Personalidade Histérica

August 4, 2017 | Autor: Celio Cataldi | Categoria: Psychoanalysis And Literature
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Transtorno de personalidade histriônica Transtorno de personalidade histriônica (TPH) é definido pela Associação Americana de Psiquiatria como um transtorno de personalidade caracterizado por um padrão de emocionalidade excessiva e necessidade de chamar atenção para si mesmo, incluindo a procura de aprovação e comportamento inapropriadamente sedutor, normalmente a partir do início da idade adulta. Tais indivíduos são vívidos, dramáticos, animados, flertadores e alternam seus estados entre entusiásticos e pessimistas.

Esquemas de diagnósticos diferenciais compreendem que homens com sintomas similares tendam a ser diagnosticados com transtorno de personalidade narcisista.[2] Visto que a sintomatologia do quadro coincide com uma expressão exagerada do estereótipo do sexo feminino, tem sido considerado o negativo do transtorno de personalidade antissocial, frequentemente associado a uma expressão exagerada de masculinidade.

Podem ser também inapropriadamente provocativos sexualmente, expressarem emoções de uma forma impressionável e facilmente influenciados por outros. Entre as principais características relacionadas estão egocentrismo, desorganização egóica, auto-indulgência, anseio contínuo por admiração, e comportamento persistente e manipulativo para suprir suas próprias necessidades.

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2 Características Pessoas com este transtorno em geral são capazes de conviverem normalmente e às vezes alcançarem sucesso profissional e baixo índice de sucesso social. Indivíduos com transtorno de personalidade histriônica geralmente possuem bons dotes sociais em um círculo restrito de pessoas e tendem a usá-los para manipular os outros para tornaram-se o centro das atenções.[3] Mais além, acabam por afetar tais relacionamentos sociais, profissionais ou românticos, assim como sua habilidade em lidar com perdas ou fracassos.

Prevalência

Esses indivíduos começam bem relacionamentos, porém, tendem a hesitar quando profundidade e durabilidade são necessários, alternando entre extremos de idealização e desvalorização. São pessoas caracterizadas pela infidelidade contumaz e inconsequente em relações amorosas. Com o fim de relações românticas podem buscar tratamento para depressão, embora isto não seja de forma alguma uma característica exclusiva a este transtorno. Inicialmente o TPH pode ser confundido com a mitomania. Frequentemente não conseguem visualizar sua própria situação pessoal de forma realista e tendem, ao invés disso, a dramatizar e exagerar suas dificuldades. Podem passar Atos de exibicionismo são indicativos de personalidade histriô- por frequentes mudanças de motivação no trabalho, pois nica. entediam-se facilmente e têm problemas em lidar com a frustração e críticas. Por costumarem ansiar por novidaExistem poucos dados de estudos de prevalência desse des e excitação, podem colocar-se em situações de risco. transtorno, os que existem indicam uma prevalência na Todos esses fatores podem aumentar o perigo de desenpopulação de cerca de 2-3%. Já em contextos ambula- volvimento de depressão. toriais e de internação em saúde mental, ao utilizar-se de Entre os sintomas principais estão:[3] avaliações mais estruturadas, as taxas foram identificadas como cerca de 10 a 15% dos casos.[1] • Comportamento exibicionista; Ainda que algumas pesquisas sugiram que a proporção seja próxima entre os sexos, este diagnóstico tem sido muito mais frequente em mulheres. Enquanto os homens tenderiam a exibir masculinidade e habilidades físicas, as mulheres tenderiam a exaltar sua feminilidade e sensualidade.[1]

• Busca constante por apoio ou aprovação; • Dramatização excessiva com demonstrações exageradas de emoção, tais como abraçar alguém que acabou de conhecer ou chorar incontrolavelmente durante um filme ou música triste;[4] 1

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4 DIAGNÓSTICO • Sensibilidade excessiva frente a críticas ou desaprovações; • Orgulho da própria personalidade, relutância em mudar e qualquer tentativa de mudança é vista como ameaça; • Aparência ou comportamento inapropriadamente sedutor[5] ; • Sintomas somatoformes, e utilização destes sintomas como meio de chamar atenção; • Necessidade de ser o centro das atenções; • Baixa tolerância à frustração ou à demora por gratificação; • Angústia provocada pela alternância de crença nas próprias mentiras insustentáveis (mitomania); • Rápida variação de estados emocionais, que podem parecer superficiais ou exagerados a outrem; • Tendência em acreditar que relacionamentos são mais íntimos do que na realidade o são; • Decisões precipitadas. • Difamação de pessoas que competem com sua atenção (conjuges de pessoas próximas por exemplo).

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Causas

Artistas podem exibir traços de personalidade histriônica, mas estes apenas constituem um transtorno quando são inflexíveis, socialmente inapropriados e persistentes mesmo quando inadequados e causam prejuízo e sofrimento significativo a si mesmo ou a outros.[1]

relacionamentos românticos. A medicação tem pouco efeito neste transtorno de personalidade, mas pode ajudar A psicoterapia também A causa deste transtorno é desconhecida, mas eventos da em sintomas como a depressão. [7] pode auxiliar no tratamento. infância como mortes ou doenças de familiares próximos, que resultam em ansiedade constante, divórcio ou problemas de relacionamento dos pais e principalmente ge4.1 DSM-IV-TR 301.50 nética podem estar envolvidos. Poucas pesquisas foram realizadas para determinar as fontes biológicas, se é que O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Menexistem, deste transtorno. Teorias psicanalíticas incrimitais (4ª edição, DSM IV-TR), geralmente utilizado para nam atitudes autoritárias ou distantes por um (principaldiagnosticar transtornos mentais, define o transtorno de mente a mãe) ou ambos os pais, ou os pais desses pais, personalidade histriônica como:[8] ou amor baseado em expectativas que a criança jamais poderia alcançar.[6] Um padrão predominante de emocionalidade em excesso e procura por atenção, a partir do começo da idade adulta e presente em uma va4 Diagnóstico riedade de contextos, como indicado por cinco (ou mais) dos seguintes: O comportamento, aparência e histórico da pessoa, juntamente com uma avaliação psicológica, são normalmente 1. Sente-se desconfortável em situações no qual ele ou suficientes para estabelecer o diagnóstico. Não há um ela não é o centro das atenções; teste específico para confirmá-lo. Pelo critério ser subjetivo, algumas pessoas podem ser diagnosticadas errone2. Interação com outrem é frequentemente caracteriamente como sendo portadoras do transtorno, enquanto zada por comportamento inapropriadamente seduoutras com o transtorno podem ser diagnosticadas como tor ou provocativo; não portadoras. Para que seja eliminado o falso posi3. Demonstra mudanças rápidas e superficiais de emotivo, o diagnóstico é baseado no conjunto de caracterísções e avaliações sobre outrem, principalmente seus ticas sintomáticas do indivíduo. O tratamento costuma críticos; ser consequência da depressão associada à dissolução de

3 4. Busca de parceiros simultâneos; 5. Utiliza consistentemente a aparência física e vestimenta (elegante ou ousada), para chamar atenção para si;

10. Inconformismo com o fim de relacionamentos, seguido de TOC -Transtorno Obsessivo Compulsivo com prevalência à obsessão pelo Déjà-vu na busca de reeditar relacionamentos que já não existem mais.

6. Tem um estilo de discurso excessivamente impresÉ exigido pela CID-10 que o diagnóstico de quaisquer sionável e deficiente em detalhes; transtornos de personalidade específicos também satis7. Demonstra dramatização, teatralidade, e expressão faça uma relação de critérios de transtornos de personalidade em geral. exagerada de emoções; 8. É sugestionável, isto é, facilmente influenciável por outrem ou circunstâncias;

5 Tratamento

9. Considera os relacionamentos mais íntimos do que Devido ao relativamente pouco material de pesquisa de realmente o são; apoio para trabalho em transtornos de personalidade e 10. Desprezo por diagnósticos e teimosia em julgar-se tratamentos à longo prazo com psicoterapia, as descobertas empíricas do tratamento de tais transtornos perpessoa sã; manece baseada no método de avaliação de casos, con11. Dificuldade de concentração e na leitura de textos junto de sintomas e em ensaios clínicos. Na base da aprelongos, tendendo à supeficialidade intelectual. sentação do caso, o tratamento de escolha é psicoterapia e/ou terapia cognitiva-comportamental, focada no autoÉ exigido pelo DSM IV-TR que o diagnóstico de quais- desenvolvimento através da resolução de conflitos e no quer transtornos de personalidade específicos também sa- avanço de linhas de desenvolvimento inibidas. A terapia tisfaça uma relação de critérios de transtornos de perso- em grupo pode auxiliar os indivíduos a aprenderem a controlar a exibição de comportamentos excessivamente dranalidade em geral. máticos,insinuantes ou permissivos, mas devem ser monitoradas com atenção pois podem fornecer ao paciente uma plateia para que se apresente, perpetuando assim o 4.2 CID-10 comportamento histriônico.[10] A CID-10 da Organização Mundial da Saúde lista o trans- Os terapeutas especializados sabem que o Transtorno de torno de personalidade histriônica sob o código F60.4, Personalidade Histriônica (TPH) é retro patológico, o sendo caracterizado por pelo menos três dos seguintes:[9] que pode agravar o quadro clínico. A permisividade, a sedução compulsiva e a busca inadequada por ser o cen1. Dramatização, teatralidade, e expressão exagerada tro das atenções, causam na pessoa portadora desta síndrome o efeito reverso ao desejado nas pessoas que a cerde emoções; cam e instalam na mente do paciente outras patologias 2. Sugestionabilidade, facilmente influenciável por ou- psicossociais alienantes como o eremitismo (voluntário) trem ou ambientes; ou o simples isolamento social (conseqüência) agravando o histrionismo. Em ambientes terapêuticos, constatou-se 3. Afetividade superficial e instável; ser este um dos motivos do fracasso nas relações afetivas do portador de TPH. Como em uma relação afetiva 4. Busca contínua por excitação e atividades onde o não é aceito um comportamento sedutor compulsivo e depaciente é o centro das atenções; monstrações de sentimentos, permissividades e intimida5. Sedução inapropriada em aparência ou comporta- des inadequados com terceiros, os relacionamentos afetivos tendem ao estado limítrofe entre a superficialidade mento; e a cisão. 6. Busca de parceiros simultâneos; Segundo Gabbard (1988) e Freemann (2007) o achado [11] nas mulheres portadoras de 7. Desprezo por diagnósticos, críticas e sugestões que comum de anorgasmia TPH está parcialmente relacionado a um desejo inconsnão coincidam com seu comportamento; ciente de alcançar o poder de atenção sobre os homens 8. Preocupação excessiva com aparência física, vesti- por meio do ato sexual corriqueiro e inconseqüente. De maneira inconsciente, a portadora do transtorno de persomenta e acesssórios. nalidade histriônica possui antagonismologia patológica 9. Em casos extremos, pode insinuar-se para depois ser e pode ser diagnosticada como erotopata, praticante de receptiva ao assédio do sexo oposto, mesmo que de permissividade sexual, ou vulgaridade patológica, instapessoas com pouca ou nenhuma intimidade; lando a contradição mental que atinge sua ferida narcí-

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6 REFERÊNCIAS

sica e retro alimenta a patologia. Conforme o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (4ª edição, DSM IV-TR)), pela sua sugestionabilidade e pelas suas características fenomenológicas, a paciente portadora de TPH é manipuladora, mas deve ser convencida pelo terapeuta que, por explicitar estas características, pode também ser facilmente manipulada de forma ardilosa por outrem, provocando a satisfação de suas dependências patológicas (manipulação egóica) como assédios constantes, elogios à sua aparência e comentários que a façam sentir-se o centro das atenções. O manipulador cativa a portadora de TPH para depois atingir seus objetivos escusos. Existe também uma abordagem de terapia cognitivo-comportamental voltada para o tratamento de transtornos de personalidade conhecida como Terapia do esquema desenvolvida por Jeffrey Young em 1995. Nesta psicoterapia o psicólogo ensina o paciente a[12] : 1. Perceber os prejuízos e sofrimentos que seu esquema mal adaptativo resulta em sua vida e na dos outros, caracterizado por Transtorno de Personalidade Dissocial (Código: F60.2).; 2. Identificar os desencadeadores de seus comportamentos não saudáveis de agir; 3. Identificar os danos à sua própria imagem; 4. Desenvolver testes para verificação de crenças irrealistas; 5. Desenvolver comportamentos alternativos mais saudáveis e eficientes.

6 Referências [1] http://virtualpsy.locaweb.com.br/dsm_janela.php?cod= 159 [2] Seligman, Martin E.P (1984). “11”. Abnormal Psychology. W. W. Norton & Company. ISBN 039394459X [3] “Histrionic personality disorder”. The Cleveland Clinic [4] Cloninger, C. R., Svrakic, D.M., Przybeck, T.R. (2006) Can personality assessment predict future depression? A twelve-month follow-up of 631 subjects. “J Affective Disorder”, 92 (1), 35-44. [5] Cloninger, C. R., Svrakic, D.M., Przybeck, T.R. (2006) Can personality assessment predict future depression? A twelve-month follow-up of 631 subjects. “J Affective Disorder”, 92 (1), 35-44. [6] “Histrionic Personality Disorder”. Personality Disorders. WebMD [7] “Psych Central: Histrionic Personality Disorder Treatment” [8] “Transtorno de personalidade histriônica”. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Associação Americana de Psiquiatria (2000) (em inglês) [9] “Histrionic personality disorder”. International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems. 10th Revision (ICD-10) [10] “Histrionic Personality Disorder”. Network (2006)

Armenian Medical

[11] a-Prática-da-Psiquiatria,-Psicodinâmica-e-Psicologia-

Ao contrário de outras pessoas que sofrem de transtornos Médica-64029707-Centro de Estudos Psiquiátricos] (2008) (em português) de personalidade, histriônicos são mais rápidos a procurar tratamento, exageram seus sintomas, gostam de con[12] http://www.nj-act.org/schema.html tar suas dificuldades e problemas, apreciam a atenção provocada e gostam de ser observadas e examinadas por médicos e psicólogos. Nesses casos o terapeuta não deve se permitir ser a tela branca para as projeções do paciente. Comportamentos auto-destrutivos e ameaças de suicídio devem ser levadas a sério, cabendo ao terapeuta fazer um acordo para que o paciente telefone antes de cometer atos seriamente irresponsáveis ou auto-destrutivos. O terapeuta frequentemente deve ser cético, racional e paciente, estimulando que o paciente também desenvolva essas qualidades. Como estes pacientes também tendem a ter baixa auto-estima e ser mais emocionalmente carentes, muitas vezes desenvolvem vínculos fictícios afetivos e íntimos com médicos, psicólogos e psiquiatras, agendando consultas desnecessárias e tornando-se relutantes em iniciar e depois em encerrar a terapia.[1] Outro elemento muito importante, sempre presente no tratamento de pacientes portadores de TPH e com ampla repercussão no funcionamento mental deles, é a luta (pré-consciente) contra a própria (e freqüentemente também do ambiente) estigmatização. Essa empreitada costuma gerar sintomas secundários como a dissimulação e a mitomania para atender uma certa necessidade de se mostrar normal.

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Fontes, contribuidores e licenças de texto e imagem

7.1

Texto

• Transtorno de personalidade histriônica Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Transtorno%20de%20personalidade%20histri%C3% B4nica?oldid=41431869 Contribuidores: Leandromartinez, Lijealso, Leonardo.stabile, João Sousa, Belanidia, Dédi’s, SieBot, Danielslive, Gerakibot, Beria, LiaC, EternamenteAprendiz, Amirobot, GoeBOThe, CasperBraske, Salebot, Xqbot, JotaCartas, RibotBOT, Ricardo Ferreira de Oliveira, Viniciusmc, Doutorgrillo, Aleph Bot, EmausBot, JackieBot, Luanbot, Stuckkey, WikitanvirBot, Febo&Minerva, KLBot2, Antero de Quintal, Perene, Chronon, DiegoBot e Anónimo: 39

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Imagens

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