Perfil de estudantes do ensino superior acerca do consumo de carne de frango e uso de hormônios na cadeia produtiva

July 5, 2017 | Autor: Caio Ouros | Categoria: Ensino Superior, Poultry
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XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA ZOOTEC 2015 Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015

Perfil de estudantes do ensino superior acerca do consumo de carne de frango e uso de hormônios na cadeia produtiva

Profile of higher education students about the consumption of poultry meat and the use of hormones in the production chain Ariane Janaina Silva1*, Caio César Ouros2 Eva Liliane dos Santos Silva1, Taisla Inara Novelli1, Yasmin Sales Pereira1, Rosemary Pereira de Pedro Souza2, Natália Marques Teixeira1, Antonio Carlos Laurentiz3 Graduandos do curso de Zootecnia, UNESP – Ilha Solteira, SP. * [email protected] Mestrandos do programa de Pós Graduação em Ciência e Tecnologia Animal – UNESP Ilha Solteira/Dracena, SP. 3 Docente do Departamento de Biologia e Zootecnia, UNESP – Ilhas Solteira, SP. 1 2

Resumo: O mito do uso de hormônios na carne de frango há muito tempo tem sido difundido de maneira rápida, confundindo a população, porém, o uso dessas substâncias é proibido por lei no Brasil. Neste contexto, realizou-se uma pesquisa com alunos dos cursos de agronomia, biologia e zootecnia, a fim de identificar o perfil dos universitários consumidores de carne de frango, e avaliar o conhecimento deles sobre o uso de hormônio na criação de aves. Por meio de questionários aplicados aos jovens do ensino superior, foi possível verificar o quanto este mito é persistente, inclusive no meio acadêmico. Cerca de 60% dos entrevistados acreditam no uso de hormônios no processo de criação das aves, e 74,3% creem que estas substâncias deixam resíduos na carne de frango. No entanto, mesmo com essa crença a carne de frango está entre uma das mais consumidas (94,9%) entre os universitários entrevistados. Palavras–chave: mercado consumidor, preferência, universitários Abstract: The myth of the use of hormones in chicken has long been disseminated quickly, confusing the population , however, the use of these substances is prohibited by law in Brazil. In this context , we carried out a survey of students of agronomy, biology and zootechnics in order to identify the profile of university consumers of chicken meat , and assess their knowledge of the use of hormones in poultry . Through questionnaires given to higher education young , we observed how this myth is persistent, even in academia. About 60 % of respondents believe the use of hormones in the creation process of the birds , and 74.3 % believe that these substances leave residues in chicken . However, even with this belief chicken meat is among the most used ( 94.9%) among college respondents . Keywords: consumer market, preferance, university Introdução O mito da utilização de hormônios, na engorda de frangos de corte, gera uma desconfiança por parte dos consumidores e tem origem devido ao rápido desenvolvimento das aves e ao curto tempo em que são abatidas (Francisco et al., 2007). Áreas como o melhoramento genético, nutrição, técnicas de manejo e a sanidade contribuíram para uma evolução no setor avícola, justificando assim o rápido desenvolvimento das aves (Pessôa et al., 2012). No Brasil o MAPA é o órgão responsável por assegurar e fiscalizar toda a produção de alimentos. No que se refere ao uso de hormônios na produção de aves, através da INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 17, DE 18 DE JUNHO DE 2004, o MAPA é responsável por: “Proibir a administração, por qualquer meio, na alimentação e produção de aves, de substâncias com efeitos tireostáticos, androgênicos, estrogênicos ou gestagênicos, bem como de substâncias ß-agonistas, com a finalidade de estimular o crescimento e a eficiência alimentar” (MAPA, 2004). Sendo assim, o mito do uso de hormônios na carne de frango merece ser objeto de atenção por parte dos profissionais responsáveis pela atividade, com a intenção de melhor informar o consumidor, visto que este é um mito relevante no setor. Diante disso, para avaliar o conhecimento das pessoas a respeito dessa substância, o trabalho teve como objetivo realizar uma pesquisa com jovens de ensino superior a fim de verificar o perfil de consumo dessa parte da população, bem como o conhecimento do uso do hormônio na alimentação de frangos.

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XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA ZOOTEC 2015 Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015

Material e Métodos Este trabalho foi conduzido com a aplicação de questionários na Universidade Estadual Paulista – UNESP, Campus de Ilha Solteira com alunos dos cursos de agronomia, biologia e zootecnia. O questionário utilizado possuía 11 perguntas com a intenção de identificar o perfil dos universitários consumidores e avaliar o conhecimento deles sobre o uso de hormônio na criação de aves. Foram elaboradas perguntas referentes a sexo, escolaridade, idade, consumo de carne ou não, preferência de consumo de carne, e fator de que influencia na decisão de compra da carne. Em relação ao uso de hormônio, na criação de aves, as perguntas foram realizadas para verificar se o aluno acreditava ou não no uso de hormônios, como seria o fornecimento do mesmo, consequências como resíduos na carne e problemas de saúde que podem ser provocados, e por fim perguntas relacionadas a preferência de marcas na escolha do produto e se este é escolhido por apresentar algum selo de produção diferenciada ou garantia. Resultados e Discussão Do total de pessoas entrevistadas 42% pertenciam ao curso de Zootecnia, 30% ao curso de biologia e 28% ao curso de Agronomia. Entre eles, 65% pertenciam ao gênero feminino e 35% ao gênero masculino, sendo que em sua maioria (95%), os jovens entrevistados apresentavam idade de 18 a 29 anos. Quando questionados sobre o consumo ou não de carne 97% dos entrevistados disseram consumir algum tipo de carne, sendo que o consumo de cada carne segue a seguinte ordem: 96,1% bovina, 94,9% frango, 92,5% peixe, 87,4% suína e 56,8% ovina. A respeito do fator que influencia na compra da carne os fatores questionados foram preço, sabor, saúde, nutritiva e facilidade de acesso, sendo estes avaliados em ordem de importância de 1º a 5º conforme apresentado na Tabela 1, destacando que quando o entrevistado não considerava importante alguma das opções poderia deixar sem classificação. Tabela 1. Classificação dos fatores de importância para a escolha na hora da compra da carne. Preço Sabor Saúde Facilidade Nutritiva (%)

(%)

(%)

(%)

(%)



37,9

22,2

17,1

12,0

10,8



20,6

21,2

22,1

23,5

12,6



9,9

26,1

27,9

20,4

15,7



13,9

14,4

26,6

13,3

31,7



11,4

14,3

7,6

33,3

33,3

Sobre o uso de hormônios na carne de frango a pesquisa mostrou que 60% dos alunos entrevistados acreditam no uso dessa substância na produção de carnes de frango, sendo que 40% não acreditam neste mito, ainda assim o consumo da carne de frango não apresenta rejeições. Através da pesquisa foi observado também que quando analisamos, curso a curso, foi possível verificar que dependendo do curso o acesso a informação relacionada a cadeia produtiva pode ser diferente (Figura 1). 51% 49%

Agronomia Zootecnia

95%

5% 22%

Biologia 0%

20%

78% 40% não

sim

60%

80%

100%

Figura 1. Respostas quanto ao uso de hormônios na produção de frangos de corte.

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Os alunos que pertenciam ao curso de zootecnia, em sua maioria (95%) não acreditam neste mito, já no curso de agronomia cerca de 51% dos entrevistados também não acreditam no uso de hormônio e por fim no curso de biologia 78% dos estudantes entrevistados acreditam fielmente no uso desta substância na criação desses animais, o que demonstra uma falha de divulgação por parte dos pesquisadores e produtores da área, até mesmo para pessoas com acesso a produção animal. Quando questionados sobre as possíveis formas pelas quais seriam fornecidos esses hormônios, dos estudantes dos três cursos que responderam sim ao uso de hormônio 76% acreditam que ele seja fornecido na alimentação, 3% de forma oral, 13% injetado e 8% na água fornecida para consumo dos animais, o que mais uma vez demonstra a falta de conhecimento do setor produtivo mesmo que essa informação esteja disponível dentro da própria instituição de ensino a qual esses alunos estão vinculados. A pesquisa mostrou também que 74,3% dos entrevistados que acreditam no uso de hormônio, afirmaram que a “carne produzida com hormônio” possui resíduos do produto, enquanto que 25,6% não acreditam nesta possibilidade, quando questionados se esta carne pode gerar ou não problemas de saúde, cerca de 31,6 % das pessoas disseram que sim, o restante 68,3% disseram que não são causados problemas de saúde associado ao consumo da carne de frango. Conclusões Apesar da carne de frango ser amplamente consumida na população brasileira, deve-se incentivar a correta divulgação de como esses animais são criados, a fim de amenizar possíveis efeitos na cadeia produtiva, relacionados ao mito do uso de hormônios na criação de frangos de corte. Esse estudo destaca que este mito é real também para estudantes de nível superior, destacando a maior preocupação com os estudantes do Curso de Biologia, baseado no principio que no final do curso esses profissionais serão responsáveis por algumas disciplinas no ensino fundamental e médio, pode-se verificar assim potencial para a propagação desse mito para alunos nessa fase importante da aprendizagem. Literatura citada FRANCISCO, D.C.; NASCIMENTO, V.P.; LOGUERCIO, A.P.; CAMARGO, L. Caracterização do consumidor de carne de frango da cidade de Porto Alegre. Ciência Rural, v.37, n.1, p.253-258, 2007. MAPA. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa Nº 17, de 18 de Junho de 2004. Brasil, 2004. PESSÔA, G. B.S. et al. Novos conceitos em nutrição de aves. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal - Rbspa, Salvador, v. 13, n. 3, p.755-774, 2012.

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