Períodos de interferência de plantas daninhas na cultura da mandioquinha-salsa

July 9, 2017 | Autor: Tocio Sediyama | Categoria: Critical Period, Randomized Block design
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Períodos

de

interferência

de

plantas

daninhas

na

cultura

da

mandioquinha-salsa Rogério Soares de Freitas1; Pedro Carlos Pereira2; Maria Aparecida Nogueira Sediyama 2 ; Francisco Affonso Ferreira1; Paulo Roberto Cecon1; Tocio Sediyama 1. 1

2

UFV-Depto. de Fitotecnia, 36571-000 Viçosa – MG; EPAMIG-CTZM C. Postal 216, 36571-000 Viçosa – MG. E-mail: [email protected]

RESUMO O trabalho teve como o objetivo determinar o período anterior a interferência, o período total de prevenção à interferência e o período crítico de prevenção de interferência das plantas daninhas na cultura da mandioquinha -salsa, “clone amarelo”, cultivadas no espaçamento 1,0 x 0,4 m. Os tratamentos foram constituídos por dois grupos, onde no primeiro manteve-se a cultura na ausência das plantas daninhas em períodos iniciais após o plantio das mudas, e no segundo a cultura foi mantida na presença de plantas daninhas em períodos iniciais após o plantio. Os períodos foram: 0, 21, 42, 63, 84, 105, 126, 147, 168, 189, 210, 315 dias após o plantio (DAP), totalizando 24 tratamentos, dispostos em blocos casualizados, com quatro repetições. O período crítico de prevenção da interferência na cultura da mandioquinha-salsa, considerando a redução na produtividade de raízes comercial de 5%, como aceitável, ficou determinado entre o 580 e 120 0 DAP. Comparandose as duas situações extremas, as testemunhas no mato e no limpo por todo ciclo, observaram-se, em média, reduções superiores a 98% na produtividade de raízes comercial de mandioquinha-salsa. Palavras-chave: Arracacia xanthorrhiza, interferência, período crítico. ABSTRACT Weed interference periods in Peruvian carrot culture This work aimed to determine the period prior to interference (PPI), total period of interference prevention (TPIP), critical period of interference prevention (CPIP) of weeds in Arracacia xanthorrhiza , “clone amarelo” culture in a 1.0 x 0.4 m spacing. The treatments were constituted of two groups: with-and-without weeds during the initial periods after planting. The periods were the following: 0, 21, 42, 63, 84, 105, 126, 147, 168, 189, 210, and 315.days after planting (DAP), totaling 24 treatments, arranged in a randomized block design, with four replications. The critical period of interference prevention in the culture was located between the 58th and the 120th DAP, considering a 5% productivity reduction of commercial roots as acceptable. When comparing the two extreme situations, with and without weed throughout the cycle, reductions over 98% were observed, on average, in the productivity of Peruvian carrot commercial roots. 1

Key words: Arracacia xanthorrhiza, interference, critical period A mandioquinha-salsa é, normalmente, cultivada em espaçamento 1,0 x 0,4 m, apresentando emergência e crescimento inicial lentos e longo ciclo, o que facilita o desenvolvimento das plantas daninhas que, quando mal manejadas, comprometem o potencial produtivo da cultura. Segundo o modelo proposto por Bleasdale (1960), adaptado por Pitelli (1985) o grau de interferência das plantas daninhas em culturas depende de fatores ligados à própria cultura (espécie cultivada, cultivar ou variedade e espaçamento), à comunidade infestante (composição específica, densidade e distribuição), ao ambiente (clima, solo e manejo da cultura) e ao período em que elas convivem. Nesse processo, os fatores mais facilmente controláveis são a época e a extensão do período de convivência entre culturas e plantas daninhas. Dessa forma procurou-se determinar o Período Anterior à Interferência (PAI), o Período Total de Prevenção à Interferência (P TPI) e o Período Crítico de Prevenção de Interferência (PCPI) para a cultura da mandioquinha-salsa, “clone amarelo”. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado na horta experimental da UFV, no período de 18/05/01 a 08/04/2002, em solo Podzólico vermelho-amarelo câmbico, fase terraço, de textura argilosa, com as seguintes características: pH (água) = 6,0; matéria orgânica = 2,87 dag.kg-1; P = 61,7 mg.dm-3; K = 145 mg.dm-3; Ca2+ = 5,1 cmolc .dm-3; Mg2+ = 1,0 cmolc .dm-3; Al3+ = 0,0 cmolc .dm3

; H+Al = 2,5 cmolc .dm-3; V = 72 % e T = 8,97 cmolc .dm-3. O solo foi preparado com aração e

gradagem. Não foram realizadas adubações de plantio e de cobertura, e as irrigações foram feitas por aspersão, de acordo com a necessidade da cultura. As parcelas foram formadas por três fileiras de seis metros de comprimento e espaçadas, entre si, de 1,0 m, com 15 plantas por fileira. Foi considerada área útil da parcela, a fileira central descontando 0,4 m nas extremidades. Adotou-se o delineamento em blocos casua lizados, com quatro repetições e 24 tratamentos, os quais foram constituídos de dois grupos complementares. No grupo com controle, a cultura permaneceu livre da interferência das plantas daninhas até diferentes períodos do seu ciclo de desenvolvimento: 0, 21, 42, 63, 84, 105, 126, 147, 168, 189, 210 e 315 dias após o plantio (DAP). No grupo com convivência, a cultura permaneceu infestada com plantas daninhas por diferentes períodos do seu ciclo de desenvolvimento: 0, 21, 42, 63, 84, 105, 126, 147, 168, 189, 210, 315 DAP. As épocas de determinação da ocorrência e da matéria seca de plantas daninhas foram estabelecidas de acordo com os dois grupos de tratamentos. No grupo com controle, as avaliações foram realizadas no final do ciclo da cultura e no grupo com convivência, as 2

avaliações foram realizadas no final de cada período. Nestas avaliações as plantas daninhas foram identificadas, classificadas em monocotiledôneas e dicotiledôneas e submetidas à secagem em estufa a 72 oC, até atingir peso constante, quando se determinou a matéria seca (g.m-2). Os resultados de produção foram analisados dentro de cada grupo de tratamentos (controle e convivência), sendo submetidos à análise de regressão segundo o modelo de regressão não-linear, usando o seguinte modelo logístico: Y = a/[1+(x/b)c ]. Os limites de interferência foram determinados aceitando-se perda máxima de produção de 5% em relação àquela obtida nas parcelas mantidas no “limpo” durante todo o ciclo. RESULTADOS E DISCUSSÃO As plantas daninhas predominantes no local do experimento foram: Cyperus rotundus (tiririca), Siegesbeckia orientalis (botão de ouro); Brachiaria plantaginea (capim marmelada); Ipomoea grandifolia (corda de viola); Bidens pilosa (picão preto); Amaranthus (caruru), Ageratum conyzoides (mentrasto), Sonchus oleraceus (serralha) e Oxalis corniculata (trevo). Observa-se, na Figura 1, maior ocorrência de plantas daninhas dicotiledôneas e um rápido incremento de biomassa seca de plantas daninhas após 42 DAP da cultura, permanecendo com valores elevados de matéria seca até a última avaliação. Os resultados de rendimento de raízes comerciais de mandioquinha -salsa, nos tratamentos com e sem interferência de plantas daninhas por todo ciclo, revelam redução no rendimento de raízes superior a 98%. Em relação à época e duração da convivência da cultura com as plantas daninhas, Pitelli e Durigan (1984) estabeleceram o Período Anterior à interferência (PAI), o Período Total de Prevenção à Interferência (PTPI) e o Período Crítico de Prevenção de Interferência (PCPI). Estes períodos encontrados são mostrados na Figura 2. O PAI foi de 58 dias e o PTPI foi de 120 dias. O PCPI foi de 58 a 120 dias, período em que as medidas de controle são necessárias para evitar perdas de rendimento. Períodos semelhantes foram encontrados por Alcântara et al. (1982), Carvalho et al. (1990), na cultura da mandioca. Todavia, Moura

(2000) verificou, para a cultura da mandioca, períodos menores de

interferência. A mandioquinha-salsa, semelhante a cultura da mandioca, apresenta lento crescimento inicial e pequena capacidade de sombreamento, portanto espera-se que esta cultura tenha baixa capacidade competitiva por luz com as plantas daninhas. Isto pode ser verificado no longo PTPI e PCPI encontrados. LITERATURA CITADA

3

ALCÂNTARA, E.N.; CARVALHO, J.E.; LIMA,P.C. Determinação do período de competição das plantas com a cultura da mandioca (Maninhot esculenta Crantz). In: EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROCUÁRIA DE MINAS GERAIS– EPAMIG. Projeto Mandioca: Relatório 1977/1978. Cruz das Almas: 1978, p.79-81. BLEASDALE, J.K.A. Studies on plant competion. In: HARPER, J.L. (Ed.) The biology of weeds. Oxford: Backwell Scientific Publication, 1960, p.133-142. CARVALHO, J.E.B.; REZENDE, G.O.; SOUZA, J.S. Estudo econômico de métodos integrados de controle de plantas daninhas na cultura da mandioca em fileiras duplas. Revista Brasileira de Mandioca, v.9, n.1/2, p.51-59, 1990. MOURA, G.M. Interferência de plantas daninhas na cultura de mandioca (Manihot esculenta) no Estado do Acre. Planta Daninha, Viçosa-MG, v.18, n.3, p.451-456, 2000. PITELLI, L. A. Interferência de plantas daninhas em culturas agrícolas. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.11, n.129, p. 16-27, 1985. PITELLI, R.A.; DURIGAN, J.C. Terminologia para períodos de controle de plantas daninhas em culturas anuais e bianuais. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE HERBICIDAS E PLANTAS DANINHAS, 15., Belo Horizonte, 1984. Resumos... Piracicaba:1984, p.37. Monocotiledôneas

Dicotiledôneas

Total

Matéria seca (g.m-2 )

700 600 500 400 300 200 100 0 0

21

42

63

84

105

126

147

168

189

210

315

Dias após a emergência com convivência

Figura 1 – Médias e erro padrão de matéria seca de monocotiledôneas, dicotiledôneas e total de plantas daninhas, em função de diferentes períodos de convivência. Viçosa, EPAMIG, 2002 14

Rendimento ( t.ha -1 )

12 ------*----- Períodos de controle ^y = 11,7513/[1 + (x/40,3126) -2,6077] Para x≠ 0 R2 = 0,9167

10 8 6

PAI

4

Períodos de convivência ^ y = 12,4665/[1 + (x/118,4233) 4,10148] R2 = 0,9640

PCPI PTPI

2 0 0

21

42

63

84

105

126

147

168

189

210

231

252

273

294

315

Dias após o plantio

Figura 2 – Representação do período anterior à interferência (PAI), período crítico de prevenção à interferência (PCPI) e do período total de prevenção à interferência (PTPI), estimando-se redução de 5% no rendimento de raiz comercial de mandioquinha-salsa, segundo critérios de manejo com controle e com convivência das plantas daninhas. Viçosa, EPAMIG, 2002 4

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