PEREIRA, G.G. et al. Entre o rural e o urbano: Do agronegócio à produção alternativa. In Anais do VII Seminário Nacional de Sociologia e Política. UFPR. Curitiba. 2016.

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7º Seminário Nacional Sociologia & Política Instituições e Democracia na América Latina 11 a 13 de Maio de 2016 UFPR – Curitiba/PR GT 15: Ruralidades, Ambiente e Sociedade

Entre o rural e o urbano: Do agronegócio à produção alternativa

Giovana Gonçalves Pereira – NEPO/IFCH/UNICAMP Jéssica Aline Troiano – FCLAr/UNESP Licia Nara Fagotti – FCLAR/UNESP Natália Belmonte Demétrio – NEPO/IFCH/UNICAMP

Entre o rural e o urbano: Do agronegócio à produção alternativa Giovana Gonçalves Pereira1 Jéssica Aline Troiano2 Licia Nara Fagotti3 Natália Belmonte Demétrio4 Resumo: Esse estudo objetiva elucidar acerca das distintas faces dos espaços rurais e urbanos do interior paulista, conjugados às reconfigurações sociais, populacionais e produtivas a partir da década de 1990. As relações estabelecidas entre o campo e a cidade ainda que delineadas pelo fortalecimento da agricultura científica e globalizada, não podem ser compreendidas somente através da produção hegemônica de commodities. O entendimento das dinâmicas relativas ao universo rural também passa pela emergência de novas ruralidades e atividades agrícolas, pela luta pela reforma agrária e formação de assentamentos, assim como, pela própria resistência das famílias sobreviventes no campo. Esse contexto histórico reforça, portanto, o entendimento do rural como multiplicidade, protagonizada por agricultores familiares, pequenos e médios produtores, trabalhadores rurais migrantes e empresários rurais. O entrelace das pesquisas apresentadas neste trabalho pretende discutir acerca da trama de relações constituída pela gestão, produção, consumo e sociabilidade do rural paulista. Nessa conjuntura, almeja-se a discussão da correlação das transformações produzidas pelo agronegócio nas dinâmicas populacionais rurais e urbanas e na rede urbana paulista. Para tanto, adotamos instrumentos qualitativos de pesquisa como a aplicação de questionários, entrevistas em profundidade e visitas a campo nas RG de Araraquara, de Ribeirão Preto, de São Carlos, de Jales, de Jaboticabal, dentre outras.

Palavras-Chave: Cidades do Agronegócio; Trabalhadores Rurais Migrantes; Agricultura Alternativa; Populações Rurais.

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Aluna do Programa de Pós-Graduação em Demografia – Nível Doutorado – , Mestra em Demografia, Bacharela e Licenciada em Ciências Sociais pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas e integrante do Observatório das Migrações em São Paulo (FAPESP/CNPq), Núcleo de Estudos de População “Elza Berquó”, CNPq/CAPES e FAPESP. 2 Aluna do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais – Nível Mestrado – , Bacharela e Licenciada em Ciências Sociais pela Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, FAPESP e CNPq. 3 Aluna do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais – Nível Mestrado – , Bacharela e Licenciada em Ciências Sociais pela Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, CAPES. . 4 Aluna do Programa de Pós-Graduação em Demografia – Nível Doutorado – , Mestra em Demografia, Bacharela e Licenciada em Ciências Sociais pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas e integrante do Observatório das Migrações em São Paulo (FAPESP/CNPq), Núcleo de Estudos de População “Elza Berquó”, CNPq/CAPES e FAPESP.

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Introdução A convivência de distintos atores no interior paulista congrega a coexistência e sobreposição de processos sociais e econômicos relacionados à expansão do agronegócio em território nacional, às novas configurações migratórias e ao advento de novas formas de produção e consumo. A heterogeneidade do rural paulista (WANDERLEY, 2009; PEREIRA, TROIANO e MACIEL, 2014) tem como plano de fundo a combinação de distintas estratégias de reprodução social dos empresários rurais, dos pequenos e médios produtores rurais, dos produtores alternativos e dos trabalhadores rurais migrantes. Simultaneamente, a dinâmica estabelecida entre os espaços rurais e urbanos conjectura a existência de rearranjos socioeconômicos e populacionais, particularmente, em pequenas e médias cidades. A relação entre a cidade e o campo modificou-se, a partir dos anos finais da década de 1990, acompanhada vis-à-vis da internacionalização da economia brasileira (CANO, 1998; OLIVEIRA, 1996; VEIGA, 1999; SILVA, 2003) e do avanço científico e tecnológico (DELGADO; SANTOS e SILVEIRA, 2006; WANDERLEY, 2010). De forma concomitante, a mobilidade do capital (SASSEN, 1998; BERNARDES, 2007) conjugada à mobilidade e rotatividade da mão de obra (BAENINGER, 2012) se alicerçou na nova divisão internacional do trabalho, bem como, na demanda do capitalismo pela especialização produtiva (BECKER, 2007). De acordo com Castillo e Frederico (2010), a especialização de lugares e regiões tornou-os submissos às ordens e lógicas produtivas externas, bem como, amplifica a divisão territorial do trabalho. Desse modo, a compreensão entre as interrelações entre os agentes produtivos do interior paulista é condiciona ao entendimento da interação entre as esferas locais, regionais e globais (SANTOS, 1998; BECKER, 2007; SAUER, 2010). Em mesma medida, Santos (1985) aponta que os eventos em escala mundial permitem a apreensão e interpretação dos fenômenos locais. 3

Assim, a rede urbana se apresentou como esfera de análise central visto a potencialidade de articulação entre as regiões geográficas e a economia mundial (CORRÊA, 2006). Em outras palavras, segundo Gonçalves (1998) e Corrêa (2006), a rede urbana permite a reprodução do capital e da divisão territorial do trabalho. Cabe-nos recordar, todavia, que a rede urbana paulista fundou-se em consonância ao desenvolvimento da industrialização e urbanização via incentivos da economia cafeeira, abarcando transformações de espaços urbanos e não urbanos (GONÇALVES, 1998). Segundo Wanderley (2011), a modernização agrícola iniciada nos anos de 1960, traduzida pela transformação da base técnica da agricultura, ocasionou a consolidação do mercado urbano de produtos agrícolas combinado ao aumento da produção de insumos industriais para empresas agropecuárias, bem como, para Castillo e Frederico (2010) corroborou para a intensificação da seletividade e da competitividade entre lugares, regiões e territórios. Sincronicamente, como aponta Elias (2003), esse cenário contribuiu para o desenvolvimento uníssono da cidade e do campo no interior paulista promovendo o surgimento de espaços urbanos privilegiados (SASSEN, 1998), cujo crescimento demográfico e econômico se relaciona ao desenvolvimento de atividades agroindustriais e circundantes sintonizadas às demandas do mercado internacional. A Cidade do Agronegócio (ELIAS e PEQUENO, 2006 e 2007; ELIAS, 2011) ou cidades agroindustriais (GRAS e HERNÁNDES, 2013) se traduzem pelo constante diálogo entre os espaços urbano e o rural. A urbanização desses lugares é concatenada aos interesses de apropriação do espaço de grandes corporações (ELIAS, 2003), ao que Corrêa (2006) define como company towns. Ao mesmo tempo, a presença do bóia-fria (MELLO, 1976) tornou-se corriqueira nesses locais, bem como, nas cidades-dormitórios circundantes das usinas de cana de açúcar (SILVA, 1999) e das indústrias produtoras de suco concentrado de laranja (MACIEL, 2012; 4

PEREIRA, 2015). Em nosso estudo, focalizaremos os trabalhadores rurais migrantes compreendendo-os como uma categoria operacional de análise resultante de processos de exploração e expropriação (MELLO, 1976; SILVA, 1999 e 2008; ALVES, 2006 e MENEZES, 2009), bem como, vinculados a necessidade de uma mão de obra rotativa (BAENINGER, 2012) das commodities. Conquanto, com o advento dos múltiplos rurais, Veiga (1999), Jean (2002), Kageyama (2008) salientam acerca da inviabilidade da percepção dicotômica entre rural e urbano, tanto do senso comum quanto do saber científico. O novo rural assenta-se, portanto, na alta capacidade de adaptação do campesinato frente ao avanço da monocultura (WANDERLEY, 2010), resultando na configuração da pluratividade e na consolidação das atividades nãoagrícolas no campo (FERREIRA, 2002; FUENTES, 2000). Desse modo, tomamos como narrativa primordial que a redefinição dos espaços rurais e urbanos não pode ser entendida somente por seus espaços produtivos, mas sim pela dinâmica estabelecida pela teia de relações sociais de seus mais distintos atores. A partir desse panorama, o artigo será dividido em três eixos de discussão que contemplam a dinâmica populacional e a rede urbana do Estado de São Paulo, o agronegócio e sua atuação em pequenas e médias cidades, no qual exploraremos os cenários dos municípios de Matão e Sertãozinho, e por fim a produção alternativa e orgânica. A dinâmica populacional e a rede urbana do Estado de São Paulo O Estado de São Paulo combina diferentes processos de urbanização que resultaram na conformação de distintos espaços migratórios, articulados segundo a hierarquia de sua rede urbana. Relativamente interiorizada desde os primórdios, a rede de cidades paulista ganha corpo nos anos 1920, com a expansão do complexo cafeeiro rumo ao oeste. Esse processo deu sustentação à articulação de uma primeira divisão socioespacial do trabalho no Estado colada nos três tempos da dinâmica cafeeira de incorporação de terras, que “ia continuamente 5

definindo uma velha zona, outra madura e uma nova zona” (NEGRI; GONÇALVES e CANO, 1988: p.7). À luz desse arcabouço teórico, o trabalho distingue quatro grandes territórios rurais/urbanos (ABRAMOVAY, 2000 e 2007) específicos da rede de cidades paulista (Figura 1): •

O rural próximo ou acessível (Veiga, 2006), típico das regiões densamente habitadas do Sudeste do Estado de ocupação antiga. Esse é o rural das „novas‟ atividades agrícolas (SILVA, 1999), marcado pela expansão urbana, pela „periferização‟ da população (BAENINGER, 1997) e pela entrada de novos habitantes (WANDERLEY, 2000).



O rural dos complexos agroindustriais, predominante na porção central e nordeste, de ocupação madura, atingido pelos efeitos propulsores do desenvolvimento fordista, no qual o aumento de produtividade decorrente da modernização agrícola gerou divisas drenadas pelas cidades de seu entorno, onde se conformou um processo de industrialização voltado para dentro (NEGRI, GONÇALVES e CANO, 1988);



O rural localizado em áreas de recente expansão do agronegócio no Oeste Paulista, de formação capitalista tardia, afetado somente pelos fatores de estagnação da modernização agrícola fordista. Nesse território, às margens dos eixos de desenvolvimento dos anos 1970, conformou-se a existência de inúmeros pequenos municípios, nos quais uma agricultura tradicional de base familiar pouco capitalizada vem cedendo, paulatinamente, à expansão das commodities (DEMÉTRIO, 2013).



O rural das unidades de conservação ambiental, que toma toda a porção sul e principalmente sudoeste de São Paulo (Vale do Ribeira), cujo processo de ocupação capitalista não remonta à dinâmica do complexo cafeeiro de incorporação de terras.

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Figura 1: Evolução da divisão político-administrativa Estado de São Paulo – 1920, 1960 e 1997

Região de ocupação tardia: Oeste Paulista

Sudoeste Paulista e Vale do Ribeiro: processo de ocupação capitalista não remonta à dinâmica cafeeira de incorporação de terras

Região de ocupação madura: eixo Anhanguera/Washington Luís

Região de ocupação antiga: Vale do Paraíba, Baixada Santista e Grande São Paulo (Macro Metrópole Paulista)

Fonte: Fundação Seade. Memórias das Estatísticas Demográficas

As condições pretéritas da rede urbana paulista articularam, nas distintas etapas de desenvolvimento econômico do país, as áreas rurais às áreas urbanas. Nesse sentido, os espaços rurais também compõem a rede urbana que se expande e se espalha no território paulista. Como resultado, São Paulo apresenta acentuada heterogeneidade regional, com dinâmicas econômicas apoiadas em recursos diversos e distintos pesos da indústria na determinação do crescimento urbano (NEGRI; GONÇALVES; CANO, 1988). Sobre essa estrutura socioespacial que se conformam as atuais relações rurais/urbanas no Estado.

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O adensamento do sistema urbano – longe de promover a homogeneização espacial e a diluição das diferenças entre o rural e o urbano – apenas redefine “os padrões de diferenciação espacial, alterando-os em termos da divisão territorial do trabalho” (CÔRREA, 1994, p.6667). As formas desiguais com que o rural regional se conecta ao urbano local e à dinâmica global emprestam novas características aos processos de redistribuição de população estruturantes das diferentes regiões, em uma dinâmica dialética na qual a mobilidade não apenas influencia, mas é também influenciada pela configuração do tecido social rural. Nesse sentido, a porção centro-leste do Estado (com destaque às Regiões Administrativas Central, de Ribeirão Preto e Campinas, de agricultura altamente capitalizada) tem seu processo de urbanização reforçado pela dinâmica do agronegócio, com fortalecimento de cidades médias a partir da demanda dos complexos agroindustriais relacionados principalmente à laranja e à cana-de-açúcar (Mapa 1), duas das principais commodities paulistas cuja produção concentra-se em tais regiões.

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Esse processo explica os altos níveis de urbanização estimado para tais regiões, abaixo apenas da Baixada Santista e Região Metropolitana de São Paulo (Tabela 1). Também as taxas de crescimento da população total dessas três RAs estão entre as mais altas do Estado, superiores inclusive à média registrada pela RMSP (Tabela 2). Quanto à evolução da população rural por Região Administrativa, entre 1980 e 2010, sobressai a grande oscilação das taxas referentes a Santos, São José dos Campos, Sorocaba e Grande São Paulo, fenômeno provavelmente relacionado à tendência de metropolização e periferização da população nessas espacialidades (BAENINGER, 1997; CUNHA, 2005), aos 9

problemas de classificação de situação de domicílio (RODRIGUES, 2001) e, ainda, à incorporação de novos habitantes ao universo rural, em sua maioria profissionais liberais urbanos e aposentados (WANDERLEY, 2000) (Tabela 2). As persistentes taxas de evasão demográfica do rural nas demais regiões (Tabela 2) remete à continuidade dos fatores de expulsão (SINGER, 1980), ao estoque de população rural em cada região (resultado tanto do histórico processo de êxodo rural, quanto da queda da fecundidade), bem como da dinâmica populacional puxada por suas capitais regionais (Araçatuba, São José do Rio Preto e Bauru configuram, por exemplo, importantes aglomerações urbanas do interior paulista, com processo de redistribuição espacial de população típico de áreas de conurbação urbana) (EMPLASA, 2011).

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Sob esse panorama, buscaremos nos próximos tópicos discutir qualitativamente acerca das transformações ocorridas nos espaços urbanos e rurais de cidades do interior paulista através da convivência de distintos modos de produção e de relações sociais pertencentes ao agronegócio citrícola e sucroalcooleiro, bem como, a emergência da produção alternativa.

O Agronegócio em Pequenas e Médias Cidades: Os casos de Matão e Sertãozinho. O desenvolvimento de cidades concatenado com as transformações de suas áreas rurais propiciou o surgimento de novas configurações socioespaciais que contemplam a convivência de distintos processos migratórios encadeados, por sua vez, aos desdobramentos do capitalismo nesses locais (BALÁN, 1974). A economia cafeeira possibilitou, nesse sentido, as condições necessárias para o advento de um lócus privilegiado (ELIAS, 2003) de atuação do agronegócio em pequenas e médias cidades paulistas das Regiões de Governo de

Ribeirão Preto5 e de Araraquara6, bem como, na reorganização de suas funções na rede urbana (PACHECO, 1988; SILVA, 1999; ELIAS, 2003; CORRÊA, 2006). A composição populacional de ambas as Regiões de Governo traduz-se pela predominância de municípios com menos de 20 mil habitantes, sendo os principais centrosurbanos: Ribeirão Preto (603. 774 habitantes), Araraquara (208.662 habitantes), Sertãozinho (109.936 habitantes), Matão (76.786 habitantes) e Jaboticabal (71.625 habitantes). Substancialmente, no que diz respeito à divisão territorial e espacial do trabalho relacionado ao agronegócio da cana de açúcar e da laranja, os processos de modernização agrícola e internacionalização da economia regional (BAENINGER, 1995; PIRES, 1995 e SILVA, 1999) resultaram na configuração de dois espaços centrais: as cidades dormitórios (SILVA, 1999) e as cidades do agronegócio (ELIAS e PEQUENO, 2006). As cidades dormitórios costumam se localizar nas proximidades das usinas de cana de açúcar e das propriedades dos citricultores e das indústrias processadoras de suco de laranja. Destacamos os casos dos municípios de Dobrada e Guariba dada considerável expressividade de trabalhadores rurais migrantes da cana de açúcar empregados, majoritariamente, pelo grupo Raízen, que residem ora em casas e em cômodos alugados via contratos verbais (PEREIRA, 2015), ora em alojamentos disponibilizados pela usina (SILVA, 1999). A cidade de Dobrada7, rodeada de plantações de cana de açúcar, se caracteriza pela presença massiva de pernambucanos, particularmente oriundos da zona rural de Vitória do Santo Antão, nos bairros de Santa Carolina e da Vila Norberto. Há a predominância do sexo 5

Altinópolis, Barrinha, Brodowski, Cajuru, Cássia dos Coqueiros, Cravinhos, Dumont, Guariba,Guatapará,Jaboticabal,Jardinópolis, Luís Antônio, Monte Alto, Pitangueiras, Pontal,Pradópolis, Ribeirão Preto, Santa Cruz da Esperança, Santa Rosa do Viterbo, Santo Antonio da Alegria,São Simão,Serra Azul, Serrana, Sertãozinho e Taquara. 6 Américo Brasiliense, Araraquara, Boa Esperança do Sul, Borborema, Cândido Rodrigues, Dobrada, Fernando Prestes, Gavião Peixoto, Ibitinga, Itápolis, Matão, Motuca, Nova Europa, Rincão, Santa Ernestina, Santa Lucia,Tabatinga,Taquaritinga e Trabiju. 7 Pesquisa de campo realizada no âmbito do Observatório das Migrações em São Paulo, no período de Julho de 2012, em parceria à pesquisadora Lidiane Maciel.

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masculino na população de trabalhadores rurais migrantes em decorrência da seletividade migratória e laboral do trabalho no eito (SILVA, 2008; MENEZES, 2009). Conquanto, constatamos tanto a existência de mulheres empregadas como cortadoras, quanto o emprego dessa população em outros setores da economia local. Guariba, por sua vez, palco de lutas trabalhistas históricas dos bóias-frias na década de 1980 (SILVA, 1999), tornou-se uma préreferência empírica para os estudiosos da área de migrações internas e trabalho rural. No caso das cidades do agronegócio destaca-se Sertãozinho8, Cidade do Agronegócio Sucroalcooleiro (ELIAS, 2003), que possuí uma economia movimentada pelas Usinas Santa Elisa, Santa Adélia e Santo Antônio. Seu espaço intra-urbano (VILLAÇA, 2011) é circundado pelas usinas e pelas plantações de cana de açúcar. Em mesma medida chamamos a atenção Matão9, Cidade do Agronegócio Citrícola (ELIAS, 2003). O desenvolvimento econômico e crescimento populacional dessa localidade atrelaram-se ao surgimento do complexo agroindustrial citrícola, ilustrado pelo início das atividades da Citrosuco Paulista, bem como, a consolidação das indústrias de implementos agrícolas gerenciadas por famílias descendentes de imigrantes italianos, espanhóis e portugueses desde o século 20 (PEREIRA, 2015). Observamos pela Tabela 3 que o município de Sertãozinho apresentou um crescimento populacional considerável no decênio de 1980-1991, de 3,83% a.a., sua população passou de 51. 203 habitantes para 78.266 habitantes, chegando à 94.499 habitantes em 2000 e 103.936 habitantes em 2010. A população rural de Sertãozinho teve seu maior decréscimo nos decênios de 2000-2010, com o declínio de 10,91% a.a., traduzido na passagem da população rural de 4.126 habitantes para 1.300 habitantes. Em contrapartida, a população urbana cresceu em média 2,53% a.a. de 1980 a 2010, passando de 45.130 habitantes para 108.863 habitantes. 8

Pesquisa de campo desenvolvida no âmbito do Observatório das Migrações em São Paulo, em agosto de 2015, em parceria aos pesquisadores Osmar Gonçalves Pereira (FCLAr/UNESP) e Leonardo Reis (UFSCar). 9 Pesquisa de campo desenvolvida no âmbito do Observatório das Migrações em São Paulo entre os meses de Novembro de 2010 à Janeiro de 2014 em parceria aos pesquisadores Osmar Gonçalves Pereira e Lidiane Maria Maciel.

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Tabela 3: População residente nas Regiões de Governo de Ribeirão Preto e Araraquara e nos centros-urbanos de Sertãozinho e Matão (1980-2010).

Unidade Geográfica RG de Ribeirão Sertãozinho RG de Araraquara Matão

1980 654.794 51.203 326.700 37.822

1991 892.884 78.266 443.409 63.154

2000 1.058.652 94.499 512.664 71.669

2010 1.246.046 109.936 569.405 76.743

Fonte: Informações dos Municípios Paulistas. Fundação SEADE. Censos Demográficos de 1980, 1991, 2000 e 2010.

De maneira semelhante à Sertãozinho, a cidade de Matão/SP destacou-se pelo um período de amplo crescimento no decênio de 1980-1991 com o acréscimo populacional de 4,77% a.a., esse processo representou a expansão e espraiamento da cidade (ELIAS, 2003). Conquanto, a expressividade do crescimento populacional municipal diminuiu nos decênios de 1991-2000, 2000-2010 não acompanhando os níveis e a intensidade observada em Sertãozinho, passando de 1,42% a.a. para 0,69% a.a, simbolizando um acréscimo populacional de 13.589 habitantes. Conquanto, vale o destaque para a alta rotatividade migratória presente em ambos os municípios analisados. De acordo com Pereira e Demétrio (2014), Matão e Sertãozinho apresentam saldos migratórios interestaduais positivos graças à alta expressividade das trocas com o Nordeste. Nesse sentido, é central para as autoras a importância das relações entre os trabalhadores nordestinos do corte de cana de açúcar e da colheita da laranja, e a conexão dessas regiões frente ao mercado internacional de commodities. No âmbito dos espaços intra-urbanos (VILLAÇA, 2011) municipais destacamos que a década de 1980 configurou-se como palco de transformações intra-urbanas conjecturadas a articulação de interesses públicos e privados de reorganização do espaço. Em Matão, o surgimento de novos bairros, como o Jardim Popular, constituídos a partir de parcerias público-privadas contemplavam as esferas municipais e estaduais, bem como, a atuação da 4

Citrosuco Paulista. O principal objetivo dessa parceria era a erradicação das favelas e realocação da população de baixa renda no município através da cessão de terrenos ou vendas a preços módicos, pouco a pouco, os trabalhadores rurais e urbanos de origem migrante passaram a se concentrar nos bairros mais afastados do centro e com fácil acesso às rodovias estaduais (PEREIRA, 2015). Cenário semelhante foi observado em Lucas do Rio Verde (MT)10, expoente do agronegócio do complexo carnes e grãos, através da constituição do bairro de trabalhadores da BRFoods no distrito industrial do município. O bairro Luiz Carlos Tessele Júnior surgiu a partir de uma parceria entre a Sadia, o banco Concórdia e prefeitura municipal, e abriga as famílias dos trabalhadores migrantes que atuam, particularmente, no “chão” de fábrica. Em Sertãozinho, notamos a tendência de concentração dos cortadores de cana de açúcar no bairro Alvorada e no distrito Cruz das Posses, tal qual como demonstrado no trabalho de Pires (1995). Ambos os lugares são próximos as plantações de cana de açúcar e localizam-se adjacentes às vias intermunicipais. De mesmo modo, São Carlos/SP também apresenta configurações similares em seu espaço intra-urbano (VILLAÇA, 2012) tal como observado em campo11 e pelos estudos de Silva (2006) e Maciel (2012). Segundo as autoras, a população de paranaenses, mineiros e nordestinos que possuem trajetórias laborais vinculadas à colheita da laranja se concentra nos bairros pertencentes a “Grande Aracy”. Como destaca Villaça (2001, p. 15) “há certos processos sociais nos quais espaço e sociedade estão de tal forma imbricados que é impossível entender as relações sociais sem a visão espacial”. Nesse sentido, é indispensável a compreensão da localização das residências, temporárias ou não, dos trabalhadores rurais migrantes nas cidades para a percepção da 10

Pesquisa de campo realizada em Julho de 2015, no contexto do projeto Urbanização e Processo Espacial do Cerrado: “Follow up” do caso Lucas do Rio Verde (MT), em parceria as pesquisadoras Carla Craice, Kelly Camargo e Sofia Furtado da Unicamp. 11 Pesquisa de campo realizada em Julho de 2012, no âmbito do Observatório das Migrações em São Paulo, em parceria à pesquisadora Lidiane Maciel.

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conjuntura na qual se inseria o espaço intra-urbano no momento em que surgem os bairros considerados como “lugares dos bóias-frias” (SILVA, 1999) ao que nos propomos re-nomear como periferias migrantes. As periferias migrantes surgem no contexto de expansão urbana das cidades do agronegócio (ELIAS e PEQUENO, 2006 e 2007; ELIAS, 2011 e 2012) ou de centros-urbanos inseridos em redes urbanas beneficiadas e pertencentes aos circuitos espaciais produtivos (SANTOS, 1988) do agronegócio. De acordo com Elias (2012), podemos entender o espaço urbano como produto das interações entre processos naturais e relações sociais de produção, bem como, das interações dos agentes produtores do espaço urbano através das formas de moradia. A permanência da população de migrantes “permanentemente” temporários (SILVA, 2008) nas cidades do agronegócio paulista estudadas associa-se as redes de relações entre os trabalhadores rurais migrantes compostas por indivíduos pertencentes a distintos processos migratórios. A obtenção da moradia no interior paulista pelos trabalhadores rurais migrantes baseia-se em contratos verbais de aluguel, sendo a cobrança realizada, em geral, por cômodo ou por “cabeça”. As residências localizam-se majoritariamente, como pontuamos anteriormente, em bairros afastados do centro da cidade, com condições mínimas de saneamento básico e próximas as vias de acesso as rodovias. Não raramente observamos casos de autoconstrução, de domicílios improvisados e de compartilhamento do terreno entre famílias de trabalhadores rurais. Ainda que o estabelecimento em moradias temporárias e precárias corrobore para a consolidação da distinção entre estabelecidos e outsiders (ELIAS e SCOTSON, 2000; DAWSON, 2013), notamos a ocupação de espaços importantes como as feiras semanais, as quais reúnem produtores assentados, comerciantes de produtos das tradicionais casas do norte, eletroeletrônicos e roupas. Essas feiras contam com a participação expressiva dos 6

trabalhadores rurais migrantes sendo considerada parte integrante da rotina semanal dessas pessoas. A circulação dessa população pelas feiras merece destaque, particularmente por ela se configurar como prática social em distintos espaços da migração. Em pesquisa de campo realizada em Jaicós12, no interior do Estado do Piauí, constatamos que a “Feira de Segunda” apresenta-se como importante espaço de convivência da população de trabalhadores rurais migrantes. A segunda-feira tornou-se não somente o dia da “feira”, mas o momento dos residentes das comunidades rurais comercializarem sua produção – artesanal e de alimentos –, e acessarem os serviços de saúde e administração pública. Ademais, destaca-se que a circulação dos produtos agroalimentares típicos da região do Nordeste brasileiro (farinha, rapadura, coentro, dentre outros) tornou-se perceptível em distintos momentos da realização dessa pesquisa.

A Produção alternativa no interior paulista: Do produtor aos consumidores. Neste subtópico versamos sobre as ressignificações e as reconfigurações dos espaços rurais e urbanos do interior paulista focalizando nas experiências de agricultura alternativa e familiar, conectadas com as transformações postas pela sociedade contemporânea, as quais incitam pensar os espaços, as atividades e os atores sociais a partir de novas categorias de análise. Por atividades alternativas, compreendemos atividades que se distanciam e se diferenciam daquelas comumente difundidas pela agricultura moderna e convencional. Trataremos, assim, de exemplos empíricos e experiências associadas a agricultura orgânica pautada em organizações auto-gestadas, bem como, em associações de agricultores familiares.

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Pesquisa realizada, no âmbito do Observatório das Migrações em São Paulo, em parceria à pesquisadora Lidiane Maciel nos meses de Julho de 2012 e Dezembro de 2013.

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A percepção dicotômica entre cidade e campo se enfraqueceu graças as transformações associadas ao desenvolvimento da globalização, das mudanças dos padrões alimentares e das relações entre produção e consumo, impactando nas formas de ver e pensar o rural e sua relação com o urbano (JEAN, 2002; FUENTES, 2000) . De maneira subseqüente, de acordo com Jean (2002) os valores relacionados ao „rural‟ e os valores relacionados ao „urbano‟ se sobrepuseram e se tornaram interdependentes, redesenhando a antiga divisão epistemológica desses mundos. O rural, quando percebido como bucólico pelos indivíduos, demarcava valores associados a um modo de vida e ao contato com a natureza, polarizando a agitação, o aceleramento das relações, e a artificialização dos ambientes urbanos. Como apontam Veiga (1999) e Kageyama (2008) o debate se delineia, portanto, a partir da desconstrução do rural constituído vis-à-vis de suas atividades produtivas. Assim, segundo os autores outras atividades passam a compor as experiências vivenciadas nestes espaços, expandindo seus significados. Tornando-se relevante o rural como espaço de lazer e turismo, onde é viabilizada a “reconexão” com o natural e com o passado, com a lembrança da infância, da visita aos avôs ou da vida junto aos pais. Desse modo, emergem novas sociabilidades e novos espaços produtivos que configuram ampla e complexa rede de atores sociais (WANDERLEY, 2009; FERREIRA, 2002; CARNEIRO, 2007). Nessa conjuntura, e à revelia do processo modernizador e da padronização das formas de produção e consumo característica da produção de commodities, emergem experiências alternativas que propõe a reconfiguração das relações entre rural e urbano, apoiadas em aspectos como a valorização do natural em oposição ao artificial e da proximidade em lugar do distanciamento (CONTRERAS, 2005; LAZZARATO e NEGRI, 2001; SILVA, 1999; WILKINSON, 2008). No âmbito da alimentação, observa-se um processo de diferenciação onde os consumidores, munidos de informações sobre os efeitos nocivos dos alimentos 8

industrializados, e conscientes dos riscos do uso de conservantes, aromatizantes e aditivos químicos criaram novas demandas alicerçadas em distintas formas de produção e consumo (BECK, 1999; GIDDENS, 1991). Nesse sentido, a busca de uma aproximação entre aquele que produz e aquele que consome é considerada “chave” na construção de mercados que se opõe ao modelo convencional. Sob esse contexto, os aspectos imateriais são priorizados na produção, concebendo uma transformação nas próprias práticas da produção capitalista, onde os valores e demandas que nascem na esfera do consumo, os quais são incluídos nos produtos e tornam a subjetividade elemento central na determinação de seus valores econômicos (LAZZARATO e NEGRI, 2001; GORZ, 2005). Nesse quadro, a oposição entre artificial/urbano e natural/rural é estabelecida na delimitação e construção de novos mercados (CONTRERAS, 1992, 2005; FISCHLER, 2010). Cenário constatado no interior paulista (Quadro 1) em discursos de consumidores orgânicos13, corroborando para o entendimento das raízes das experiências alternativas, uma vez que o entendimento do “orgânico” é realizado a partir da oposição à agricultura convencional.

Quadro 1: Definições dos consumidores entrevistados em entendimento dos produtos orgânicos (2015-2016). "Um produto que não é tão processado, que não contém conservante, que não é modificado geneticamente, não tem agrotóxico" (Entrevistado 8, Ribeirão Preto – Armazém orgânico). "Que não usa produtos... agrotóxicos, não usa hormônios, não usa conservantes, são colhidos de maneira natural no campo, sem nenhum facilitador" (Entrevistado 9, Ribeirão 13

Trata-se de pesquisa de mestrado em andamento e financiada pela FAPESP (Processo: 2014/24551-9) sob o título: “Espaços de comercialização e perfis de consumo: impactos nas escolhas e estratégias produtivas de pequenos e médios produtores orgânicos do interior paulista”. O campo envolveu a aplicação de questionários com 70 consumidores de diferentes espaços de comercialização das cidades de São José do Rio Preto, Ribeirão Preto e São Carlos; 7 entrevistas com organizadores de espaços de comercialização e 6 com produtores orgânicos destas cidades ou de pequenas cidades de seu entorno.

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Preto – Armazém Orgânico). "Pra mim orgânico é uma produção sem agrotóxico, sem os fertilizantes químicos das grandes empresas, são da agricultura familiar, pequena" (Entrevistado 9, Ribeirão Preto – Feira Ribeirão Shopping). Fonte: TROIANO, J. Tabulações Especiais. Capitalismo Cognitivo, Ruralidades e Pequena Produção (FCLArUNESP). 2015-2016.

Como se observa no Quadro 1, as atividades alternativas foram relacionadas tanto a pequena produção quanto a agricultura alternativa, o que já estava previsto pela literatura visto que cerca de 75% das propriedades orgânicas no país são familiares (AZEVEDO, 2012). Na tentativa de compreendermos a correlação da agricultura familiar aos modelos de produção alternativos, adotamos o conceito de novo rural que propõe elucidar acerca das mudanças na composição dos agentes e atividades pertencentes aos espaços rurais. Ou seja, a existência de um espaço multifuncional e plurativo, em oposição ao rural da grande agricultura monocultora, fornecendo uma perspectiva territorial em detrimento à antiga divisão setorial (SILVA, 1999 e CARNEIRO, 2007). Segundo Abramovay (2007), a perspectiva territorial reúne uma trama de fatores sociais, simbólicos, políticos e ambientais não se restringindo, assim, a atividade econômica. Essa conjuntura, para o autor, contribui e potencializa o desenvolvimento local e regional ao criar um ambiente propício para o desenvolvimento das novas ruralidadades. No interior paulista, particularmente nas RG de Araraquara, São Carlos, São José do Rio Preto e Ribeirão Preto; observamos uma realidade semelhante à exposta por Ambramovay (2007), especialmente, nos casos dos grupos de pequenos e médios agricultores familiares, não raramente, organizados em associações. A pesquisa14 em andamento com 19

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Pesquisa de mestrado em andamento (2015-2017- CAPES- UNESP) intitulada “Trabalho associado e pequena produção no interior paulista: comunicação e cooperação como estratégias de organização produtiva”. O objetivo da pesquisa é revelar o papel de organizações associativas no aperfeiçoamento e na construção de possibilidades políticas, sociais, econômicas e simbólicas para a produção familiar a partir da perspectivados próprios atores

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produtores familiares nessas localidades apontou a existência de 12 casos em que cerca de 80% da renda familiar é proveniente da agricultura. Outro dado importante é que nove entrevistados revelaram exercer outras atividades além da agricultura, sendo que desses, cinco exercem atividades consideradas não-agrícolas. Por outro lado, estudos realizados com 23 produtores orgânicos do interior paulista15 indicam que 14 dos produtores entrevistados vivem somente com a renda proveniente da agricultura. Ademais, 8 dos agricultores orgânicos declararam realizar outras atividades profissionais, todas elas não-agrícolas e praticadas em meio urbano. Ainda em relação aos dados dos 19 produtores associados de Boa Esperança do Sul, Taquaritinga e Ibitinga, sete possuem entre 36 e 45 anos, cinco entre 46 e 55 anos, e restantes entre 56 e 66 anos.

Do mesmo modo, 9 cursaram ou estão cursando Ensino Superior, 6

declararam ter Ensino Médio Completo e outros 2 Ensino Médio Incompleto, 2 declararam ter completado até o Ensino Básico e nenhum dos entrevistados declarou ser analfabeto (a). Dados similares são verificados junto aos produtores orgânicos entrevistados, sete deles tem entre 25-35 anos, cinco entre 36-45 anos, e outros sete de 46-55 anos, sendo que o entrevistado mais velho possuía 68 anos. Em relação a escolaridade, 9 cursaram o ensino superior, e outros 10 ensino médio completo, sendo que nenhum deles é analfabeto. Em suma, os dados revelam, ao contrário do que costumam mostrar pesquisas pautadas em realidades tradicionais, que as atividades ditas “alternativas” se apoiam na participação e importância de produtores mais jovens e escolarizados.

envolvidos. Para tanto, focaliza-se experiências localizadas em três cidades do interior paulista: Boa Esperança (microrregião e Araraquara) e Ibitinga e Taquaritinga (microrregião de Jaboticabal) 15 Conjunção de dados de duas pesquisas, totalizando o número de 24 produtores entrevistados,17 deles em pesquisa de iniciação científica realizada entre 2013 e 2015 ((Processo FAPESP: 2012/20042-7) intitulada “A subjetividade do novo agente produtivo-consumidor na produção orgânica: o caso do Instituto ANNONA de Agricultura Sustentável”, financiada pela Fapesp (Processo: 2012/20042-7); e outros 6 em pesquisa de mestrado já mencionada em nota de rodapé.

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Parte significativa dos entrevistados nos dois grupos de produtores afirmou ter participado de cursos de capacitação técnica oferecidos por instituições como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), Sindicatos rurais, as Faculdades de Tecnologia (FATEC) locais, as prefeituras locais, dentre outras instituições públicas. Ademais, destacamos a centralidade de algumas políticas públicas corresponsáveis pela dinamização das atividades agrícolas, engendrando ambientes favoráveis para novas formas de desenvolvimento e implantação de novas atividades, tais quais: o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) de 1955, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) de 1996, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) de 2003 e o Programa Paulista da Agricultura de Interesse Social (PPAIS) de 2011. A nova dinâmica territorial (ABRAMOVAY, 2000) ilustrada por agentes pluriativos e propriedades multifuncionais permite a observação do processo de mobilização de capitais (simbólico, político, social e econômico) que difere da tradicional perspectiva setorial das atividades do campo, caracterizada essencialmente pela dinamização do capital econômico. Constatamos, portanto, a emergência de organizações associativas formadas por produtores familiares, incentivados por políticas públicas expressivamente pelo PRONAF 16, a organizarem e gerirem coletivamente sua produção. Não obstante, em relação ao campo do consumo, constatamos simultaneamente experiências de cooperação e associação que enfocam atividades diferenciadas. Esses são os casos das associações de produtores pesquisadas: a Associação de Produtores Rurais da Agricultura Familiar de Taquaritinga, a Associação de Apicultores de Boa Esperança do Sul, a Associação de Produtores Rurais de Ibitinga; também dos coletivos de consumidores 16

Entre os anos de 2002 e 2009 o número de associações vinculadas ao Programa Estadual Microbacias Hidrográficas II quase triplicou, passando de 175 associações a 520. (Revista Casa da Agricultura, 2011).

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acompanhados como o CSA (Comunidade que Sustenta a Agricultura em São Carlos)17. Assim, a ação coletiva que se concretiza via organização dos produtores e dos consumidores se expressa como parte da mobilização produtiva da nova organização da agricultura e de seus agentes diante do avanço e predomínio da monocultura. No que tange aos produtores orgânicos, em decorrência as dificuldades de comercialização de seus produtos enfrentadas em pequenas cidades vista a menor sensibilização do consumidor, tornou-se comum a venda em grandes centros-urbanos, particularmente, em São Paulo. No entanto, esse cenário começou a se modificar dado o crescimento da procura por produtos alternativos acompanhada da conscientização da população das cidades médias. Os levantamentos realizados pesquisas nos centros-urbanos de São Carlos, de Ribeirão Preto e de São José do Rio Preto, demonstram que os consumidores de orgânicos são em sua maioria do sexo feminino, casados, e com altos níveis de escolaridade e renda. Esse quadro enfatiza a relevância dos capitais culturais e econômicos no delineamento de atividades alternativas, na medida em que demarcam diferenciações sociais (BOURDIEU, 2003). As motivações para o consumo destes produtos (Quadro 2), por sua vez, estão associadas especialmente a saúde, ainda que apareçam discursos relacionados à preservação ambiental, e a justiça social (via pequena produção e/ou agricultura familiar).

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A CSA – Comunidade que sustenta a Agricultura – é uma experiência associativa de novo tipo, que envolve uma produtora e consumidores de São Carlos. Se aproxima do que se compreende como Grupo de Consumo ou Cooperativa de Consumo, todavia se diferencia à medida que busca uma proximidade e mesmo afetividade entre produtores e consumidores o transpassa esses agentes da posição de simples consumidores para a de coprodutores.

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Quadro 2. Motivações para o consumo de produtos orgânicos por parte dos consumidores entrevistados (2015-2016). "Entender o impacto da agricultura convencional comparada à agricultura orgânica tanto no meio ambiente, quanto na saúde" (Entrevistado 3, São Carlos – CSA). "Pela saúde, você é o que você come!” (Entrevistado 4, São José do Rio Preto – Pão de Açúcar). "A vontade de combater o agrotóxico, de ingerir menos veneno. E dar importância aos produtores locais". (Entrevistado 4, Ribeirão Preto – Feira Ribeirão Shopping). Fonte: TROIANO, J. Tabulações Especiais. Capitalismo Cognitivo, Ruralidades e Pequena Produção (FCLArUNESP). 2015-2016.

É possível assim ultrapassar alguns limites pré-estabelecidos das interpretações clássicas marxistas acerca do consumo como alienação e subjugação dos sujeitos ao mercado e da liberdade total apreendida pela teoria econômica neoclássica. A agência do indivíduo, concatenada à situação intermediária pela qual o consumo é admitido como atuação política e ambientalização das práticas de consumo é então colocada em evidência. Sendo acompanhada pela consciência dos potenciais riscos à saúde de produtores e consumidores, e pela justiça social do trabalho empregado na produção, traços que são constatados nas falas dos consumidores entrevistados (PORTILHO, 2005; BECK, 1999). Sob essas inferências, torna-se factível refletirmos acerca das tensões e condicionantes das mútuas relações entre rural/campo e urbano/cidade, bem como dos polos da produção e do consumo na contemporaneidade. As ressignificações destas relações envolvem uma complexa rede de transformações, que requerem também mudanças nas formas com que concebemos os conceitos e definições acerca do rural e da composição de suas relações e atividades. Em suma, essa reconfiguração, embora ainda incipiente, modifica os modos de produzir e consumir, alterando com intensidade, as relações entre os espaços rurais e urbanas.

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Considerações finais: A abertura de uma agenda de pesquisa. O presente artigo se propôs a partir de pesquisas qualitativas discutir acerca dos desdobramentos do agronegócio nos espaços intra-urbanos de pequenas e médias cidades e da emergência de novos atores e significados no rural paulista. A percepção de relações dinâmicas entre o campo e a cidade corrobora para a negação interpretações dicotômicas de dissociação destes espaços. Se por um lado o agronegócio permanece como agente hegemônio nas delimitações das dinâmicas populacionais, migratórias e econômicas do rural paulista, e inclusive na constituição da rede urbana e dos territórios municípais, pouco a pouco com a tomada da consciência ecológica (LEFF, ANO) os consumidores urbanos articulam-se aos produtores alternativos para a constituição de novas simbologias e vivências tanto nos espaços rurais quanto urbanos. Ao mesmo tempo, a ocupação dos espaços de comércio por intermédio dos migrantes nordestinos e mineiros nas cidades e suas identidades vinculadas à pequena produção nos locais de origem corroboram para a constituição da presença social dessa população em espaços intra-urbanos delineados pelas elites agrárias tradicionais (ELIAS, 2003). As periferias migrantes, nesse sentido, se configurariam como expressões e produtos de sociedades do agronegócio (BERNARDES, ANO). Por fim, temos que as imbricações existentes entre os integrantes dos distintos processos migratórios envolvidos culminam, de mesmo modo, nas reorganizações dos espaços intra-urbanos através das formas de moradia e da constituição das “periferias migrantes”.

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