\"Pensar con los ojos\" sertões, cartografar territórios e representar paisagens

As poucas informações cartográficas que objetificam os processos de urbanização dos sertões das capitanias do Norte têm lançado desafios aos pesquisadores interessados no tema. O desafio aumenta quando se sabe do conhecimento e ocupação dessas zonas desde meados do Seiscentos. Em contrapartida, a farta documentação escrita por oficiais régios (civis e eclesiásticos) representa os sertões ocultos nas imagens, estruturados por uma hierárquica rede de povoações equacionada em cidades, vilas, julgados, freguesias, capelas, passagens, sedes de fazendas e pousos. Isto posto, essa comunicação apresenta um esforço de representar esses sertões fora da “cena cartográfica” desenhada nos séculos XVII e XVIII, dando às vistas territórios dinamicamente vividos e transformados em paisagens. Serão tratadas relações políticas, econômicas e culturais como basilares à formação material de macropaisagens conformadas no espaço em longa duração. Como método de análise, intercruza-se texto e imagem para pensar com los ojos -  segundo a poética acepção do historiador de arte argentino Damián Bayón – os processos de urbanização emanados da Coroa portuguesa ou daqueles operados no cotidiano dos habitantes, sejam adventícios (europeus e africanos) ou indígenas. Vale-se, ainda, de programas de georeferenciamento a fim de localizar as povoações no território e interpretar as razões de sua posição geográfica no contexto social e político ao qual estavam inseridas.