restante do estado pode-se destacar a importância de uma produção teatral amadora e semiprofissional presente em praticamente todas as regiões. Entretanto, ainda que a produção cênica no estado do Rio Grande do Sul exceda em muito as ações realizadas em Porto Alegre, pouquíssimo material bibliográfico faz referência a esta produção dos outros municípios do estado, minorizada nos escritos sobre teatro gaúcho. Por estas razões, a história do teatro no Rio Grande do Sul ainda é matéria nebulosa, em termos de bibliografia disponível. O estado possui parcos e isolados acervos sistematizados e organizados de documentação teatral (fotografias, gravações audiovisuais dos espetáculos, entre outros) e para-teatral (programas, textos, anotações, cadernos de direção ou criação, folderes, cartazes, críticas e comentários em periódicos, entre outros). Há, certamente, arquivos públicos no estado, mas poucos voltados especificamente à memória e à história da produção cênica estadual. Isto dito, saliento a existência de dois espaços com esta finalidade específica no estado do Rio Grande do Sul; um deles é o Memorial do Theatro Sete de Abril, em Pelotas, que disponibiliza aos pesquisadores um material numeroso -- ainda que precariamente catalogado e organizado -- sobre o teatro e suas atividades cênicas e musicais ao longo dos últimos quase 200 anos (o teatro foi fundado em 1831). O outro é o Espaço Sônia Duro - Centro de Documentação e Pesquisa em Artes Cênicas do Teatro de Arena, em Porto Alegre, que possui um rico e organizado acervo que conta toda a história deste importante teatro localizado nos altos do Viaduto da Borges, em Porto Alegre, através dos últimos 40 anos, além de possuir acervo de mais de 2.000 textos dramáticos doados pela Censura Federal, vídeos de espetáculos, artigos de jornais, revistas, livros, entre outros materiais. No entanto, os investimentos públicos no centro estadual são inexpressivos, não há funcionários capacitados em arquivologia, história ou biblioteconomia que atendam ao espaço e à manutenção e organização de materiais, e a

organização fica a cargo de estagiários e/ou de parcerias com universidades e com a iniciativa privada, demonstrando, ao longo dos anos, total desinteresse do Instituto Estadual de Artes Cênicas em implementar um espaço funcional, sério e profícuo de documentação e pesquisa em artes cênicas. Iniciativa recente é um arquivo virtual disponibilizado online que se denomina Acervo Digital do Theatro São Pedro o teatro de maior importância histórica da capital gaúcha. A descrição do acervo e de seus objetivos está já na abertura do sítio eletrônico: Um banco de dados desenvolvido para promover a difusão, valorização e preservação da história deste símbolo da cultura riograndense. Aqui o usuário pode acessar imagens, informações e documentos que preservam a memória das manifestações artísticas e institucionais do Theatro São Pedro. A Associação Amigos do Theatro São Pedro deseja que esse espaço de compartilhamento facilite e estimule a pesquisa, responda às indagações e se constitua em elo eficiente nas relações do Theatro com a comunidade, com contínua oferta de novos conteúdos. Trata-se, portanto, de obra aberta, acrescida a partir de pauta anual ou, ainda, proveniente de informações complementares, fornecidas por outras instituições ou pela comunidade (http://acervo.teatrosaopedro.com.br/, acessado em 4 de junho de 2013).

Urge que o poder público estadual, bem como os municípios, organizem acervos documentais sobre as atividades cênicas no estado, fomentando assim as possibilidades de pesquisa historiográfica na área. Hoje, o pesquisador da área de artes cênicas ou o historiador do teatro devem recorrer a fontes orais, fontes documentais de críticas, propagandas e matérias em periódicos (conservadas nas bibliotecas municipais e no Museu da Comunicação Hipólito José da Costa, em Porto Alegre) e de documentos privados, acervos particulares de grupos ou de artistas gaúchos.

I.

Teatro e regiões do estado: instantâneos

Para dar início à tarefa de análise historiográfica, é preciso tecer algumas considerações que contextualizem o desenvolvimento regional do teatro do estado do Rio Grande do Sul, levando em conta que o estado é cultural, econômica e geograficamente múltiplo. O Rio Grande do Sul é um estado fronteiriço, constituído por um território disputado pelas coroas de Portugal e Espanha desde o fim do século XV, por ocasião do

Tratado de Tordesilhas, que definia as terras do Novo Mundo pertencentes a cada um dos países-metrópole. As disputas territoriais foram frequentes, até sua anexação final ao território da coroa portuguesa no século XVIII (Tratado de Santo Idelfonso, 1777), quando foi rota de tropeiros e lar de índios colonizados e catequizados por jesuítas espanhóis e portugueses em comunidades católicas chamadas missões ou reduções, isso desde o século XVII. No século XIX, para suprir as rações de escravos trabalhadores do ciclo da cana de açúcar no nordeste brasileiro, constitui-se o ciclo do charque no extremo sul, também escravocrata. Assim, portugueses, espanhóis, índios e negros são os primeiros habitantes do estado. Há uma colonização açoriana datada do século XVIII, que funda importantes cidades como a capital Porto Alegre (Porto dos Casais) e cidades históricas como Osório, Rio Grande e Pelotas (Litoral e Região Sul), que será acrescida das significativas imigração alemã na primeira metade do século XIX (ocupando a região do hoje Vale dos Sinos e outros vales de rios por todo o interior do estado) e na segunda metade do século XIX a imigração italiana (que vai povoar e constituir cultural e economicamente as regiões altas do estado, conhecidas como Serra ou Planalto Médio e as encostas dos morros). A região metropolitana registra, segundo Lothar Hessel atividades teatrais desde o século XVIII, que se fortaleceram com a construção de casas de espetáculo e o estabelecimento de grupos teatrais profissionais (9). Sociedades dramáticas amadoras também foram importantes na formação do campo, que vai ter sua profissionalização “oficial” no século XX somente nos primeiros anos da década de 60, quando estudantes oriundos do teatro estudantil e do Curso de Arte Dramática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O curso foi fundado em 1958 por iniciativa de professores da Faculdade de Filosofia, como Gerd Bornhein e Lothar Hessel; a iniciativa contou também com o apoio do diretor italiano Ruggero Jacobbi. Deste esforço conjunto se originou o coletivo Teatro de Equipe, com espaço próprio e organização profissional de seus integrantes. Desde então, diversos grupos e artistas formaram-se no estado, muitos deles emigrando para o eixo Rio-São Paulo nas décadas de 60, 70 e 80, outros tantos permanecendo no estado (em Porto Alegre, mais especificamente) e constituindo a profissionalização definitiva do campo teatral, que hoje está consolidada através de um

Sindicato de Artistas e Técnicos em Espetáculos (SATED/RS); de cursos superiores em Teatro (bacharelados em direção e interpretação teatral e licenciatura em teatro do Departamento de Arte Dramática/UFRGS) e de um programa de pós-graduação em Artes Cênicas (Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas/UFRGS); de leis de fomento e incentivo municipal (Fundo Municipal de Apoio à Cultura - FUMPROARTE e outros) e estadual (Lei de Incentivo à Cultura-RS); de premiações (Prêmio Açorianos e Tibicuera de teatro adulto e infantil/Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre, Prêmio Carlos Carvalho de Dramaturgia, Prêmio Braskem, entre outros); de participação ativa dos grupos na ocupação de espaços culturais públicos como a Usina do Gasômetro, os pavilhões do Hospital Psiquiátrico São Pedro e residências no Teatro de Arena; de temporadas contínuas nos teatros municipais públicos e centros culturais e teatros privados; de um amplo movimento de grupos de teatro de rua, do Projeto de Descentralização da Cultura (promovido pela Secretaria Municipal de Porto Alegre há mais de 20 anos, com oficinas e circulação de espetáculos); de grupos com trabalho contínuo de pesquisa e criação, que possuem sedes próprias e patrocínios estatais federais, entre outros fatores. Já a Região Sul do estado, esta sofreu um decréscimo em suas atividades teatrais a partir da segunda metade do século XX. Cidades como Pelotas, Rio Grande e Bagé foram polos artísticos importantes do século XIX, e recebiam em seus teatros espetáculos vindos da Europa e da capital Rio de Janeiro, que a caminho de grandes capitais dos países vizinhos como Montevideo e Buenos Aires, faziam apresentações e longas temporadas nas estruturadas casas de espetáculo como o Theatro Sete de Abril em Pelotas, o Theatro Sete de Setembro de Rio Grande e o Theatro Sete de Setembro de Bagé. Nos dias atuais, esta região que contou com movimento teatral amador profícuo nos anos 80, através de festivais como o Festival de Teatro de Pelotas, hoje possui alguns grupos amadores e uma produção artístico-pedagógica ligada à Universidade Federal de Pelotas, que iniciou em 2008 o primeiro curso de graduação em Teatro – Licenciatura na Região Sul do estado do Rio Grande do Sul, atendendo público de diversos municípios da região e de outros municípios do estado e do país. Pode-se destacar em Pelotas, ao longo dos últimos trinta anos, a atuação do diretor e dramaturgo Valter Sobreiro Júnior, com montagens significativas de espetáculos musicais de sua autoria, de temática gaúcha, como Maragato e Don Leandro, entre outros. O grupo teatral do Instituto Federal da Região Sul (IFSul), antigo Centro Federal de Ensino Técnico (CEFET), nomeado Cia

Cem Caras, também atua há mais de duas décadas e é um projeto coordenado pelo diretor e professor Flávio Dornelles. A segunda região a profissionalizar suas atividades teatrais no estado foi a Serra Gaúcha, que ao longo dos últimos 20 anos, paulatinamente, assistiu a diversos grupos e artistas atuantes na esfera amadora profissionalizarem-se com a formação de coletivos estáveis, escolas de teatro e atuação em âmbitos de teatro empresa e de teatro voltado ao turismo regional. Municípios como Caxias do Sul, Garibaldi, Bento Gonçalves, Canela e Gramado, de vocação industrial e turística, principal foco de imigração italiana no estado, possuem artistas, escolas e grupos profissionais, bem como teatros, festivais e a Lei de Fomento à Cultura da Secretaria Municipal de Cultura de Caxias do Sul. Há outros dois cursos superiores de teatro no estado do Rio Grande do Sul, além dos cursos da UFRGS e da Universidade Federal de Pelotas, já citados. Em Santa Maria, a Universidade Federal de Santa Maria abriga cursos de bacharelado e licenciatura em teatro, que já completaram 30 anos em atividades contínuas. Mesmo assim, é recente a formação de coletivos teatrais que se encaminham no sentido da profissionalização na Região Central. Hoje, há diversos grupos em atividade, oriundos da universidade, que têm sede na cidade e apresentam-se na região e fora dela. Em Santa Maria há espaços teatrais como o Teatro Caixa Preta – Sala Rozane Cardoso da Universidade Federal de Santa Maria, o Teatro Universitário Independente (TUI) - Espaço Cultural Victorio Faccin e o Theatro Treze de Maio, teatro municipal que data de 1899, tendo sido reinaugurado, após reformas e restauração, em 1997. A universidade, portanto, é o principal polo produtor teatral da Região Central do estado, ainda que haja o registro de diversos festivais de teatro amador promovidos por prefeituras de municípios. Em Montenegro, cidade da Região Metropolitana, existe um movimento artístico organizado a partir das atividades formativas promovidas pela Fundação de Artes de Montenegro (FUNDARTE) e pelos cursos de graduação em Pedagogia da Arte (entre eles Pedagogia do Teatro) da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS). Assim, há apresentações artísticas constantes, grupos locais atuantes e a circulação de diversos artistas pelo município, graças ao movimento gerado pela FUNDARTE/UERGS. Erechim, na Região do Alto Uruguai, foi palco de diversas edições das finais dos importantes festivais da Federação de Teatro Amador do Rio Grande do Sul (FETARGS) nas décadas de 80 e 90 no estado. Assim como outros estados do país, em que o

movimento amador foi profícuo e espraiou-se pelos confins do país, em um fluxo descentralizador em relação aos grandes centros urbanos, também no mais meridional dos estados na nação o movimento teve muita força desde a década de 60, entrando em decadência em meados dos 90. No entanto, podemos citar trinta anos de intercâmbios entre grupos de diferentes cidades e regiões do estado, que se encontravam nas etapas regionais do festival e nas finais realizadas em Erechim, a nível estadual. O teatro amador no Rio Grande do Sul como espaço de pedagogia teatral é assunto de que trato em “Do amor à profissão: teatro amador como pedagogia cultural” (no prelo). Até hoje há municípios que promovem festivais de teatro, como Rosário do Sul, Dom Pedrito, Rolante, Osório, Uruguaiana e Santa Maria, entre outros. Canela, cidade turística da Região das Hortênsias, na Serra Gaúcha, conta com um importante Festival Internacional de Teatro de Bonecos, que já recebeu (e recebe) os maiores e mais importantes grupos e bonequeiros do mundo e chega em 2013 a sua 25ª edição, sendo um dos pontos altos da agenda cultural estadual. Em Passo Fundo, maior município da Região Noroeste, as atividades culturais estão vinculadas eminentemente à Universidade de Passo Fundo (UPF), que promove há 15 anos a Jornada Nacional de Literatura, um dos maiores eventos literoculturais do país. A UPF também promoveu, na década de 90, a profissionalização do grupo Viramundos, que surge, inicialmente, como grupo de teatro da universidade e depois profissionalizase, tendo grande aceitação de público, ampla circulação pelo estado e reverberação nas artes cênicas do município. Hoje o grupo continua seus trabalhos, independente da universidade, e se chama Timbre de Galo. O Vale dos Sinos, na Região Metropolitana, conta com grupos bastante antigos e atividades teatrais contínuas. Além de teatros, escolas luteranas promotoras de atividades teatrais e universidades de grande porte como a Universidade do Vale dos Sinos (UNISINOS) e Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) e de médio porte como Universidade Feevale (FEEVALE) e Universidade La Salle (UNILASALLE), podemos citar grupos que trabalham continuamente, como o Luz e Cena. Este grupo teatral há trinta anos mantém-se como grupo profissional, atuando em todo o estado no mercado de teatro infanto-juvenil para escolas e espetáculos voltados para professores/as. Pode-se afirmar com bastante segurança que praticamente todos os municípios do interior do estado do Rio Grande do Sul possuem atividades teatrais em andamento e

muitos deles possuem um histórico destas desde o século XIX, conforme demonstra Hessel em sua obra pioneira sobre a história do teatro no estado.

Do pátio ao mundo ou o mundo no pátio? Considerações sobre os intercâmbios presentes no teatro gaúcho contemporâneo

Comentamos aqui o teatro gaúcho e sua formação porque retomar estes encontros e trocas entre produtores, artistas e técnicos é imprescindível para a compreensão de um teatro gaúcho inserido na rede de circularidade e de produção nacional. Ao analizarmos as possibilidades de intercâmbio do teatro produzido e em circulação no estado na última década, é de suma relevância lembrar que estas trocas simbólicas e concretas, ocorridas entre artistas forasteiros e espectadores e artistas forasteiros e artistas locais promovem tensões e deslocamentos profícuos à produção cultural local e à formação de plateias. Pensando em formação de plateias e de espectadores, a atualíssima inciativa da existência de uma Escola de Espectadores, promovida pela Coordenação de Artes Cênicas da Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre, merece destaque. Essa iniciativa foi inspirada em projeto homônimo coordenado em Buenos Aires, Argentina, pelo professor e teatrólogo Jorge Dubatti, junto ao Centro Cultural de la Cooperación Floreal Gorini. Esse é somente um exemplo que demonstra como, nas últimas décadas, o campo teatral do Rio Grande do Sul tem sido “arejado” pela circularidade de espetáculos provenientes de outros estados e países, bem como pelo intercâmbio de artistas e a promoção de espaços formativos como oficinas, workshops e residências. Estes contatos próximos com a produção cultural nacional e internacional remontam aos anos 90 e se devem a três fatores prioritariamente: 1) ao estabelecimento do festival internacional de artes cênicas Porto Alegre em Cena, que se encontra em sua XX edição neste ano de 2013, 2) às mudanças nas leis de incentivo e fomento cultural e políticas públicas nacionais para cultura, promovidas pela Fundação Nacional de Artes (FUNARTE) e pelo MinC e 3) à adesão do Serviço Social do Comércio (SESC-RS) a um modelo de promoção e circulação de bens simbólicos e culturais já empreendido há algumas décadas pelo SESCSP.

A estabilidade e constância de festivais como o Porto Alegre em Cena (e seu “filhote” Caxias em Cena), o Palco Giratório e outros são fundamentais à constituição de uma “nova cena gaúcha”, composta por grupos e artistas oriundos das escolas de teatro e dos grupos amadores, e que estabelecem relações de formação continuada e qualificada com alguns dos maiores nomes do teatro, do teatro de bonecos e da dança mundiais. Ariane Mnouchkine, Peter Brook, Robert Wilson, Pina Bausch, Patrice Chéreau, Eimuntas Nekrosius, Eugênio Barba, Pippo Delbono, Daniel Veronese, Robert Lepage, Romeo Castelucci, Sasha Walts, entre tantos outros nomes que compõem o atual panteão de referências de artistas-pedagogos das artes cênicas estiveram, cada um mais de uma vez, com seus espetáculos e ações formativas para a classe teatral em Porto Alegre (atingindo também artistas e alunos de artes cênicas do interior do estado). Grupos como Volksbühne Theater, Socíetas Raffaello Sanzio, La Furia del Baus, Théâtre du Soleil, Odin Theater, Berliner Ensemble, El Galpón, Sankai Juku, também estiveram em Porto Alegre nos últimos 20 anos. Além destes, podemos citar grupos referência da formação do contemporâneo teatro brasileiro que estiveram e visitam regularmente o estado, seja através destes festivais ou do intercâmbio com grupos locais: LUME, Galpão, Cia dos Atores, TAPA, Espanca!, Luna Lunera, Armazém de Teatro, Vertigem, entre tantos outros, estiveram no estado com espetáculos, práticas de intercâmbios entre grupos e atividades formativas. A Rede Brasileira de Teatro de Rua (que realizou seu XXII encontro nacional em fevereiro de 2013) e movimentos como o Redemoinho – Movimento Brasileiro de Espaços de Criação, Compartilhamento e Pesquisa Teatral (movimento que teve início em 2004 e findou em 2009, juntando grupos e coletivos teatrais em busca de políticas públicas culturais em âmbito nacional) também fortaleceram estes espaços de diálogo e trocas entre grupos e artistas dentro do território brasileiro. Entretanto, cumpre notar que estes intercâmbios e esta circularidade são recentes: paulatinamente percebem-se os traços constitutivos de um teatro local que se torna referência nacional e é atravessado pela produção, se não de todo país, pelo menos do eixo Rio-São Paulo e Minas. Ainda é incipiente a troca com estados do centro-oeste, do norte e do nordeste do Brasil, mesmo que geralmente haja nas grades de espetáculos dos grandes festivais citados artistas e grupos que têm origem nestas regiões.

A produção e circulação de espetáculos e projetos artísticos gaúchos também têm sido amplamente contempladas através de editais da FUNARTE e do MinC, a nível nacional e dos fundos de cultura de Porto Alegre, Caxias do Sul e Pelotas, municípios que contam com fundos de cultura próprios (na forma de leis municipais), a fim de incentivar, promover e viabilizar a produção artística nos municípios. Leis de incentivo estadual e federal também são uma possibilidade dentro do espectro de modos de produção artística no RS. Saliento que a lei estadual de incentivo fiscal à cultura (LIC-RS) sofreu problemas de ordem jurídica e reformulações fizeram-se necessárias na última década, ainda não tendo novo formato estabilizado. Após este breve e lacunar panorama sobre a produção teatral no estado do Rio Grande do Sul, partamos, agora, para o cerne deste artigo, que é analisar e comentar a produção bibliográfica e historiográfica sobre o teatro gaúcho.

Análise bibliográfica sobre as histórias do teatro no Rio Grande do Sul

Cabe ressaltar que o material disponível sobre o teatro do Rio Grande do Sul é muito fragmentado e disperso, nem sempre de fácil acesso. Há publicações antigas e trabalhos acadêmicos que ainda não foram publicados, bem como textos publicados em coletâneas e sites na internet. As referências aqui citadas são fruto de trabalho reflexivo e dissertativo de pessoas reconhecidamente ligadas à área no estado (artistas, produtores, acadêmicos, intelectuais, historiadores e jornalistas). O primeiro passo na construção de uma escrita da história do teatro—e das artes e dos hábitos culturais dos portoalegrenses--foi Palco, Salão e Picadeiro em Porto Alegre no Século XIX de Athos Damasceno Ferreira (1956). A minuciosa pesquisa histórica de artistas, grupos, casas de espetáculos e dos eventos ligados às artes cênicas em Porto Alegre no século XIX constrói um rico panorama da arte e da sociedade da época, de seus hábitos e costumes, da recepção de espetáculos e artistas pelo público e pelos críticos. No entanto, toda a contextualização da investigação empreendida dá-se na capital, Porto legre. A obra fundadora – e por muitos anos única referência à história do teatro gaúcho de forma mais ampla, tratando de capital e interior – é o pequeno livro de Lothar Hessel,

O Teatro no Rio Grande do Sul (1999). Nessa publicação, Hessel faz um breve mapeamento em diversos municípios do estado, de como se deu o desenvolvimento das atividades teatrais e cênicas em geral, envolvendo a ópera, a opereta e a dança, abarcando desde o século XVIII, tendo sua disseminação e ampliação no século XIX (com a construção de casas de espetáculo, criação de sociedades dramáticas amadoras e circulação de companhias profissionais brasileiras e estrangeiras), comentando até a primeira metade do século XX. É importante salientar que esta continua sendo a única obra historiográfica sobre o teatro no Rio Grande do Sul que lança mão de um olhar descentralizado, ou seja, que trata tanto das atividades cênicas da capital Porto Alegre ao longo da história do estado, como trás à tona importantes atividades e iniciativas que fazem parte da história do teatro no Rio Grande do Sul e que tiverem como palco municípios do interior do estado. O foco maior é dado aos municípios fronteiriços, pela sua antiguidade e importância econômica ao longo da história do RS. Hessel visitou acervos documentais de cidades históricas, em sua maioria cidades das fronteiras sudoeste e noroeste do estado, ao entrevistar sujeitos participantes dos empreendimentos teatrais e construir um pioneiro estudo sobre as histórias das artes cênicas no Rio Grande do Sul. Mapeou surgimento de edifícios e grupos teatrais, bem como levantou nome de artistas e pessoas envolvidas em cada município do qual trata o pequeno livro. Hessel ainda teve papel fundamental como agente na história do teatro gaúcho ao ser um dos professores da Faculdade de Filosofia da UFRGS (e posteriormente do atual Instituto de Letras) e um entusiasta da abertura do Curso de Arte Dramática vinculado à universidade. Ele também lecionou Teatro Português e Brasileiro no Curso de Arte Dramática da UFRGS, do qual foi diretor, em 1964 e 1965. Devemos registrar algumas publicações sobre a história do Theatro São Pedro de Porto Alegre, como a coletânea iconográfica Theatro São Pedro – álbum ilustrado comemorativo de sua reinauguração, lançada por ocasião da reinauguração após a reforma, em 1984. Outra edição comemorativa, esta de caráter iconográfico, foi lançada em 2008, por ocasião dos 150 anos do Theatro, contando a trajetória do teatro através de imagens desde a sua fundação, passando pelos nove anos de reconstrução e também o registro das peças e atores que já se apresentaram no tradicional palco gaúcho.

São referência bibliográfica a ser lembrada os escritos esparsos do historiador do Rio Grande do Sul Mario Osório Magalhães (1993) sobre as atividades cênicas em Pelotas e o Theatro Sete de Abril, em livros de sua autoria como Opulência e Cultura na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul: Um Estudo Sobre a História de Pelotas (1860-1890). Neste livro, o autor discorre sobre a história da cidade de Pelotas, e dedica pelo menos alguns capítulos à importância das atividades cênico-musicais ao longo dos séculos XIX e primeira metade do século XX no município. É importante lembrar que, sobre o período anterior à década de 50, em A batalha da quimera (2009) Sebastião Milaré narra a trajetória do artista e agitador teatral Renato Vianna. Neste livro Milaré dedica um capítulo à empreitada posta em curso por Vianna nos primeiros anos da década de 40, ao propor uma escola de formação teatral em Porto Alegre. O projeto sucumbe, mas a passagem de Renato Vianna por terras gaúchas deixa marcas indeléveis e está registrada nas páginas deste livro, através de textos, missivas e iconografia do período.

Anos 50 e início dos 60: crônicas da emergência de um teatro Fernando Peixoto, ao publicar uma coletânea de crônicas e críticas escritas por ele em sua juventude para um importante jornal diário portoalegrense, traça retratos importantes do nascimento de um campo teatral profissional no estado do Rio Grande do Sul. Narra, em seus textos periodísticos, o estabelecimento de um dos movimentos teatrais mais promissores do país, ao lado de então emergentes centros produtores culturais como Recife, Salvador e Belo Horizonte. A cena teatral gaúcha iniciava sua efervescente história, grupos de teatro estudantil e inúmeras sociedades e clubes de teatro amador proliferavam, encenando autores renomados na literatura dramática universal e também comédias ligeiras. As companhias de repertório de grandes atores e atrizes como Dulcina, Maria Della Costa e Procópio Ferreira realizavam turnês regulares pelo estado. Companhias internacionais de teatro e drama lírico também tinham o estado presente em suas rotas de temporadas e turnês de apresentações. Devido à privilegiada posição geográfica do estado – meio caminho entre as capitais do centro do país e Buenos Aires, na Argentina – o estado do Rio Grande do Sul era passagem confirmada das companhias de teatro desde o século XIX, que costumavam apresentar-se nos teatros de Pelotas, Rio Grande e Porto Alegre.

Voltando à profícua década de 50 (o livro faz crônica do teatro em Porto Alegre de 1953 a 1963), os principais grupos da época, segundo Peixoto (1993), em seu livro “Um Teatro Fora do Eixo”, foram o Teatro da Província (dirigido por Silva Ferreira), o Teatro Universitário da União Estadual de Estudantes (que contava com nomes como Antônio Abujamra, entre outros), Clube de Teatro (formado por estudantes da UFRGS, entre eles Cláudio Heemann), Nosso Teatro (fundado por Edison Nequette), Sociedade Teatro do Sul (primeira tentativa de profissionalização, idealizada pelo diretor carioca radicado no RS, Carlos Murtinho), Grupo de Teatro Negro (de Sayão Lobato), inúmeros grupos ligados à Federação Rio-grandense de Amadores Teatrais (fundada por Maximiliano Weissheimer), Nilton Carlos Scotti dirigindo espetáculos em Caxias do Sul, o Teatro Studio (de Carlos Murtinho) e, por fim, o emblemático Teatro de Equipe, considerado um marco do teatro gaúcho, por encenar autores dramáticos importantes e inovadores como Samuel Beckett, além de dramaturgia nacional, e também por demarcar o início de carreira de importantes nomes da cena teatral brasileira, tais como Paulo José, Paulo César Peréio, Lílian Lemmertz, Ítala Nandi, Mário de Almeida, Milton Mattos, Fernando Peixoto, Lineu Dias, Luís Carlos Maciel, Ivete Brandalise, entre outros. Fato de extrema relevância é a criação do Curso de Arte Dramática, atrelado a faculdade de Filosofia da Universidade do Rio Grande do Sul, em 1958, após anos de pressão e insistência dos estudantes e jovens ligados ao teatro amador no RS. Até os dias de hoje, como Departamento de Arte Dramática do Instituto de Artes da UFRGS, com 55 anos de existência e trabalhos ininterruptos, temos nos cursos superiores de Artes Cênicas desta universidade um dos espaços mais profícuos do estado, não só de formação profissional e intelectual como de produção de espetáculos e performances teatrais. O número inicial da Revista Cena (2000, no 01), periódico acadêmico hoje editado pelo Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas/UFRGS, na época editada pelo professor Flávio Mainieri, é um dossiê sobre a história da criação e formação do Curso de Arte Dramática da então URGS, com depoimentos de seus pioneiros e contendo o texto integral da aula inaugural de Ruggero Jacobbi, ou seja, importante material na construção de uma historiografia do teatro no Rio Grande do Sul. Concomitante ao surgimento e realizações dos grupos acima, alguns importantes núcleos de produção teatral voltada ao público infantil se consolidam em Porto Alegre: em 1954 é criado, por Sayão Lobato, o Teatro Infantil Permanente; em 1956, junto às

suas alunas do Curso Normal, a professora Olga Reverbel funda o Teatro Infantil Permanente do Instituto de Educação (TIPIE); também em 1956 o Teatro da Criança, de Glênio Peres, inicia suas atividades e, por fim, em 1959 começa o trabalho de um grupo de teatro para crianças de grande importância na formação de público, o Teatro Porto-Alegrense de Fantoches. Esse é um resumo do panorama traçado por Peixoto em suas crônicas. O livro Cenário, cor e luz (2005), de Roselaine Casanova Corrêa, trata das primeiras décadas da segunda metade do século XX, focalizando a trajetória e a história de um coletivo teatral amador de Santa Maria dos anos 40, 50 e 60, os Amantes da Ribalta. Corrêa nos trás um panorama das atividades teatrais amadoras e de circulação de grupos e artistas profissionais pela Região Central e interior do estado. A articulação de grupos e artistas amadores na tentativa de construir um teatro alinhado às estéticas profissionais do eixo Rio-São Paulo, tendo como padrinhos nomes como Leopoldo Fróes e Procópio Ferreira, é apresentada na investigação histórica.

A escrita da história do teatro gaúcho nos anos 70: resistência à ditadura e circuito comercial Acerca do teatro produzido em Porto Alegre e em circulação pelo estado no período que vai dos fins dos anos 60, atravessa os 70 e chega aos 80, podemos destacar Os cacos do teatro (1996), de Suzana Kilpp, que trata dos coletivos e procedimentos de produção e circulação teatrais no Rio Grande do Sul sob o regime ditatorial que comandou o país no período. Kilpp retrata, do ponto de vista temático e estético, como os grupos constituíam-se e circulavam pelo estado com seus espetáculos, sempre balizados ou pela contestação política ou pelo alinhamento com o regime, a fim de obter inserção mercadológica e oportunidades de trabalho com verbas públicas. Em 1964, assume o poder da nação, através de um golpe, um governo militar de características ditatoriais, que culminaria suas estratégias repressivas e de censura com a decretação do Ato Constitucional No 5, no final de 1968. Segundo Kilpp, toda produção artística da época, de uma forma ou de outra, estava relacionada e fortemente balizada pela política vigente. Ainda segundo a autora, o teatro de grupo fortalece-se cada vez mais neste período, sendo característica fundamental do movimento teatral da época, que, grosso modo, dividia-se em dois movimentos diferenciados: de um lado, o teatro

engajado, comprometido em denunciar e contestar politicamente a estrutura social e governamental do período; do outro lado, aliado a contracultura do festival de Woodstock e dos hippies, grupos de teatro que, mesmo sem deixar de contestar a ditadura vigente, também desestruturavam e recriavam as estruturas morais e de relações, vivendo a experiência das comunidades e através de um teatro que rompesse com as convenções cênicas de espaço, tempo e estéticas. Os praticantes do teatro político engajado foram quase todos ligados ao Teatro de Arena, criado por Jairo Andrade em 1967, e dos grupos que lá se formaram e dissolveramse com o passar dos anos, entre eles o Grupo de Teatro Independente, o Teatro-Jornal e o Grupo Gral (dirigidos por Ana Maria Taborda), o Grêmio Dramático Açores (na maior parte do tempo dirigido por Luciano Alabarse), etc. Atores, diretores e produtores teatrais (muitos dos quais até hoje atuam na cena teatral gaúcha) iniciaram sua carreira junto ao Teatro de Arena, que durante os anos da ditadura sempre manteve estreito contato com o Teatro de Arena de São Paulo, dirigido por Augusto Boal e do qual participavam Gianfrancesco Guarnieri, Oduvaldo Vianna Filho, Chico de Assis, entre outros. Os grupos que estavam relacionados à contracultura dos anos 60/70 foram o ExNúcleo de Trabalho Alternativa, o Centro de Cultura Mario Bertoni (ambos dirigidos por Ana Maria Taborda) e o Ói Nóis Aqui Traveiz, mais ligados ao movimento tropicalista a ao Teatro Oficina, de Zé Celso Martinez Côrrea. Outros grupos foram de grande importância no período, como Grupo de Teatro Província, formado por alunos e professores do Departamento de Arte Dramática e o Grupo Vem Dê-se Sonhos. O Estado agiu definitivamente neste período na constituição do campo teatral: a censura e a promoção foram os mecanismos utilizados. Ao mesmo tempo em que os espetáculos sofriam censura e eram intimidados em todos os aspectos, desde o texto até os recursos de encenação, o Estado promovia a profissionalização dos artistas através da formação de sindicatos e associações corporativas, de incentivos públicos para montagens e da abertura de novas salas de espetáculo. Através do Serviço Nacional de Teatro, o Estado aliava a promoção à censura. Kilpp explica esta relação paradoxal:

A organização da cultura no Brasil pós-64 passou, grosso modo, por dois movimentos distintos, articulados e não excludentes, de repressão e expansão. A direção geral dos movimentos andava pela desarticulação da resistência e pela intermediação de um novo mercado, para o qual foi promovida uma arte com-medida, capaz de atender aos interesses da indústria cultural. O projeto estatal passava também pela profissionalização de artistas, pela definição de relações produtivas capitalistas e por uma

concentração do capital, ao mesmo tempo que veiculava uma ideologia nacional e criava um mercado de bens culturais para serem consumidos em massa. (94)

Mais recentemente, também proveniente do Programa de Pós-graduação em História da Pontifícia Universidade Católica (PUCRS), como o trabalho pioneiro de Kilpp, temos disponível a dissertação de mestrado intitulada “Há uma bomba no teatro: um estudo sobre o movimento teatral em Pelotas e Porto Alegre (1964 – 1975)”, de Mariana Oliveira (2010), que trata das reações de grupos teatrais em Porto Alegre e Pelotas ao estado de exceção imposto pelo regime militar e ditatorial no Brasil a partir do Ato Institucional No 5. O trabalho baseado na história oral conta com entrevistas de depoentes integrantes do campo teatral no período como Jairo de Andrade, José Baldissera, Valter Sobreiro Junior e Maria Luiza Martini. Tive acesso a uma pequena publicação intitulada Teatro gaúcho contemporâneo (HOLFELDT e VASCONCELLOS, s/d), parte de uma coleção chamada Cadernos de Cultura Gaúcha, promovida na década de 70 pela Assembléia Legislativa do Estado do RS, que contém dois interessantes retratos do teatro gaúcho da época. O primeiro texto, datado de 1976, é de autoria de Antônio Hohlfeldt (jornalista, professor e único crítico teatral em atividade ininterrupta no estado do RS até os dias de hoje, com coluna semana no Jornal do Comércio) e é intitulado “Um esboço da dramaturgia gaúcha contemporânea”. O segundo texto é de autoria do diretor e professor de teatro, coordenador de artes cênicas de Porto Alegre por muitos anos, Luiz Paulo Vasconcellos e traça um fiel demonstrativo da constituição do Departamento de Arte Dramática em seus primeiros 17 anos de atividade. O livro intitulado Theatro São Pedro – Palco da cultura (1858-1988), (GOLIM, CÉSAR e VASCONCELLOS, 1989), lançado na comemoração pós-inauguração e reabertura do Theatro São Pedro, traz dois capítulos historicamente bastante significativos: aquele assinado pelo professor e historiador Guilhermino César que mapeia “O Teatro declamado do século XX”, trazendo um panorama bastante minucioso do teatro em Porto Alegre durante os primeiros 70 anos do século XX, complementando a obra de Lothar Hessel, e aquele assinado por Luiz Paulo Vasconcellos, que mapeia a produção nos anos 70 e 80 em Porto Alegre. Esse livro é de rara circulação, mas material precioso aos pesquisadores e alunos de história, música e artes cênicas.

Sobre o teatro nos anos 80: notas espraiadas Algumas coletâneas patrocinadas pela Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura Municipal de Porto Alegre tratam acerca do teatro gaúcho realizado nos anos 80; no entanto, não há ainda uma publicação que abarque as anotações esparsas (porém fundamentais do ponto de vista da construção de uma historiografia do teatro no estado) de escritores como o professor, jornalista e crítico Antonio Holfeldt, o diretor Luciano Alabarse, o diretor, dramaturgo e psicanalista Júlio Conte e o professor e diretor Luiz Paulo Vasconcellos, entre outros autores que se dedicaram a escrever linhas sobre o teatro gaúcho nos anos 80 que se encontram espalhadas em diversas publicações. Além do curto e informativo capítulo de Júlio Conte constante na coletânea Nós, os gaúchos que traça um panorama dos mais importantes grupos de teatro portoalegrenses em atividade ao longo dos anos 80, contamos com a publicação das críticas de Claudio Heemann, que foi crítico do Jornal Zero Hora de 1978 a 1990. Como salienta o subtítulo do livro, uma seleção de críticas feita pelo próprio autor, foram “doze anos na primeira fila.” As críticas apresentam, sob o ponto de vista de um sujeito especialista, documento da história da recepção cênica em Porto Alegre. Publicações recentes da obra crítica de Décio de Almeida Prado e Sábato Magaldi demonstram a importância do ponto de vista dos estudos teóricos, históricos e de recepção no campo das artes cênicas deste tipo de publicação. As obras críticas de Peixoto e de Heemann estão para o RS assim como estão em importância para o teatro brasileiro no eixo Rio-São Paulo as obras críticas de Décio de Almeida Prado e Sábato Magaldi Cumpre notar os esforços empreendidos pelo Instituto Estadual do Livro do Rio Grande do Sul (IEL), no sentido de lançar uma linha editorial a partir de importantes peças encenadas e criadas por coletivos ou por dramaturgos gaúchos ao longo da década de 80. Além de conter os textos dramáticos, as publicações da “Coleção Teatro: Textos e Roteiros”, fazem um apanhado das montagens, com informações sobre as encenações, elenco, temporadas e imagens de cena, de folderes e de cartazes, caracterizando-se como registro histórico de importantes espetáculos da cena portoalegrense dos anos 80. Dramaturgos e dramaturgos-diretores como Dilmar Messias, Ivo Bender, Caio Fernando Abreu, Júlio Conte, Arines Ibias e Carlos Carvalho, entre outros, tiveram obras de sua autoria contempladas no projeto editorial do IEL. O IEL ainda possui uma linha editorial

de dramaturgia contemporânea, que lançou autores como Vera Karan e antologias de dois dos mais importantes dramaturgos gaúchos: Carlos Carvalho e Ivo Bender, além de publicar textos dramáticos infantis, entre outros.

Mapeando iniciativas recentes: anos 1990 e anos 2000 A partir da década de 90, até a primeira década do século XXI, contamos com algumas publicações isoladas sobre a trajetória de grupos teatrais gaúchos. Destacam-se publicações da Editora Libretos: uma sobre a história do Teatro de Equipetais como Trem de volta (2003) de Mário de Almeira e Rafael Guimaraens (2003), e outra, Teatro de Arena – palco de resistências (2007) de Rafael Guimaraens, além do recente Sete de abril – o teatro do imperador (2012) de Klécio Santos, fazem parte da bibliografia historiográfica do teatro no RS. Os três livros contam com ricas pesquisas iconográficas e foram escritos por jornalistas, apresentando caráter mais panorâmico do que reflexivoanalítico sobre as temáticas abordadas, o que, de forma alguma, invalida a feliz iniciativa das pesquisas realizadas e das publicações que originaram. Os livros sobre o Arena e o Equipe contam com depoimentos de integrantes dos grupos, além de imagens (cartazes, fotos, textos) da época e textos dos autores jornalistas que sistematizam as histórias dos grupos cronologicamente, caracterizando-se como importante material de consulta bibliográfica. Atuadores da paixão (1997), de Sandra Alencar, fala sobre a trajetória do significativo coletivo portoalegrense Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, é foi um dos livros lançados na década de 90, com apoio do FUMPROARTE. Nas últimas duas décadas o próprio Ói Nóis tem promovido atividades formativas como seminários, workshops e a escola de teatro que mantém ativa, como através de uma série de publicações que comentam o teatro gaúcho e o teatro internacional de grupo como a Revista Cavalo Louco, entre outras publicações levadas a cabo por este coletivo em associação com pesquisadores da área oriundos da academia. Durante a década de 90, artigos esparsos de alguns acadêmicos gaúchos, como o diretor e professor de teatro Luiz Paulo Vasconcellos, comentam o teatro gaúcho. Destaca-se entre eles, “Anotações para uma história do teatro gaúcho, ”publicado na revista portuguesa Sete Palcos em 1998, em número especial dedicado ao teatro

brasileiro. Neste artigo, Vasconcellos traça um panorama do teatro portoalegrense e de sua dramaturgia, mas silenciando mais uma vez os fazeres teatrais do interior do estado. O autor chega mesmo a afirmar que o teatro realizado no interior do estado na década de 90 está completamente atrelado aos modelos oriundos da capital, Porto Alegre. Tal afirmativa pode ser contestada ao analisar-se a produção, por exemplo, do grupo teatral Miseri Coloni, de Caxias do Sul, fundador de uma estética cômica própria, baseada nas encenações musicais simples em dialeto vêneto, que na década de 90 já contava com grandes sucessos de público e havia se apresentado em praticamente toda Serra Gaúcha e na Itália. O livro de Marcos Fernando Kirst, Miseri Coloni – 30 anos de palco (2011) em formato de biografia ilustrada, comemorativa os 30 anos do grupo, demonstra pequena parcela da produtividade cênica no interior do estado. Ainda que pontual ou isolada, essa produção do interior está registrada em publicações como as das dramaturgias definitivas de espetáculos aclamados por público e crítica, como aqueles escritos e dirigidos por Valter Sobreiro Júnior em Pelotas, nas décadas de 80 e 90. As óperas populares gaúchas (assim denominadas pelo próprio autor) “Maragato” e “Don Leandro” tiveram suas dramaturgias e músicas publicadas, juntamente com registros iconográficos e informativos das montagens originais do diretor-dramaturgo (Ver Sobreiro Júnior 1995 e 1999). É a partir de 1997 que temos registrada, na publicação dos Anuários de Artes Cênicas da Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre, a produção de teatro adulto, teatro de rua, teatro infantil, ópera e espetáculos e dança ocorridos em Porto Alegre. O Anuário é sucinto em informações, dando ao leitor a ficha técnica dos espetáculos, temporadas realizadas, prêmios recebidos, uma breve sinopse e uma fotografia. Mesmo sendo breve e informativo, caracteriza-se como documentação histórica das artes cênicas no município de Porto Alegre, balizada e organizada pela Coordenação de Artes Cênicas da SMC. O livro com a iconografia dos 30 anos do grupo Miseri Coloni (KIRST, 2011) e aquele sobre as histórias e personagens pitorescos que passaram pelo Theatro Sete de Abril (SANTOS, 2012), é importante frisar que são iniciativas valiosas, porém esparsas e fragmentadas, de constituição de uma iconografia comentada do teatro no RS, focando em importantes polos produtores teatrais no estado ao longo dos últimos séculos, a saber, as cidades de Caxias do Sul e de Pelotas, respectivamente.

Na década de 90, algumas publicações com o intuito de revisar a história de projetos culturais importantes, como a Descentralização Cultural e o Fundo de Financiamento à Cultura (FUMPROARTE) da Prefeitura Municipal de Porto Alegre e o projeto de circulação de espetáculos pelo interior do estado, o Lâmpada Mágica (HEROK e KANITZ, 2008), idealizado e realizado pela produtora Cida Herok, caracterizam-se mais como documentos a serem analisados do que como construção de escrita historiográfica, propriamente. Como exceção, podemos citar o livro de Clóvis Massa, Histórias Incompletas (2004), que analisa e reflete acerca das constituições identitárias de artistas e de oficinas ministradas ao longo de mais de 20 anos do projeto Descentralização da Cultura, dos quais são oriundos grupos e jovens componentes da classe artística portoalegrense atual.

Ainda anos 2000: diálogos entre a universidade e as escritas de histórias do teatro no RS É nos anos 2000 que acontece a abertura do PPGAC da UFRGS, o que marca o início de uma produção escrita sistematizada, resultado de processos investigativos sobre práticas, grupos e artistas cênicos gaúchos. Alguns trabalhos realizados por mestres oriundos do PPGAC tem um cunho historiográfico e problematizam grupos e espetáculos chave para o entendimento do teatro no RS, como os que destacarei a seguir. No repositório de teses e dissertações LUME, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, há setenta e dois trabalhos que respondem à pesquisa tendo como assunto a palavra teatro. Grande parte destes trabalhos foi realizado junto aos PPGEdu, ao PPGAC e ao Programa de Pós- Graduação em Letras, sendo que há também trabalhos oriundos dos programas de pós-graduação em História, em Antropologia e em Educação Física desta instituição. A mesma pesquisa foi feita nos repositórios digitais de teses e dissertações da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) – obtendo doze resultados, praticamente todos vinculados ao PPGLetras – , da Universidade Federal de Santa Maria – obtendo cinco resultados – e da Universidade Federal de Pelotas – obtendo 3 resultados.

Dentre estes, podemos destacar o trabalho de Ângelo Marcelo Adams dos Pasos, O papel do palco e o palco de papel: Trilogia Perversa (2006), que ao analisar a transcriação cênica realizada pelo diretor Décio Antunes da Trilogia Perversa (1988) de Ivo Bender, traça um panorama da trajetória do mais importante dramaturgo gaúcho vivo e de montagens emblemáticas das décadas de 1990 e 2000, o que confere à análise literária empreendida um cunho de traçado historiográfico. Outras obras acadêmicas que gostaria de nomear são quatro trabalhos que, abertamente, tratam de construção historiográfica do teatro no RS, todos eles dissertações de mestrado defendidas junto ao PPGAC/UFRGS recentemente. São eles: a) Fragmentos Brietzkianos: estudo da cena nas montagens brechtianas de Irene Brietzke, de Carlos Humberto Vasconcellos Vieira, (2008); b) Cia Stravaganza: um olhar sobre os processos criativos no teatro de grupo, de Adriane Cecília Pinto Mottola, (2009); c) Palcos da Vida: o vídeo como documento do teatro em Porto Alegre nos anos 1980, de Newton Pinto da Silva, (2010) e d) Os Reis Vagabundos e as reminiscências no Tear de Penélope, de Elizabeth Medeiros Pinto, (2010). Estas quatro dissertações traçam um panorama dos processos criativos, de encenação, construção dramatúrgica e de interpretação de importantes grupos teatrais e diretores de teatro gaúchos, em atividade nos anos 80 e 90, prioritariamente. Diretores como Luiz Henrique Palese e a Cia Stravaganza (ainda em atividade, hoje sob direção de Adriane Mottola), Maria Helena Lopes e o Grupo Tear, Irene Brietzke e o Teatro Vivo, Luís Arthur Nunes, entre outros, são, de certa forma, historiografados por estes trabalhos. Cumpre notar que os autores, em sua totalidade, são pessoas que tiveram íntima ligação com estes processos, participando ou como atores, ou como espectadores assíduos das montagens e processos analisados. Publicações que são fruto de pesquisas da área de pedagogia do teatro, área que se desenvolveu com bastante rigor e reconhecimento nas últimas décadas no estado e tem como pioneira a professora Olga Reverbel e seu Teatro Infantil Permanente do Instituto de Educação, têm tido destaque em todo o país. Entre os pesquisadores que devem ser mencionados, com trabalhos e publicações significativas na área de teatro e educação, estão Vera Bertoni dos Santos, Gilberto Icle, Sergio Lulkin, Mirna Spritzer, entre outros.

Há hoje três periódicos vinculados a instituições de ensino superior que, ainda que não tenham como objetivo central historiografar o teatro gaúcho, o fazem através de dossiês e artigos avulsos sobre o tema publicados eventualmente. São eles: Revista Cena (DAD/PPGAC/UFRGS), Revista Brasileira de Estudos da Presença (PPGEdu/UFRGS) e Revista da FUNDARTE (FUNDARTE/UERGS).

Conclusões: isso é só o começo Depois desta pequena exposição da história publicada sobre o teatro no Rio Grande do Sul, posso inferir que tudo aquilo que ainda não foi dito sobre o teatro gaúcho, todas aquelas histórias que ainda não foram contadas ou escritas, o que foi invisibilizado, silenciado ou esquecido, compõe o devir desta historiografia, porque permanece latente, mas em movimento, pronto para vir a ser. A partir dos esforços iniciais realizados pelos pesquisadores aqui citados, nas obras comentadas, cabe agora dar continuidade a estes esforços, seja através da academia ou de iniciativas particulares, no entanto, é importante frisar que a vontade política das gestões culturais de municípios e estado nos sentido de fomentar tanto a organização documental como a produção historiográfica da cultura local é absolutamente necessária para a efetivação deste intento. Outra provocação que este artigo propõe é justamente aquela que se refere ao teatro gaúcho como um teatro realizado em todo o estado do Rio Grande do Sul, não só aquele que tem como sede a capital. Dar voz a estes grupos e artistas das diversas regiões do estado na produção historiográfica é ato político de grande importância para criarmos redes de significação sobre as artes cênicas no estado que abracem a capital, com sua pujante produção cênica profissional, e o interior, com seus grupos amadores, semiprofissionais e também aqueles que se profissionalizaram no curso de suas existências. Há muito a ser feito e este artigo pretendeu, tão somente, este mapeamento inicial daquilo que já possuímos para, então, seguirmos nos aventurando pelas histórias, memórias, imagens, fatos e personagens dos palcos gaúchos, das arenas, das ruas, reconstruindo-os, reinventando-os através de histórias porvir.

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