perfil dos residuos solidos produzidos no processo de producao de cerveja

July 27, 2017 | Autor: M. Armindo Beca | Categoria: Ingeniería Ambiental
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Descrição do Produto

GESTÃO DE RESÍDUOS Perfil dos resíduos sólidos produzidos no processo de produção na

FÁBRICA DE CERVEJA CERIS CIDADE DA PRAIA

(Mário Aleluia Armindo Beca) [email protected]

Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento Agrário Centro de Formação Agrária – CFA ISA/DER/UTL

(Mário Aleluia Armindo Beca) Gestão de resíduos Perfil dos resíduos sólidos produzidos no processo de produção de cerveja na fábrica Ceris na, óptica de gestão

LICENCIATURA EM ENGENHARIA AMBIENTAL

São Jorge dos Órgãos Outubro de 2008

Mário Aleluia Armindo Beca

Gestão de resíduos

Perfil dos resíduos sólidos produzidos no processo de produção de cerveja na fábrica Ceris na, óptica de gestão

LICENCIATURA EM ENGENHARIA AMBIENTAL

Monografia

apresentada

ao

Instituto

Nacional

de

Investigação e Desenvolvimento Agrário (INIDA) – Centro de Formação Agrária (CFA) - como preceito parcial para a obtenção do grau de Licenciatura em Engenharia do Ambiente sob a orientação do Prof. Doutor Edwin Pile.

Mário Aleluia Armindo Beca

Gestão de Resíduos

Perfil dos resíduos sólidos produzidos no processo de produção de cerveja na fábrica Ceris, na óptica de gestão

LICENCIATURA EM ENGENHARIA AMBIENTAL

Membros do Júri

_________________________________

_________________________________

_________________________________

São Jorge dos Órgãos, ________ de_________________ de 2008

EPÍGRAFE

"Nós, seres humanos, devemos parar de agir como um câncer nesse superorganismo. Portanto, precisamos de uma nova ética - na verdade muito antiga - holística e abrangente, uma ética que abraça toda a Criação, uma ética baseada no princípio fundamental, proposto por Albert Schweitzer, de reverência pela Vida em todas as suas formas e manifestações. "

José A. Lutzenberger

I

DEDICATÓRIA A Deus, o Pai, por ter sido minha fonte de inspiração, criando com harmonia e perfeição, a maravilha que é o planeta Terra. A minha esposa e filhos que foram luzes em meu caminho. Finalmente aos meus familiares pelo apoio e incentivo prestados.

II

AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por ter-me dado forças para vencer os obstáculos, por ter-me feito forte, não permitindo que o cansaço me abalasse. Ao professor Doutor Edwin Pile que me acolheu no meu desespero para a execução deste trabalho me deu apoiou e incentivou durante todo o tempo, sendo exemplo de força, dedicação e preserverança. Aos professores da Engenharia pelo profissionalismo e contribuição para com a aquisição de novos conhecimentos. Aos colegas de curso pela amizade, paciência e por suas valiosas contribuições. Aos meus amigos que me apoiaram e me ajudaram a vencer mais essa etapa. Á minha família em especial, aos meus pais pela compreensão, incentivo e carinho.Estendo esta gratidão a todos meus irmãos que me esperaram com ansiedade em particular ao Mindinho. A vocês, Jéssica Maria, Mário Armindo e Mauro Nelson, meus filhos, que vos abandonei porque a vontade de aprender foi soberana, porque comecei a luta por um ideal e não podia parar, assim mesmo vocês entenderam a necessidade daqueles momentos, tão distante de vós. E principalmente a minha esposa, Alzira Beca, pelo carinho, força, paciência e compreensão.Por acreditar em mim. Fique feliz vencemos mais uma etapa em nossa vida. Finalmente, agradeço a todos que me auxiliaram nesta jornada, em especial aos colaboradores do Centro, aqueles anónimos, que não mediram esforços para contribuir humildemente para o sucesso da minha formação. A todos KANIMAMBO!

III

Resumo

O presente trabalho tem como objectivo elaborar um perfil dos resíduos sólidos produzidos no processo de produção de cerveja na fábrica Ceris. Como tal foi necessário fazer um levantamento e caracterização dos resíduos sólidos gerados no processo produtivo. O levantamento dos dados foi feito por meio da definição do ponto de colecta, segregação e quantificação dos resíduos gerados em cada etapa do processo, representados essencialmente por resíduos sólidos orgânicos e inorgânicos. Destacam-se particularmente o vidro, rótulos da etiquetagem, plásticos, cartão, metais (tampas), “farelos” grão usado / (dreche), poeiras de malte e leveduras adicionais, gerados mormente das etapas de preparação do mosto, filtragem, envase, armazenagem de produtos acabados e evacuação de efluentes.Para melhor persecusão deste objectivo foi necessário ter uma noção suscita do processo industrial e intrínseco. A partir da obtenção de dados concretos da origem, quantificação e qualificação do resíduo, o estudo permitiu a definição do perfil do mesmo. Com vistas à aborbagem do sistema de gestão, ambiental ilucidaram-se as Norma ISO14001como normas internacionais.São abordados os aspectos da gestão da fábrica sobre os resíduos tendo em conta as normativas internas e de uma forma geral abordo aspectos relacionados ao sistema de gestão ambiental que aporta metas de qualidade ambiental enfatizando a rentabilidade económica para a organização.Por último faço uma discussão dos resultados das análises produto das variáveis objecto de estudo e emana-se uma recomendação para futuros e mais abrangentes estudos.

Palavras-chave: Resíduo; Gestão Ambiental e processo de produção de cerveja

IV

INDICE I. 

Introdução ........................................................................................................................................1 

II. 

Objectivos ........................................................................................................................................3 

III. 

Revisão de Literatura ..................................................................................................................4 

A.  Descrição do processo indústrial ................................................................................................ 4  1. 

Produção de cerveja ............................................................................................................... 4  a) 

Obtenção do malte ........................................................................................................... 4 

b) 

Limpeza e seleção de grãos ............................................................................................. 5 

c) 

Embebido da cevada ........................................................................................................ 5 

d) 

Germinação ..................................................................................................................... 5 

e) 

Secagem........................................................................................................................... 5 

f)  Preparação do mosto ........................................................................................................... 6  (1) 

Moagem do malte ........................................................................................................ 6 

(2) 

Maceração do malte e adjunto ..................................................................................... 7 

(3) 

Filtração do mosto ....................................................................................................... 7 

(4) 

Fervura do mosto ......................................................................................................... 8 

(5) 

Clarificação ................................................................................................................. 8 

(6) 

Resfriamento do mosto ................................................................................................ 8 

g) 

Fermentação .................................................................................................................... 8 

h) 

Processamento da cerveja ................................................................................................ 9  V

(1) 

Maturação .................................................................................................................... 9 

(2) 

Filtração ..................................................................................................................... 10 

(3) 

Carbonatação ............................................................................................................. 10 

i)  Envase ............................................................................................................................... 11 

B. 

(1) 

Lavagem de garrafas.................................................................................................. 11 

(2) 

Envase ....................................................................................................................... 11 

(3) 

Pasteurização ............................................................................................................. 12 

(4) 

Expedição .................................................................................................................. 12 

Principais Aspectos Ambientais ............................................................................................... 12 

1. 

Poluentes gerados................................................................................................................. 12  a) 

C. 

Resíduos sólidos ............................................................................................................ 12 

Fundamentação teórica da óptica de gestão ............................................................................. 15 

1. 

Caracterização e classificação dos resíduos ......................................................................... 15 

2. 

Verificação da situação actual.............................................................................................. 16  a) 

Descrição ....................................................................................................................... 16  (1) 

b) 

Resíduos industriais ................................................................................................... 16  Gestão dos resíduos ....................................................................................................... 19 

(1) 

Redução na origem .................................................................................................... 20 

c) 

Procedimentos da unidade para com os resíduos produzidos........................................ 23 

d) 

Marcos normativos ........................................................................................................ 24 

VI

IV. 

(1) 

Normas Nacionais ..................................................................................................... 24 

(2) 

Normas ISO ............................................................................................................... 24 

Materiais e Métodos ..................................................................................................................28 

A.  Metodologia ............................................................................................................................. 28  V.  Resultados......................................................................................................................................29  VI. 

Conclusões ................................................................................................................................37 

VII. 

Referências bibliográficas .........................................................................................................40 

VII

Índice de tabelas Tabela 1. Principais resíduos sólidos gerados pela Fábrica Ceris ........................................................ 14  Tabela 2. Processos de produção de cerveja ......................................................................................... 31  Tabela 3. Distribuição percentual da amostra após homogeneização ................................................... 31  Tabela 4. Distribuição percentual da amostra de acordo ao processo de enchimento e pasteurização . 32  Tabela 5. Distribuição percentual da amostra de acordo ao processo de lavagem de garrafas ............. 32  Tabela 6. Distribuição percentual da amostra de acordo à quantiadade de resíduo produzido ............. 32  Tabela 7. Distribuição percentual da amostra de acordo do destino final dados aos resíduos .............. 32  Tabela 8. Distribuição percentual da amostra de acordo à produção de resíduos no laboratório.......... 32 

VIII

Índice de figuras Figura 1 – Representação gráfica da quantidade de resíduos gerados na Fábrica Ceris, com produção de 29.761 hl de cerveja/ano ................................................................................................................... 14  Figura 2. Distribuição percentual do volume de resíduo produzido, de acordo com o processo de envasamento e pasteurização da cerveja. .............................................................................................. 30  Figura 3. Distribuição percentual da produção de resíduos, de acordo ao tipo de resíduos produzidos 30  Figura 4. Distribuição percentual da produção de subprodutos, de acordo com a concepção do inquirido sobre se é ou não resíduo ....................................................................................................... 31  Figura 5. Representação gráfica da influência dos factores identificados como condicionantes da quantidade de resíduos na formação do grupo 1 ................................................................................... 33  Figura 6. Representação gráfica da influência dos factores identificados como condicionantes da quantidade de resíduos na formação do grupo 2 ................................................................................... 33 

IX

I.

Introdução

Um dos dramas ligados à noção do Ambiente prende-se com a sua definição. Muitas pessoas perderam de vista a noção fulcral de Ambiente, nomeadamente como conjunto de factores que rodeiam e influenciam os seres vivos (incluindo o homem). A complexidade desta interacção verifica-se não só no momento presente, mas cada vez mais à medida que o desenvolvimento ocorre, tornando-se essencial o conceito de Ambiente e a Prática da sua Gestão de modo a garantir a sua conservação (Oliveira, 2005). A poluição do meio ambiente tornou-se assunto de interesse público por todo o mundo. Os países desenvolvidos vêm sendo afectados pelos problemas ambientais, assim como as nações em desenvolvimento sofrem graves impactes da poluição. Isso decorre segundo Braile e Cavalcanti (1993) de um rápido crescimento económico associado à exploração de recursos naturais até então intocáveis (ENEGEP, 2005). Ao lado dos problemas provocados pela contaminação do meio ambiente estão as indústrias e seus processos produtivos, que na obtenção de seus produtos causam a degradação de uma série de ecossistemas naturais. Porém, a globalização dos negócios, a internacionalização dos padrões de qualidade ambiental descritos na ISO 14000, a consciencialização crescente dos actuais consumidores e a disseminação da educação ambiental ao nível social e das escolas, resulta num aumento da exigência dos consumidores em relação à preservação do meio ambiente e à qualidade de vida, fazendo com que a questão ambiental, torne-se cada vez mais um factor importante na indústria. Diante disto, as empresas estão, de maneira acentuada, incorporando a variável ambiental na tomada de decisões de forma voluntária, recorrendo-se ao uso de tecnologias mais limpas como forma de enfim congregar vantagens económicas com benefícios ambientais (Kraemer, 2003).

1

A incorporação da questão ambiental na indústria traz consigo a ideia errónea de aumento de despesas e o consequente acréscimo de custos no processo produtivo, para as empresas. Desta forma, o conhecimento do tipo, quantidade e local de geração do resíduo representa um factor determinante para o sucesso da implantação do sistema, pois tais informações fornecem um diagnóstico da situação actual da empresa, servindo como base para SGA1 com metas de qualidade ambiental (ENEGEP, 2005). A adopção de uma estratégia para a gestão dos resíduos industriais deve tanto quanto possível prever o recurso a tecnologias limpas, isto é tecnologias sem quaisquer impactes negativos em termos ambientais (ISA-INIDA, 2007/2008).

1

Sistema de Gestão Ambiental

2

II.

Objectivos

Geral Criar subsídios para o início de abordagem estratégica de gestão da produção de resíduos sólidos no processo produtivo de cerveja. Específicos 1. Inventariar e caracterizar os resíduos industriais gerados no processo de produção. 2. Identificar os principais aspectos ambientais e poluentes gerados-perfil dos resíduos. 3. Caracterizar e classificar os resíduos desde o ponto de vista de gestão.

3

III.

Revisão de Literatura A.

Descrição do processo indústrial 1.

Produção de cerveja

Venturi Filho e Cereda (2001) estimam que o homem começou a utilizar bebidas fermentadas há 30 mil anos – Durante séculos a humanidade saboreou suas bebidas fermentadas. Os babilónios com suas cervejas, os gregos com os seus vinhos e os índios brasileiros com o caiçuma, uma bebida fermentada a partirdo milho. A cerveja é a bebida a base de fermentações, mediante leveduras seleccionadas do mosto procedente do malte de cevada, sozinho ou misturado, com outros produtos amiláceos transformáveis em açúcares por digestão enzimática e cozimento. O processamento industrial da cerveja pode ser dividido em três fases fundamentais: Produção de malte: que envolve a moagem do malte, mosturação, filtração e maturação. Processo de fermentação: Subdividido em fermentação e maturação. Acabamento ou pós-tratamento: engloba o processo de filtração, carbonatação, modificação do aroma e sabor, estandardização da cor, pasteurização é a cerveja pronta a beber (CESUMAR, 2006). A seguir são detalhados os passos, conforme os processos típicos de uma cervejaria, da produção da fábrica objecto de estudo: a)

Obtenção do malte

O malte, em geral, é obtido em instalações dedicadas a este propósito, conhecidas como maltarias, que podem ou não ser anexas às empresas cervejeiras. As principais etapas de obtenção do malte são a limpeza e selecção de grãos, o embebido, a germinação e a secagem do malte. 4

b)

Limpeza e seleção de grãos

Em geral, a cevada é recebida a granel da lavoura. Após o recebimento, os grãos de cevada são submetidos a um processo de limpeza para separação de palha, pedras, pequenos torrões, pedaços de madeira, etc. Em seguida, os grãos de cevada são seleccionados, de acordo com seu tamanho em três ou quatro graduações, de modo a obter um malte homogéneo. c)

Embebido da cevada

Uma vez seleccionados, os grãos são armazenados em silos, de onde são periodicamente enviados aos tanques de embebição. Nestes tanques, a cevada recebe água até que os grãos atinjam um teor de humidade de 45% em relação ao seu peso, mantidos em condições controladas de temperatura e teor de oxigénio. Neste ambiente, os grãos de cevada saem de seu estado de latência, e incham devido a absorção de água. Este é o princípio do processo de germinação da semente, que dará origem a uma nova planta de cevada caso não seja interrompido. d)

Germinação

Uma vez que o processo de germinação é iniciado, os grãos são dispostos em estufas, de modo a mantê-los em condições controladas de temperatura e humidade, até que brotem as radículas (pequenas formações embrionárias da futura raiz da planta), de cerca de oito centímetros, o que demora entre 5 e 8 dias. e)

Secagem

Após retirar o excesso de água dos grãos por meio de peneiras, a cevada germinada é enviada para fornos de secagem, onde irá ser interrompido o processo de germinação pela acção do calor de vapor injectado, à uma temperatura de 45 ºC a 50ºC. Numa segunda fase, ainda nos fornos de secagem, promove-se a caramelização dos grãos, transformando-os no malte. Esta etapa, conhecida pelo nome de cura, ocorre em temperaturas de 80 ºC a 120ºC, sendo que o malte resultante possui humidade remanescente em torno de 4 ou 5%. Em certos tipos de processo, o malte é ainda torrado, num processo semelhante à torrefacção do café, em geral tercializado (CETEBS, 2005).

5

A fábrica em estudo (Ceris2) começa o seu processo à partir da preparação do mosto (pelo que particularizo os seus procedimentos). Pelo facto é considerada receptora de matéria -prima de insumos semi elaborados do seu fornecedor. f)

Preparação do mosto

Após obter o malte conforme descrito anteriormente, após adquiri-lo de uma maltaria, a cervejeira dá inicio ao processo de produção da cerveja propriamente dita, onde a primeira etapa consiste em obter o mosto. O mosto pode ser definido como uma solução aquosa de açúcares, que serão os alimentos para as bactérias que realizam a fermentação, dando origem ao álcool. Desta maneira, percebe-se a importância do correcto preparo do mosto para que se obtenha uma cerveja de qualidade. O preparo do mosto consiste em cozinhar o malte com os devidos cuidados, o que inclui etapas de preparo (como a moagem do malte, maceração, separação do mosto e sua filtração), o cozimento em si, e etapas de condicionamento posterior (onde fecha o parêntese como a clarificação e o resfriamento). A solução livre de impurezas e rica em açúcares resultante deste processo é então enviada para a fermentação. A seguir os detalhes da preparação do mosto: (1)

Moagem do malte

Uma vez recebido na cervejeira, o malte é armazenado por cerca de 15 a 30 dias em silos, metálicos ou de concreto, de grande capacidade (de 150 a 200 toneladas cada), período chamado de pousio. A moagem consiste em submeter o malte à acção de moinhos de martelo ou de rolo, de modo a romper a casca dos grãos e expor seu conteúdo. É portanto um processo físico que proporciona acesso ao amido do grão maltado. Durante este processo, aspiradores captam o pó gerado pelo atrito entre as sementes, enviando o fluxo para um filtro de mangas.

2

Vc precisa esclarecer se é sociedade anonima, do governo, etc

6

(2)

Maceração do malte e adjunto

A preparação física dos grãos obtida pela moagem permite a disponibilização das proteínas e dos amidos presentes no interior dos grãos de malte. No entanto, apenas uma pequena parte destas substâncias é solúvel em água, o que faz necessária uma preparação química do malte, etapa denominada de maceração. A maceração é um processo desenvolvido em via húmida, onde os grãos de malte moídos são misturados à água aquecida, em geral em torno de 65º C, de modo a activar a acção de enzimas presentes nos grãos. Estas enzimas promovem a quebra de substâncias complexas e insolúveis em outras menores, mais simples e solúveis em água. Assim, as proteínas são convertidas em peptídeos e outros complexos orgânicos nitrogenados, e posteriormente em aminoácidos, enquanto os amidos são quebrados em moléculas de glicose, maltose e dextrinas, assimiláveis pelas leveduras que realizarão a fermentação posteriormente. Deve-se ressaltar que em função de parâmetros como sabor, cor, aspecto ou mesmo custo, muitas vezes utiliza-se outra fonte de açúcar além do malte de cevada – é o chamado adjunto (ou gritz). Os adjuntos mais comuns são os de milho, arroz e trigo, e diferenciam-se da cevada por não serem maltados, e portanto não possuem enzimas. Assim, para promover sua maceração, o adjunto deve ser aquecido em caldeira própria, mas depois necessita ser misturado ao malte em maceração para que as enzimas deste ajam sobre o amido do adjunto. Do ponto de vista operacional, o que se faz nas empresas é realizar a maceração do malte na caldeira de mostura, aquecendo a água até 65ºC, enquanto o adjunto é misturado à água na temperatura de 120ºC na caldeira de caldas. Após cerca de uma hora, adiciona-se o conteúdo desta caldeira à caldeira de mostura, dando origem ao mosto, solução de açúcares oriundos da sacarificação do amido presente no malte e no adjunto, por acção das enzimas do malte. (3)

Filtração do mosto

Após o preparo do mosto, este é resfriado de 80 ºC-100 ºC até cerca de 75-78ºC em um trocador de calor, e então é filtrado para remoção do resíduo dos grãos de malte e adjunto. Esta filtração é realizada por meio de peneiras que utilizam como elementos filtrantes as próprias cascas do malte presentes no mosto, e a parte sólida retida é denominada bagaço de malte ou dreche.

7

(4)

Fervura do mosto

O mosto é então aquecido na caldeira de fervura até a ebulição (100 ºC) por um período de 60 a 90 minutos, para que se obtenha sua estabilização. Esse processo inactiva as enzimas, coagula e precipita as proteínas, concentra e esteriliza o mosto. É nesta fase que se adicionam os aditivos que proporcionam características organolépticas típicas de cada tipo e marca de cerveja, como o lúpulo, caramelo, açúcar, mel, extractos vegetais, etc. (5)

Clarificação

A presença de partículas no mosto, oriundas de proteínas coaguladas, resíduos remanescentes de bagaço ou de outras fontes, pode comprometer a qualidade da fermentação, dando origem a ésteres, álcoois de maior cadeia molecular ou outras substâncias indesejáveis. Desta forma, embora o teor de partículas seja função do tipo de cerveja que esteja sendo produzida, torna-se imprescindível efectuar a clarificação do mosto antes da fermentação. A forma mais difundida de realizar a clarificação é submeter o mosto a um processo de decantação hidrodinâmica, realizado em um equipamento denominado whirlpool3, o qual consiste de um tanque circular onde o mosto entra tangencialmente em alta velocidade, separando as proteínas e outras partículas por efeito centrífugo. O resíduo sólido retirado nesta etapa do processo é denominado trub grosso. (6)

Resfriamento do mosto

Após ser clarificado, o mosto é resfriado em um trocador de calor até uma temperatura entre 6 ºC e 12 ºC, dependendo do tipo de levedo a ser utilizado para a fermentação, e então é arejado com ar estéril (CETEBS, 2005). g)

Fermentação

Uma vez tendo sido preparado o mosto, e este tendo sido clarificado e resfriado, pode-se dar início à fermentação, processo central da indústria cervejeira.

3

Sistema de centrifugação de líquidos contende sólidos, onde a solução entra de forma tangencial a parede com

a separação do sólido do líquido por diferença de densidades das duas substâncias.

8

A fermentação do mosto é dividida em duas etapas: numa primeira etapa, denominada aeróbia, as leveduras se reproduzem, aumentando de quantidade de 2 a 6 vezes; em seguida inicia-se a fase anaeróbia, onde as leveduras realizam a fermentação propriamente dita, convertendo os açúcares presentes no mosto em CO2 e álcool. O processo de fermentação dura de 6 a 9 dias, ao final do qual obtém-se, além do mosto fermentado, uma grande quantidade de CO2, que após ser purificado é enviado para a etapa de carbonatação da cerveja. De modo a garantir um bom andamento ao processo de fermentação, é necessário que a temperatura se mantenha constante, em valores entre 8 ºC e 15ºC, dependendo de vários factores. Para isso no entanto, é necessário que as dornas de fermentação sejam resfriadas, uma vez que a fermentação é um processo exotérmico, ou seja, que gera calor. Ao final da fermentação, obtém-se também um excesso de leveduras, já que estas se multiplicam durante o processo. Este levedo deveria então ser levado para tratamento e stocagem, sendo uma parte reutilizado em novas bateladas de fermentação, e parte vendido para a indústria de alimentos. No caso da fábrica em estudo, estas leveduras são lançadas directamente para as redes de esgoto, aumentando o teor de CBO no efluente. h)

Processamento da cerveja

Após a fermentação obtém-se o mosto fermentado, chamado também de cerveja verde, que já possui diversas características da cerveja a ser produzida. No entanto, antes de proceder ao envase do produto, certas providências são necessárias, de modo a gaseificar a bebida, garantir sua qualidade e fornecer características organolépticas adicionais. (1)

Maturação

Ao final da fermentação existe uma grande quantidade de microorganismos e substâncias indesejáveis misturados à cerveja. De modo a separá-los, promove-se a maturação, processo onde mantém-se a cerveja em descanso nas dornas à uma temperatura de zero graus (ou menos), durante um período de 15 a 60 dias.

9

Além de promover a separação dos levedos da cerveja, esta etapa permite a ocorrência de algumas reacções químicas que auxiliam no processo de estabilização do produto final, quanto às características relacionadas com o paladar e saturação com CO2. (2)

Filtração

Com o objectivo de remover impurezas que ainda não se decantaram, e proporcionar a limpidez final do produto, procede-se à uma etapa de filtração da cerveja após a maturação. Para realizar a filtração pode-se contar com diversos tipos de meio filtrante, sendo os mais comuns os filtros de velas verticais ou placas horizontais, além de outros elementos auxiliares à filtração (Kiesselguhr4). Pode haver ainda uma etapa final de filtração, com filtro de cartucho, para polimento. Finalmente, são adicionados aditivos como agentes estabilizantes, corantes ou açúcar, para o acerto final do paladar do produto. O resíduo sólido gerado nesta etapa é a torta de filtração denominada trub fino, de alto conteúdo nitrogenado. (3)

Carbonatação

O teor de CO2 existente na cerveja ao final do processo não é suficiente para atender as necessidades do produto. Desta forma, realiza-se uma etapa de carbonatação da mesma, por meio da injecção do gás carbónico gerado na etapa de fermentação. Além disso, eventualmente é injectado gás nitrogénio, com o intuito de favorecer características de formação de espuma. Em algumas empresas este processo é realizado em conjunto com a filtração. Após a carbonatação, a cerveja pronta é enviada para cubas específicas, denominadas “adegas de pressão” – recipientes onde a bebida é mantida sob condições controladas de pressão e temperatura, de modo a garantir o sabor e o teor de CO2 até o envase.

4

Pó de osso com granulometria específica utilizada para filtragem.

10

i)

Envase

Uma vez concluída a produção da cerveja, esta deve ser devidamente envasada. Nesse processo devese ter grande cuidado com possíveis fontes de contaminação, perda de gás e contacto da cerveja com oxigénio. Tais ocorrências podem comprometer a qualidade do produto. Em geral, o envase é a unidade com o maior contingente de funcionários, equipamentos de maior complexidade mecânica e maior índice de manutenção, onde podem ocorrer as maiores perdas por acidentes e má operação, como regulagem inadequada de máquinas, quebra de garrafas, etc. O envase é a fase final do processo de produção, sendo composto por diversas operações relacionadas ao enchimento dos vasilhames (cujos mais comuns actualmente são as garrafas, vasilhames de alumínio e barris para chope). (1)

Lavagem de garrafas

Para os casos de envase das garrafas de cerveja retornáveis torna-se necessária sua limpeza adequada. Este procedimento é realizado em um equipamento denominado lavadora de garrafas, o qual possui uma câmara fechada, onde as garrafas são lavadas com solução alcalina (soda) e detergente, sendo posteriormente enxaguadas com água quente para promover sua desinfecção. Após a lavagem, as garrafas passam por inspecção visual automática, e aquelas que apresentam sujidade ou defeito são retiradas manualmente e enviadas para reciclagem. Os equipamentos de lavagem de garrafas costumam ser bastante intensivos no consumo de água energia e geram grande quantidade de resíduos, tais como: pasta celulósica, formada pela cola e papel dos rótulos, vidros de garrafas danificadas ou quebradas e efluente líquido da lavagem. (2)

Envase

A cerveja proveniente da filtração é encaminhada para o processo de envasamento em máquinas denominadas enchedoras, onde se envasa a cerveja em garrafas de vidro ou em latas de alumínio, ou então em máquinas de embarrilamento, onde se enchem os barris, de aço inoxidável ou de madeira. O percentual da produção que é destinado a cada uma destas formas de envase depende das condições de mercado, variando entre empresas, plantas de uma mesma empresa, e até mesmo entre um lote e outro da mesma planta.

11

Na etapa de enchimento geram-se resíduos de vidro provenientes da quebra de garrafas, latas amassadas, tampas mal formadas e efluentes provenientes de eventuais derramamentos de cerveja. Cabe dizer que a bebida envasada em garrafas e latas é enviada à pasteurização, sendo então denominada cerveja. Aquela envasada em barris não passa por este processo, e é denominada chope, um produto de menor vida de prateleira, devido a ausência deste processo. (3)

Pasteurização

A pasteurização é um processo de esterilização no qual submete-se o produto a um aquecimento (até 60 ºC), seguido de um rápido resfriamento (até 4ºC). O produto pasteurizado apresenta maior estabilidade e durabilidade (até seis meses) em função da eliminação de microrganismos. (4)

Expedição

Após o envase e a pasteurização, segue-se a rotulagem das garrafas e a embalagem para transporte, que incluem o encaixotamento e o envolvimento em película plástica (CETEBS, 2005). B.

Principais Aspectos Ambientais

Os principais pontos de atenção em relação aos impactos ambientais do sector cervejeiro são oriundos das características como: a geração de resíduos sólidos no processo produtivo de etapas de filtração antes e depois da fermentação, armazenamento, geração de efluentes e geração de rejeito. Conta-se ainda o grande consumo de recursos naturais como a água, do qual não abordaremos neste trabalho, e se tivermos em linha de conta que esta deve ser de grande qualidade, pela natureza das suas operações e centradas na fermentação, e repletas de etapas de limpeza, libertando grandes vazões de efluentes com valores moderados a elevados de carga orgânica e sólidos suspensos. 1. a)

Poluentes gerados Resíduos sólidos

No processo cervejeiro da Ceris, os resíduos sólidos são gerados principalmente nas etapas de preparação do mosto, filtragem, envase e evacuação de efluentes líquidos, e uma parte no armazenamento de produtos acabados. Os principais resíduos gerados são:

12

9

“ Grãos usados ”: principal tipo de resíduo, em relação à quantidade gerada. São aqueles

resíduos oriundos do aproveitamento do conteúdo dos grãos de malte, constituídos de restos de casca e polpa dos grãos, misturados, em suspensão ou dissolvidos no mosto. Embora de origem semelhante, dependendo da etapa onde são retirados do mosto, possuem características físicas e composição distinta, e portanto são separados em três tipos: •

Bagaço de malte: resíduo gerado na filtração do mosto após a caldeira de mostura, antes da fervura;



Trub grosso: resíduo tirado do whirlpool, na primeira filtração após o cozimento, composto de gordura vegetal e proteínas coaguladas, e



Trub fino: resíduo obtido na segunda filtração, composto de gordura vegetal, que sai misturado a parcelas de levedo.

Tanto o trub fino como o grosso possuem excelentes características nutricionais, assim como o bagaço de malte, e por esta razão são usados na fabricação de ração animal. Em alguns casos, estes são misturados ao bagaço de malte, e em algumas plantas até se utiliza deste trub no preparo de novas bateladas de mosto. 9 Excesso de levedura: durante o processo de fermentação, as leveduras se reproduzem, obtendo-se ao final do processo mais levedo do que se utilizará na próxima batelada. Como já citado, parte desta levedura é utilizada no preparo de nova batelada, e parte é vendida para a indústria alimentícia; 9 Resíduos do envase: durante a etapa de envase existem dois tipos de resíduos gerados: •

Pasta celulósica: composta dos rótulos removidos na lavagem das garrafas retornáveis, pode ser vendida a empresas de reciclagem de papel;



Garrafas quebradas e tampas metálicas amassadas, plástico e papelão originários de

embalagens: quando segregados podem igualmente ser vendidos para as empresas de reciclagem, e 9 Kiesselguhr: usado na clarificação, é retirado, apesar de quando seco constituir um material inerte que poderia ser destinado ao aterro, este é evacuado directamente para o efluente.

13

Para a planta da fábrica Ceris que produziu uma média 2.480,16 hl5 cerveja/ mês no 1º semestre de 2008, tem-se as taxas do perfil dos resíduos sólidos gerados, como apresentado na Tabela 1. Tabela 1.Principais resíduos sólidos gerados pela Fábrica Ceris Resíduo

Carga/hl cerveja

Quant. Gerada/dia

Quant. Gerada/mês

Bagaço de malte

16Kg*

1.350kg

40.500

Levedura adicional

3l*

248kg

7.440

Terra diatomácia

0.6l*

-

1.488

Kiesselgurl

0.36Kg

30kg

900

Garrafas partidas

-

115kg

3.450

Outros: (cartão, cartucho, saco de

-

9.6kg#

288

-

15kg

450

nylon e plástico, filtro de cartuxo, PET, ect.) Papel rotulado

*Dados médios padrão extrapolados da carga residual produzidos em 1997 numa indústria cervejeira canadiana. # Dados extrapolados de uma indústria europeia cujo modelo de análise, de analogia a produção local, envolve o grão usado (bagaço) como produto para seu esquema analítico.

Para que se tenha uma ideia do que isso representa em termos mássicos, na Figura 2 são representadas as quantidades de resíduos produzidos (kg/ano) pela Fábrica Ceris

Figura 1 – Representação gráfica da quantidade de resíduos gerados na Fábrica Ceris, com produção de 29.761 hl de cerveja/ano

5

Hectolitros

14

C.

Fundamentação teórica da óptica de gestão 1.

Caracterização e classificação dos resíduos

É considerado resíduo qualquer substância, objecto ou material, do qual seu utente se desfaz ou tem a intenção ou obrigação de se desfazer (ISA-INIDA, 2007/2008). Os resíduos podem ser: •

Sólidos



Pastosos



Gasosos (sempre e quando estejam contidos em recipientes)



Líquidos (não se consideram resíduos os líquidos aqueles vertidos na rede de saneamento ou aos cursos de agua, passando ou não por uma planta de tratamento. Estes são tecnicamente denominados efluentes.

Neste estudo trata-se de abarcar os subprodutos6 sólidos provenientes do processo produtivo industrial e a ele inerentes, que necessitam de ser geridos de uma maneira ambientalmente adequada. Quando se menciona o facto de ser ambientalmente adequada esta se indicando uma gestão que considera os aspectos ambientais, financeiros e sociais dos resíduos em questão, do princípio ao fim. Entende-se como gestão integrada de resíduos ao conjunto de operações encaminhadas a dar aos resíduos gerados um destino final através de uma adequada administração dos recursos, visando minimizar os impactes negativos da sua produção associada às actividades antrópicas (de índole económica ou outra) sobre o meio ambiente e saúde pública (SEMA-EMS, 1999-2000). O conceito de gestão integrada dos resíduos possibilita um caminho de sistematização operativa, através das operações de recolha, transporte, armazenamento, tratamento, valorização e a monitorização dos locais de descarga, após o enceramento das respectivas instalações. Este sistema, assim como o seu planeamento, nos oferece uma ferramenta global com características qualitativas e quantitativas (Gonçalves & Martinho, 2000)

6

Ou resíduos são os sólidos gerados no processo produtivo de fabricação de cerveja, provenientes de

embalagens, matéria-primas ou insumos para o produto

15

2.

Verificação da situação actual

O objectivo é fazer uma visão generalizada da gestão através da descrição e geração dos resíduos sólidos pela fábrica, e verificação dos respectivos procedimentos existentes passíveis ou possíveis de ser instrumentados, tendo em conta o actual estágio decorrente das actividades produtivas e/ou dela aliadas ao conceito actual da gestão de resíduos. a)

Descrição (1)

Resíduos industriais

Os resíduos industriais são os resíduos derivados de um processo de fabricação, transformação, utilização, consumo ou limpeza no marco de uma actividade industrial. Todas as actividades industriais originam resíduos (SEMA-EMS, 1999-2000). Em particular, na fábrica em estudo, os resíduos sólidos ou subprodutos do processo de produção e a ele inerentes são produzidos essencialmente nas seguintes operações: •

No transporte, recepção, armazenamento, manipulação.



Tratamento de matérias-primas (produtos semi-elaborados e produtos terminado).



Nos processos de produção.



Nos processos de envasado e terminado.



Na evacuação de águas para esgoto (leveduras adicionais, trub grosso e fino e kiesselguhr).



Na limpeza e manutenção de equipamentos e componentes.

Os resíduos industriais constituem uma massa maioritariamente homogénea da mesma matéria, pelo que a maneira de geri-los é substancialmente diferente de quando se trata de uma massa heterogénea de materiais, como no caso dos resíduos domiciliários por exemplo. Dada esta condição, numa boa parte dos casos é possível realizar tratamentos dos mesmos, particularmente com vista a reutilização e reciclagem. De uma maneira geral os resíduos da fábrica Ceris podem ser classificados em: •

Assimiláveis e/ou convertíveis a urbanos.



Resíduos inertes.



Resíduos identificáveis.



Resíduos perigosos. 16

(a)

Resíduos assimiláveis e/ ou convertíveis a urbanos

São aqueles resíduos que pelas suas características podem ser directamente utilizáveis pela população como recurso para alimentar o gado ou usados para outros fins. São referidos neste grupo os farelos (orgânicos) ou os estrados de madeira ou ainda as caixas plasticas de vasilhames antigas que carecem de qualquer tipo de tratamento prévio antes de serem descartados. (b)

Resíduos inertes

São aqueles que se distinguem por sua inocuidade e escassa reactividade. Tipicamente os resíduos inertes são: vidros, plásticos metais, cartão papel caixas etc.Os resíduos inertes requerem um serviço especial de recolha, segundo a quantidade que se gera (selectividade). (c)

Resíduos identificáveis

São praticamente os que existem na fábrica inerentes ao processo de produção, e que requerem um sistema de gestão específico e diferenciado por representarem grandes volumes e/ou por permanecerem largos períodos de tempo no seu recinto no final de uso, criando não só um aspecto visual ao ambiente mas, e sobretudo, pelos danos que podem causar “silenciosamente” ao mesmo. Exemplos: neumáticos, veículos usados, baterias e pilhas, lâmpadas fluorescentes, cartuchos de toner, carcaças de geleiras e seus acessórios, peças obsoletas, contentores, tambores com óleos usados de máquinas, electrodomésticos, caixas de vasilhames, garrafas obsoletas, etc. (d)

Resíduos perigosos

São aqueles subprodutos, qualquer que seja sua origem, que por suas características físicas, químicas, biológicas ou radioactivas, constituam um risco para a saúde humana, animal, vegetal ou para o meio ambiente, nomeadamente os previstos na portaria nº819/97, em conformidade com a lista de resíduos perigosos constantes da decisão do concelho da União Europeia nº 94/904/CEE (ISA-INIDA, 2007/2008) A seguinte lista caracteriza a perigosidade de um material para a saúde pública, os recursos naturais e o ambiente: •

Combustível



Corrosivo



Inflamável 17



Patológico – Infeccioso



Radioactivo



Reactivo – Explosivo



Tóxico

No caso dos produtos usados no CIP (clean in place) -processo de lavagem interna dos tanques, na fábrica em estudo, deve ser considerado que são usados produtos a base de hidróxidos e ácidos e que se encaixam no grupo dos corrosivos, segundo a Convenção de Basileia7 1989. Estes produtos são definidos como substâncias ou subprodutos que por acção química causam danos graves aos tecidos vivos que entram em seu contacto, ou que em caso de fuga podem danificar gravemente ou até destruir outras mercadorias ou meios de transporte, ou podem ainda provocar outros perigos. Cabo Verde aderiu a esta Convenção em 1995, ratificou-a em 2002, e esforços têm sido envidados no sentido da elaboração dos instrumentos de gestão para sua implementação. (Ministério do Ambiente Agricultura e Pescas, 2003). Existem procedimentos de análises, assim como valores limites, que atribuem o grau de perigosidade para certos resíduos e métodos que combinam a lista de materiais perigosos que vão de acordo a cada material. Por exemplo a CETBS (Companhia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo), desenvolveu um fluxograma utilizando as listas do procedimento analítico, descritas num conjunto de normas técnicas que a Associação Brasileira de Normas Técnicas definiu para tal classificação (SEMA-EMS, 1999-2000) As alternativas principais para os resíduos perigosos são:

7



Incineração.



Tratamento físico-químico.



Depósito de segurança.



Disposição final em aterros de segurança.

Entre os principais objectivos se acham os de reduzir os movimentos transfronteiriços dos resíduos perigosos e

outros, assegurar o estrito controle de tais movimentos pelos países envolvidos e minimizar a sua geração realizando um manejo ambientalmente adequado dos mesmos.

18

No caso da empresa em alusão, tratando-se do objecto de estudo resíduos sólidos, os orgânicos, assimiláveis a urbanos, consequentemente imediatamente absorvidos pelos utentes; os resíduos classificados como reutilizáveis, caso dos (farelos); e outros de características físico-químicas que permitem incluir no grupo dos materiais inertes, caso dos estrados ou caixas de vasilhames obsoletas, e como tal merecedores de um tratamento e disposição final que careça de qualquer acondicionamento prévio; no entanto o aparecimento do produto final em condições não “estandardizadas”, ex. de enchimento não uniforme das garrafas ou danificações ocorridas durante o transporte da mercadoria para o armazém dos produtos acabados ou devido ao mau acabamento do material (envase), o que o torna impróprio para o consumo humano ou dos padrões de qualidade comercial, como acontece com os refrigerantes engarrafados em vasilhames PET, provenientes de outras unidades fabris, devem ser eliminados dos “stocks comerciais” e como tal salvaguardados de qualquer consumo humano. Esses resíduos são então considerados e classificados como perigosos pela unidade e encaminhados á «incineração». Por outro lado, os invólucros que comportam os produtos para as limpezas em CIP são consoante a capacidade do seu volume reutilizados pela empresa (bidões de 200 litros, usados maioritariamente como contentores para o lixo) ou pelos trabalhadores (bidões de menor tamanho 25/30 litros para fins de uso domésticos). (i)

Incineração:

Um incinerador é uma instalação especialmente desenhada e concebida para a eliminação de resíduos perigosos mediante a combustão dos mesmos. O principal objectivo desta operação é diminuir ou eliminar a condição de perigosidade do material em questão. Se geram gases, cinzas e escorias que por vezes conservam características de perigosidade (ISA-INIDA, 2007/2008). Por tanto, é muito importante que os incineradores estejam correctamente desenhados e obrados para o tratamento de este tipo de resíduos. Os principais cuidados devem estar sobre: o controle das condições de combustão (controle e registo de temperatura, procedimento de alimentação de materiais, combustível e ar) e o controle das emissões à atmosfera (material em partículas, monóxido de carbono, óxidos de enxofre, ácidos voláteis, dioxinas/furanos, etc.) (SEMA-EMS, 1999-2000). b)

Gestão dos resíduos

Uma correcta gestão de resíduos preconiza as acções integradas de: •

Redução na origem 19



Classificação



Acondicionamento



Recolha



Transporte



Tratamento (Reciclagem, Incineração, Tratamento físico-químico, Redução de volume)



Disposição final (1)

Redução na origem

Se entende por minimizar ou reduzir resíduos, quando geramos menos quantidade (massa ou volume) ou diminuímos a perigosidade dos resíduos gerados. Segundo a EPA e o PERSO, a redução da quantidade na fonte ou origem, é a redução da quantidade e/ou perigosidade dos resíduos no local onde são gerados, antes de entrar no sistema de recolha (Gonçalves & Martinho, 2000). Se pode lograr uma redução a partir de: •

Melhoria dos rendimentos das etapas do processo produtivo.



A utilização de matérias-primas de melhor qualidade.



O uso de matérias-primas sem compostos contaminantes ou com menor proporção destes (reduzir perigosidade).



A modificação do processo produtivo (trocas de tecnologia, de procedimento, substituição de equipamentos e maquinaria).



A modificação nos equipamentos auxiliares (caldeiras, compressoras, geradores de vapor, etc.).



A segregação de fluxos de resíduos, classificando na origem entre perigosos e não perigosos.

Também são recomendáveis as seguintes “boas práticas”, cujo objectivo é evitar a geração de gestão de resíduos industriais devido a erros humanos (SEMA-EMS, 1999-2000): •

Controle dos inventários e seguimento dos materiais e resíduos gerados.



Manipulação correcta dos materiais: segurança no manejo (reduzir a probabilidade dos acidentes), condições adequadas de armazenamento, controle de qualidade prévia.



Separação dos diferentes tipos de resíduos.



Medida e controle sistemático das condições de operação. 20



Medida e controle sistemático da natureza e composição dos resíduos.



Coordenação entre os departamentos de produção.

Existem também possibilidades para reutilização interna de resíduos na empresa a partir de: •

Acondicionamento para empregar os resíduos como matéria-prima no mesmo processo de fabricação ou noutro processo.



Recuperação de algum material que forme parte ou constituinte do resíduo e que possa ser usado no reaproveitamento.



Uso do material em outras aplicações úteis dentro da empresa.

Também existe a possibilidade de transferir um resíduo para seu uso no processo de outra empresa, ou seja que o resíduo gerado por esta unidade industrial possa ser usado como matéria-prima por outra que se encontre cerca ou no mesmo perímetro de produção. Alternativas para resíduos assimiláveis a urbanos e inertes: •

Reciclagem



Reutilização



Disposição em aterros sanitários (eliminação)

Reciclagem A reciclagem é a transformação de materiais residuais mediante processos físico-químicos para converte-los em produtos que voltem ao mercado para o mesmo ou outro fim. Os processos de reciclagem dependem de cada tipo de material, e existe uma diversidade muito grande de suas tecnologias (SEMA-EMS, 1999-2000). Do perfil dos resíduos apresentados, a reciclagem pode ser aplicável sobre: •

Papel e cartão.



Vidro (garrafas partidas).



Plásticos.



Caixas.



Madeiras.



PET

21

Os processos de reciclagem requerem classificação (formar conjuntos homogéneos por tipo de material) e/o acondicionamento (compactar, moer, limiar, etc.) prévio ao processo de reciclagem propriamente dita. Daí a importância da selectividade na recolha ou deposição ao nível interno. Este processo já é facilitado pela geração homogénea por cada sector produtivo. A qualidade dos produtos resultantes depende do nível da tecnologia aplicada e da qualidade destes processos prévios. Reutilização A reutilização pode ser definida como a reintrodução, em utilização análoga e sem alterações, de substâncias, objectos ou produtos nos circuitos de produção e/ou consumo por forma a evitar a produção de resíduos (DL nº239/97.de 9 de Setembro) (Gonçalves & Martinho, 2000) Do perfil dos resíduos apresentados, a reutilização pode ser aplicável sobre: •

Bagaço ou dreche



Leveduras adicionais



Pós de malte e gritz

Disposição em aterros sanitários No caso de que não seja possível nenhuma das alternativas anteriores, se recomenda a incineração ou a deposição final dos resíduos em aterros sanitários. Estes em casos de necessidade podem requerer um tratamento prévio, caso contrário autoriza-se a deposição segundo a característico do resíduo. Este procedimento é regido à partir da I SERIE – Nº 28 «B.O.» boletim da Republica de Cabo Verde – 1 DE SETEMBRO DE 2003 pelo Decreto-Lei nº31/2003 de 1 de Setembro. Cabo Verde igualmente a outros países em desenvolvimento, nomeadamente os Africanos, enfrenta dificuldades económicas que não têm permitido a necessária mobilização de recursos técnicos para a eliminação e gestão adequadas e com eficiência dos resíduos (Governo de Cabo Verde, 2003). Sistemas Integrais de Gestão Ambiental Gestão é o conhecimento em acção. Resumidamente se pode dizer que é levar a cabo uma actividade conhecendo seu objectivo, as suas bases teóricas, as ferramentas tecnológicas, as consequências que originam (SEMA-EMS, 1999-2000). 22

Segundo Oliveira (2005), Gestão significa o processo de definir e executar uma estratégia, projectando uma organização adaptada a obtenção e mobilização dos recursos necessários à sua prossecução e ao controlo da sua execução. Realizar uma Gestão Ambiental é fazer uma gestão com responsabilidade ambiental, onde existam componentes do sistema de gestão geral orientados a implementar, rever e manter a política ambiental da empresa. Se estabelecem e executam procedimentos medidas e acções apropriadas para satisfazer os requisitos ambientais (SEMA-EMS, 1999-2000). As empresas que se predispõe a este objectivo promovem em si o espírito do princípio de disponibilidade permanente, para auditorias, visando a introdução de melhoramentos possíveis e tidos como justificados (Oliveira, 2005). A Ceris gera grandes quantidades de “farelo” (cevadas desgastadas) cujo destino tem sido a alimentação do gado e uma grande quantidade de leveduras que são descartadas e jogadas nos efluentes. Também como visto, a empresa produz restos de papel (etiqueta) que se junta aos vidros das garrafas partidas durante a lavagem e que vão directamente a lixeira. Ademais dos restos de cartão e nylon que provêm do empacotamento da matéria-prima e outros insumos. A consequência directa de uma Gestão Ambiental Integrada, no que respeita aos resíduos sólidos, permite um maior controlo de geração de resíduos e aumenta a probabilidade de reutilização ou reciclagem para minimizar os custos. Dentro desse Sistema de Gestão sempre é possível encontrar os melhores destinos a dar a cada um dos itens segregados. c)

Procedimentos da unidade para com os resíduos produzidos

Dos resíduos produzidos, uma fracção da parte orgânica (farelos), bagaço de cevada, são comercializados para os criadores particulares de gado. A outra parte orgânica constituída pelas leveduras adicionais e os trubs é evacuada juntamente com a vazão para o esgoto. A parte inorgânica constituída pelos demais resíduos é conduzida para as lixeiras comuns, exceptuando os sacos de nylon que igualmente são vendidos ao público; e os bidões dos produtos de limpeza de 200litros que são aproveitados como contentores de lixo dentro da empresa juntam-se aos de 25/30 litros que são aproveitados pelos trabalhadores para fins domésticos. O lixo é transportado em carrinhas particulares alugadas e depositado em lixeiras comuns da urbe, não havendo nenhum tipo de separação prévia em especialidades, dentro da organização. 23

d)

Marcos normativos

A análise que se realiza busca ter um enfoque informativo ou divulgativo, sem perder a rigorosidade técnica, de forma a ilustrar o panorama actual com que nos dispomos sobre a matéria e de outorgar os dados normativos que se nos apresentam, considerando a norma interna e alguns aspectos da ISO 14000, de forma que possibilitem outros estudos e aprofundizações posteriores. (1)

Normas Nacionais

Não foram verificados registos de uma Norma Nacional Cabo-verdiana de regimento no concreto a subprodutos ou resíduos industriais de forma específica. Entretanto, existe o decreto-lei nº 31/2003,de 1 de Setembro, que estabelece os requisitos essenciais a considerar na eliminação de resíduos sólidos urbanos, industriais e outros, e respectiva fiscalização, tendo em vista a protecção do meio ambiente e saúde pública. No que tange a abordagem empresarial, num sentido lato, de conformidade com o Capitulo I, Artigo 3º sobre a Prevenção e Valorização dos Resíduos, emanam-se um conjunto de medidas em função das possibilidades dos produtores de resíduos nas alíneas a), b), c), d), e) e f). O Artigo 4º, sobre o Dever da Eliminação, na qual enfatiza a promoção do procedimento de gestão, tendo em vista a saúde humana e prejuízo ambiental, sobre os detentores de resíduo, fica directamente compreendido nesses cometidos com a regulação da Responsabilidade pelo Destino Final na alínea b) do Artigo 5º. Fica ainda formulado com base no Artigo 9º do Capítulo II sobre a Competência em relação a Autorização sobre os projectos de operações que envolvam os resíduos perigosos a sua alínea a), como da Responsabilidade do governo pela área do ambiente a avaliação prévia do Impacte Ambiental. Sobre o Registo de Resíduos no Artigo 21º do Capítulo IV, imputa-se a responsabilidade de Organizar e manter Actualizado um inventário relativo aos resíduos, com a adequada Referência Temporal, os parâmetros preconizados nas alíneas a), b) e c). (Governo de Cabo Verde, 2003) (2)

Normas ISO (a)

O modelo de gestão ambiental ISO 14000

Qualquer empresa que anela ter uma relação salutar com o meio ambiente deve-se preocupar com a sua gestão. A responsabilidade empresarial em relação ao meio ambiente deixou de ser apenas uma 24

postura diante das imposições para se transformar em atitudes voluntárias. Os Sistemas de Gestão Ambiental vêm se tornando um grande aliado das organizações que buscam manter seus processos, aspectos e impacto ambiental sob controlo. É através dessa Gestão que se permite que a organização atinja o nível de desempenho ambiental por ela determinado e promova sua melhoria contínua ao longo do tempo. Consiste, essencialmente, no planejamento de suas actividades, visando à eliminação ou minimização dos impactes ao meio ambiente, por meio de acções preventivas ou medidas mitigadoras, formulação de estratégias de administração do meio ambiente, assegurar que a empresa esteja em conformidade com as leis ambientais, implementar programa de prevenção à poluição, gerir instrumentos de correcção de danos ao meio ambiente, adequar os produtos às especificações ecológicas, além de monitorar o programa ambiental da empresa (ENEGEP, 2005). Os SGA não são obrigatórios, ou seja, não há legislação de qualquer nível, em qualquer lugar do mundo, que obrigue, a uma organização produtiva a realizar o desenvolvimento e sua implantação. Contudo, o comércio internacional, cada vez mais, vem estabelecendo, como condição de comercialização de produtos e serviços, a certificação formal dos fornecedores em termos de gestão ambiental. Isto implica mudança de cultura e até mesmo mudança de estrutura. A questão deixa de ser assunto exclusivo de um departamento e se torna parte integrante da actividade de cada membro da empresa, desde a alta administração até o chão da fábrica (Kraemer, 2003). Como forma de se produzir uma plataforma única e/ou uniformizada sobre os padrões relativos à Qualidade e Gestão Ambiental, foram criadas, propostas e apresentadas um conjunto de Normas Internacionais, usualmente designadas como Normas Internacionais da Série ISO 14000, elaboradas por um comité técnico ISO. A ISO (international standards organization) estabelece um conjunto de normas que possam servir de base a um eficiente SGA, tentando em suma satisfazer as exigências legais e políticas na perspectiva de um desenvolvimento sustentado, através de um sistema integrado e devidamente estruturado de GESTÃO AMBIENTAL (Oliveira, 2005). A ISO 14000 série dos padrões consistem em 2 tipos de padrões 1º Padrões de organização usados para executar e avaliar o SGA dentro de uma organização. Incluem a ISO 14010 – Auditorias Ambientais – e as ISO 14030 – Avaliação do Desempenho Ambiental.

25

2º Padrões de Produto que podem ser usados para avaliar os impactes ambientais dos produtos e processos. Fazem parte deste grupo as ISO 14020 – Rotulagem Ambiental; a 14040 – Análise de Ciclo de Vida e a ISO 14060 – Padrões de Produto. A adopção de normas da série ISO 14000 vem se tornando cada vez mais importante como instrumento de competitividade das empresas, sobretudo no comércio internacional. Empresas que implantam SGAs tendem a apresentar maiores oportunidades de conquistar mercados onde as questões ambientais são ou estão se tornando relevantes, como é o caso da produção de mercadorias através de processos, matérias-primas e insumos cada vez melhores sob o ponto de vista ecológico e para a tomada de decisões comerciais, aumentando a competitividade junto ao mercado internacional. Além disto, a certificação ISO 14000 evidencia a todas as partes interessadas que a organização está comprometida com a melhoria contínua de seu desempenho ambiental (Kraemer, 2003). Os trabalhos iniciados pela ISO 14000 no desenvolvimento de normas ambientais tiveram um carácter objectivo. Este facto fez com que os governos e organizações aceitassem com grande receptividade, conforme citam Tibor e Feldman (1996). Segundo esses autores, tais trabalhos tinham como missão investigar a possibilidade de que uma norma ambiental pudesse alcançar os seguintes objectivos: • Estruturar o sistema de gestão ambiental nas organizações; • Elevar a capacidade da organização em atingir e medir melhorias em seu desempenho ambiental; • Retirar barreiras comerciais, facilitando o comércio entre as nações. Uma das características e vantagens da norma é que diferentes organizações que desempenham actividades semelhantes podem atingir desempenhos ambientais diferentes, caracterizando assim, a não existência de requisitos absolutos para o cumprimento da norma (Galvão, 2006). Oliveira afirma que as normas devem ser aplicáveis a todos os tipos de sistemas e adaptadas as condições existentes, sejam estas geográficas, culturais ou sociais, com o empenhamento activo de todos os elementos da empresa desde os menos qualificados até aos de mais alto nível (Oliveira, 2005).

26

Esta prática permite não só estabelecer e avaliar a eficiência dos procedimentos implementados como, e sobretudo, concilia o respeito das exigências ambientais com as limitações socioeconómicas reconhecidas, continua o mesmo autor. Os benefícios que uma empresa pode atingir através da implantação da ISO14000 são: •

- Redução do custo de disposição dos resíduos.



- Melhoria da imagem, da relação com os clientes, além de melhorar o relacionamento com as autoridades regulamentadoras.



- Aumento do acesso aos fundos de investimento.



- Redução do seguro de investimentos.



- Redução dos riscos de responsabilidade de despoluição.



- Redução do custo de energia.



- Habilidade para correcção de problemas potenciais antes de causar danos ambientais.



- Demonstração de comportamento ambiental esperado.



- Organizações que são pró-activas, em oposição as reaccionárias, podem atingir estratégias e vantagens competitivas sustentáveis através de sistemas de gestão ambiental (Kraemer, 2003).

27

IV.

Materiais e Métodos A.

Metodologia

O trabalho foi realizado no período de 10 de Junho a 30 de Julho de 2008, na fábrica de cervejas e refrigerantes Ceris. Esta fica situada na cidade da Praia e utiliza como matéria-prima insumos semielaborados do seu fornecedor. Os dados foram colectados de forma transversal e através de entrevistas. A base metodológica apresenta dois eixos: um que fala através da classificação dos resíduos e outro centralizado na técnica da entrevista. O primeiro ilustra os resíduos que são gerados quando ocorre o processo produtivo e o segundo aborda entrevistas personalizadas aos técnicos e pessoal operativo nas diversas etapas produtivas, de modo a ter-se a sensibilização do seu estado de conhecimento no que refere ao manejo e gestão dos resíduos. Se desenvolveram actividades de caracterização assim como uma busca bibliográfica de materiais técnicos de produção e normativos sobre a gestão de resíduos sólidos industriais, tanto internos como internacionais. Os dados foram registados em planilha Excel e analisados de forma descritiva e comparativa com auxílio de ferrmantas informatizadas (SPSS versão 15,0)

28

V.

Resultados

Os resultados da tabela 1 registam os resíduos produzidos na fábrica. Destaque-se que foram registados tanto materiais orgânicos quanto inorgânicos. Também registaram-se os processos comuns ao processamento (enchimento e pasteurização) da cerveja (tabela 2). Os resultados demonstraram que aproximadamente 20% da produção de subprodutos estava relacionada com o processo de enchimento e pasteurização. Segundo os inquiridos, durante os processos de produção são produzidos principalmente resíduos (64%) e inorgânicos (73%) Ainda pode ser verificado que a quantidade de resíduos se encontrou condicionada ao processo de enchimento e pasteurização e destino final que na verdade costitui o (conhecimento) que o inquirido tinha sobre o tipo do resíduo (r²=0,67; p
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