PEREIRA, Mateus H. F. Almanaque Abril: A máquina da memória. Observatório da Imprensa (São Paulo), 16 mar. 2010

June 28, 2017 | Autor: Mateus Pereira | Categoria: History, Historiography, História, História do Tempo Presente, Historiografia, Almanaques
Share Embed


Descrição do Produto



$PiTXLQDGDPHPyULD_2EVHUYDWyULRGD,PSUHQVD±9RFrQXQFDPDLVYDLOHUMRUQDOGRPHVPRMHLWR

Quinta-feira, 24 de Setembro de 2015

Observatório

Seções

ISSN 1519-7670 - Ano 19 - nº869

OI na TV

Vídeos OI

OI no Rádio

Blogs OI

Serviços

Contato













Busca avançada Edição nº 869

Edição nº 868

Edição nº 867

Edição nº 866

Edição nº 865

Anteriores >>

Curadoria de Notícias

FEITOS & DESFEITAS > ALMANAQUE ABRIL

A máquina da memória

Monopólios na internet

Por Mateus Henrique de Faria Pereira em 16/03/2010 na edição 581

As mega corporações da internet ameaçam a “liberdade de mercado” e as leis anti-monopólios nos EUA. É o que garante o economista norte-americano ,Robert Reich, em artigo recomendado por Carlos Eduardo Lins da Silva Saiba mais

7ZHHWDU



&XUWLU



0

0 comentários

O ano de 2010 está sendo considerado pelas associações de historiadores profissionais o momento decisivo de uma longa luta pela regulamentação da profissão de historiador. Em agosto do ano passado, o senador Paulo Paim (PT-RS) apresentou o projeto de lei do Senado 368/2009 que visa a contemplar as demandas da categoria. Curiosamente, na mesma época, assistíamos à desregulamentação profissional para o exercício do jornalismo no Brasil. Essa situação paradoxal me interessou especialmente, visto que há algum tempo venho refletindo sobre algumas das (im)possibilidades de articulação entre a história e o jornalismo. No fim de 2009, lancei pela Edusc o livro Máquina da Memória – Almanaque Abril: o tempo presente entre a história e o jornalismo. Gostaria de compartilhar com os leitores do Observatório da Imprensa algumas das conclusões a fim de contribuir para os debates, reflexões e lutas em curso. Mas também acerca das relações tensas, plurais e relevantes entre historiadores e jornalistas. O livro pretende compreender e explicar o sucesso e a popularidade de um dos mais bemsucedidos anuários jornalísticos que, em sua campanha publicitária de 1984, definiu-se como uma máquina da memória – o Almanaque Abril. O que era lembrado e o que era esquecido por esse livro-máquina? A partir dessa questão-problema, procurei pensar sobre algumas outras: como jornalistas e historiadores usam o passado, abusam dele e o representam? Os historiadores detêm o monopólio do passado? Por quais razões uma história dita factual, tradicional e cronológica é desejada e solicitada pelos leitores de textos históricos? ‘Trabalho de luto’ Na medida em que estudávamos a relação que o Almanaque estabelecia com outros saberes, percebemos que nosso trabalho procurava pensar a pluralidade dos modos de representação do passado no presente histórico, tendo em vista a transformação da história em memória e viceversa. Partindo da hipótese de que a história no Almanaque Abril está situada no cruzamento entre o discurso jornalístico, o conhecimento histórico acadêmico e a história ensinada, procuramos analisar a permanência de uma história dita ‘positivista’ nas páginas da publicação. Buscamos mostrar que, no Almanaque Abril, a história era uma representação do passado ‘controlada’ pela cronologia. Esta, como a principal marca de historicidade que a publicação utilizava, era um elemento fundamental no estabelecimento do ‘contrato de verdade’ entre a obra e o leitor. Essa representação do passado era, entretanto, imbuída de autoridade e tensão, uma vez que o próprio Almanaque mostrava, ao introduzir boxes explicativos, que a análise puramente cronológica era insuficiente para compreender a história. Essa ambigüidade, também presente nos dilemas referentes ao ensino de história, foi importante para a construção da legitimidade da publicação frente a alunos e professores de história. Foram feitas algumas análises de como os historiadores e o Almanaque Abril trataram os eventos históricos, a partir de uma divisão possível do tempo presente entre ‘tempo acabado’ e ‘tempo inacabado’. O ‘tempo acabado’ corresponde à ‘história do passado próximo’, período onde se começa a consulta aos arquivos, onde ainda há memória de vivos e os historiadores profissionais começam a ter ‘monopólio da história’. E o ‘tempo inacabado’, à ‘história contemporânea’, momento onde se ainda está na onda de choque do ‘evento traumático’, onde o evento busca sua denominação e onde os diversos grupos interessados em construírem representações do passado entram em ‘conflito’. Nele, a dificuldade não é simplesmente conceituar bem, mas fazer corretamente o ‘trabalho de luto’, tanto por parte dos jornalistas, como por parte dos historiadores.

Textos recomendados

Google e Twitter lançam novo aplicativo de curadoria Textos recomendados

É para concorrer com os já lançados pelo Facebook, Apple e Snapchat. É um aplicativo em código aberto e que mantém a publicidade original do veiculo de onde o conteúdo foi extraído. Recomendado por Carlos Castilho Saiba mais

Êxodos e holocaustos na Europa Textos recomendados

“É impossível ser europeu sem reconhecer as tentativas de aniquilação de grupos de europeus por outros europeus” é a frase chave do artigo recomendado por Alberto Dines e publicado no El País. Saiba mais

O que desejam as audiências locais? Textos recomendados

Pesquisa nos EUA revela surpresas nos hábitos de consumo de notícias locais, como mostra um artigo recomendado por Carlos Eduardo Lins da Silva. Saiba mais

Trump e as doações de campanha Textos recomendados

O milionário Donald Trump diz que é o único dos 15 pré-candidatos republicanos na campanha para as eleições de 2016 nos EUA que não depende de doações de campanha. No passado, Trump financiou alguns de seus hoje adversários e deu dinheiro até para os democratas. Veja os vídeos recomendados por Gabriel B. Guidotti. Saiba mais

57% acessam a Web diariamente no Brasil Textos Recomendados

Mais da metade da população brasileira (57%) utiliza a internet todos os dias. Apesar disso, três em cada dez brasileiros (27%) não acessam a web. Veja detalhes no texto recomendado por Celestino Vivian. Saiba mais

Fazemos história porque somos históricos Concluímos que é necessário, pelo menos para os historiadores, compreender e aceitar a pluralidade irredutível das histórias. Desse modo, mostramos que a publicação incorporou uma produção historiográfica legítima. O texto do Almanaque foi nutrido, muitas vezes, por conceitos e discussões consagradas, cristalizadas pela historiografia. Mesmo que o jornalista, ou o consultor do capítulo de ‘História’ do Almanaque, pretendesse imprimir uma objetividade à narrativa, esta por si mesma – e pela cronologia que lhe servia de base – já implicava, implícita ou explicitamente, um viés interpretativo por parte da publicação. O objetivo era explicar o que aconteceu!

KWWSREVHUYDWRULRGDLPSUHQVDFRPEUIHLWRVGHVIHLWDVDPDTXLQDGDPHPRULD





$PiTXLQDGDPHPyULD_2EVHUYDWyULRGD,PSUHQVD±9RFrQXQFDPDLVYDLOHUMRUQDOGRPHVPRMHLWR

aconteceu!

Mais vistos

Na medida em que o tempo em nossa sociedade é entendido como uma continuidade, provavelmente uma das funções do Almanaque era (e ainda parece ser) dar chaves de acesso para pensar o devir, pois sua narrativa histórica poderia contribuir para compreender e explicar os eventos futuros. Talvez seja por esse motivo que uma concepção de história tradicional seja desejada pela sociedade: ela conforta o homem, pois dá o sentido de continuidade à história e à existência! Afinal, como nos ensina José Saramago, ‘sem o futuro, o presente não serve para nada, é como se não existisse’. De qualquer maneira, os efeitos políticos de uma concepção de história continuista podem não ser positivos de uma perspectiva progressista. Daí surge uma questão que une historiadores e jornalistas: como articular continuidade e descontinuidade. De algum modo, nosso trabalho nos mostrou que, por mais que nós, historiadores, nos esforcemos por monopolizar as relações do homem com o passado, elas extrapolam os objetivos e funções do nosso campo. A pluralidade das representações do passado no presente, que perpassa as páginas do Almanaque e que está na confluência entre o saber histórico escolar, o saber histórico acadêmico e o jornalismo, responde a diversas demandas e lógicas desse ser histórico que é o homem. Essas representações acrescentam dimensões existenciais à vida dos homens. Elas podem ser apropriadas de forma singular por cada indivíduo e/ou grupo, e servem para estruturar nossa vulnerável condição histórica de existir e de ser no mundo. Afinal, nós fazemos a história e fazemos história porque somos históricos.

1

O construtor em tempos líquidos

2

Um pontapé na consciência de todos nós, jornalistas

3

No meio do caminho havia Petra Laszlo

4

Papa em Cuba, Opus Dei na retranca

5

A piscina que liberta e aprisiona

Responsabilidades coletivas E é exatamente por fazermos história que penso que a profissionalização do ofício do historiador é necessária. A história enquanto escritura pode até extrapolar o campo da história, mas, apesar disto, é preciso que se procure apreender em instituições formais a lidar e construir representações do passado comprometidas com a verdade ou pelo menos a verossimilhança do que ocorreu. Tal fato não precisa excluir a transgressão de fronteiras disciplinares, mas possibilita a criação de melhores condições práticas e materiais para seu exercício, sobretudo em espaços diretamente ligados à formação para a cidadania: no exercício do magistério na escola básica e em instituições de memória/patrimônio. A regulamentação profissional da história não está diretamente relacionada com o desejo de ‘monopolizar’ o passado. Ela deve ser defendida como uma busca de construção e consolidação de direitos em campos de trabalho vulneráveis e desvalorizados. Mas não existe ‘regulamentação’ capaz de substituir o compromisso ético e político por parte de historiadores e jornalistas. Desse modo, tal regulamentação poderá nos auxiliar a debater de forma mais lúcida e politizada (como creio que deveria acontecer com os jornalistas profissionais) as responsabilidades do historiador expert e as funções sociais da história-disciplina. Creio, ainda, que a defesa da profissionalização da história e do jornalismo é uma forma de criarmos também responsabilidades coletivas.

7ZHHWV

6HJXLU

2EVHUYDWyULR,PSUHQVD££££££££  #REVHUYDWRULR

****** Professor do Departamento de História da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) 7ZHHWDU

OI no Twitter



&XUWLU



0

P

$SURPLVFXLGDGHFRPDFDUWRODJHPQRMRUQDOLVPR HVSRUWLYRELWO\2)3J6 ([SDQGLU

0 comentários

2EVHUYDWyULR,PSUHQVD££££££££  #REVHUYDWRULR

P

2TXHTXHUR)DFHERRNGDVQRWtFLDV" ELWO\)UEFJ3

Todos os comentários

7ZHHWDUSDUD#REVHUYDWRULR

FRPHQWiULRV

&ODVVLILFDUSRU 0DLVDQWLJRV

Código Aberto

$GLFLRQDUXPFRPHQWiULR

VER TODOS OS ARTIGOS

)DFHERRN&RPPHQWV3OXJLQ

Um pontapé na consciência de todos nós Carlos Castilho

Artigos recomendados

A era digital está cobrando um preço alto dos repórteres e correspondentes destacados para cobrir eventos como a crise dos refugiados na Europa. A transparência dos atos jornalísticos agora é total, como mostra o caso da cinegrafista húngara. Saiba mais 5HFRPHQGDU

PLO

7ZHHWDU



15

Projeto de lei ameaça marco civil da internet

Canais OI Mídias móveis reoxigenam KWWSREVHUYDWRULRGDLPSUHQVDFRPEUIHLWRVGHVIHLWDVDPDTXLQDGDPHPRULD





$PiTXLQDGDPHPyULD_2EVHUYDWyULRGD,PSUHQVD±9RFrQXQFDPDLVYDLOHUMRUQDOGRPHVPRMHLWR

Mídias móveis reoxigenam a imprensa

OI no Facebook Observatório da Impre… 237.547 curtidas

Muitas perguntas, poucas certezas

&XUWLU3iJLQD

&RPSDUWLOKDU

7 amigos curtiram isso

Quando Alvin Toffler e a cantora Pitty coincidem

Reflexões sobre o papel da imagem no jornalismo

Cadastre-se e receba nossas notícias E-mail

Enviar

O Nome do Zero e Número da Rosa

SIGA O OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA Observatório

TODAS AS SEÇÕES

• História

ARQUIVO COMPLETO

• Objetivos

• Equipe

• Contato

OBSERVATÓRIO NA TV

HÁ 10 ANOS NO OI

A tragédia dos refugiados

2015

Programas anteriores

Almanaque

2014

Vídeos dos programas

Anos de chumbo

2013

Aos leitores

2012

Armazém Literário

2011

Caderno da Cidadania

2010

Caderno do Leitor

2009

Censura

2008

Cidadania

2007

Último post

Devolvam nosso sindicato

Ciência

2006

Arquivo completo

Imprensa e a farinha do mesmo saco

Ciência no Brasil

2005

cinema brasileiro

2004

Cinema e realidade social

2003

Circo da Notícia

2002

comunicação

2001

Comunicação social

2000

Congresso em Lisboa

1999

Conjuntura Econômica

1998

Conjuntura mundial

1997

Conjuntura Nacional

1996

OBSERVATÓRIO NO RÁDIO Programas Anteriores

CÓDIGO ABERTO

Três Jabutis Cisneros defende liberdade de imprensa Não há santo nesta história suja Guilherme Manechini Temperatura continua alta em Brasília Lições do desastre em Nova Orleans O grande eleitor

Um fenômeno chamado Dona Vitória

Crise na imprensa Crise política Curadoria de notícias Desenhos Falados Diálogo com Leitores Diplomacia Pontifícia Direito de Resposta Diretório Acadêmico Dossiê Digital Dossiê Murdoch - Parte 2 Dossiê Saúde Dossiê Vladimir Herzog (1937-1975) E-Notícias Edição especial: Dossiê Murdoch

KWWSREVHUYDWRULRGDLPSUHQVDFRPEUIHLWRVGHVIHLWDVDPDTXLQDGDPHPRULD





$PiTXLQDGDPHPyULD_2EVHUYDWyULRGD,PSUHQVD±9RFrQXQFDPDLVYDLOHUMRUQDOGRPHVPRMHLWR

Ensino do jornalismo Entre Aspas Entrevista Ética Jornalística Feitos & Desfeitas Grande Pequena Imprensa Hábitos de leitura Impasses na imprensa Imprensa em Questão Informação Interesse Público Jornal de Debates Jornalismo científico Jornalismo de precisão Jornalismo Investigativo Jornalismo na internet Jornalismo sindical Lava Jato Malagueta Digital Marcha do Tempo Memória Mercado editorial Mídia na CPI Modernidade Monitor Monitor da Imprensa Mosaico Mural Na Imprensa Internacional Narcotráfico Netbanca Noticiário econômico Novas tecnologias O Papa Midiático Observatório da Imprensa na TV Observatório da Propaganda Observatório, 10 anos Observatório, ano 10 OI Oito Anos Palanque do ccs Pesquisas Primeiras Edições Privacidade Programa do OBservatório na TV Programa do OI na Televisão Projeto Um Cientista Publicidade Qualidade na TV Rede Globo Redes Sociais Resenha Retrospectiva Saídas para a Mídia Speculum Televisão Tendências Tendências no jornalismo Terror & Horror Tv em Questão Uma História Violência contra jornalistas Voz dos Ouvidores

Copyright © 2015. Todos os direitos reservados. | Política de Privacidade | Termos de Uso

KWWSREVHUYDWRULRGDLPSUHQVDFRPEUIHLWRVGHVIHLWDVDPDTXLQDGDPHPRULD



Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.