Perfil de Atuação Profissional do Egresso do Curso de Graduação em Teatro

May 27, 2017 | Autor: Mariana Muniz | Categoria: Education, Theatre Studies
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Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Belas Artes Perfil de Atuação Profissional do Egresso do Curso de Graduação em Teatro Pesquisa desenvolvida entre 2010 e 2012. Grupo de Pesquisa: Rita Gusmão (coord.) Mariana Muniz (coord.) Daniela F. C. Cruz (bolsista) Gustavo L.A. de Oliveira (bolsista) Maria Tereza G. De Meira (bolsista) Apoio: Prograd (Gestão Mauro Braga) EBA (Gestão Luiz Souza) Corpo Docente da área de Teatro do FTC/EBA/UFMG

A proposta de conhecer o Perfil de Atuação Profissional do Egresso do Curso de Graduação em Teatro, da Escola de Belas Artes, da Universidade Federal de Minas Gerais, foi desenvolvida em reunião conjunta com o então Pró-Reitor de Graduação da UFMG, prof. Dr. Mauro Braga, em 2009. Nesse ano se desenvolviam as comemorações dos 10 anos de existência do Curso, e a pesquisa passou a fazer parte do seu retrato, que se desenhava à época, constando de conquistas e de reformulações. O universo delimitado para o estudo incluiu as modalidades Bacharelado e Licenciatura, e o período determinado foi do segundo semestre letivo de 2002, quando se deu a colação de grau da primeira turma do curso, que se iniciou em 1999, até o segundo semestre de 2009. Durante o ano de 2010 foi realizada a coleta de dados, as análises em 2011 e o resultado vem a público em 2012. Foram entrevistados mais de 95% do total de alunos formandos. O detalhamento dos aspectos metodológicos desta pesquisa se encontra descrito a seguir. Para a formação da equipe investigadora, a Pró-Reitoria contribuiu com a alocação de duas Bolsas Especiais de Graduação, de modo a que fosse inserida no projeto uma pequena equipe de alunos vinculados à graduação em Teatro. Pensa-se que esta

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inserção colaborou tanto para a formação como pesquisadores deste alunado, quanto para contemplar a visão daqueles que participam do curso diretamente na atualidade. Os bolsistas trabalharam em conjunto com a equipe de coordenação do projeto desde a elaboração do instrumento de coleta de dados, e prosseguiram até a elaboração dos resultados obtidos, em graus variados de envolvimento. É importante traçar um breve histórico do Curso de Graduação em Teatro, de modo a situar o contexto no qual o mesmo está inserido. Inicialmente, a Universidade Federal de Minas Gerais criou em 1952 um curso técnico de formação do ator, que se tornou conhecido como “Teatro Universitário”. Este curso formou várias gerações de artistas cênicos de Minas Gerais, sendo, na atualidade, o segundo curso técnico mais antigo do país em atividade. O TU continua em pleno funcionamento, e ocupa um lugar importante na formação e no estímulo à atividade teatral na cidade de Belo Horizonte. O curso técnico de formação de atores funciona desde 2008 no Campus Pampulha, e sua estrutura administrativa está vinculada à Escola de Educação Básica e Profissional da UFMG. Tem sido comum que os egressos do curso técnico dêem prosseguimento à sua formação na graduação em Teatro. A criação do Curso de Graduação em Teatro foi discutida na universidade durante aproximadamente 10 anos, até a sua efetivação em 1998, sob a reitoria do Prof. Dr. Tomaz Aroldo da Mota Santos. A comissão de criação do Curso de Artes Cênicas foi composta pelos professores: Profa. Leda Maria Martins (presidente), Profa. Sara del Carmen Rojo de la Rosa, Prof. Fernando Antonio Mencarelli, com a consultoria da Profa. Maria Beatriz Mendonça. A demanda por um curso superior em Teatro vinha se desenvolvendo na classe teatral mineira, que, apesar de longa experiência nos grupos de teatro, não encontrava um espaço de formação e pesquisa, que contemplasse o aprofundamento teórico e prático, bem como de formação docente. A comunidade acadêmica absorveu a proposta após longo debate e um processo político e administrativo muito discutido. Na sua criação, o curso denominava-se de Artes Cênicas, e passou a ser chamado Curso de Graduação em Teatro em 2006, após a primeira reforma curricular de que foi alvo. Esta reforma teve como objetivo adequar a estrutura da Graduação em Artes Cênicas às novas diretrizes legais, e se iniciou depois da sua avaliação pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, em 2003. A comissão responsável por esta reforma curricular 2

foi composta pelo Prof. Arnaldo Leite Alvarenga (presidente), Prof. Luiz Otávio Carvalho Gonçalves de Souza, Prof. Fernando Antonio Mencarelli e Profa. Rita de Cassia Santos Buarque de Gusmão, além do apoio de todo o corpo docente do curso; os professores Mônica Medeiros Ribeiro e Eugenio Tadeu Pereira assumiram o processo de implantação das mudanças, em sua gestão na Coordenação do Colegiado de Graduação. O novo currículo foi implantado a partir do segundo semestre de 2007. O pressuposto metodológico adotado foi organizado a partir da proposta de Abordagem Qualitativa 1 , onde são designadas estratégias de pesquisa com as seguintes características: 1) Questões de pesquisa não são tornadas investigáveis pela operacionalização de variáveis, em contrário, são formuladas no contínuo da investigação, em contexto, orientando-a em toda a sua complexidade; 2) Pesquisadores desenvolvem um 'foco' à medida em que progridem na coleta de dados, mas não vão ao campo para responder a perguntas específicas ou testar hipóteses; 3) Pesquisadores estão interessados no entendimento dos comportamentos sob a perspectiva daqueles que os manifestam, compreendendo o comportamento em processo e conferindo importância secundária às causas externas; 4) Pesquisadores tendem a coletar seus dados durante contato prolongado com as pessoas, nos contextos onde normalmente despendem seu tempo; 5) O sentido que o pesquisador faz, daquilo que observa, é influenciado pelas ideias que leva consigo para o campo sejam elas advindas de sua própria experiência ou da comunidade acadêmica com a qual convive, por aqueles que ele encontra no campo, e pelo papel que adota no ambiente em estudo.” (MONTEIRO, 1998, p.107)

Do ponto de vista desta pesquisa, considerou-se ser adequada a Abordagem Qualitativa porque a especificidade do campo se retrata nas estratégias, e, também, porque sendo o trabalho do artista cênico e do docente de teatro no país um campo profissional em formação, se faz necessária a compreensão simultânea da organização deste campo e da inserção dos profissionais no mesmo. Tomou-se como pontos de partida tanto a demanda social e educacional do país, quanto o projeto político 1

MONTEIRO, Roberto Alves. Fazendo e Aprendendo Pesquisa Qualitativa em Educação. Juiz de Fora: FEME/UFJF, 1998. A expressão “pesquisa qualitativa” é retomada pelo autor a partir de BOGDAN, R.C. & BIKLEN, S.K. Qualitative Research for Education: An Introduction to Theory and methods. Boston: Allyn and Bacon Inc., 1982; e HAMMSERLEY, M. The Ethnography of schooling: Methodological issues. Great Britain: Bemrose Press Ltd., 1984.

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pedagógico vigente do curso de graduação, no âmbito do qual a pesquisa se constituiu. Compartilha-se da perspectiva desenvolvida pela proposta metodológica, pensando que na pesquisa em educação a investigação qualitativa amplia a análise para além das relações de causa e efeito; a partir de seus pressupostos é possível promover a intercalação dos dados com os sentidos do processo social em andamento, bem com, perceber como os sujeitos da pesquisa vão se tornando seus atore, estabelecendo um amplo processo de envolvimento e crítica no próprio decorrer desse seu movimento de estabelecimento e/ou estabilização. O segundo passo para o desenvolvimento da pesquisa foi a consulta a documentos de base, ou seja aquele que definem as diretrizes para o funcionamento pedagógico do curso de graduação em Teatro. São eles: as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Teatro/CNE/MEC; o Projeto Político e Pedagógico de criação do Curso de Graduação em Artes Cênicas / UFMG; o Projeto Político e Pedagógico atual do curso da UFMG, vigente desde 2007; os resultados da pesquisa “Ensino de Teatro em São Luís — situação, conexões, possibilidades”, coordenada pelo prof. Dr. Arão Paranaguá. Dentre os elementos importantes constantes dos documentos, ressalta-se o perfil almejado para o egresso. Conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais/ CNE/MEC, homologadas em 2004, a Graduação em Teatro deve formar um profissional com sólida base de conhecimentos científicos, dotado de uma sólida capacidade de comunicar-se e expressar-se artisticamente. Soma-se a essas competências a criatividade, de acordo com as exigências específicas de sua área de atuação, na condição de ator/pesquisador e de professor/pesquisador de teatro. O profissional graduado em cada uma das modalidades deverá ainda estar capacitado para contribuir com o desenvolvimento artístico e cultural do País no exercício da produção do espetáculo teatral, da pesquisa e do ensino do teatro. A definição específica deste perfil não constou do projeto de criação do curso, mas passou a fazer parte do projeto após a reforma curricular de 2007. Do ponto de vista da UFMG, ao término do curso, os egressos receberão o respectivo título segundo a Modalidade por eles escolhida: Ø Modalidade Bacharelado - Bacharel em Interpretação Teatral, Ø Modalidade Licenciatura - Licenciado em Teatro

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1)

O perfil de aluno egresso almejado pelo Projeto Político e

Pedagógico do Curso de Graduação da EBA/UFMG, deve compreender: -

Uma sólida capacidade de comunicar-se e expressar-se artisticamente, com competência e criatividade, de acordo com as exigências específicas de sua área de atuação, na condição de ator/pesquisador e de professor/pesquisador de teatro.

-

Uma consistente habilidade de articular conteúdos intelectuais e sensíveis necessários à formação de cidadãos com princípios humanistas e habilidades criativas, promovendo uma transformação no meio sociocultural no qual se insere.

-

O profissional graduado em cada uma das modalidades deverá estar capacitado a contribuir para o desenvolvimento artístico e cultural do País no exercício da produção do espetáculo teatral, da pesquisa e do ensino do teatro.

Diante da proposta de perfil para o egresso e dos estudos e dos objetivos definidos para a pesquisa, foram elencados os seguintes temas como ponto de partida para a elaboração do instrumento de coleta de dados: a caracterização do perfil de egresso, cotejada com o perfil do ingresso 2 ; a percepção do mercado de trabalho, sua constituição, as peculiaridades da área e o estado da arte deste mercado na atualidade; a inserção do profissional no mercado de trabalho, suas relações com outras áreas e com a demanda social da profissão; o contexto da formação oferecida pela universidade. O método de aplicação escolhido foi entrevista orientada por questionário impresso. Foram elaboradas questões para obtenção de respostas abertas, garantindo o espaço de revisão, com o entrevistado, e de reestruturação das mesmas, por parte da equipe investigadora, na medida de sua aplicação e avaliação. 2

Por iniciativa da profa. Dra. Mariana de Lima Muniz, à época coordenadora do Colegiado de Graduação em Teatro, foi aplicado um questionário com quatro questões fechadas a todos os alunos ingressantes do Curso de Graduação em Teatro em março de 2009 e março de 2010. O primeiro tratamento destes dados foi publicado nos Anais do Confaeb/2010. Levamos em consideração o fato de a pesquisa com os ingressos começar a ser feita justamente no limite da pesquisa dos egressos, em 2009. Ou seja, estes dados são apenas orientadores, pois há diferenças de quase uma década entre o primeiro ingresso do curso e os alunos que responderam a esta pesquisa, evidenciando diferenças estruturais entre ambos, tanto de ordem política, socioeconômica, como cultural. É interessante informar que muitos dos nossos atuais alunos foram iniciados no teatro por ex-alunos da graduação em cursos livres, oficinas, atividades em igrejas, cursos técnicos, etc.

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A estruturação da análise qualitativa dos dados se dá a partir da leitura e caracterização dos temas que emergem das respostas do grupo entrevistado. Esta leitura é um processo de crítica das respostas de cada questão, onde a equipe investigadora analisa o vocabulário, os dados e a pertinência temática das respostas, na sua relação com o todo do questionário e com a questão proposta. Desta crítica surgem categorias de análise a serem generalizadas, proposições e dados quantitativos, que são manipulados para as reflexões internas à equipe e para as conclusões. Trata-se de trabalho minucioso e calcado no diálogo e na comparação entre as percepções e as informações factuais. A seguir apresentamos alguns gráficos que fazem parte da etapa quantitativa da pesquisa e que contribuem para o entendimento do perfil do egresso em seus aspectos sociais, profissionais, financeiros e em relação ao grau de satisfação com a realização da graduação em Teatro da EBA/UFMG:

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Mulheres  formadas  

Homens  formados    

41%   59%  

Educação  Básica     Rede  pública  de  BH  

Rede  privada  de  BH  

Rede  pública  fora  de  BH   Rede  privada  fora  de  BH  

17%  

29%  

17%   37%  

7

Escolha  da  Habilitação   Ambas    

Bacharelado  

Licenciatura    

42%   25%   33%  

8

Principal  Fonte  de  renda  na  área   80%   60%   40%   20%   0%  

Principal  Fonte   de  renda  na   área  

Atingiram  o  objetivo  na  realização  do   curso  de  Graduação  em  teatro  

plenamente   Em  parte   Não   Não  Sabe  

Muitos são os dados elencados por esta pesquisa e, portanto, fugiriam ao escopo do presente trabalho. No entanto, pareceu-nos importante selecionar os dados acima a fim de que o leitor possa ter uma aproximação mínima ao universo do qual estamos tratando. Parece-nos igualmente importante apresentar as principais queixas dos formandos em relação à articulação entre a formação universitária e o exercício profissional, pois estas representam os desafios a serem perseguidos. Acreditamos que estas questões não são exclusivas da UFMG, e podem servir de parâmetro para outras formações em teatro no âmbito da graduação em outras universidades brasileiras.

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A partir da análise e discussão dos resultados desta pesquisa, elaboramos um material escrito composto de cinco capítulos que compõem a versão final de nossas percepções 3 . Esse material foi escrito a partir da análise de temáticas centrais, seguindo a diretriz geral da Abordagem Qualitativa, o que levou a visões sobrepostas sobre as diversas facetas de cada tema e proposições, em graus diferenciados de abrangência, de acordo com as informações elencadas em cada um deles. Nossas Considerações Finais, que compõe parte desta comunicação, têm como objetivo relacionar as mudanças e os aprimoramentos que emergiram da análise das informações coletadas no decorrer do processo investigativo. Vários conceitos e campos de conhecimento são abordados de maneira indireta, como suportes para a ampliação das reflexões, sem que cada um seja aprofundado até o limite. Este documento está sendo levado a discussão em, pelo menos, três fóruns entre egressos, entre docentes e entre alunos atualmente matriculados, sem impedimento de participação de quaisquer interessados. Também está servindo de base para a reformulação curricular a ser proposta pelo Núcleo Docente Estruturante do Curso de Graduação em Teatro da EBA/UFMG.

A pesquisa sobre

atuação profissional dos egressos da graduação em teatro da

EBA/UFMG se referiu essencialmente a um currículo e um a um projeto pedagógico que não estão mais em vigor. Suas percepções, no entanto, foram capazes de gerar um panorama sobre o trabalho desenvolvido pelo curso, e também de demonstrar um conjunto de temas para novas pesquisas, cuja necessidade deverá ser ordenada pelo próprio corpo docente e administrativo da área, na medida da possibilidade de realização dos mesmos. Passaremos, agora, a reunir elementos para uma formulação de percurso investigativo, que possa tanto dar a conhecer o processo de implementação do curso, quanto a reflexão que se pôde desenvolver no decorrer deste estudo. As considerações que tecemos aqui buscam ser elementos de abertura e de inspiração para próximos passos deste percurso.

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Este material está em fase de finalização e sera submetido a conselhos editoriais de selos e revistas especializadas na area da Educação e da Arte.

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Como elementos a serem considerados na formulação das inovações e mudanças no curso de graduação em Teatro da EBA/UFMG, e que acreditamos servir de referência para uma reflexão curricular da graduação em Teatro, pode-se ressaltar: 1) Necessidade de formação de uma massa crítica para explorar e inserir uma proposta de código de ética para a área de Artes Cênicas no país; 2) Ampliação da oferta de formações noutras atividades profissionais da área, de modo a expandir a inserção da área na UFMG no futuro, são elas: Cenografia, Design de Som, Maquiagem, Figurino, Cenotecnia, Design de Luz Cênica e Produção; 3) Ampliação da oferta de formações noutras áreas cênicas, de modo a atender às necessidades do mundo do trabalho da cena, a garantir o necessário desenvolvimento do campo, e também a sistematização do conhecimento no Circo, na Ópera e na Performance Arte (uma vez que a Dança já faz parte da estrutura da UFMG); 4) Desenvolver a luta política necessária à ampliação do corpo docente da graduação em Teatro; 5) Analisar e desenvolver a necessária influência sobre o desenvolvimento do mercado de trabalho para o campo, seja interferindo junto aos órgãos públicos responsáveis por concursos, seja na fiscalização da contratação de titulados para a ocupação de cargos de docência nas instituições educativas e nos cargos em instituições culturais; 6) Desenvolver discussão consistente sobre o papel social do docente de Arte e de Teatro, de modo a esclarecer os profissionais em formação sobre estas questões e auxilia-los a fazer suas escolhas sem o peso dos pré-conceitos; 7) Desenvolver uma discussão ampla e múltipla sobre a apresentação e o formato dos trabalhos acadêmicos na área de Artes e de Teatro, de modo a levar a instituição universitária a compreender as especificidades do campo, e propor possibilidades outras de avaliação e de documentação da produtividade da área; 8) Promover a atualização interna à universidade sobre as discussões que vem sendo feitas em instâncias externas sobre a produção científica sobre a Arte e sobre o Teatro;

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9) Avaliar a distribuição interna aos componentes curriculares no que diz respeito às teorias, conceitos e práticas, de modo a abranger as diferentes estéticas e estar em contato com a atualidade da área; 10) Discutir e propor um processo de atividades práticas para o bacharelado que supere a necessidade formação técnico-prática inicial, considerando o público que atualmente ingressa na graduação, muito jovem e inexperiente; este processo deverá levar em consideração componentes curriculares, estágios e projetos de extensão; 11) Desenvolver uma discussão e uma intervenção junto aos órgãos colegiados para adequar as especificidades da área às diretrizes da UFMG, no que diz respeito a número de alunos por turma, forma de oferta de componentes curriculares e de notação dos mesmos; 12) Desenvolver uma discussão interna que favoreça a organização do trabalho docente, auxiliando a determinar modelos pedagógicos que protejam os docentes e sejam capazes de atender às necessidades do alunos; 13) Refletir em conjunto sobre o fato de que o profissional, e o curso de graduação, precisam agregar à formação o estudo crítico sobre o hábito e a capacidade de fruição da Arte, entendendo que o consumo cultural requer formação continuada para sua aprendizagem; 14) Investir na reflexão sobre o desenvolvimento da carreira professional a fim de auxiliar os egressos a se inserirem em mercado em formação, como é o das Artes Cênicas; 15) Compor uma rede de cursos de extensão que possam diversificar o alcance da formação regular e dar continuidade ao processo desencadeado na graduação; 16) Desenvolver um levantamento sobre as pesquisas desenvolvidas por docentes e discentes e a sua vinculação com a produção artística da universidade e da cidade. Este levantamento pode auxiliar a definir encaminhamentos para a valorização e a inserção da pesquisa prática em Artes na estrutura da universidade.

Como apontado nas respostas do grupo entrevistado, o curso não desenvolve discussão sobre a valorização do artista cênico, bem como sobre as lutas por sua inserção adequada no mercado de trabalho; esta é uma temática a ser discutida numa

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perspectiva de parceria com as esferas governamentais e da estrutura administrativa das universidades. A atuação profissional do egresso da graduação em Teatro da UFMG vem espelhando, em última análise, a própria condição de formação e de construção da profissão no país. Os desafios aqui expostos demandam uma grande capacidade de organização política da área de Artes Cênicas no sentido de que, juntamente à formação de profissionais graduados, consiga promover a melhoria do mercado de trabalho de um ponto de vista ético e financeiro. Acreditamos que as entidades representativas de classe exercem um papel preponderante na articulação de políticas culturais e educacionais que atendam às demandas de um mercado em formação e com um grande leque de possibilidades de atuação como é o do teatro na contemporaneidade. Não foi nosso objetivo esgotar as questões aqui destacadas que são analisadas e discutidas em detalhe nos vários capítulos que compõe o resultado final desta pesquisa, ainda não publicado. Pareceu-nos importante, no entanto, dar a conhecer alguns de seus pontos fundamentais para que possam ser amplamente discutidos por alunos, egressos ou não, professores e funcionários das graduações em teatro em nosso país a fim de construirmos juntos propostas de melhoria de nossos currículos, respeitando nossas diferenças, e de seu impacto na sociedade.

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