Percepções do Público Visitante da Fundação Parque Zoológico de São Paulo

May 31, 2017 | Autor: Caio Araújo-Bissa | Categoria: Educação Ambiental, Visitor studies in zoos, Zoos and Aquariums
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Fundação Parque Zoológico de São Paulo Programa de Aprimoramento Profissional

Percepções do Público Visitante da Fundação Parque Zoológico de São Paulo

Caio Henrique de Araújo-Bissa

São Paulo 2014

Fundação Parque Zoológico de São Paulo Programa de Aprimoramento Profissional

Percepções do Público Visitante da Fundação Parque Zoológico de São Paulo

Aprimorando: Caio Henrique de Araújo-Bissa Orientadora: Kátia Gisele de Oliveira Rancura

Trabalho de Conclusão do Programa de Aprimoramento Educação

para

Profissional Conservação

em da

Fundação Parque Zoológico de São Paulo.

São Paulo 2014 2

AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer à Fundação Parque Zoológico de São Paulo pela oportunidade de participar do programa de aprimoramento profissional. Foram dois anos em que realmente me aprimorei como profissional, mas também como pessoa. Quero agradecer muito à minha orientadora/supervisora/chefe e mais um monte de outras coisas especiais, Kátia Rancura, primeiro pela enorme paciência, segundo pela boa vontade em me auxiliar nesse meu início de carreira. Ela com certeza é alguém que exerceu um papel muito importante em minha vida. Obrigado pelos inúmeros toques, correções, discussões de idéias... Você é realmente um exemplo de orientadora e de profissional! A toda a equipe da Divisão de Educação e Difusão (DED), afinal já são três anos e meio juntos! Obrigado Inaiá, Gilmara, Juçara, Alessandra, Alves, Patrícia! Aos meus coleguinhas de PAP, Bruno, Lilian e Flávia, e principalmente Renato, que dividiu essa trajetória comigo, obrigado pelas conversas, paciência, momentos de risadas, momentos tensos, discussões e nosso crescimento como profissionais no meio disso tudo. E, obrigado também a uma “batelada” de estagiários que passaram durante todo esse tempo, uns mais próximos, uns amigos e outros mais distantes, mas que me fizeram aprender muitas coisas. A atual mestranda Camila Martins. Obrigado por dar vários socorros e luz ao meu trabalho. Você foi uma grande salvadora e incentivadora, minha querida “consultora para assuntos acadêmicos”. A Samara Moreira Müller, minha colega de mestrado, que tão gentilmente tirou todas as fotos contidas neste trabalho. A minha família, mesmo que às vezes nem saibam direito com que eu trabalho (risos), principalmente meus avós pela criação que tive, meu pai pelas ajudas necessárias, e minha irmã pelas conversas salvadoras. Sem eles eu não estaria aqui. E, aos visitantes do Zoológico de São Paulo, principalmente aqueles que se deram ao trabalho de responder meu questionário, obrigado por me trazerem tantas informações interessantes e me auxiliarem a produzir este trabalho.

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RESUMO Os zoológicos atuais estão centrados em quatro pilares principais: a educação, a pesquisa, o lazer e a conservação. Dessa forma, grande parte do trabalho dessas instituições envolve os visitantes. Para que esse trabalho seja efetivo, é importante conhecer o público, pois a partir destes dados é possível elaborar estratégias educativas e de marketing pertinentes à realidade e necessidades de cada local. O objetivo deste estudo foi conhecer quais são as percepções dos visitantes da Fundação Parque Zoológico de São Paulo (FPZSP). Para isto, foi dividido em três frentes. A primeira verificou a relação entre os visitantes, os animais do parque e os tipos de recintos. Isso foi realizado a partir da observação dos visitantes em frente a 12 recintos, pertencentes a mamíferos, aves e répteis, com diferentes tipos de design, onde foi notada uma preferência pelos mamíferos. A segunda frente consistia em seguir os visitantes a fim de analisar suas falas quanto à infraestrutura do parque, o que se mostrou inviável devido ao grande esforço amostral. A terceira analisou as lembranças que o visitante guarda após a visita à instituição. Tal avaliação se deu a partir de um questionário online enviado um mês após a realização da visita. Em geral, o visitante tem uma boa impressão da FPZSP e dos zoológicos como um todo. No entanto, a limpeza do parque e as placas de orientação são alguns dos pontos que devem ser considerados para melhoria do local, demonstrando dessa forma que a FPZSP é uma instituição preocupada com a opinião de seus visitantes e que busca o constante aperfeiçoamento de suas atividades.

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 6 2. JUSTIFICATIVA ....................................................................................................... 9 3. OBJETIVOS ........................................................................................................... 10 4. METODOLOGIA ..................................................................................................... 10 4.1. FRENTE 1: COMPORTAMENTO DOS VISITANTES FRENTE AOS RECINTOS E ANIMAIS .............................................................................................................. 10 4.2. FRENTE 2: REAÇÕES DOS VISITANTES EM TRAJETOS DO PARQUE ....... 13 4.3. FRENTE 3: PERCEPÇÕES DO PÚBLICO APÓS A VISITA ............................ 13 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 14 5.1. FRENTE 1: COMPORTAMENTO DOS VISITANTES FRENTE AOS RECINTOS E ANIMAIS .............................................................................................................. 14 5.1.1. Comparação entre as classes de vertebrados ........................................... 18 5.1.2. Comparação entre os recintos ................................................................... 22 5. 2. FRENTE 3: PERCEPÇÕES DO PÚBLICO APÓS A VISITA ........................... 35 5.2.1. Qualidade dos serviços oferecidos pela FPZSP......................................... 35 5.2.2. Falta de elementos na FPZSP ................................................................... 39 5.2.3. O papel dos zoológicos atuais ................................................................... 40 5.2.4. Aprendizado na FPZSP ............................................................................. 41 5.2.5. O passeio na FPZSP: lembrança em cinco palavras ................................. 42 5. 3. IMPLICAÇÕES PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ........................................ 45 5.3.1. Participação nas atividades educativas ...................................................... 45 5.3.2. Placas informativas sobre os animais ........................................................ 45 5.3.3. Design dos recintos ................................................................................... 47 5.3.4. Serviços do parque .................................................................................... 48 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 48 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 50 ANEXO I ..................................................................................................................... 55 5

1. INTRODUÇÃO O hábito de manter coleções animais é bastante antigo, podendo ser verificado desde os faraós egípcios. Essas coleções deram origem aos zoológicos que, com o tempo, foram se modificando. Isso aconteceu principalmente quando os movimentos ambientalistas ganharam força em meados dos anos 1970, trazendo a essas instituições uma preocupação com a conservação das espécies, havendo inclusive mudanças no modo como os animais eram expostos, a fim de se retratar melhor o ambiente onde eles viviam, garantindo seu bem estar. Essa é a origem dos zoológicos atuais, onde a simples exposição de animais já não é mais o foco principal. Atualmente, os zoológicos e também os aquários, se baseiam em quatro pilares: a conservação, o lazer, a pesquisa e a educação. Estes locais podem ser considerados importantes espaços de contato entre pessoas e animais na sociedade moderna, principalmente quando levamos em consideração o estilo de vida que esta possui (MORGAN; HODGKINSON, 1999). Dessa forma, contemporaneamente, estas instituições passam a ter também um importante papel educativo. Tal fato já é bastante consolidado, estando inclusive presente na legislação brasileira que rege o funcionamento de zoológicos, como sendo obrigatório, para qualquer categoria destas instituições, o desenvolvimento de programas de educação ambiental (BRASIL, 2002). Assim, os objetivos educativos devem ser integrados na idealização das coleções animais, no design das instalações, no desenvolvimento de programas de conservação e no planejamento dos serviços para visitantes. Por outro lado, estudos com visitantes destas instituições apontam que o principal motivo para a visitação não é o aprendizado e sim o lazer (CLAYTON; FRASER; SAUNDERS, 2008, DUTTA, 2005, FALK, HEIMLICH; BRONNENKANT, 2008, GONZÁLEZ; MONCADA; ARANGUREN, 2009, MONCADA et al., 2002, MORGAN; HODGKINSON, 1999, READE; WARAN, 1996). Isso também foi observado em um recente estudo na Fundação Parque Zoológico de São Paulo (FPZSP), onde aproximadamente 80% dos visitantes entrevistados relataram o lazer como a razão de sua visita ao parque (ARAÚJO-BISSA, 2012). Ao mesmo tempo, Falk e Dierking (1992) demonstram que, embora esta seja a principal resposta do público, se levarmos em consideração respostas como a vontade de conhecer os animais e de explorar, configurando-as como aprendizado, este será um dos principais motivos para a visitação. Para Packer (2006), mesmo que os visitantes não tenham como motivação o aprendizado, eles podem ter uma experiência educativa agradável e com grande 6

capacidade transformadora, destacando, dessa forma, o potencial educativo destes locais. Mesmo assim, o fato de zoológicos serem vistos pelos visitantes como ambientes para lazer deve ser encarado de forma positiva e importante, uma vez que isso gera bem estar às pessoas, aumentando sua capacidade criativa, a autoestima e a satisfação pessoal (LIMEIRA, 2008). Além disso, podemos classificar estes locais como ambientes de atividades associativas, onde ocorre o contato entre as pessoas (CAMARGO, 1992), neste caso, principalmente, entre pais e filhos, pois os visitantes destas instituições são geralmente acompanhados por suas famílias (ARAÚJO-BISSA, 2012, GONZÁLEZ; MONCADA; ARANGUREN, 2009, MORGAN; HODGKINSON, 1999). Ações em educação ambiental têm sido bastante realizadas em zoológicos de todo mundo. Muitos destes locais realizam atividades como, por exemplo, visitas monitoradas, apresentações didáticas com animais, exposições de material biológico na instituição ou nas escolas, entre outros. Contudo, pesquisas com os visitantes ainda são bastante escassas, sendo grandemente necessárias, pois podem nortear a elaboração dos programas de educação ambiental, uma vez que, conhecendo seu público é possível garantir a efetividade dos projetos realizados (GONZÁLEZ; MONCADA; ARANGUREN, 2009). Estas pesquisas são normalmente realizadas por meio de estudos comparativos da eficácia educativa de diferentes instalações, entrevistas, questionários, observação do comportamento dos visitantes, eficácia de discurso e nível de satisfação. Segundo a World Association of Zoos and Aquariums - WAZA (2005), a avaliação também é essencial para a criação de novas instalações, testar recursos em desenvolvimento, monitorar a interpretação e realizar o planejamento estratégico da instituição em longo prazo. Um exemplo foi o trabalho realizado na FPZSP para a elaboração de uma nova exposição sobre serpentes. Primeiramente, foi feito um estudo com o público da instituição para verificar sua opinião sobre o assunto (RANCURA et al., 2011). Após sua inauguração, uma nova pesquisa foi realizada para avaliar se os objetivos da exposição, tal como a mudança de sentimento em relação aos animais expostos, estavam sendo atingidos. Os resultados encontrados foram positivos, demonstrando a importância deste processo de planejamento da exposição para a conservação (ARAÚJO-BISSA et al., 2013). A mudança de comportamento e o despertar de atitudes conservacionistas também são atividades que podem ocorrer em zoológicos e aquários. Segundo Coe (1987), a educação em zoológicos tem o potencial de unir os quatro pilares destas instituições, ou seja, a própria educação, a conservação, o lazer e a pesquisa. Falk et 7

al. (2007) relatam em seu trabalho em 12 instituições americanas deste tipo que, após a visita, mais da metade do público entrevistado passou a perceber seu próprio papel em relação aos problemas ambientais e em ações em prol da conservação, colocando-se como parte da solução. As emoções obtidas ao visualizarem os animais em

exposição,

também

podem

influenciar

os

visitantes

a

terem

atitudes

conservacionistas (MYERS; SAUNDERS; BIRJULIN, 2004). Contudo, embora de grande importância, este é ainda um campo pouco estudado, principalmente se levarmos em consideração os zoológicos e aquários da América Latina. Dessa forma, fica clara a necessidade dessas instituições encontrarem métodos eficientes para avaliar o impacto de suas ações, reunindo dados que demonstrem seu papel como centros de educação para conservação, empenhados em gerar mudanças referentes aos comportamentos e valores em relação à vida selvagem e à sustentabilidade. A pesquisa nestes locais não traz apenas ganhos para a área educativa. Segundo González, Moncada e Aranguren (2009), conhecer o público, além de possibilitar o planejamento de atividades e a definir as estratégias de comunicação da instituição, permite também melhorar as relações públicas de zoológicos e atrair um maior número de visitantes. Outro fator a ser considerado, tanto para objetivos educativos quanto para as relações públicas, é a apresentação, ou seja, o estado em que se encontram essas instituições. Wagner (1990) encontrou que, para os visitantes do Philadelphia Zoological Garden, nos Estados Unidos, os principais pontos a serem monitorados eram a limpeza dos banheiros e das lanchonetes, os preços dos lanches vendidos e o estacionamento, pois este último é a primeira impressão que o visitante tem do parque. No Parque Zoológico e Botânico Bararida, na Venezuela, González, Moncada & Aranguren (2009) obtiveram reclamações sobre a estrutura da instituição principalmente quanto aos bebedouros. Contudo, uma reclamação que chamou a atenção era o estado em que os animais se encontravam. Os autores inferem que parte desses resultados pode ser devido ao não conhecimento dos hábitos dos animais, mas que, mesmo assim, é uma informação que deve ser levada em consideração, inclusive para programas educativos. Resultados similares foram encontrados na FPZSP, com destaque ao serviço de lanchonetes e aos cuidados com os animais (ARAÚJO-BISSA, 2012). Assim, além dos cuidados adequados aos animais, toda a infraestrutura de um zoológico deve estar em boas condições, como por exemplo, banheiros limpos e lixeiras vazias, pois isso demonstrará a seus visitantes uma preocupação com o futuro do planeta e sua conservação. Dessa maneira, a educação ocorrerá a partir do exemplo e da participação, garantindo sua efetividade (COE, 1987). Além disso, será possível passar uma mensagem positiva 8

aos visitantes, garantindo uma imagem adequada do zoológico, sendo uma ótima estratégia de marketing, o que acarretará em uma maior atração de público, um bom relacionamento com o mercado e com outras instituições, possibilitando importantes parcerias.

2. JUSTIFICATIVA Está claro que os zoológicos têm passado por grande evolução nos últimos anos e que apresentam grande potencial educativo. Segundo a World Association of Zoos and Aquariums (WAZA) que possui aproximadamente 300 membros, entre zoológicos e aquários de todo o mundo, esses locais recebem, em sua totalidade, cerca de 700 milhões de pessoas anualmente, sendo que esse número é de aproximadamente 1,5 milhões de pessoas apenas para a Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Assim, para garantir a efetividade de suas atividades é extremamente importante aos zoológicos conhecerem as motivações, costumes e preferências do público que os visitam. Araújo-Bissa (2012) demonstra em seu trabalho que os visitantes da FPZSP demoram um longo período para retornarem à instituição. Conhecer características como esta, referentes aos visitantes, permite estabelecer estratégias educativas e de marketing, bem como atividades que sejam do gosto do público da instituição, atraindo assim mais visitantes e transmitindo mensagens educativas com maior efetividade. A realização de pesquisas em zoológicos tem crescido bastante nos últimos anos, inclusive na própria FPZSP. Por outro lado, pesquisas com visitantes ainda são pouco realizadas, principalmente em zoológicos da América Latina, o que torna este estudo inovador. Para a Divisão de Educação e Difusão e também para os demais setores da FPZSP, os dados obtidos com este estudo serão de grande importância, pois servirão como subsídio para a elaboração de exposições, recintos, projetos educativos e propostas de marketing, norteando trabalhos e ações que contribuam para a conservação da biodiversidade.

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3. OBJETIVOS 

Gerar informações a respeito do comportamento e percepções do público visitante da FPZSP;



Avaliar quais são as impressões e lembranças do público certo tempo após sua visita à FPZSP;



Testar metodologias para avaliar a percepção e o comportamento dos visitantes, verificando quais as mais efetivas para esse tipo de estudo.

4. METODOLOGIA Para identificar e analisar de maneira mais completa as percepções dos visitantes da Fundação Parque Zoológico de São Paulo, esta pesquisa foi dividida em três frentes independentes, com o intuito de detectar os diferentes aspectos destas percepções, como a relação dos visitantes com os animais e seus recintos e com os serviços oferecidos pelo Zoo, e quais lembranças permanecem após a visita em termos de aprendizado e visão sobre a FPZSP e os zoológicos em geral. As metodologias empregadas consideraram todas as categorias de público que o Parque recebe e foram aplicadas em dias e horários alternados, a fim de se obter uma amostra representativa dos visitantes da Fundação. Assim, segue abaixo a descrição das metodologias utilizadas para cada uma das frentes de trabalho.

4.1. FRENTE 1: COMPORTAMENTO DOS VISITANTES FRENTE AOS RECINTOS E ANIMAIS Nesta Frente do trabalho, o objetivo foi detectar quais os principais comportamentos dos visitantes mediante recintos específicos e compará-los de maneira a verificar se as reações das pessoas foram influenciadas pelo design do recinto ou pela classe a que pertencia o animal em questão. Primeiramente, foram selecionados os recintos onde seriam realizadas as coletas de dados. A escolha se deu de forma a garantir as comparações entre os recintos e entre as classes de animais. Além disso, também foram levados em consideração os animais reconhecidamente tidos como os preferidos pelo público da 10

FPZSP, de acordo com Araújo-Bissa, Rollo e Rancura (2012). Foram selecionados 12 animais das três principais classes apresentadas no Zoo (mamíferos, aves e répteis) que estivessem dispostos em diferentes tipos de recintos (Quadro 1). Os anfíbios, embora presentes neste zoológico, não foram considerados, pois estão todos dispostos em um mesmo local de exposição, inviabilizando sua comparação. Quadro 1. Recintos selecionados para análise de acordo com a classe a qual o animal pertencia e o modelo de recinto de exposição.

Classe

Mamíferos

Aves

Animal

Modelo de recinto

Leão

Recinto envolvido por fosso

Onça-pintada

Vidro

Macaco-aranha

Ilha aquática

Chimpanzé

Vidro

Flamingo

Aberto

Guará

Tela de malha pequena

Arara-piranga

Araras vermelha, azul e canindé

Répteis

Tela de malha grande e pouca ambientação Recinto misto com tela de malha grande e mais ambientação

Jacaré-de-papo-amarelo

Aberto

Iguana

Aberto com grade

Sucuri-verde – Casa das Serpentes Gigantes (SG) Sucuri-verde – Exposição “O Caminho da Serpente” (CS)

Exposição menos moderna

Exposição mais moderna

Para realizar a coleta de dados o pesquisador, à paisana, permaneceu próximo aos recintos, observando os comportamentos dos visitantes. Foi utilizado como base para a pesquisa o etograma criado por Bizerril (2000) em sua análise realizada no Pólo Ecológico – Jardim Zoológico de Brasília. Contudo, foram feitos pilotos destas observações de forma a adequá-las à realidade da FPZSP, verificando se existiam comportamentos não previamente listados, garantindo sua efetividade. As coletas de dados foram realizadas entre os meses de novembro de 2013 e janeiro de 2014, em dias aleatórios da semana, com exceção de sábados e domingos, tanto no período da 11

manhã quanto da tarde. Para uma correta representação dos visitantes da FPZSP, em cada recinto foram observadas 40 pessoas, sendo 10 crianças (até 10 anos), 10 jovens (de 11 a 18 anos), 10 adultos (19 a 59 anos) e 10 idosos (a partir de 60 anos). A seleção ocorreu de forma aleatória, no momento em que os visitantes ultrapassavam uma linha imaginária que indicava a área pertencente ao recinto em análise. Então, os comportamentos observados eram registrados pelo método simnão, no qual é anotada a ocorrência da ação, independente do número de vezes que ela seja realizada (BIZERRIL, 2000). Além disso, foram registrados também os tempos de permanência em cada recinto, possibilitando analisar o grau de atração exercida. Os dados obtidos foram tabulados em planilhas do MS Excel, sendo contabilizados quanto a sua frequência. Além disso, os comportamentos foram categorizados (Anexo I) seguindo a pesquisa de Bizerril (2000), mas com a elaboração de outras três categorias (memória, empatia e fotografia). O comportamento de fotografar o animal foi disposto em uma categoria à parte, pois foi observado que a grande maioria dos visitantes não tirava fotos porque achava o animal bonito ou agradável de ver, o que configuraria a categoria admiração, mas era na realidade uma ação mecânica, onde o visitante chegava em frente ao recinto, fotografava o animal e muitas vezes sequer olhava para o indivíduo. A categoria memória se refere aos momentos em que os visitantes citavam personagens de filmes ou desenhos animados que se lembravam ao observarem os animais. Em relação à categoria empatia, esta trata das reações ligadas a percepção dos sentimentos dos animais, ou seja, quando o visitante inferia que o animal estava triste ou feliz, por exemplo. As comparações entre os tipos de recintos foram realizadas apenas entre os animais selecionados por sua semelhança (Quadro 1). A análise foi assim elaborada para que fosse possível desconsiderar o efeito que o animal tem sobre as atitudes dos visitantes. Dessa forma foram comparados: leão x onça-pintada; macaco-aranha x chimpanzé; flamingo x guará; arara-piranga x recinto misto de araras; jacaré-de-papoamarelo x iguana; e sucuri-verde x sucuri-verde, uma disposta no Caminho da Serpente – casa de exposições mais moderna, e outra na Casa das Serpentes Gigantes – casa de exposições mais antiga. Já, para a comparação entre os comportamentos realizados para as diferentes classes de vertebrados, as frequências observadas para os animais que pertencem ao mesmo grupo foram somadas, seguindo a categorização estabelecida.

12

4.2. FRENTE 2: REAÇÕES DOS VISITANTES EM TRAJETOS DO PARQUE O objetivo desta frente era identificar as percepções quanto à infraestrutura da FPZSP. Inicialmente, o parque foi dividido em cinco grandes áreas, para possibilitar uma coleta sistemática, determinando trajetos nas principais alamedas. O pesquisador à paisana acompanhava os visitantes a certa distância, não interferindo no passeio e garantindo a espontaneidade das reações, as quais eram anotadas. Foram realizados pilotos nos trajetos selecionados, os quais demonstraram a ineficiência desta metodologia, principalmente porque, durante a análise os visitantes sempre estavam em conversas relacionadas ao seu contexto pessoal, nunca abordando os aspectos buscados neste estudo, que necessitaria de um esforço amostral muito maior para atingi-los. Assim, levando em consideração o tempo e recursos disponíveis, esta frente do trabalho foi abandonada e os tópicos por ela abordados foram incluídos no questionário enviado aos visitantes na terceira frente proposta.

4.3. FRENTE 3: PERCEPÇÕES DO PÚBLICO APÓS A VISITA Nesta etapa, o objetivo foi verificar o impacto da visita à FPZSP para os visitantes, analisando as impressões e lembranças do público algum tempo após realizar o passeio. Desta forma, foram coletados endereços eletrônicos de 220 visitantes em quatro diferentes dias e em locais diversos do parque. Após cerca de um mês da coleta, foi enviado um questionário online para que os visitantes respondessem. O questionário continha perguntas abertas e fechadas, versando sobre o perfil do visitante, a qualidade dos serviços oferecidos pela FPZSP, o aprendizado realizado neste local, o papel dos zoológicos e as lembranças dos visitantes. Além disso, para a análise desta frente, também foram considerados dados referentes à Ouvidoria da FPZSP. Os dados foram planilhados em MS Excel e analisados quanto sua frequência. Para a questão que pede que o visitante cite cinco palavras que o remetam a visita realizada, foram criadas categorias para possibilitar sua análise. Este procedimento se deu a partir da elaboração de 12 categorias emergentes, nas quais foram encaixadas as respostas dos visitantes (Quadro 2). Algumas palavras foram encaixadas em mais de uma categoria devido a sua abrangência.

13

Quadro 2. Descrição das categorias emergentes criadas a partir da classificação de palavras mencionadas no questionário online, que remetiam aos visitantes da FPZSP à visita realizada.

Categoria

Descrição

Aspecto econômico

Citações sobre custos do passeio Palavras relacionadas à aprendizagem

Dimensão do conhecimento

no passeio

Dimensão estética

Adjetivos ligados à beleza do passeio

Dimensão inclusiva

Inclusão do ser humano no ambiente Citações de animais e/ou palavras

Diversidade da fauna

relacionadas a eles

Diversidade de flora

Citações de palavras ligadas à vegetação Palavras relacionadas à diversão que o

Lúdico/Lazer

passeio trouxe

Memória

História do visitante Citações que não respondem à questão

Não elucidativo

da pesquisa Palavras que destacam o convívio entre

Relações interpessoais

os visitantes Diferentes sentimentos relacionados ao

Sentimentos intrínsecos do visitante

passeio Sentimentos gerados pela observação

Sentimentos sobre os animais

dos animais

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1. FRENTE 1: COMPORTAMENTO DOS VISITANTES FRENTE AOS RECINTOS E ANIMAIS Os

principais

comportamentos

observados,

separados

nas

categorias

selecionadas, estão descritos no Quadro 3. É notável a maior frequência de comportamentos da categoria curiosidade, com destaque para olhar curiosa e atentamente o animal e apontá-lo. O ato de apontar o animal é bastante comum principalmente para visitantes em grupos, e normalmente representa o resultado da busca pelo animal (JABOUR, 2010). Isso foi observado nos 14

visitantes da FPZSP que, muitas vezes, apontavam o animal chamando a atenção de outra pessoa para que esta também o visualizasse, uma dinâmica bastante observada para pais e filhos. Dessa forma, esses dados eram esperados, uma vez que 75,2% do público analisado estavam em grupos e também porque já se sabe que praticamente 83% dos visitantes da FPZSP vêm acompanhados de suas famílias (ARAÚJO-BISSA, 2012). A segunda categoria com maior frequência de comportamento foi a de desinteresse, principalmente com as atitudes de olhar com indiferença para o animal e se distrair, para todos os recintos analisados. Uma maior frequência de comportamentos enquadrados nestas duas categorias também foi encontrada nas pesquisas de Bizerril (2000), Bosa e Araújo (2012) e Jabour (2010). Segundo Bizerril (2000), essa predominância em duas categorias tão distintas se dá pelo fato dos zoológicos serem visitados por pessoas com objetivos diferentes, aqueles que o procuram por conta dos animais, buscando interação e conhecimento, e aqueles que ali estão apenas para momentos de lazer voltado ao relaxamento. O motivo pelo qual os visitantes procuram os zoológicos é um tópico bastante estudado. Em sua grande maioria, os visitantes buscam estes locais para o lazer (CLAYTON; FRASER; SAUNDERS, 2008, DUTTA, 2005, FALK; HEIMLICH; BRONNENKANT, 2008, FURTADO; BRANCO, 2003, GONZÁLEZ; MONCADA; ARANGUREN, 2009, MONCADA et al., 2002, MORGAN; HODGKINSON, 1999). Isto foi também observado na Fundação Parque Zoológico de São Paulo (ARAÚJO-BISSA, 2012), e provavelmente afetou os resultados encontrados. A categoria fotografia foi a terceira colocada. Como comentado anteriormente, o ato de fotografar um animal, normalmente, pode representar a admiração que a pessoa tem pela espécie, seja por suas cores, tamanho, raridade, entre outras características. Contudo, durante a coleta de dados, foi percebido que essa atitude se tornou mecânica, ou seja, os visitantes simplesmente tiravam fotos sem qualquer razão além de fazer o registro. Além disso, muitos destes visitantes sequer observaram os animais cujas fotos foram tiradas, não dando qualquer atenção aos indivíduos expostos. Isso provavelmente ocorre devido ao atual panorama de nossa sociedade. Com o advento das redes sociais, a publicação de fotos e experiências das pessoas se tornou algo comum e, para alguns, necessário. Assim, podemos dizer que as fotografias tiradas por grande parte dos visitantes são simples registros de um passeio realizado, com a finalidade apenas de confirmar uma experiência.

15

Quadro 3. Frequência de observação dos comportamentos dos visitantes em frente aos recintos analisados da FPZSP, separados de acordo com as categorias propostas. Foram observados 40 visitantes em cada um dos recintos (continua). Recintos analisados Categoria

Comportamento Leão

Desinteresse

Onça-

Macaco-

pintada

aranha

Chimpanzé

Araras

Ararapiranga

Flamingo

Guará

Iguana

Jacaré

Sucuri-

Sucuri-

verde (CS)

verde (SG)

Total

Passar direto/ ignorar

1

2

2

1

0

3

10

5

0

1

3

0

28

Olhar com indiferença

11

13

12

4

8

16

7

15

7

12

11

10

126

Distração

13

21

4

6

13

6

5

5

4

4

4

6

91

Procurar o animal

22

17

10

10

0

1

0

1

0

7

15

30

113

Olhar curioso/atento

6

10

23

26

19

17

16

14

25

25

19

21

221

Especular sobre o animal

4

8

2

4

5

0

2

3

0

2

0

1

31

Apontar o animal

6

10

15

10

18

3

11

15

18

18

17

14

155

Ler a placa

0

3

2

1

6

4

3

7

8

7

10

23

74

Comentar sobre o comportamento

7

6

6

9

1

3

0

2

7

9

4

1

55

Imitar o animal

8

4

2

5

9

1

1

0

0

0

0

0

30

Rir

0

0

4

8

3

0

0

0

0

0

0

0

15

Estender a mão/ cumprimentar/ acenar

4

1

1

3

0

0

0

0

0

0

0

0

9

Bater palmas/ chamar o animal

5

1

2

7

3

4

0

2

0

0

0

0

24

Curiosidade

Interação

16

Quadro 3. Frequência de observação dos comportamentos dos visitantes em frente aos recintos analisados da FPZSP, separados de acordo com as categorias propostas. Foram observados 40 visitantes em cada um dos recintos (conclusão).

Recintos analisados Categoria

Comportamento Leão

Admiração

Macacoaranha

Chimpanzé

Araras

Ararapiranga

Flamingo

Guará

Iguana

Jacaré

Sucuri-

Sucuri-

verde (CS)

verde (SG)

Total

Elogiar/ admirar o animal

0

0

4

0

0

2

1

3

11

5

5

7

38

Depreciar/ xingar

2

0

4

6

0

0

1

0

2

0

0

0

15

Gritar/ imitar de forma ameaçadora

4

1

1

0

0

0

0

1

0

0

0

0

7

Assustar-se

0

0

0

0

0

0

0

0

0

2

0

0

2

Alertar para o perigo

0

0

0

4

0

0

0

0

0

0

0

0

4

0

0

1

0

4

1

0

0

1

1

0

0

8

0

0

1

0

0

0

0

0

0

0

0

0

1

animal

0

0

0

0

0

0

0

0

1

0

0

0

1

Fotografar o animal

10

8

10

12

14

11

11

2

12

4

0

5

99

Agressividade

Temor

Memória

Onçapintada

Referir-se a filme/desenho/personagem Perceber sentimento positivo do

Empatia

Fotografia

animal Perceber sentimento negativo do

17

Em seguida, temos a categoria interação, onde as atitudes de imitar o animal, de bater palmas e chamar a atenção do animal foram as mais observadas. Nesta categoria, Bizerril (2000) também inclui atitudes indesejadas como oferecer ou atirar alimentos aos animais ou objetos como papéis, galhos e outros. Felizmente, durante este estudo tais comportamentos não foram observados nos recintos analisados. Contudo, é certo que isso ainda ocorra em determinados recintos, principalmente os dos répteis. Por fim, as categorias com menor frequência de comportamentos foram a agressividade, onde a maioria dos visitantes falava mal dos animais, destacando um cheiro ruim ou a aparência do bicho; a memória, onde foram consideradas as citações de filmes, desenhos animados ou personagens; o temor; e a empatia, relacionada à percepção dos sentimentos do animal.

5.1.1. Comparação entre as classes de vertebrados

Analisando as frequências dos comportamentos observados conforme as diferentes classes de vertebrados estudadas neste trabalho, temos predominância de comportamentos de interação, agressividade, temor e fotografia para com os mamíferos (Quadro 4). Em relação às aves, estas evocaram mais atitudes da categoria desinteresse, embora com pouca diferença entre os mamíferos, e da categoria memória, em comparação com as outras duas classes de animais. Por outro lado, os répteis foram os animais que geraram maior curiosidade dos visitantes, bem como demonstrações de admiração. As médias de tempo de permanência em frente aos recintos também foram calculadas de maneira a verificar qual das classes de animais mantinha os visitantes mais tempo em frente ao recinto. Dessa forma, considerando os valores de tempo descritos na Tabela 1, temos em primeiro lugar os mamíferos (1min e 44s), seguidos dos répteis (42s) e das aves (32s).

18

Quadro 4. Frequência de observação dos comportamentos dos visitantes em frente aos recintos analisados da FPZSP, separados pelas classes as quais pertencem os animais e de acordo com as categorias propostas. Foram analisados 40 visitantes por recinto, sendo 4 recintos por classe de vertebrados, totalizando 12 recintos.

Recintos analisados

Categorias de comportamento

Mamíferos

Aves

Répteis

Desinteresse

90

93

62

Curiosidade

217

151

281

Interação

55

23

0

Admiração

4

6

28

Agressividade

18

2

2

Temor

4

0

2

Memória

1

5

2

Empatia

1

0

1

Fotografia

40

38

21

Tabela 1. Tempo médio de permanência dos visitantes em frente aos recintos analisados na FPZSP.

Recintos analisados

Tempo médio de permanência em minutos

Leão

01:13

Onça-pintada

01:34

Macaco-aranha

00:57

Chimpanzé

03:13

Recinto misto de araras

00:56

Arara-piranga

00:24

Flamingo

00:23

Guará

00:23

Iguana

00:45

Jacaré-de-papo-amarelo

00:47

Sucuri-verde (CS)

00:19

Sucuri-verde (SG)

00:55

19

Levando em consideração tanto os dados de comportamento quanto os de tempo, vemos que embora os visitantes interajam mais com os mamíferos e permaneçam mais tempo em frente aos seus recintos, em especial ao dos chimpanzés, são os répteis aqueles que geram uma quantidade maior de atitudes de curiosidade. Em geral, as pessoas possuem uma maior afeição pelos mamíferos e principalmente pelos primatas. Isso se dá pelo fato de compartilharmos com estes animais muitas características morfológicas. Assim quando o visitante observa um chimpanzé, ele provavelmente imagina o que o animal está pensando. Isso já foi observado por Myers, Saunders e Birjulin (2004) após analisarem as emoções de visitantes quanto ao gorila, o ocapi e as serpentes. Os pesquisadores perceberam que este primata era o animal com o qual os visitantes tiveram mais respostas emocionais positivas. Essa empatia pode levar à percepção dos sentimentos, positivos ou negativos, que o animal tem. Neste trabalho, esta atitude, enquadrada na categoria empatia, foi observada apenas uma vez para os macacos-aranha e outra para os iguanas, considerados resultados baixos quando levado em consideração as características acima citadas. Além disso, há outros dois fatores que afetam a maior permanência dos visitantes em frente aos recintos: o grau de atividade e o tamanho dos animais (BITGOOD; PATTERSON; BENEFIELD 1988, JOHNSTON, 1998, MARGULIS; HOYOS; ANDERSON, 2003). Isso é visível no trabalho de Churchman e Bossler (1990), onde quanto mais ativo o animal, mais tempo o visitante permanece no recinto, chegando a duplicar esse período, como no caso da anta e da cobra naja albina. Para Ward et al. (1998), os recintos que apresentavam animais de maior tamanho eram mais populares que aqueles com animais menores, inclusive em uma análise considerando apenas os mamíferos. Durante a coleta de dados na FPZSP, os mamíferos se mantiveram mais ativos que os animais pertencentes às outras duas classes analisadas, sendo os chimpanzés aqueles com maior atividade. Assim, estes animais foram os mamíferos que mais despertaram interação do público, mantendo-o por mais tempo em frente ao recinto do que todos os outros bichos (3min e 13s). Por outro lado, os mamíferos também foram aqueles que evocaram mais comportamentos de agressividade e temor. Em relação à agressividade, isso ocorreu principalmente quando estes não estavam em atividade, o que induzia o público a gritar na tentativa de fazê-los se moverem. Quanto a depreciar estes animais, no caso do leão, este foi considerado folgado, já o chimpanzé e o macaco-aranha, eram chamados de feios, sujos e preguiçosos.

20

Quanto à segunda categoria, esta aconteceu apenas para os chimpanzés, onde quatro visitantes alertaram a outros sobre os perigos destes animais. A própria morfologia dos chimpanzés, a presença de presas e musculatura forte, pode remeter a este perigo. É possível perceber que a observação dos chimpanzés pode gerar atitudes contraditórias. No entanto, acreditamos que o motivo seja o mesmo, a semelhança com os seres humanos. Por conta dela, muitos comportamentos naturais dos chimpanzés são considerados inadequados aos olhos dos visitantes, gerando repulsa e indignação, culminando na depreciação observada. Em relação à curiosidade despertada pelos répteis, em um primeiro momento pode parecer um resultado inesperado, principalmente quando consideramos que este grupo está envolvido em muitos mitos, em especial quando o assunto são as serpentes. As características morfológicas diferenciadas, o fato de existirem filmes retratando-as como animais malvados, de algumas delas serem peçonhentas, entre outros, fazem com que muitas pessoas tenham medo e/ou nojo destes animais. Isso não é diferente quando os visitantes vêm aos zoológicos. Estes animais podem, muitas vezes, despertar sentimentos negativos (MYERS; SAUNDERS; BIRJULIN, 2004). Por outro lado, Araújo-Bissa et al. (2013) analisaram os sentimentos dos visitantes como forma de monitoramento de uma exposição de serpentes presente na FPZSP. Esta exposição foi elaborada a partir de outra pesquisa com o público, o que possibilitou que a proposta se voltasse ao esclarecimento sobre esses animais e sua desmistificação, buscando minimizar os sentimentos negativos despertados por eles na maioria das pessoas. Dentre as respostas mais citadas estavam o medo, a curiosidade, a admiração e o asco, nesta ordem, embora tenha sido verificada uma redução neste primeiro sentimento. Isso demonstra que estes animais também podem despertar sentimentos positivos dependendo de como são apresentados ao público. Jabour (2010), que também encontrou mais comportamentos de curiosidade quanto às serpentes, coloca-as como o anti-macaco, devido justamente a dicotomia entre os sentimentos para com estes dois animais. Além disso, indica que o visitante ao se deparar com as serpentes, procura compreender como um animal com aquela morfologia representa tanto perigo e como se defender dele, e por conta disso há uma maior curiosidade em relação a estes animais. O maior desinteresse do público pelas aves pode ser explicado pela menor atividade que estes animais apresentam. Ao contrário dos mamíferos, como citado anteriormente,

estes

animais

permaneceram

em

geral

em

seus

poleiros,

eventualmente vocalizando. Na realidade, era esperado verificar uma maior interação dos visitantes principalmente com as araras, pois é muito comum ver crianças e 21

adultos em frente ao recinto imitando estes animais como se conversassem com eles. Também era esperada uma maior admiração, pois o público normalmente fica encantado com a profusão de cores apresentada pelas aves. No entanto, esta classe foi a que mais evocou atitudes relacionadas à memória. Isto porque, há pouco tempo, foi lançado um desenho animado que tem como protagonista uma ararinha-azul. Assim, ao chegar em frente aos recintos das araras, onde esta espécie não é exibida, mas sim outros animais do mesmo grupo, pais e filhos exclamavam uns aos outros o nome do personagem.

5.1.2. Comparação entre os recintos

Como indicado anteriormente, esta análise foi realizada apenas entre os recintos com animais com alguma semelhança, buscando evitar que as características da espécie influenciassem as reações do visitante. Outros autores também procuraram compreender quais os principais fatores que influenciam o comportamento dos visitantes em frente aos recintos, relacionando ao design do local. Para Bitgood, Patterson e Benefield (1988), que trabalharam com a questão do tempo de permanência em frente aos recintos, os principais fatores ligados às questões arquitetônicas são: competição sensorial, ou seja, a competição visual entre os diferentes elementos expostos; proximidade entre o visitante e o animal; visibilidade, e características físicas da exposição. Johnston (1998), que comparou recintos de ursos polares em diferentes zoológicos, também indica que uma melhor visibilidade e proximidade com o animal aumentam o tempo de observação. Além disso, infere que recintos que melhor retratam o ambiente natural do animal e recintos de maior tamanho possuem este mesmo efeito. Inclusive, para Davey (2006), os recintos com ambientação mais natural podem gerar mais interesse em serem observados a ponto de compensarem a não visibilidade do animal. Ao mesmo tempo, esta faz com que os visitantes tenham que procurar os animais, aumentando a curiosidade pela exposição. Em relação às características físicas da exibição, Bitgood, Patterson e Benefield (1988) inferem-nas como um fator influente, pois perceberam diferenças comportamentais nos visitantes quando compararam recintos diferentes com o mesmo animal exposto. Os visitantes permaneceram por mais tempo na área de exposição de maior tamanho, com maior área de visualização, bem como grande ambientação. Blaney e Walls (2004) modificaram um recinto para gorilas colocando uma rede de camuflagem entre os animais e os visitantes. Além de reduzir o estresse dos animais, 22

os visitantes perceberam a exposição como uma área mais natural, provocando curiosidade e fazendo com que o público permanecesse mais quieto e relaxado dentro dela. Coe (1985) traz em seu trabalho alguns aspectos comportamentais interessantes de serem considerados na elaboração de um recinto que possibilitam manter o visitante por mais tempo em frente deles. O primeiro deles é a necessidade de chamar a atenção do visitante, sendo uma das principais formas para isso, não apresentar os animais como se fossem domados. O segundo é a necessidade de uma experiência memorável, passando por uma série de elementos, inclusive a falta de distrações e o cumprimento das expectativas. O terceiro, a importância da primeira impressão, de forma que a primeira vez que uma pessoa vê um animal, ela deve percebê-lo de forma positiva e com comportamentos naturais, pois do contrário, a percepção negativa pode tornar a pessoa menos sensível à necessidade da conservação daquele animal. O quarto aspecto apresentado é a subordinação como ferramenta educativa. A posição que o animal é apresentado, acima ou abaixo dos visitantes, pode influenciar o modo como as pessoas o veem. Quando acima, o animal está em posição de dominância, demonstrando sua importância, quando abaixo, este é o dominado. Outros aspectos apresentados por Coe (1985) são o antropomorfismo como ferramenta educativa, ou seja, a transferência de características humanas para os animais, o que implica novamente na posição que o animal é apresentado. Passar uma mensagem clara aos visitantes também é algo importante, como por exemplo, as condições em que os animais se encontram. Outra estratégia é tornar a experiência agradável, utilizando-se de maneiras diferentes de apresentar os animais, quebrando a previsibilidade. E, finalmente, tornar a experiência real, o que pode ser obtido utilizando-se de efeitos para que o visitante se sinta dentro do ambiente natural do animal, através dos chamados recintos de imersão. Por fim, outro efeito comum em grandes exposições, inclusive em zoológicos, é a fadiga de museu, isto é, o fenômeno no qual o interesse dos visitantes cai conforme ele realiza a visita. Segundo Zwinkels, Oudegeest e Laterveer (2009), isto implica no fato de que a localização dos recintos em um zoológico pode ser determinante em como a visita será realizada, influenciando onde se iniciará a fadiga de museu. Mitchell et al. (1990) estudaram a influência que a localização tinha na observação de três recintos de uma mesma espécie de macaco do Velho Mundo. Dois dos recintos estavam no caminho principal, sendo que um estava mais próximo da entrada/saída do parque, enquanto o terceiro recinto se localizava fora do caminho principal. Os 23

autores notaram que o recinto no caminho principal que estava próximo a entrada/saída recebeu significativamente mais visitantes que as outras duas áreas. Assim, levando em consideração estes fatores conhecidos por influenciarem o comportamento dos visitantes, segue abaixo a análise comparativa dos recintos quanto às atitudes observadas e o tempo de permanência, como descritas no Quadro 3 e Tabela 1.

5.1.2.1. Recintos de Felinos: leão (recinto envolvido por fosso) x onça-pintada (vidro)

O recinto do leão (Figura 1) despertou menos atitudes de desinteresse e mais interação que o da onça-pintada (Figura 2). Estes resultados não eram esperados quando levada em consideração a modernidade dos recintos, sendo o segundo mais moderno que o primeiro. Contudo, o desinteresse observado foi bastante caracterizado pela distração dos visitantes. Tanto o leão quanto a onça muitas vezes estavam dentro de suas tocas, e no caso do recinto do primeiro animal, a visualização interna desta área é facilitada pela presença de uma arquibancada para os visitantes, enquanto no caso da onça a visualização é um pouco mais difícil. Isso implica também na maior interação observada para o recinto do leão. Pela falta de um vidro protetor, muitos visitantes passam a imitar o animal e chamar a sua atenção, a fim de que ele saia da toca. Contudo, considerando a posição de apresentação do animal, os leões estão em um patamar mais alto, podendo influenciar no modo como o visitante vê o animal (COE, 1985). Por outro lado, o recinto da onça-pintada evocou maior curiosidade dos visitantes, assim como foi o que apresentou maior tempo médio de permanência. Isto pode indicar que o recinto chama a atenção do visitante, o que provavelmente ocorreu por sua boa ambientação, tornando este recinto mais imersivo que o outro.

24

Figura1. Recinto do leão na Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Foto: Samara Moreira Müller.

Figura 2. Recinto da onça-pintada na Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Foto: Samara Moreira Müller.

25

5.1.2.2. Recintos de Primatas: macaco-aranha (ilha aquática) x chimpanzé (vidro)

Embora com designs semelhantes aos dos recintos anteriores, os resultados encontrados são diferentes. Com exceção de atitudes das categorias desinteresse, admiração e empatia, todas as outras categorias tiveram maior frequência no recinto do chimpanzé (Figura 3). Uma maior curiosidade, interação, agressividade e temor podem ser explicados pela presença do vidro. Com ele, os animais conseguem chegar bem próximos dos visitantes, inclusive colocando as mãos ou atirando coisas nos vidros. Além disso, o visitante tem uma visão ampla do recinto, podendo acompanhar todo o comportamento dos animais expostos. Em relação ao macaco-aranha, este é exposto em um recinto em ilha, localizado no lago da FPZSP (Figura 4). Nesta área do parque, normalmente, o visitante caminha e observa o lago. Assim, são raras as vezes que o visitante realmente para e observa os animais. Isso ocorre quando chegam próximos ao macaco-aranha, onde o tempo médio de permanência é de 57 segundos e um dos comportamentos mais observados é o de olhar indiferente aos animais. A influência da espécie pode ser descartada quando levamos em consideração os seguintes fatores: tanto o grau de atividade do macaco-aranha quanto o do chimpanzé são altos, é fácil observar ambos andando por entre as cordas dispostas no recinto, em cima das árvores ou até interagindo com o público. Dessa forma, seria esperado um tempo grande de observação, curiosidade e interação nos dois casos, o que não aconteceu.

26

Figura 3. Recinto do chimpanzé na Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Foto: Samara Moreira Müller.

Figura 4. Recinto do macaco-aranha na Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Foto: Samara Moreira Müller.

27

5.1.2.3. Recintos de Aves I: arara-piranga (pouca ambientação) x araras vermelha, azul e canindé (mais ambientação)

Estes dois recintos analisados são gradeados e possuem a tela com uma malha grande. Contudo, o recinto misto das araras (Figura 5) tem maior espaço, vegetação e apresenta um paredão com ocos onde os animais podem nidificar. O recinto misto de araras despertou muito mais curiosidade, interação e fotografia que o recinto da arara-piranga (Figura 6), que por sua vez teve mais atitudes de desinteresse. O tamanho do recinto, a boa ambientação e a localização se mostram como fatores importantes afetando o comportamento dos visitantes. Os dois recintos estão dispostos na Alameda Aves, seguindo uma sequência de diversos animais desta classe dispostos em viveiros lado a lado. Esta alameda é uma das mais antigas da FPZSP e, embora passe por constantes reformas, a maioria dos recintos ainda segue um padrão de design antigo. Assim, ao chegar ao recinto misto de araras, o visitante tem uma visão diferenciada de aves comparando com todo o restante da alameda. Dessa forma, o recinto desperta maior interesse, mantendo o visitante por mais que o dobro do tempo que o recinto da arara-piranga.

Figura 5. Recinto misto de araras na Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Foto: Samara Moreira Müller.

28

Figura 6. Recinto da arara-piranga na Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Foto: Samara Moreira Müller.

5.1.2.4. Recintos de Aves II: flamingo-chileno (aberto) x guará (tela de malha pequena)

O recinto do flamingo-chileno (Figura 7) é um local amplo, sem grades, com um gramado e lago, enquanto o recinto do guará (Figura 8) é bastante ambientado, com diversas árvores, lago, e recoberto por um gradeado de malha pequena. Realizando a comparação entre estes dois recintos, notamos que o segundo recinto despertou mais atitudes em quase todas as categorias, sendo elas: desinteresse, curiosidade, interação e admiração. Novamente é algo inesperado, porque quando consideramos a facilidade de visualização dos animais, esta é maior no recinto dos flamingos, o que supostamente permitiria uma maior observação de suas atividades, gerando curiosidade e admiração e não somente uma maior incidência de comportamentos na categoria fotografia. Contudo, o que foi observado pode ser devido à ambientação do recinto, que remete ao ambiente natural dos guarás.

29

Figura 7. Recinto do flamingo-chileno na Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Foto: Samara Moreira Müller.

Embora o recinto do guará tenha sido aquele que despertou mais desinteresse, caracterizado principalmente por um olhar indiferente para o animal, o recinto do flamingo-chileno foi o mais ignorado pelo público dentre todos os locais analisados. Muitas pessoas passavam sem olhar em direção aos animais. Isso pode ser devido à localização, uma vez que os flamingos dividem a alameda com uma série de felinos, animais da classe preferida dos visitantes e que, portanto, provavelmente chamam mais a atenção do público. Finalmente, em relação à média de tempo de permanência, esta foi igual para os dois recintos.

30

Figura 8. Recinto do guará na Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Foto: Samara Moreira Müller.

5.1.2.5. Recintos de Répteis: jacaré-de-papo-amarelo (aberto) x iguana (aberto com grade)

Estes recintos analisados possuem uma semelhança, ambos são abertos. No entanto, o recinto do jacaré (Figura 9) possui tamanho maior, há a presença de um grande lago, uma mureta baixa de pedras e a visualização é feita de cima para baixo. Já no caso do recinto do iguana (Figura 10), há uma grade alta que separa o visitante do recinto e seu tamanho é menor. O recinto do jacaré evocou mais comportamentos nas categorias desinteresse e curiosidade. Além disso, os dois recintos não evocaram qualquer interação com os visitantes. O tamanho do recinto e a ambientação talvez tenham sido os principais responsáveis por estes resultados.

31

Figura 9. Recinto do jacaré-de-papo-amarelo na Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Foto: Samara Moreira Müller.

Em relação à curiosidade, o recinto do jacaré fez com que os visitantes procurassem o animal, o que não foi observado para o recinto do iguana, sendo esta a principal diferença nas freqüências observadas para a categoria curiosidade nestes dois recintos. O maior desinteresse está relacionado ao olhar com indiferença para o animal, que provavelmente esteja ligado mais ao animal do que ao recinto, uma vez que são répteis e possuem menor atividade. Contudo, estes resultados poderiam ser diferentes se um destes recintos fosse do modelo de imersão, utilizando-se do vidro e com visão subaquática, no caso do jacaré-de-papo-amarelo. Estas características poderiam despertar nos visitantes uma maior interação com os animais, bem como uma observação por mais tempo e com maior atenção. Ainda, o fato da grade ser alta para o recinto do iguana dificulta para crianças, pessoas de baixa estatura e cadeirantes a visualização interna desta área, o que é um ponto importante a ser considerado quando levamos em consideração a acessibilidade.

32

Figura 10. Recinto do iguana na Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Foto: Samara Moreira Müller.

5.1.2.6. Recintos de sucuri-verde: exposição mais moderna x exposição mais antiga

A sucuri-verde é o único animal analisado que estava exposto em dois tipos diferentes de recinto, permitindo uma maior certeza nas comparações realizadas, pois a influência do animal é praticamente anulada. O primeiro dos recintos avaliados, a casa mais moderna, é uma exposição chamada “O Caminho da Serpente” (CS) (Figura 11), onde o visitante pode observar cerca de 20 espécies de serpentes, nativas e exóticas, dispostas em terrários de vidro, com grande ambientação. Neste local, a iluminação é mais baixa e há a presença de uma parede didática com réplicas dos animais para toque e diversas informações, além de placas em modelo diferenciado com pouco texto. A casa mais antiga é chamada “Casa das serpentes gigantes” (SG) (Figura 12), embora somente a sucuri-verde esteja atualmente em exposição. Além disso, estão dispostas duas placas, uma com texto informando sobre as características da espécie e outra com a comparação de tamanho entre a sucuri-verde, duas outras espécies de serpentes, uma girafa e o ser-humano. Neste local, também estão expostos dois couros, um de sucuri-verde e o outro de píton-burmesa, bem como o esqueleto deste 33

último animal. O recinto é maior que aquele da exposição CS, com ambientação com espécies vegetais naturais.

Figura 11. Recinto da sucuri-verde no interior da exposição "O Caminho da Serpente" na Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Foto: Samara Moreira Müller.

Ao compararmos os dois recintos, temos como resultado que aquele disposto na SG foi o que evocou mais atitudes de curiosidade e fotografia dos visitantes, enquanto o outro despertou maior desinteresse. O tempo de permanência também diferiu nos dois recintos, sendo maior para a casa mais antiga. Estes resultados provavelmente estão relacionados ao fato da exposição CS possuir outros estímulos, principalmente outras espécies de serpentes e o fato do público necessitar andar relativamente rápido, pois é um local que fica muitas vezes bastante cheio, havendo um fluxo de passagem pela exposição. Por outro lado, o recinto da exposição SG, estimula mais o visitante a buscar o animal, fazendo-o observar com bastante atenção as serpentes. Além disso, a placa de comparação de tamanhos chamou bastante a atenção dos visitantes, estimulando a curiosidade.

34

Figura 12. Recinto da sucuri-verde no interior da "Casa das Serpentes Gigantes" na Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Foto: Samara Moreira Müller.

5. 2. FRENTE 3: PERCEPÇÕES DO PÚBLICO APÓS A VISITA Para compreender as impressões do visitante sobre a FPZSP e os zoológicos em geral após o passeio, bem como as memórias guardadas depois de uma visita ao parque, foi aplicado um questionário online que abordou diferentes tópicos relacionados ao tema. A pesquisa foi enviada a 220 visitantes, sendo que apenas 40 pessoas (18,2%) a responderam. Os resultados obtidos seguem abaixo.

5.2.1. Qualidade dos serviços oferecidos pela FPZSP

Foi perguntado aos visitantes como estes classificam quanto à qualidade os seguintes serviços: estacionamento, bilheteria, banheiros, serviço de alimentação, áreas de piquenique, acessibilidade, limpeza geral do parque, placas de orientação, informações sobre os animais e atividades educativas. Em caso de avaliação regular, ruim ou péssima era pedido aos visitantes que justificassem o porquê da escolha. Além destes dados, informações enviadas pelos visitantes por meio de um espaço no questionário para comentários e sugestões e os dados obtidos a partir da ouvidoria da 35

FPZSP também foram considerados. Assim, a análise da qualidade dos serviços leva em consideração essas três fontes. Os resultados obtidos estão dispostos na Tabela 2. Tabela 2. Qualidade dos serviços da FPZSP segundo os visitantes que responderam o questionário online. Resultados expressos de acordo com a frequência relativa.

Não

Serviço

Péssimo

Ruim

Regular

Bom

Ótimo

Estacionamento

0,0%

7,5%

20,0%

35,0%

7,5%

30,0%

Bilheteria

0,0%

2,5%

7,5%

62,5%

17,5%

10,0%

Banheiros

0,0%

0,0%

10,0%

62,5%

27,5%

0,0%

5,0%

12,5%

25,0%

40,0%

5,0%

12,5%

2,5%

2,5%

7,5%

27,5%

10,0%

50,0%

0,0%

0,0%

10,0%

67,5%

15,0%

7,5%

5,0%

0,0%

5,0%

52,5%

37,5%

0,0%

0,0%

2,5%

20,0%

52,5%

25,0%

0,0%

0,0%

2,5%

15,0%

50,0%

32,5%

0,0%

0,0%

2,5%

7,5%

40,0%

15,0%

35,0%

Serviço de alimentação Áreas de piquenique Acessibilidade Limpeza geral do parque Placas de orientação

utilizou

Informações sobre os animais Atividades educativas

Em geral, os visitantes avaliam os serviços do zoológico como bons. Contudo, alguns pontos podem ser levantados como mais preocupantes, pois receberam um maior número de avaliações negativas (regular a péssimo), bem como foram levantados nos comentários realizados. Os três serviços avaliados mais negativamente pelos respondentes do questionário online foram o serviço de alimentação, estacionamento e as placas de orientação, nesta ordem. Apenas as placas de orientação não estão inclusas nas principais reclamações obtidas por meio da ouvidoria da FPZSP, sendo justamente o estacionamento e as lanchonetes uma das principais reclamações dos visitantes. Para o ano de 2013, foram recebidas 18 reclamações quanto às lanchonetes e 11 sobre o

36

estacionamento, colocando-os em terceiro e sexto lugar, sendo reclamações quanto aos animais, como o fato de estarem dormindo, a principal reclamação. Apenas quanto ao serviço de alimentação, as principais reclamações obtidas por todas as fontes eram relativas aos valores altos e a qualidade dos produtos, como podem ser vistos nos comentários abaixo. “Alimentação é muito cara, salgados expostos em uma vitrine da lanchonete batendo sol, coxinha e outros o risco de estar estragado é enorme.” “Alimentação, a comida fez mal, mal preparada, parecia comida de barzinho de centro da cidade, com uma estrutura dessa o restaurante deveria ser muito melhor.” “(...) Restaurantes e lanchonetes com poucas opções, preços abusivos, atendimento a desejar e não havia opção de alimentação saudável (...).” “Os preços praticados dos lanches ainda deveriam ser mais baixos.”

Sobre o estacionamento, as reclamações são quanto ao valor cobrado, ao acesso até o local e ao fato de estar lotado. “Estacionamento sem sombra e de difícil acesso.” “Estacionamento é de difícil acesso para carrinhos e idosos por ser íngreme e com pedras.” “Estacionamento: Caro (...)”

As placas de orientação foram consideradas ausentes, mal posicionadas, e de difícil compreensão. Além disso, foi levantada a necessidade de mais informações em inglês. “(...) As placas não estavam bem localizadas e de fácil entendimento. Cheguei pela entrada do ônibus que vem do Jabaquara e não tinha sinalização de onde estava a bilheteria principal, por exemplo. (...)” “(...) Muitos caminhos do zoológico tem subidas e como não tem placas informando o que tem no 37

caminho não sabemos se vale a pena seguir ou não, no meu caso como estava com carrinho e com meu pai que tem dificuldade para caminhar isso dificultou nosso passeio. (...)” “(...) Placas de Orientação: Me senti perdida muitas vezes. Além do que achei bem chato um lugar que é turístico não ter informações em inglês... estava acompanhando um estrangeiro e se ele não estivesse acompanhado não ia aproveitar nada. Lembrando que um zoo conta muito sobre a história e geografia de um país. (...)” “(...) Faltavam placas de orientação, não consegui achar animais sem a ajuda de um mapa comprado (...)”

Um resultado importante observado foi com relação à limpeza do parque, tanto geral como de locais específicos. Embora no momento de avaliação, este tenha sido um dos serviços melhor pontuado, é uma das principais reclamações indicada pelos comentários. “Área de comida muito suja. Eu tive de limpar a mesa.” “Os banheiros cheiravam muito mal, os lixos estavam cheios parecendo que não haviam sido limpos a um bom tempo. (...)”

Segundo Coe (1987), todos os elementos envolvidos na experiência em um zoológico devem ser avaliados e melhorados para que possam passar ao visitante a preocupação com o meio ambiente. Ainda, Tomas, Crompton e Scott (2003) verificaram que elementos que trazem conforto como banheiros limpos e suficientes, presença de bebedouros e locais para descanso eram de grande importância para os visitantes. Assim, necessitam atenção, pois podem prejudicar a experiência no local e, por outro lado, quando em boa qualidade, tornam o zoológico um lugar reconhecido por oferecer um serviço adequado aos seus visitantes. Araújo-Bissa (2012), em seu trabalho na FPZSP, questionou os visitantes para saber se eles estavam satisfeitos com o passeio e, em caso negativo, estes deveriam apontar os problemas 38

encontrados. Os serviços mais citados pelos visitantes foram: as lanchonetes, cuidados com os animais, acessibilidade, bilheteria, estacionamento e sinalização. Dessa forma, é possível perceber que existem alguns serviços da FPZSP que requerem um maior monitoramento e certas mudanças para garantir sua qualidade, com destaque à limpeza do parque. Um fator que influencia na visão de cuidado com o parque é a presença de urubus e animais sinantrópicos em diversas áreas do Zoo. Isso pode ser confirmado pelos dados da ouvidoria onde foram obtidas 8 reclamações sobre o assunto, pelos comentários enviados pelos visitantes e também, durante a observação dos animais para a análise da Frente 1 deste projeto, era comum ouvir reclamações e descontentamentos sobre este assunto. “ (...) No dia da visita o lago estava muito sujo, havia peixes mortos e urubus, com características de abandono e falta de cuidado.” “Relaciono a limpeza do zoológico com a presença de tantos urubus, fiquei impressionada, alguns recintos como o de um urso (que fica próximo ao leão) havia tantos urubus que o mesmo não tinha a liberdade de andar no espaço a qual o mesmo foi colocado.”

Quando vê um urubu dentro de um recinto de outro animal, o visitante logo os relaciona a duas coisas: sujeira e morte. Este cenário fica ainda mais complicado quando o animal está na posição deitada e com os urubus próximos. Medidas relacionadas à redução, prevenção e esclarecimento da presença destes animais no zoológico necessitam ser tomadas, pois dessa maneira, a percepção do visitante quanto à limpeza e cuidados com parque com certeza será melhor.

5.2.2. Falta de elementos na FPZSP

Quando perguntado aos visitantes o que eles sentiram falta em sua visita na FPZSP as principais respostas foram as seguintes. A maioria dos visitantes (21 pessoas – 52,5%) indicou que gostaria que houvesse a presença de outros animais em exposição, sendo os mais citados o gorila e o crocodilo. Outros elementos também foram citados, contudo apenas uma vez, como placas de orientação, guias e venda de mapas, acessibilidade, falta de espaço para os animais, entre outros. 39

Entendemos que o visitante da FPZSP sente a necessidade de ver um maior número de animais, em específico o gorila e o crocodilo. O primeiro está relacionado ao fato de que por muitos anos a FPZSP tinha em exposição o animal. Assim, grande parte do público que vem ao parque o conheceu quando crianças, e provavelmente foi uma experiência marcante, além do fato do gorila ser um animal bastante presente em filmes e desenhos animados e, também, é um primata de grande porte, conhecido por sua força e inteligência. O crocodilo provavelmente ganha destaque pelas mesmas razões, além do fato de até pouco tempo atrás, a FPZSP tinha em exposição um gavial-da-Malásia, o qual pode ter confundido os visitantes em relação à nomenclatura.

5.2.3. O papel dos zoológicos atuais

Outra pergunta feita aos visitantes foi com relação ao papel que os zoológicos atuais possuem. Dessa forma, procuramos verificar se após a visita à FPZSP o visitante mantinha uma visão positiva ou negativa sobre o papel dos zoológicos ou se sua visão anterior foi modificada depois de conhecer este parque. Em caso de mudança de ponto de vista, pedimos aos visitantes que informassem o porquê. A maioria dos visitantes (34 pessoas – 85%) indicou ter uma visão positiva com relação aos zoológicos, sendo que 11 pessoas deste grupo informaram que sua visão havia sido mudada positivamente após conhecer a FPZSP. As principais razões descritas pelos visitantes para essa mudança foram o cuidado com os animais e com o parque, o fato do zoológico permitir um contato com eles, bem como de trazer emoções à tona, trazendo de volta a infância. Quanto à visão negativa, apenas 6 pessoas (15%) indicaram possuírem-na. Contudo, 5 pessoas deste grupo foram influenciadas negativamente pela visita à FPZSP. Os visitantes disseram que os motivos para tal mudança de olhar foram a falta de certos animais no parque que eram vistos anteriormente, locais com baixa manutenção e limpeza como o lago, onde foi destacada a presença de peixes mortos, a presença dos urubus, o fato de não conseguirem ver alguns animais, como por exemplo o leão-marinho, e a falta de consciência quando comparada à visita feita enquanto criança. Felizmente é possível verificar que a maioria das pessoas enxerga positivamente os zoológicos, e que o passeio à FPZSP pode ser construtivo, de maneira a mostrar ao visitante a importância destas instituições nos dias atuais. Contudo, elementos como a limpeza e manutenção do parque surgem mais uma vez 40

como influência na percepção do visitante quanto à FPZSP e também quanto aos zoológicos como um todo. Embora tenhamos verificado como é a visão dos frequentadores da FPZSP em relação aos zoológicos como um todo, algo que pode ser explorado em seguida é se há a compreensão de quais são os atuais pilares dos zoológicos ou se o visitante ainda os percebem como simples vitrines de animais. Furtado e Branco (2003) puderam verificar que os visitantes de zoológicos de Santa Catarina já percebem que o principal objetivo destas instituições é a conservação, destacando que os zoos ideais devem possuir animais adaptados, programas educativos e espécies em extinção. Lopes, Bosa e Silva (2011), em seu trabalho no Zoológico Municipal de Curitiba, constataram que 94% dos visitantes reconhecem a necessidade da existência dos zoológicos por serem locais adequados para a educação ambiental e a reprodução de espécies, além do fato de permitirem o conhecimento das espécies animais. No trabalho de Galheigo e Santos (2009), os visitantes vêem os zoológicos principalmente como locais para se conhecer os animais e praticar a educação ambiental, seguido pelo seu uso como local para lazer. Assim, a informação mais aprofundada sobre a visão dos visitantes pode ser muito relevante para a garantia da continuidade do importante trabalho desenvolvido por estes locais, de maneira a possibilitar a manutenção e correção de indicativos contrários aos objetivos dos zoológicos.

5.2.4. Aprendizado na FPZSP

Outra questão feita aos visitantes foi se eles se recordavam de algo que aprenderam na FPZSP. Apenas 17 pessoas (42,5%) responderam positivamente esta pergunta. Em relação ao que foi aprendido, temos 12 pessoas indicando assuntos relacionados de alguma forma ao Programa de Educação Ambiental da FPZSP, sendo que as outras cinco respostas não estavam relacionadas à pergunta realizada. Dentre estes, o principal assunto lembrado pelos visitantes foi quanto aos elefantes: a existência e diferenciação entre o elefante africano e o asiático, e a reprodução destes animais; seguido pela necessidade de preservação e respeito pela natureza. Outros assuntos citados apenas uma vez foram a identificação entre serpentes peçonhentas e não peçonhentas; o tamanho avantajado das baratas-de-Madagascar; a diferença entre pavões machos e fêmeas; os diferentes tipos de aves de rapina; como funciona a sociedade das formigas; e a possível convivência entre jacarés e tartarugas.

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É possível inferir algumas possíveis formas que os visitantes adquiriram tais informações. A diferença entre os tipos de elefantes foi bastante citada, muito provavelmente, porque próximo ao recinto dos elefantes-asiáticos há uma grande placa que trata justamente deste assunto, de maneira rápida e lúdica, a partir de imagens das duas espécies. A identificação de serpentes peçonhentas ou não é um assunto tratado na exposição “O Caminho da Serpente”, estando presente nas placas de identificação dos animais, bem como na parede didática deste local. Em relação às informações sobre as baratas-de-Madagascar, os pavões e as aves de rapina, o visitante deve tê-las adquirido pela simples observação destes animais. E, quanto às formigas, jacarés e tartarugas, é provável que estes visitantes tenham participado das apresentações didáticas que ocorrem no parque e que se referem a estes animais. Já as informações sobre o respeito e preservação da natureza podem ter sido adquiridas na FPZSP ao observarem os animais, o que pode ter sensibilizado os visitantes devido ao contato com eles, ou durante as atividades educativas, que sempre apresentam esses tópicos como suas mensagens principais. Além disso, hoje em dia, informações sobre a vida animal são amplamente divulgadas na mídia, o que pode fazer com que o visitante esteja mais envolvido e interessado em apreciar e conhecer sobre os animais (MORRIS, 1990). Dessa forma, a FPZSP se mostra como local propício para a educação, mas algumas observações devem ser feitas. Estas serão tratadas no tópico Implicações para a Educação Ambiental.

5.2.5. O passeio na FPZSP: lembrança em cinco palavras

Pedimos aos visitantes que nos indicassem as cinco primeiras palavras que lhe viessem à cabeça quando pensavam no passeio realizado na FPZSP. As citações foram separadas em 12 categorias emergentes (Quadro 5), onde foram incluídos também detalhes informados pelos visitantes ao responderem esta questão.

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Quadro 5. Palavras citadas pelos visitantes da FPZSP ao se recordarem do passeio realizado, separadas por categorias emergentes. As palavras que se enquadram em mais de uma categoria estão identificadas com um asterisco (*) (continua).

Categorias

Citações dos visitantes Caríssimo, caro, gastos, preço, valores

Aspecto econômico

abusivos (dentro do parque, não a bilheteria) Conhecimento, curiosidades*,

Dimensão do conhecimento

descoberta*, educação, extinção,

aspecto

informativo, interessante*, sempre é uma nova experiência

Dimensão estética Dimensão inclusiva

Beleza, belo, exótico, limpeza, lindo, lugar lindo, natureza, sujeira (lagoa). Proximidade da cidade Animais, animais bacanas, aves, bichos, chimpanzé, cobras, elefante, gorila,

Diversidade da fauna

jacaré, leão, leão-marinho, macaco, mamíferos, pássaros, reino animal, tigre, urubus

Diversidade de flora

Árvores, floresta, muito verde Brincadeira, aventura*, descoberta*, diversão em família*, divertido*, férias,

Lúdico/Lazer

fotos, imaginação, interessante*, lazer,

Ludicidade/entretenimento

mágico, passeio, passeio agradável*, pipoca, piquenique, sempre é uma nova experiência*, sorvete, caminhada

Memória Não elucidativo

Infância, história Diadema, espaço, organização, reforma (ala interditada), sem palavras, sombra Amigos, crianças, diversão em família*,

Relações interpessoais

família, gritaria (crianças), natureza acessível a todos, pessoas, sorriso do meu filho

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Quadro 5. Palavras citadas pelos visitantes da FPZSP ao se recordarem do passeio realizado, separadas por categorias emergentes. As palavras que se enquadram em mais de uma categoria estão identificadas com um asterisco (*) (conclusão).

Categorias

Citações dos visitantes Agradável, alegria, amor, animação, aventura*, calor, cansaço, cheiro de mato, comida muito ruim, curiosidades*, curtição, descoberta*, descontração, dia

Sentimentos intrínsecos do visitante

feliz, diversão em família*, divertido, emoção, engraçado, euforia, fantástico, felicidade, inesquecível, muito bom, passeio agradável*, paz, prazer, quero ir mais vezes Dó (dos animais), falta de proteção contra

Sentimentos sobre os animais

o calor, fiquei ainda mais apaixonada (leão marinho), tristeza (dos animais)

A partir da análise deste quadro, percebemos um maior número de palavras relacionadas justamente aos sentimentos intrínsecos dos visitantes e, além disso, que estes são, em sua grande maioria, positivos. Em uma análise mais quantitativa, temos as seguintes palavras como as mais citadas, nesta ordem: diversão, alegria, natureza/calor, animais e família. Assim, podemos inferir que para os visitantes, o passeio na FPZSP representou momentos felizes de lazer com a família, embora com aspectos econômicos um tanto quanto negativos, e a noção da alta temperatura. O fato de o calor ter sido amplamente citado traz uma alerta para as condições do passeio. É claro que, pelas coletas de dados terem sido realizadas durante o verão, o calor foi grandemente percebido pelos visitantes. Contudo, é adequado verificar a necessidade de implantação de estruturas que amenizem essa situação, durante os meses que apresentam frequentemente altas temperaturas. Um maior número de bebedouros e de áreas cobertas com locais para se sentar e admirar os animais pode ser uma alternativa interessante para resolução deste problema.

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5. 3. IMPLICAÇÕES PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL Dentre os diversos resultados obtidos neste trabalho, alguns devem ser destacados por conta de sua importância e relevância para o Programa de Educação Ambiental e Inclusão Social da FPZSP.

5.3.1. Participação nas atividades educativas

Um resultado que chama bastante a atenção, na Frente 3, é que embora os visitantes classifiquem as atividades como boas, 35% não participaram de nenhuma delas, como também, poucos responderam terem guardado algo que aprenderam na FPZSP. Os visitantes que participaram desta parte da pesquisa visitaram o parque durante a semana, momento no qual a maioria das atividades educativas estava em funcionamento. Mas o que leva os visitantes a não participarem destas atividades? Alguns possíveis motivos são o desconhecimento das mesmas ou o fato do parque possuir grande tamanho e a vontade de conhecê-lo como um todo faz com que o visitante priorize ver os animais e não participar das atividades, ou ainda, a falta de interesse no assunto. Os zoológicos atuais têm como uma de suas principais atividades a educação ambiental, sendo amplamente reconhecido seu papel como espaço educador. Para Achutti, Branco e Achutti (2003) os zoológicos devem trabalhar como ferramentas visando à conservação da natureza, através do convívio adequado entre o ser humano e o meio ambiente. Dessa forma, é importante que sejam verificadas estratégias para garantir uma maior atração dos visitantes para as atividades educativas do parque, uma vez que sua qualidade já é garantida pelo próprio público e é visível, naqueles que participam delas, o aprendizado quanto às questões ambientais.

5.3.2. Placas informativas sobre os animais

Na Frente 1, durante a observação do comportamento dos visitantes em frente aos recintos, foi percebido a pouca quantidade de pessoas que leem as placas informativas dos animais, em média, apenas 6 visitantes as observam. Contudo, dois recintos possuem placas com um maior grau de atratividade para o público: ambos das sucuris-verdes, sendo que no “O Caminho da Serpente”, 10 visitantes leram a placa, enquanto na “Casa das Serpentes Gigantes”, 23 a observaram. É necessário 45

salientar dois pontos: o primeiro é que a placa que chamou mais atenção dos visitantes era aquela da casa SG que compara o tamanho da sucuri-verde com outras espécies de serpentes, girafa e com o ser humano. Neste local, há uma placa informativa, chamada de placa especial, sobre a biologia, hábitos e curiosidades sobre o animal, mas que praticamente nenhum visitante observou. Junto da placa comparativa, estão dispostos couros de duas espécies de serpentes, que por seu grande tamanho, também foram bastante observados. Na exposição CS, as placas possuem um formato totalmente diferenciado das outras, onde há a mínima utilização de texto e a informação é passada por imagens (Figura 13). Esse formato mais didático é também com certeza mais atrativo para o público, que rapidamente pode compreender as diferentes informações passadas.

Figura 23. Exemplo de design das placas informativas dispostas na exposição "O Caminho da Serpente" na Fundação Parque Zoológico de São Paulo.

Além disso, quando observados os resultados da Frente 3, temos 50% dos visitantes indicando que as informações obtidas sobre os animais são boas. Esse resultado se torna questionável quando vemos o número baixo de visitantes que leem as placas. Assim, embora considerem as informações adequadas, na realidade o público não se dá ao trabalho de conhecê-las. Contudo, é possível notar que algumas dessas placas realmente funcionam, como indicado anteriormente quanto àquelas presentes nas exposições SG e CS, e também quando analisados os dados, presentes na Frente 3, sobre o aprendizado na FPZSP, onde as informações mais

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citadas são provenientes das placas das exposições acima mencionadas e da grande placa comparativa entre elefantes africanos e asiáticos. Para Morgan e Hodgkinson (1999), as placas utilizadas em zoológicos devem abordar as questões mais levantadas sobre os animais, sendo apresentadas de maneira simples, utilizando-se de imagens, esquemas de cores, entre outras estratégias, pois dessa maneira é possível evitar o excesso de informações, principalmente quando muito técnica, e permite que os pais interpretem o conteúdo apresentado à seus filhos. Dessa forma, uma sugestão à FPZSP seria rever o modo de apresentação das placas informativas, evitando o uso da chamada placa especial que contém um grande nível de informação, mas um baixo grau de atratividade, e estimulando o uso de placas que seguem os moldes daquelas encontradas nas exposições CS e SG, bem como aquela das diferenças entre as espécies de elefantes, onde há pouco texto e as imagens trazem as informações de forma simples e direta.

5.3.3. Design dos recintos

Para que se possa trabalhar adequadamente com os visitantes as questões pertinentes à Educação Ambiental, os recintos e o modo de apresentação devem ser levados em consideração. Como citado anteriormente, Coe (1985) indica 8 aspectos comportamentais que devem ser considerados na elaboração de recintos para manter o visitante observando-os por maior tempo. Um desses é a subordinação como ferramenta educativa. Após as análises realizadas, podemos inferir que este fator pode influenciar o comportamento dos visitantes. Isso foi notado no recinto dos jacarés-de-papoamarelo. Os animais são observados de cima para baixo e, devido ao seu metabolismo mais lento, os visitantes comumente jogam lixo dentro do recinto. Felizmente, durante a Frente 1, esse comportamento não foi observado. Contudo, ele é existente. Hoje, dentro do recinto destes animais, como em outros que passam pelo mesmo problema, está disposta uma placa do projeto “Pintou limpeza no Zoo”. Ao lado dela há uma caixa de acrílico onde os tratadores colocam o lixo encontrado no recinto para que os visitantes vejam. Mesmo assim, o comportamento continua e as caixas estão sempre cheias. Assim, o fator subordinação do animal ao visitante pode estar causando tais comportamentos, requerendo mais esforços para que sejam extintos. O fato de a FPZSP ser um Zoológico antigo implica justamente em que muitos de seus recintos não seguem os padrões e modelos mais modernos de exposição. 47

Hoje, é claro que recintos que apresentam um design mais natural e de acordo com o ambiente da espécie possibilitam que os visitantes sejam educados, de maneira efetiva e permanente, em relação aos hábitos e habitats dos animais observados (FERNANDEZ et al., 2009). O uso dos chamados recintos de imersão permite que o visitante se sinta dentro do ambiente do animal, estimulando vários sentidos e assim, gerando uma experiência completa. Além disso, a presença de exposições que permitam experiências interativas pode proporcionar o estímulo necessário para o aprendizado, bem como interações entre o grupo de visitantes (WINEMAN, PIPER; MAPLE, 1996).

5.3.4. Serviços do parque

A limpeza do parque, bem como a qualidade dos outros serviços oferecidos, são pontos a serem considerados. É bastante contraditório um local que busca trabalhar com a educação ambiental, educando seus visitantes em prol da conservação dos ambientes e dos animais neles presentes, muitas vezes tocando no assunto poluição, apresentar-se com lixeiras lotadas, lixo dentro de recintos, que além de aparentar descuido pode ser prejudicial aos animais, banheiros sujos, atitudes antihigiênicas, entre outros. É claro que, embora grande parte desses mesmos problemas seja causada diretamente pelos visitantes, ao visitarem um local limpo e adequado, há o estímulo para que o visitante o mantenha dessa forma. Para Coe (1987), um zoológico adequado educa seus visitantes dando o exemplo. Assim, os elementos destas instituições devem demonstrar que a toda a equipe do zoológico tem preocupação com seus animais, é dedicada aos seus visitantes e comprometida com o futuro do planeta.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho trouxe uma visão mais aprofundada sobre os visitantes da Fundação Parque Zoológico de São Paulo. As metodologias utilizadas nas Frentes 1 e 3 se mostraram eficientes para a obtenção de dados sobre as percepções do público, no entanto, a metodologia utilizada na Frente 2, que consistia em seguir os visitantes durante o passeio no parque, não se mostrou viável. O emprego deste método é, com certeza, mais eficaz para ambientes fechados, como exposições e museus, locais onde hoje é amplamente 48

utilizado para estudar as percepções e o fluxo de circulação dos visitantes, bem como seu aprendizado. Todavia, para sua utilização em zoológicos com o porte da FPZSP, seria necessário um grande esforço amostral para a obtenção de dados relevantes, o que impossibilitou sua aplicação neste trabalho. Os conhecimentos gerados neste estudo podem ser utilizados na elaboração de estratégias que possibilitem aprimorar a experiência que o público tem durante sua visita à FPZSP. Hoje, a maioria dos visitantes sai com uma visão positiva sobre esta instituição. Contudo, alguns pontos necessitam de atenção, como os serviços oferecidos no parque, as placas informativas, a divulgação das atividades educativas, o design dos recintos e o calor. Além disso, mensagens como a importância dos zoológicos para a conservação das espécies ainda não estão claras para os visitantes da FPZSP. A partir dessa compreensão, a instituição será ainda mais valorizada por seu público, deixando de entendê-la como simples vitrine de animais, como visto nos trabalhos de Furtado e Branco (2003), Galheigo e Santos (2009), e Lopes, Bosa e Silva (2011). Em relação ao comportamento dos visitantes, é bastante complexo buscar a mesma atenção despertada pelos mamíferos para as outras classes de animais, ou ainda, uma mudança no modo como os visitantes veem os animais em relação à superioridade humana. Contudo, o modo de apresentação dos animais atrelado à educação ambiental são fatores que certamente influenciam essa questão. Isso já foi observado na FPZSP com relação às serpentes e as casas onde estão expostas, onde o medo deu lugar a curiosidade e ao respeito. Assim, para que sejam possíveis as modificações e adaptações sugeridas, como quaisquer outras que visem passar uma mensagem adequada da FPZSP, o trabalho em conjunto dos diferentes setores técnicos, incluindo a Educação Ambiental, é extremamente necessário. Embora tais trabalhos sejam complexos e apresentem muitas variáveis que precisam ser ponderadas, eles devem ser considerados, pois demonstram o compromisso da FPZSP com a sociedade e com a busca do aperfeiçoamento contínuo de suas atividades a fim de consolidar os pilares que justificam sua existência – a educação, a pesquisa, o lazer e a conservação das espécies.

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OF

ZOOS

AND

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UNITED

FOR

CONSERVATION. Building a future for wildlife: The world zoo and aquarium conservation strategy. WAZA Executive Office, 2005. ZWINKELS, Juul; OUDEGEEST, Tania; LATERVEER, Michaël. Using visitor observation to evaluate exhibits at the Rotterdam zoo aquarium. Visitor Studies, v. 12, n. 1, p. 65-77, 2009.

54

ANEXO I Descrição dos comportamentos analisados de acordo com suas categorias, modificado de Bizerril (2000). Desinteresse 

Distração ao passar na frente do recinto olhando para outras direções;



Passar direto pela frente do recinto sem parar para observar o animal;



Olhar com indiferença o animal sem tecer comentários e demonstrar interesse;



Interagir, falar ou fazer contato com outra pessoa, se distraindo e não observando o animal com atenção.

Curiosidade 

Olhar curiosa e fixamente o animal, observando suas formas e atitudes;



Apontar a presença do animal com o dedo;



Procurar o animal com os olhos ao parar diante do recinto;



Ler a placa procurando informações;



Especular sobre o animal, a espécie, o parentesco, a dieta etc.

Admiração 

Elogiar a beleza, a força, a agilidade do animal.

Agressividade 

Jogar objetos (pedras, latas, madeiras) tentando atingir o animal;



Cutucar o animal com a mão ou usando outro instrumento;



Depreciar o animal usando termos pejorativos como feio e fedorento;



Gritar ou fazer comentários pejorativos em voz alta, dirigindo-se ao animal ou imitá-lo de modo ameaçador.

Interação 

Estender a mão como se fosse cumprimentar;



Oferecer objetos como papel, galho ou outro objeto;



Oferecer alimento ou atirá-lo ao animal;



Bater palmas a fim de atrair a atenção do animal;



Chamar o animal por um apelido ou pelo próprio nome da espécie; 55



Cumprimentar verbalmente o animal ou acenar para ele;



Imitar o som do animal, buscando uma interação ou resposta;



Rir das ações do animal.

Temor 

Assustar-se, ficar alerta, dando um pulo ou passo para trás



Alertar para o perigo, invocando atenção e cuidado, destacando o oferecido pelo animal

Memória 

Referir-se a um filme, desenho animado ou personagem ao visualizar o animal.

Empatia 

Perceber que o que o animal está sentindo, podendo ser um sentimento positivo ou um sentimento negativo.

Fotografia 

Fotografar o animal.

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