Percursos urbanos na carta de José de Alencar a Machado de Assis

July 21, 2017 | Autor: Wisley Vilela | Categoria: Literatura brasileira, Modernismo, Letras, Rio de Janeiro, modernismo no Brasil
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PERCURSOS URBANOS NA CARTA DE JOSÉ DE ALENCAR A MACHADO DE ASSIS

Wisley Vilela 1

I.

INTRODUÇÃO Um olhar diacrônico sobre a história da literatura brasileira revela um começo tíbio e

um desenvolvimento vagaroso. A manifestação de dois grandes vultos das letras no Brasil, José de Alencar (1829-1877) e Machado de Assis (1839-1908), desempenhou papel preponderante na formação, no estabelecimento e na maturação da literatura brasileira, em especial, no tocante ao romance. José de Alencar foi o grande responsável pela afirmação da nova forma narrativa, tendo demonstrado grande vigor como romancista, e pelo projeto estético de "retratar" a vida brasileira em seus vários aspectos e momentos. De acordo com Bosi, o intento de José de Alencar foi o de “compor uma espécie de suma romanesca do Brasil” (BOSI, 2008, p. 137. Grifo do autor). De acordo com o próprio José de Alencar, “o período orgânico desta literatura” podia ser dividido em três fases: a aborígene; a histórica; e a “infância de nossa literatura” (ALENCAR, apud BOSI, 2008, p. 136). As narrativas indianistas e históricas em Iracema, em O Guarani e em As Minas de Prata, são apontadas pelo autor como pertencentes aos dois primeiros períodos. Eleitos por Alencar como representantes da terceira fase, marcada pelo então presente urbano, especialmente, através das narrativas do bloco temático "perfis de mulheres", e pelo retrato do Brasil interiorano, estão Tronco de Ipê, Til, O Gaúcho, Lucíola, Diva, A Pata da Gazela e Sonhos d’Ouro (op. cit. p. 137). Quanto a Machado de Assis, seu legado à ficção brasileira inclui a autonomia e a maioridade literárias. Sem desperceber os traços de universalidade, Machado de Assis retratou a peculiaridade brasileira ao captar e discutir a realidade sociopolítica de sua época. Sua obra,

Acadêmico do Curso de Licenciatura em Letras: Português-Inglês, da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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inovadora quanto ao tema e quanto à escrita, demonstra profunda compreensão dos mecanismos por trás das motivações internas e dos comportamentos de suas personagens. Comentando o gênio e o alcance descritivo do autor, Bosi declara que “a suma, depurada e sóbria, do precário em que se resume toda a existência se espelharia no romance e no conto de Machado de Assis”, e acrescenta que na ficção machadiana está “o ponto mais alto e mais equilibrado da prosa realista brasileira” (BOSI, 2008, pp. 173-4). Machado destacou-se, portanto, não apenas pelo romance, mas também pelo conto moderno, do qual foi o fundador na literatura brasileira. Além da importância na literatura, José de Alencar e Machado de Assis contribuíram para a formação da vida intelectual brasileira. Ambos foram responsáveis por extensas produções, com a colaboração em jornais, na dramaturgia, na crítica literária, na poesia, e no ensaio. Adicionalmente, os numerosos textos de intervenção, na forma de artigos, prefácios, posfácios, notas, debates e polêmicas, serviram de fomento para a atividade intelectual no Brasil. As cartas, publicadas em jornais, também serviram a esse propósito. Diante do exposto, pretende-se neste trabalho, tecer algumas considerações sobre a Carta de José de Alencar a Machado de Assis, publicada pela primeira vez no Correio Mercantil de 22/02/1868. A carta, que em 1875 foi usada como prefácio da obra Gonzaga ou a Revolução de Minas, de Castro Alves, cujo objetivo era recomendar a Machado de Assis o jovem autor baiano, contém referências a espaços geográficos da cidade do Rio de Janeiro. Interessa-nos examinar essas referências sob a luz em que as colocam o autor José de Alencar.

II.

ALENCAR PINTA UMA PAISAGEM “Tudo era grande e pomposo no cenário que a natureza, sublime artista, tinha decorado

para os dramas majestosos dos elementos, em que o homem e [sic] apenas um simples comparsa (ALENCAR, 1996, p. 3)”. Essa descrição do cenário na parte inicial, no oitavo parágrafo de O Guarani, é um bom exemplo de como os espaços virgens da natureza exerciam fascínio sobre o pensamento criativo de José de Alencar. Nela o autor afasta a intervenção humana sobre a paisagem, reduzindo-a ao mínimo necessário para compor a trama. Grandes espaços em que a transformação pela mão do homem é de pouca monta são ideia recorrente no romance romântico. De acordo com Martins, os quadros pintados por Alencar dão evidência de sua familiaridade com as reflexões de Edmund Burke, divulgadas no Brasil por Hugh Blair, que compreendiam “o sublime como o grau mais elevado da grandiosidade e o associava a causas como os vastos espaços naturais e a força dos elementos”

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(MARTINS, 2003, p. 194). Como observado por Martins, os romances alencarianos atestam a preferência do autor pela valorização da natureza selvagem. Voltando a atenção para a Carta de José de Alencar a Machado de Assis, deparamo-nos novamente com a exaltação da natureza, tão característica do romantismo. Alencar recebeu Castro Alves no sítio de seu sogro, o médico britânico Thomas Cochrane, no dia 17 de fevereiro de 1868. Aroldo de Azevedo identifica a localização do sítio “nas alturas da Tijuca, por entre suas matas sombrias e eternamente verdes, no lugar conhecido pelo nome de Gávea Pequena” (AZEVEDO, 1965, p. 83). A propriedade, que havia sido comprada em 21 de novembro de 1855 por sete contos de réis, fica no meio da mata, nas proximidades do Morro do Cochrane, de 700 metros de altitude, e recebeu o nome de Castelo.

Figura 1 - Morro do Cochrane (Coordenadas: 22°59'06.91" S 43°16'15.70" W, por Google Earth)

Em sua carta, Alencar se refere à Tijuca como “montanha encantadora”. Distante da Corte cerca de doze quilômetros, é lugar em que “tudo é puro e são”. As águas cristalinas purificam o corpo, assim como a limpidez do céu o faz ao espírito. Reforçando o distanciamento da mão do homem, o autor declara que “só nos ermos em que não caíram ainda as fezes da civilização, a terra conserva essa divindade do berço”.

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Cabe notar, entretanto, que a Floresta da Tijuca havia sofrido intensa devastação na primeira metade do século XIX, ao ponto de isso comprometer o abastecimento de água na cidade. O cultivo do café, principalmente, e da cana-de-açúcar, empobreceu o solo, causou erosão e ameaçou os mananciais. Reconhecendo o perigo iminente, o Imperador D. Pedro II determinou, em 1861, através do Decreto Imperial N.º 577, a criação das Florestas da Tijuca e das Paineiras. O Imperador nomeou Manuel Gomes Archer para implementar o projeto de reflorestamento a partir daquele ano. Ao longo dos treze anos que se seguiram, estima-se que tenham sido plantadas cem mil árvores. (SIQUEIRA, 2013, p. 35.)

Figura 2 - Cultivo do Café na Tijuca do Século XIX (Gravura de Friedrich Salathé: BN Digital, acesso em 18/06/2014)

Isso, o decreto imperial, ocorreu pouco mais de seis anos antes da escrita da Carta de José de Alencar a Machado de Assis. Evidentemente, esse curto período não seria suficiente para a plena recuperação da floresta. O testemunho de José de Alencar, cerca de dez anos depois do início dos trabalhos de reflorestamento, contido em seu romance Sonhos d’Ouro (1872), dá conta do seguinte: (…) Tijuca. O nome pomposo do lugar não é por hora mais do que uma promessa; quando porém crescerem as mudas de árvores de lei, que a paciência e inteligente 4

esforço do engenheiro Archer têm alinhados aos milhares pelas encostas, uma selva frondosa cobrirá o largo dorso da montanha onde nascem os ricos mananciais. (ALENCAR, 1998, p. 11.)

Felizmente, a promessa se cumpriu. Continuando sua descrição, o missivista diz que “a Tijuca é um escabelo entre o pântano e a nuvem, entre a terra e o céu”. A Tijuca propicia a aproximação gradativa do homem a Deus. O primeiro degrau na escalada descrita por Alencar é o Alto da Boa Vista.

Figura 3 - Andarahy da Boa Vista, em 1849 (Joseph A. Martinet). Extraído de https://www.facebook.com/photo.php?fbid=545379048878397, acesso em 17/06/2014.

O autor compara a condição rebaixada em que a “grande cidade réptil” se encontra no plano físico, com a inferioridade dos objetivos que rastejam na cidade, o “foco do materialismo”. Em contraste com isso, ao subir da cidade para o Alto da Boa Vista, a alma antes atrofiada, “sente-se homem”. Passa da ambição materialista para a contemplação do divino.

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Figura 4 - Rio de Janeiro visto do Alto da Boa Vista (Eugéne Ciceri, 1852: BN Digital, acesso em 18/06/2014)

A seguir, Alencar volta sua lente para a Vista Chinesa. No início do Século XIX, foram trazidos para o Rio de Janeiro cem imigrantes de Macau, na China, para trabalhar no cultivo de chá. Com o tempo, outros chineses vieram com o mesmo intuito. Há controvérsias quanto ao motivo de a cultura de chá não ter prosperado, mas é certo que os chineses mudaram de ocupação quando isso aconteceu, e se espalharam pelos arredores da Tijuca. Acredita-se que a ocupação chinesa daquela região tenha dado origem ao nome do mirante localizado no Alto da Boa Vista. – Fonte: Wikipedia.org, acesso em 18/06/2014.

Figura 5 - Vista Chinesa (Foto de George Leuzinger: BN Digital, acesso em 18/06/2014)

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Em 1903, Pereira Passos, então prefeito da cidade, construiu o pavilhão da Vista Chinesa que se tornou um ponto importante de visitação turística na cidade do Rio de Janeiro. O pagode, de forma hexagonal, possui acima de

cada

uma

de

suas

colunas,

nas

extremidades de cada nível de cobertura, uma cabeça de dragão. Na descrição de Alencar, a Vista Chinesa “é uma tela sublime, uma decoração magnífica

deste

inimitável

cenário

fluminense”, um sonho oriental pintado em papel de arroz. Para o autor, a contemplação da vista espetacular enche o coração do homem de espanto reverente e o faz sentir-se religioso. Com isso, sobe-se um degrau a mais, distanciando-se o homem das paixões, fraquezas e ambições, e aproximando-se

Figura 6 - Vista Chinesa, em cartão postal de 1911. (Wikimedia.org, acesso em 17/06/2014)

ainda mais de Deus.

Figura 7 - Visão panorâmica a partir da Vista Chinesa (G. Furtado, 2010: Wikimedia.org, acesso em 15/06/2014)

A terceira e última etapa da excursão descritiva pela qual Alencar conduz Machado de Assis é o Pico da Tijuca. Com 1.022 metros de altitude, esse pico é o ponto mais alto da serra, o mais elevado que é dado ao homem chegar, naquele “escabelo entre o pântano e a nuvem, entre a terra e o céu”. Numa bela descrição panorâmica do horizonte, Alencar pinta a terra como vasta ilha submergindo entre o “oceano do mar e o oceano do éter”.

Figura 8 - Vista para o Pico da Tijuca em 1885 (Revista do Clube de Engenharia, 1985). Extraído de www.marcillio.com/rio/entijuca.html, acesso em 15/06/2014

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Conforme observado por Martins, em O gaúcho (1870) Alencar fez a contraposição do pampa ao oceano e, em seguida, ao firmamento, “duas das principais fontes do sublime na natureza” (MARTINS, 2003, p. 195). Blair lança luz sobre o que tornava o oceano sublime, ao dizer que a sublimidade advém “não apenas de sua extensão, mas do perpétuo movimento e irresistível força daquelas massas de águas” (BLAIR, H. apud MARTINS, 2003, p. 195, tradução de Wisley Vilela).

Figura 9 - Mapa Floresta da Tijuca/Foto Pico da Tijuca. Extraído de www.parquedatijuca.com.br, acesso em 15/06/2014.

A referência que faz Alencar, em sua carta a Machado de Assis, ao “oceano do mar e o oceano do éter” é marcada pelos mesmos elementos em contraste, observados por Martins em O gaúcho. O autor atribui grandiosidade e esplendor ao Pico da Tijuca com a fusão periférica desses elementos, no retrato que faz da paisagem vista de lá. O mar se mistura, na linha do horizonte, com a expansão. Aquele, sublime pelas dimensões, pelo movimento incessante e pela força. Esta, pela imutabilidade e grandeza infinita. Em contraste com o cenário majestoso e imenso, a figura ambígua do átomo aparece como símbolo da insignificância do homem. Entretanto, não é um átomo qualquer, pois tem a distinção de um rei. A pequenez humana é dignificada pela magnificência divina que marca o cenário e, completa Alencar, “aí o ímpio é cristão e adora o Deus verdadeiro”. “Quando a alma desce destas alturas e volta ao pó da civilização, leva consigo uns pensamentos sublimes”, continua Alencar. O homem, de origem divina, é como a água que

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brota no topo da serra e desce para a cidade, onde se polui com paixões rastejantes. Tem de retornar ao topo para coletar e levar consigo, em sua nova descida, “uns pensamentos sublimes” que distinguem um “átomo” de um “átomo rei”. O autor descreve, com efeito, um ciclo de purificação da alma propiciado pelo ar da montanha.

III. CONSIDERAÇÕES FINAIS Vimos que a Carta de José de Alencar a Machado de Assis contém uma vívida descrição de paisagens na Tijuca do Século XIX. Consideramos também que o autor adotou um modelo recorrente no romance oitocentista, no qual a representação do sublime na natureza selvagem recebe atenção especial, ao passo que o homem “é apenas um simples comparsa”, como afirmou Alencar no romance O guarani (ALENCAR, 1996, p. 3). Em sua carta, ao pintar o cenário, Alencar adotou o recurso estilístico da amplificação. Depois de se referir à Tijuca como “montanha encantadora”, o autor constrói sua argumentação distribuindo pequenos blocos de informação em torno do mesmo tema, cada bloco com um objetivo específico. A gradação em direção aos “pés do Onipotente” é um bom exemplo disso. Primeiro, no Alto da Boa Vista, o homem escapa da ambição materialista e alcança a contemplação do divino: “sente-se homem”. Em seguida, na Vista Chinesa, a beleza da paisagem faz o homem querer se aproximar de seu Criador: “sente-se religioso”. Por fim, no Pico da Tijuca, de onde se contempla a mesclagem de céu e mar, o homem imbuído da necessidade espiritual se torna adorador do Deus verdadeiro: está em comunhão com seu Criador. As belezas naturais no Rio de Janeiro têm encantado sucessivas gerações e servido de inspiração aos artistas ao longo dos séculos. Discorremos, neste trabalho, sobre alguns poucos percursos urbanos do Rio de Janeiro do Século XIX na Carta de José de Alencar a Machado de Assis, cujo texto atesta o fascínio que aquelas belezas exerceram sobre o autor. A relação entre a natureza selvagem e a religiosidade é outra característica do romance, da qual a carta em questão está impregnada. Em A Fonte Subterrânea, Eduardo Martins transcreve parte da carta e faz sobre o trecho alguns poucos, mas pertinentes, comentários (MARTINS, 2003 pp. 199-200). Essa questão, que também abordamos de forma indireta neste trabalho, pode ser estudada com maior profundidade e é deixada como matéria para futuro ensaio. 9

IV. REFERÊNCIAS ______. Correspondência de Machado de Assis. Tomo I - 1860-1869, pp. 224-232. Coordenação e orientação Sérgio Paulo Rouanet; Reunida, organizada e comentada por Irene Moutinho e Sílvia Eleutério. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, Ministério da Cultura, Fundação Biblioteca Nacional, 2008. ALENCAR, J. O guarani. 20ª ed. São Paulo: Ática, 1996 (Série Bom Livro). ____________ Sonhos D´oro. 2.ed. São Paulo: Ática, 1998 (Série Bom Livro). AZEVEDO, A. Cochranes do Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1965. MARTINS, E. V. A fonte subterrânea: o pensamento crítico de José de Alencar e a retórica oitocentista. – Campinas, SP: [s.n.], 2003. SIQUEIRA, A. E, (org.) et al. Guia de Campo do Parque Nacional da Tijuca. Rio de Janeiro: UERJ/IBRAG, 2013. Lista de sites da web, todos acessados no período de 17 a 19 de junho de 2014. Arquivos em PDF: O Guarani (ALENCAR, J. 1996), disponível para download em http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000135.pdf Sonhos D’oro (ALENCAR, J. 1998), disponível para download em http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000141.pdf Guia de Campo do PNT (SIQUEIRA, A. [org.] et al. 2013), disponível para download em http://www.parquedatijuca.com.br/arqs/guia_de_campo_PNT.pdf. Arquivos de imagens: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Vista_chinesa.jpg http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Vista_Chinesa_em_cart%C3%A3o_postal_de_1911.jpg http://traveltobrazilnow.com/wp-content/uploads/2012/08/pico-de-tijuca-view1.jpg

Páginas e sites da web: http://bndigital.bn.br/exposicoes/rio-cidade-paisagem/?objetos=todos&pg=3 http://blog.rioxtreme.com/hikingtours/pico-da-tijuca-hiking-tours-in-rio-de-janeiro-thehighest-peak-in-town http://multirio.rio.rj.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1040:tijucaum-dos-bairros-mais-tradicionais-do-rio&catid=20&Itemid=115

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http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_iconografia/icon17058_1.htm http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_iconografia/icon35707/icon35707_04.htm http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_iconografia/TH_christina/icon309814/icon877066.ht m http://pt.wikipedia.org/wiki/Vista_Chinesa http://www.brasiliana.com.br/obras/cochranes-do-brasil/preambulo/3/texto http://www.marcillio.com/rio/entijuca.html http://www.marcillio.com/rio/entiparq.html http://www.parquedatijuca.com.br/ https://www.facebook.com/photo.php?fbid=545379048878397

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