PEREIRA, Mateus H. F. Tempo de debate. Fato, Contagem, junho, 2015, artigos, p. 6.

June 20, 2017 | Autor: Mateus Pereira | Categoria: History, Politics, Historia, Article
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Rene Russo dá charme a “O Abutre”, de Jake Gyllenhaal Página 7 www.editoraexpoente.com.br - Contagem e Região Metropolitana - MG | 1ª quinzena de junho de 2015 | nº 155 | Fundado em agosto de 2004 | Distribuição gratuita

Fome cai 82% no Brasil, destaca relatório da ONU

Várzea das Flores foi tema de audiência

Alair Vieira

Sério Amaral/ Divulgação MDS

A ocupação desordenada foi apontada como principal causa da poluição e do assoreamento da Lagoa Várzea das Flores, localizada entre Betim e Contagem. A situação da lagoa foi tema de audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa dia 3 de junho. Os participantes salientaram que é preciso um esforço conjunto de vários órgãos, para tentar preservar a lagoa.

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Sintracc promove 2ª Corrida e Caminhada Divulgação

Página 3 O relatório “O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo 2015”, divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), dia 27 de maio, destaca os avanços brasileiros na redução do número de pessoas em situação de fome conquistado nos últimos anos. O Brasil é o país, entre os mais populosos, que teve a maior queda de subalimentados entre 2002 e 2014, 82,1%. No mesmo período, a América Latina reduziu em 43,1% esta quantidade.

Prefeitura de Contagem cria Galpão para receber pneus a serem reciclados Página 4 Mundo De cada cinco nova-iorquinos, um depende de ajuda humanitária para comer Página 2

Arturos perdem a sua matriarca

A Rainha do Império da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário da Comunidade dos Arturos, Conceição Natalícia da Silva, carinhosamente conhecida como Dona Tetane, foi sepultada no dia 24 de maio. Dona Tetane tinha 96 anos de idade e uma de suas últimas aparições públicas aconteceu no dia 6 de maio, data em que recebeu a visita da Caravana da Cultura. Uma das filhas mais velhas de Artur Camilo Silvério e Carmelinda Maria da Silva, era Mestra do Batuque, uma das expressões culturais praticadas pelos Arturos.

O Sindicato dos Trabalhadores no Comércio de Contagem (Sintracc), promoveu a 2ª Corrida e Caminhada dos Trabalhadores no dia 31 de maio. Comerciários, atletas profissionais e amadores participaram do evento, que teve como tema “Apresse o passo, corra para a vida” e percorreram trechos diferenciados para as duas modalidades. Foram distribuídos mais de 25 mil reais em prêmios.

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Fogo no ninho tucano chamusca Aécio

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O peso da idade de FHC, um idoso sem serenidade e lucidez - Página 2

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Artigos

Fato - O melhor para você - Contagem e Região Metropolitana - MG 1ª quinzena de junho de 2015 | nº 155

De Brasília

Fogo no ninho tucano

chamusca as penas de Aécio Neves

Nem mesmo o mais ferrabrás petista de carteirinha consegue negar que o governo e Partido dos Trabalhadores andaram dando mole para a oposição. Mal feitos mal explicados, declarações comprometedoras, práticas de um republicanismo duvidoso, incapacidade total de comunicação, falta alarmante de atuação política. Tudo ao mesmo tempo, agora. O descontrole da situação chegou a tal ponto que a comunicação, unanimemente considerada falha apesar de fundamental, foi entregue a um político de experiência municipal e a coordenação política ao PMDB do vice-presidente Michel Temer. Sem falar na economia entregue a um economista oriundo do sistema bancário e o comando do Congresso perdido para dois políticos de escrúpulos que não ultrapassam a altura de um roda-pé de parede. Mesmo com este desempenho digno de um filme dos Trapalhões, o governo e o PT conseguiram uma proeza bastante esclarecedora da conjuntura política que o país atravessa: a oposição partidária consegue ser tão ruim e incompetente, que poderia não existir e as coisas continuariam do mesmo modo. E não falo da oposição representada por gente como Bolsonaro, Malafaia, Roberto Freire, Magno Malta, Mendonca Filho e demais arraia miúda que grassa no parlamento feito praga. Esta gente faz um tipo de barulho que até seus seguidores mais fiéis desconfiam ser tão consistente quanto uma bolha de ar. Além do mais, pela baixa representatividade individual, por pertencerem a partidos nanicos, só se tornam uma ameaça quando embarcam conjuntamente na canoa pilotada pelos verdadeiros formuladores das táticas e estratégias da oposição e dos interesses que ela representa, os emplumados tucanos. Mas, como na fábula, a pretensão e prepotência dos tucanos só serviu para mostrar que o rei, ou os pretendentes a rei estão completamente nus. O comportamento das principais lideranças tucanas no enfrentamento ao governo e ao PT tem sido de uma debilidade vergonhosa pela falta de consistência e pela sobra de desinteligência; pelo descontrole verborrágico e pela absoluta incapacidade de formular propostas alternativas ao que consideram o desastre administrativo e político do governo petista. Dá a impressão de que todos aqueles “sábios” com mestrados e doutorados obtidos em renomadas universidades estrangeiras acabaram sendo tomados pelos slogans vazios dos indignados contra tudo e contra todos. Mas apesar de vocalizarem as bandeiras de adolescentes desmiolados e desinformados, pedindo um impeachment da presidenta que até juristas de suas cores garantiam insustentável, os emplumados não desceram de seus pedestais de barro para botar o pé na estrada com sua massa de manobra. Os meninos indignados foram os primeiros a desertar das hostes tucanas e, principalmente, os primeiros a denunciar a farsa oposicionista peessedebista representada em todo o seus esplendor pelo comportamento errático de seu presidente Aécio Neves. Não demorou nada para ser chamado de “traidor”, “covarde” e, injúria cabível aos políticos que vivem em cima do muro, de “vacilão”. De nome de coluna que marchou de São Paulo a Brasília, mesmo que diminuta e ajudada por ônibus de carreira, Aécio Neves tornou-se hoje uma sombra pálida que vaga sem rumo e, o pior, vai-se esmaecendo mais e mais a cada passo.

No jogo para 2018, Aécio, que quase vence as eleições passadas, conseguindo uma votação que surpreendeu até ele mesmo, está sendo desidratado e comido pelos tucanos paulistas, sempre de bico aberto para abocanhar o naco de poder de que julgam ser merecedores por desígnios dos céus. A coisa, que vinha sendo tocada a fogo brando, com todo mundo fingindo que ele ainda representa uma chance de o partido chegar ao Palácio do Planalto, de uns tempos para cá passou a ser escancarada, com próceres emplumados abrindo o bico para dizer o que realmente se passa nos intestinos tucanos em relação ao senador do Leblon. As incongruências e desvarios tucanos sob a presidência de Aécio têm sido recentemente desnudadas e vocalizadas como queixa e, seguramente, como advertência. Alguns exemplos: Arnaldo Madeira, ex-vice presidente da legenda, foi à imprensa para dizer, sem meias palavras que a situação no ninho tucano está tão doida que, de tanto ser contra tudo sob o comando de Aécio, o PSDB “só falta votar contra a lei de responsabilidade fiscal” que, como se sabe, é um dos orgulhos legislativos dos emplumados. Para Madeira, “está difícil entender o partido. Em vez de defendermos conceitos, estamos fazendo uma oposição igual à que o PT fazia contra nós”. Alberto Goldman, que foi vice-governador de Serra, foi mais duro, curto e grosso:

Aécio experimenta o fogo amigo

o partido “não tem projeto de país”. E apontou o dedo para o responsável: “A falta de debate se gravou se agravou durante a gestão de Aécio à frente do partido. Questões como reforma política e mudanças previdenciárias não são discutidas e decididas pelo partido em seu foro natural e legítimo”. E para não alongar, vamos com o suave ex-ministro da Fazenda, economista Mailson da Nóbrega. Para ele, o PSDB “virou um partido incoerente”, que “decidiu patrocinar retrocessos institucionais, vota contra tudo, defende ideias que, se aprovadas, lhe cobrarão preço alto caso volte a ser governo”. E o inferno astral de Aecinho piora de vez quando se vê a verdadeira oposição, a imprensa oligopolizada, criticar abertamente seu comando à frente do PSDB. Folha de S. Paulo e O Globo já dedicaram furiosos editoriais classificando a postura neoradical dos tucanos como coisa de gente irresponsável. O governo Dilma e o PT têm lá os seus problemas, mas não são os únicos. Como se pode ver, o ninho tucano está em chamas. E, até agora, nem mesmo o grão bicudo Fernando Henrique Cardoso tem feito alguma coisa para apagar o incêndio que, seguramente, vai chamuscar primeiro as pretensões do senador do Leblon Marco Antônio Campos Jornalista [email protected]

Tempo de debate

É preciso ter consciência de que é mais eficaz pautar os políticos (bem como os setores conservadores), do que ser pautado por eles A história se repete? Ao que parece, as dificuldades de nossa democracia não parecem ser exclusiva da Nova República. Haveria uma analogia possível entre nosso atual momento e o pré-golpe de 64? A leitura de um periódico nacionalista daquela época, se atualizado o vocabulário, talvez nos faça crer que poderia também ser escrita nos dias de hoje. Em especial, pela esquerda (se ela ainda existe!). Em um trecho do jornal Semanário de 1963 os trabalhadores se queixam do Plano Trienal (ajuste fiscal daquela época?) elaborado pela dupla San Tiago Dantas e Celso Furtado (e não eram nenhum Joaquim Levy) nos seguintes termos: “o Plano Trienal, como foi elaborado, é inaceitável pelas classes assalariadas. Em primeiro lugar, porque visa, fundamentalmente, à defesa dos interesses econômicos e financeiros da burguesia industrial: procura garantir o desenvolvimento, às custas de sacrifícios maiores para as classes assalariadas” . Pouco antes, em 1960, o desembargador nacionalista Osny Duarte Pereira descrevia o sistema político nos seguintes termos: “a escolha do Presidente da República representa, em nosso regime, um jogo de grupos econômicos dispostos a comprar cabos eleitores, eleitores e órgãos de publicidade, com que aliciar as massas incautas e sem esclarecimento. [...] Isto é democracia?” Em tempos em que o conservadorismo parece pretender, nas ruas e redes sociais, se vingar do pouco que foi feito em termos de justiça social, talvez seja o caso de estimular o debate e o dissenso sobre os dilemas de ontem e de hoje de nossa frágil democracia. Ainda que a tática do impeachement também tenha sido usada pela aquela oposição para desestabilizar irresponsavelmente e, posteriormente, derrubar o governo eleito democraticamente. O Jornal o Semanário em fins de março de 1964 advertia: “ ‘Gorilas’, em pânico, querem depor o Presidente. CGT [Confederação Geral dos Trabalhadores] adverte: ‘impeachement’ será a senha para a greve geral nacional”. Se o presente for comparado ao momento do pré-golpe de 1964 poderemos encontrar algumas diferenças importantes em relação aquele passado que gostaríamos de ter deixado para trás: redução da cidadania ao consumo; desmobilização, fruto da força da ideologia neoliberal; institucionalização e cooptação dos movimentos sociais; incapacidade de renovação

das utopias e dos projetos transformadores; e transformação da política em administração. Utilizar as redes e as interações sociais criadas pela internet é um caminho que deve ser experimentado e utilizado pela sociedade civil e pelo Estado para criar e debater projetos a serem implementados e imaginados. Assim, um dos desafios dos setores progressistas de hoje é pensar e agir na direção de democratizar a democracia. Do contrário, alguns dos dilemas e soluções do passado ainda continuarão a nos assombrar. A sociedade (no interior de seus conflitos e disputas) é que deve discutir em um dissenso democrático. E não a partir do ódio e do ressentimento. Afinal, é preciso ter consciência de que é mais eficaz pautar os políticos (bem como os setores conservadores) do que ser pautados por eles. Talvez um dos fatos mais surpreendentes do nosso presente imediato é termos sido pautados por Eduardo Cunha e seus apoiadores (que parecem ter lido, gostado e deformado o diagnóstico de Marcos Nobre sobre o pemedebismo). A redução das desigualdades é necessária, porém insuficiente para enfrentarmos a onda conservadora em curso. REFORMA - Nessa direção e nesse contexto, é incompreensível o projeto de reforma do Ensino Médio (PL 6840/2013), de autoria dos deputados Reginaldo Lopes (PT-MG) e Wilson Filho (PTB-PB), que dilui as especificidades das Humanidades em nome de supostas boas intenções. A democratização do acesso ao Ensino Médio se dará por professores de filosofia ensinando história e professores de história ensinando ciências sociais. Ou seria uma reinvenção dos Estudos Sociais e a Educação Moral e Cívica da Ditadura? Ou então criaremos cursos de humanidades que não existem em praticamente em nenhum lugar do mundo onde a educação é coisa séria? Se a educação não parece ser prioridade da maioria dos políticos, em parte isso se deve ao fato de não discutirmos seus rumos nos jornais e em nosso dia a dia. Infelizmente, nos faltam Paulos Freires. Nossos desafios atuais implicam em pensarmos na esfera pública, virtudes cívicas, vida justa e submissão da economia à política em um contexto de narcisismo, consumismo e individualismo desenfreado. Só a política vivida como reconhecimento, dissenso, conflito, mobilização social e ação coletiva pode, de fato, instaurar o bem-viver coletivo e individual; autonomia; emancipação; e liberdade. Mateus H. F. Pereira Jornalista

Crítica dos Meios O idiota imodesto Nelson Rodrigues é autor de muitas frases geniais. Uma delas, “os idiotas perderam a modéstia”, relata o extremo da pobreza intelectual. Um colunista de O Tempo, Ricardo Plotek, achou-se autorizado a verberar contra governos populares, eleitos pelo voto cidadão, apenas para engrossar o time do colunismo coxinha, talvez aspirando alguma publicidade. No texto repetitivo e arrogante – “Pobres republiquetas da Esquerda do Vale-Tudo” (O Tempo, 16/05), o pobre autor inventa-se cientista político e traça pretensa análise que mistura futebol e política. Na falta do que fazer e com sua imensa falta de autocrítica, Plotek pontifica como o idiota rodrigueano, aquele que definitivamente perdeu a modéstia. É pavorosa a ameaça de ele voltar a produzir comentários desse quilate.

Sinais de desfecho na Veja

Os sinais que vazam da Editora Abril apontam para um fim próximo da revista Veja. A última leva de demissões alcançou gente coroada na publicação velhaca da Abril, editores de longo percurso e grandes salários. Foram mais de 40 demissões na empresa desta vez. Sinal dos tempos. E ao lado das demissões a transferência de títulos – já são mais de 15 – de revistas de diletantismo da Abril para a Editora Caras. Essa decisão provocou o ajuntamento de diferentes redações do resta da Editora Abril em uma mesma redação. Acabou a era da arrogância e de uma suposta prosperidade de uma editora que prima pela mentira e pela submissão dos interesses brasileiras ao império norte-americano. As revistas semanais de informação se tornaram obsoletas pela internet. Algumas, como Veja e Época, mais a primeira que a segunda, buscaram no sensacionalismo, no jornalismo de ficção e da invenção de fatos a forma de conseguir leitores. Deu errado e trouxe como principal resultado a perda de credibilidade. Daí a ser irrelevante é uma resultante inevitável , como inevitável será o fim desse lixo impresso.

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