PENSAR A NATUREZA DA/NA ILHA A PARTIR DE UMA EPISTEMOLOGIA ARQUIPELÁGICA (Painel \"The Environmental Humanities \", 37th Meeting of the Portuguese Association for Anglo-American Studies Lisbon - FCSH-UNL | 21-23 March 2016 )

June 7, 2017 | Autor: Ana Salgueiro | Categoria: Culture Studies, Environmental Humanities, Madeira, Estudos Insulares
Share Embed


Descrição do Produto

37th Meeting of the Portuguese Association for Anglo-American Studies Lisbon - FCSH-UNL | 21-23 March 2016 https://apeaaconference2016.wordpress.com/

PAPER PROPOSAL Panel (5) The Environmental Humanities Panel covenors: Isabel Fernandes Alves, Nuno Marques Paper title: PENSAR A NATUREZA DA/NA ILHA A PARTIR DE UMA EPISTEMOLOGIA ARQUIPELÁGICA Author: Ana Salgueiro (UCP-CECC, UMa-CIERL) Abstract:

When we try to pick out anything by itself, we find it hitched to everything else in the Universe John Muir Transporto um ribeiro ao ombro:/ pedras, vegetação, três ou quatro plátanos,/ o caudal da água muito forte no Inverno.// Há bichos pequenos que dependem de mim,/ desta memória líquida, aparente resignação. Teresa Jardim

Madeira is…nature! Madeira is...tradition! Madeira, as beautiful as ever! são algumas das etiquetas de promoção turística do arquipélago, divulgadas recentemente, mas que retomam um já secular imaginário da ilha, muitas vezes idealizante, e em que natureza, cultura e estética se cruzam. Construído ao longo do tempo por representações artísticas e culturais diversas, por discursos políticos, ou até por mecanismos de marketing turístico como o que aqui recuperamos, esse imaginário, quando analisado com atenção, mostra a pertinência (para não dizermos urgência) de repensar o conceito de natural (da/na ilha), entendendo-o de forma expandida e como realidade empírica e virtual, não alheia a valores e fenómenos culturais e estéticos. Tomaremos como foco de análise/discussão o projeto multidisciplinar DMDM- (Des)Memória de desastre? Cultura e perigos naturais. Madeira, um caso de estudo (2012--2014), que, já depois do desastre natural de 20 de fevereiro de 2010 e em resposta a algumas das questões que esse evento extremo suscitou, procurou interrogar o carácter supostamente natural desses desastres, reflectindo quer sobre a implicação da memória cultural na construção do risco, de vulnerabilidades e resiliências, quer sobre a necessidade de pensar os desastres naturais e a própria ilha a partir de uma epistemologia arquipelágica. Embora o DMDM não tenha sido concebido à luz do enquadramento teórico-conceptual das Humanidades do Ambiente, o trabalho desenvolvido no seu âmbito, assim como alguns dos resultados obtidos ou até alguns novos projectos que, em certa medida, dele decorreram (nomeadamente o III INSULA International Colloquium. Beyond Nature & Artifice, em preparação para 2017) serão aqui apresentados com o propósito de contribuir para o debate que o painel pretende promover. Entendendo a(s) ilha(s) como sistemas eco-socioculturais complexos, cujo carácter redondo (Bachelard) nos permite entendê-las como oportunos laboratórios de experimentação, procuraremos, com a comunicação aqui proposta, discutir um conjunto de questões que, exigindo um cruzamento interdisciplinar, se afiguram como fundamentais quando se procura compreender um sistema eco-sociocultural como o da Madeira: (1) Que (re)leituras pode assumir o natural na Madeira e até que ponto diferentes modos de re(ler) esse conceito abrem caminho para novas formas de pensar o natural e o próprio sistema eco-sociocultural

1

do arquipélago ou de outros espaços insulares? (2) Até que ponto a equação natureza-tradição-beleza aqui sinalizada exige um conceito expandido e plural de natureza(s) que, ultrapassando o acrítico binarismo natureza/cultura, cruze a dimensão biofísica e empírica com outras de ordem virtual e representacional, ligadas ao imaginário e a valores culturais, aos afetos ou até a uma dimensão metafísica e transcendente? (3) Em que medida esses plurais conceitos de natureza determinam o modo como sujeitos e comunidades insulares percecionam, imaginam e recriam a ilha e até que ponto essas diferentes formas de ver e experienciar a ilha-jardim determinam a sua construção identitária? (4) Quais as implicações dessas imagens na sustentabilidade do próprio sistema eco-sociocultural do arquipélago e na construção de vulnerabilidades e resiliências?

2

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.