PERSPECTIVA DO RÁDIO NA AMAZÔNIA FRENTE À MIGRAÇÃO PARA O FM E A NOVAS TECNOLOGIAS: Caso de Santarém

June 14, 2017 | Autor: Paulo Henrique Lima | Categoria: Amazonia, Digital Radio, Comunicação Social
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INSTITUTO ESPERANÇA DE ENSINO SUPERIOR BACHARELADO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO

VANESSA PEREIRA PINTO

PERSPECTIVA DO RÁDIO NA AMAZÔNIA FRENTE À MIGRAÇÃO PARA O FM E A NOVAS TECNOLOGIAS: Caso de Santarém

SANTARÉM – PARÁ Novembro/2015

VANESSA PEREIRA PINTO

PERSPECTIVA DO RÁDIO NA AMAZÔNIA FRENTE À MIGRAÇÃO PARA O FM E A NOVAS TECNOLOGIAS: Caso de Santarém

Trabalho Acadêmico Orientado apresentado ao Instituto Esperança de Ensino Superior – IESPES – como requisito para obtenção do grau de Bacharelado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo. Orientador: _________________________________ Prof. Esp. Paulo Henrique Lima

SANTARÉM – PARÁ Novembro/2015 1

VANESSA PEREIRA PINTO

PERSPECTIVA DO RÁDIO NA AMAZÔNIA FRENTE À MIGRAÇÃO PARA O FM E A NOVAS TECNOLOGIAS: Caso de Santarém

Trabalho Acadêmico Orientado apresentado ao Instituto Esperança de Ensino Superior – IESPES – como requisito para obtenção do grau de Bacharelado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo.

Aprovado em_______de_______de________

Comissão Examinadora

_______________________________________ Prof. Esp. Paulo Lima Presidente/Orientador _______________________________________ Nome/Instituição – 2º Membro

_______________________________________ Nome/Instituição – 3º Membro

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Dedico este trabalho a Deus, primeiramente, que me deu a oportunidade de chegar até o presente momento, e que me manteve firme nesta trajetória acadêmica. À minha família que esteve comigo nos momentos mais difíceis, de forma especial a minha mãe, que sempre acreditou no meu potencial e ao meu amado, Marcel Guilherme, que encheu meus dias de trabalho de amor e paz. Vanessa Pereira Pinto

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AGRADECIMENTOS

À Diretoria das Rádios AM‟s de Santarém que permitiram o desenvolvimento desta pesquisa nas emissoras.

Aos técnicos de Comunicação pela disposição em contribuir com o trabalho.

Ao meu querido Orientador Professor Paulo Lima pela dedicação na instrução prestada na elaboração desta pesquisa, colaborando no desenvolvimento das minhas ideias.

Agradeço ainda ao coordenador do curso de Jornalismo do IESPES professor Milton Mauer pela confiança de sempre.

Por fim, um agradecimento a todos os professores e aos colegas do curso que transmitiram confiança, conhecimento e experiências, para minha vida profissional.

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Nessa nova conformação global a sobrevivência da liberdade de expressão e garantia de que setores minoritários vão ter acesso à mídia vão ser dadas pela Internet e pelo rádio. Claro que em escala global também eles estão integrados como canais de difusão das megaempresas de comunicação. Mas esses dois veículos abrem a possibilidade de explorar as contradições internas do sistema global através das brechas que possui, através da capilaridade e da facilidade técnica, o que possibilita seu acesso a esses grupos sociais (...) (Heródoto Barbeiro)

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RESUMO

O presente trabalho tem como foco identificar as perspectivas do meio radiofônico no coração da Amazônia: caso de Santarém. A pesquisa aborda aspectos com relação às mudanças que o Decreto de Migração das rádios AM para FM podem ocasionar e as novas tendências do mundo tecnológico a partir da Rádio Digital. Neste estudo se evidenciou as três emissoras de rádio AM de Santarém aptas ao processo migratório. Para tanto, buscou-se levantar estudos sobre as emissoras e analisar as características que serão desenvolvidas a partir da Migração e tão logo a respeito da Rádio Digital. A pesquisa foi realizada numa abordagem qualitativa, através de entrevistas com os personagens diretamente envolvidos neste processo. A coleta de dados obedeceu às etapas de trabalho, desde a pesquisa bibliográfica, com base nos autores, dentre os quais Luiz Artur Ferraretto, Juarez Bahia, Nélia Bianco e Rachel Severo Alves Neuberger, até a análise dos resultados feita a partir de categorias. Com base na análise dos aspectos identificados, pode-se dizer que, o meio radiofônico na Amazônia necessita de investimentos financeiros e de profissionais qualificados para não perder sua identidade de integração nas localidades mais distantes.

Palavras-chave: Rádio, Migração, Amazônia

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ABSTRACT

This paper focus radiomedia prospectives in Amazonia region, Santarém especifcally. This research analises news aspects refering to radio stations am migration to FM modulation, what kind of tendencies it can provoke with the presence of digital Radio. We choose three radio stations from Santarém, in condition to migrate to FM frequency. In order to do that we studied their characteristcs they will develop during migration, following making analysis of digital radio. We organized quantitative research through interviewing people directly involved in the process. We followed collection of data according each stage of work, since bibliographic research to result of analysis of categories. With this we could conclude that radio media in Amazonia needs finance investments and also qualified personal for maintenance of identity with their audience near and distant.

Keywords: Radio, Migration, Amazonia

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LISTA DE ABREVIATURAS ABERT – Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão AM - Onda Média ANATEL - Agência Nacional de Telecomunicações DENTEL - Departamento Nacional de Telecomunicações EBC – Empresa Brasileira de Comunicação FCC - Federal Communications Commission FM – Frenquência Modulada IESPES – Instituto Esperança de Ensino Superior Khz - Velocidade de propagação das ondas dividida pela freqüência KW - Kilo Watts MEB – Movimento de Educação de Base Mhz - Unidade de freqüência. Representa um milhão de Hertz, ou mil kilohertz OM – Onda Média OT – Onda Tropical ZYE - Prefixo radiofônico ZYI - Prefixo radiofônico ZYR - Prefixo radiofônico

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1RÁDIO: UM BREVE HISTÓRICO ..................................................................... 1.1 No Brasil e no Mundo ................................................................................. 1.2 O Rádio na Amazônia ................................................................................

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2 O PODER DAS ONDAS DO RÁDIO AM ......................................................... 2.1A Reestruturação: surgimento da FM ........................................................ 2.2 Mudanças e Desafios para o Meio Radiofônico ....................................... 2.3 A Migração das AMs: Vantagens e Desvantagens ..................................

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3 METODOLOGIA .............................................................................................. 3.1 Tipo de Estudo e Abordagem .................................................................... 3.2 Instrumentos e Técnicas de Pesquisa ...................................................... 3.2.1 Etapa 1........................................................................................................ 3.2.2Etapa 2 ....................................................................................................... 3.2.3 Etapa 3 ....................................................................................................... 3.2.4 Etapa 4 ....................................................................................................... 3.2.5 Etapa 5 ....................................................................................................... 3.2.6 Etapa 6 ....................................................................................................... 3.3 Fontes de Informação ................................................................................. 3.4 Local da Pesquisa ....................................................................................... 3.5Aspectos Éticos ...........................................................................................

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4. EMISSORAS DE RÁDIOS AM’S SANTARENAS .......................................... 4.1 Rádio Rural de Santarém ............................................................................ 4.2 Rádio Clube do Tapajós ............................................................................. 4.3 Rádio Ponta Negra ......................................................................................

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5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................ 5.1 Migrar para não Entregar ............................................................................ 5.2 Programação e Linguagem dos locutores ............................................... 5.3 Custos .......................................................................................................... 5.4 Potência e Alcance ..................................................................................... 5.5 E a Rádio Digital? .......................................................................................

36 36 38 40 43 45

CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. REFERÊNCIAS .................................................................................................. APÊNDICE .........................................................................................................

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INTRODUÇÃO

As mudanças sociais e culturais estão atreladas ao processo de transformações dos meios de comunicação, que com o passar do tempo ganharam novos aliados e estruturas tecnológicas. Com o meio radiofônico não foi diferente, passando desde o seu surgimento por altos e baixos, com a finalidade de desempenhar seu papel de informar e formar cidadãos em todo Brasil, está presente na maioria dos lares, nos automóveis e mais recentemente na rede mundial de computadores e nos dispositivos móveis. Especificamente na Amazônia, o rádio é tido não como um veículo de entretenimento, mas como um serviço social, pois como é exposto nos primeiros capítulos desta pesquisa, desde as primeiras transmissões o rádio trouxe para a proximidade o que sempre foi muito distante. Com o serviço oferecido pelas emissoras radiofônicas, as pessoas passaram a externar a sua privacidade. Aquilo que era muito pessoal, de repente, com a chegada do rádio passou a ser de conhecimento público. Em Santarém, antes da chegada do rádio na Amazônia, já havia uma sociedade que vivia de acordo com a sua época. Uma realidade urbana e rural e que se desenvolvia cultural, econômica, social e politicamente, respondendo as adversidades peculiares, natural de uma comunidade em busca de crescimento e afirmação que logo através do meio radiofônico pôde se integrar aos poucos as outras localidades distantes. Entretanto, depois de estabelecido no país, em virtude dos constantes avanços tecnológicos e das mudanças pensadas, o rádio perpassa por novos momentos pode-se dizer até desafiadores, como é mostrado neste estudo, principalmente no coração da Amazônia. Se atendo a essa linha de pensamento, a presente pesquisa ter por objetivo geral, identificar as perspectivas do meio radiofônico no caso de Santarém. Portanto, retratar os diversos aspectos com relação às mudanças que o Decreto de Migração das rádios AM para FM podem ocasionar e as novas tendências do mundo tecnológico a partir da Rádio Digital.

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Além do objetivo geral, destacam-se os objetivos específicos: 1) relatar brevemente a história do rádio no Brasil e no Mundo; 2) descrever o surgimento da comunicação radiofônica na Amazônia; 3) apresentar os desafios do meio atualmente; e, 4) identificar as perspectivas quanto os impactos das mudanças em Santarém. Os objetivos da pesquisa, citados acima, justificam-se por entender que o meio radiofônico é primordial na comunicação do homem por apresentar características singulares, principalmente na Amazônia. A partir desse contexto, o Trabalho Acadêmico Orientado (TAO) busca alçar resultados satisfatórios, servindo de incentivo para os desafios dessa terminologia imprescindível no rádio, assim como, contribuir como base para futuros trabalhos na área de comunicação social, haja vista, que, o tema estará presente nos próximos anos. O trabalho se utiliza da pesquisa bibliográfica e de campo, sobre a luz de autores da área de comunicação social, especificamente o rádio, dentre os quais Luiz Artur Ferraretto, Juarez Bahia, Nélia Bianco e Rachel Severo Alves Neuberger, e também de sujeitos experientes na comunicação santarena. Como fonte de pesquisa, se obteve de material adquirido da internet, pelo fato do tema ser atual e bastante discutido, e na Biblioteca do Instituto Esperança de Ensino Superior (IESPES), além de textos apostilados repassados no decorrer do curso. A pesquisa significa uma progressão de conhecimento na área de comunicação social, e que, se imortaliza pela importância de ser o fechamento de um ciclo educacional.

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1 RÁDIO: UM BREVE HISTÓRICO

1.1 No Brasil e no Mundo Tudo começou há 152 anos, em Cambridge, na Inglaterra, de acordo com Mello (apud Cunha et al, 2009, p. 15), quando James Clerck Maxwell, professor de Física, demonstrou teoricamente a provável existência das ondas eletromagnéticas, despertando interesse do alemão Henrich Rudolph Hertz (1857-1894) que em 1887, fez saltar faíscas através do ar que separavam duas bolas de cobre. Por causa disso os antigos quilociclos passaram a ser chamados de ondas hertzianas ou quilohertz. Assim, o princípio da propagação radiofônica foi elaborado. Geralmente o desenvolvimento tecnológico, como o do rádio é fruto do trabalho de uma série de pesquisadores, que a cada nova descoberta enxergam outras possibilidades mais apuradas de alcance para o ser humano, a invenção do rádio mundialmente, segundo Neuberger (2012, p. 51) é atribuída ao italiano Guglielmo Marconi, que a partir das ondas hertzianas, ele teve a ideia de transmitir sinais a distância. Assim, após descobrir o princípio do funcionamento da antena inventada por Hertz, enviou mensagens de Dover (Inglaterra) a Viemeux (França), em Código Morse, no ano de 1896, quando obteve patente da radiotelegrafia. Neuberger (2012, p. 51) aponta também que Marconi conseguiu avançar ainda mais com a ajuda do Governo de seu país em 1899: utilizando uma antena muito avançada para a época (à qual deu o nome de Detetor), Marconi conseguiu enviar três sinais do telégrafo „S.O.S.‟, realizando a primeira transmissão. Marconi provou assim a possibilidade de transmitir sinais pelo telégrafo sem fio. Estava concebida a radiotelegrafia. Marconi não parou por aí. Em 1901, enviou o primeiro sinal radiotelegráfico transoceânico, da Inglaterra para o Canadá. “A wireless, a sem fio, como começou a ser chamada a nova invenção, ligava terras e mares, atravessava montanhas, espalhava as mensagens através do éter, sem nenhum outro suporte que as próprias ondas eletromagnéticas”. Tantas experiências renderam a Marconi o Prêmio Nobel de Física, em 1909.

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Porém, o mérito pelo invento do “rádio” poderia ser atribuído ao padre brasileiro Roberto Landell de Moura, que, ao contrário de Marconi, foi bastante incompreendido e até acusado de atos de bruxaria. De acordo com Neuberger (2012, p. 52) o religioso foi chamado de “impostor, mistificador, louco, bruxo, padre renegado com o aval da própria Diocese que não concordava com suas teorias, considerando-o praticante do espiritismo e bruxaria.” No que diz respeito as primeiras experiências de radiodifusão no Brasil, Neuberger (2012 p. 53) aponta que: Entre 1892 e 1894 tiveram início as primeiras experiências de radiodifusão no Brasil, mais precisamente em Campinas, quando o padre Landell de Moura utilizou uma válvula amplificadora, de sua invenção e fabricação, que continha três eletrodos, e transmitiu, pela primeira vez, a palavra humana pelo espaço. Dois anos depois, repetiu a experiência, desta vez na capital paulista, entre a Avenida Paulista e o alto de Santana, o que equivale a uma distância de cerca de oito quilômetros em linha reta.

Somente em 1901, no entanto, quatro anos após Marconi ter conseguido a patente por seu telégrafo, o governo brasileiro concedeu ao padre a patente de número 3.279. Em 1903 e 1904, de acordo com a autora citada acima, Landell de Moura conseguiu, nos Estados Unidos, as patentes de três inventos: o transmissor de ondas (hertzianas ou landellianas), o telefone sem fio e o telégrafo sem fio. Em 1906, a invenção de um receptor simples, feito de sulfeto de chumbo natural (galena), seria a fórmula necessária à disseminação do rádio na década de 1920, já que era uma alternativa aos aparelhos produzidos industrialmente, cujos preços elevados inviabilizavam sua popularização. Ainda sobre o surgimento do rádio no mundo, Ferrareto (2007, p. 88) afirma que “a obtenção da tecnologia necessária para transmitir sons usando ondas eletromagnéticas não significa o surgimento do rádio”. Até porque o seu uso na forma que se convencionou chamar de rádio começa a se delinear somente dez anos após a experiência de Reginald Fesseden. O russo David Sarnoff (apud FERRARETO, 2007, p. 88), antevê na Marconi Company as possibilidades de utilização de tecnologia existente para a conformação de um novo produto, no qual descreve o rádio como veículo de comunicação de massa:

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Concebi um plano de desenvolvimento que poderia converter o rádio em um meio de entretenimento doméstico como piano ou fonógrafo. A idéia consiste em levar música aos lares por meio da transmissão sem fios. (...) Poder-se-ia instalar, por exemplo, um transmissor radiotelefônico com um alcance compreendido entre 40 e 80 quilômetros em um lugar determinado em que seria produzida música instrumental ou vocal ou de ambos os tipos (...). Ao receptor poder-se-ia dar a forma de uma singela caixa de música radiotelefônica, adaptando-a a vários comprimentos de onda de modo que seria possível passar de uma a outra apenas fazendo girar uma chave ou apertando um botão. A caixa de música radiotelefônica possuiria válvulas amplificadoras e um alto-falante, tudo acondicionado na mesma caixa. Colocada sobre uma mesa na sala, fazendo-se girar a chave escutar-se-ia a música transmitida (...). O mesmo princípio pode ser entendido a muitos outros campos, como por exemplo escutar, em casa, conferências, que resultariam perfeitamente audíveis. Também poder-se-ia transmitir e receber simultaneamente acontecimentos de importância nacional. (SARNOFF apud FERRARETO, 2007, p. 88).

Portanto, pode-se dizer que Sarnoff inventou o conceito do meio de comunicação rádio, que desde aquela época era caracterizado como um veículo de massa. Quando se faz referência à implantação do meio rádio no Brasil, Ferrareto (2007, p. 93) diz que se deu com a busca de novos mercados no cenário global de 1919 a 1932. Após a Primeira Guerra Mundial, com o fim da produção amparada pelo conflito no front europeu, as grandes indústrias eletro-eletrônicas norteamericanas buscam novos mercados para garantir e ampliar seus níveis de lucro. A introdução do rádio no Brasil dá-se, assim, graças ao que Karl Marx havia identificado, em Para a crítica da economia política, como característica inata do capitalismo (...) que tende, portanto, à busca de mercados cada vez maiores, internacionalizando seus interesses. Com o rádio, ocorre, deste modo, processo semelhante ao dos serviços telegráficos e telefônicos, de início operados predominantemente por empresas estrangeiras.

A primeira exposição pública no Brasil de radiodifusão sonora ocorreu no dia sete de setembro de 1922, durante a Exposição Internacional do Rio de Janeiro, que comemorava o centenário da independência. A partir daí a demonstração despertou o interesse dos pioneiros do rádio no Brasil, reunidos em torno de Edgar Roquete Pinto. De acordo com Bahia (1990, p. 434), não passou muito tempo para o rádio encontrar a sua própria identidade. No início, o conteúdo repassado aos ouvintes era limitado a leituras dos jornais impressos. Com o passar do tempo o rádio encontrou o seu próprio discurso e uma linguagem expressa por uma produção voltada para si 14

mesmo. O rádio também encontrou na cultura, por meio da música, do teatro ou de outras manifestações, meios próprios para transmitir a sua mensagem de forma eficaz e independente em relação aos primeiros anos de sua história.

1.2 O Rádio na Amazônia De acordo com o artigo “Após o regatão o Rádio e a Televisão” do jornalista Paulo Roberto Ferreira (2009), pouco mais de 100 anos depois do lançamento do primeiro jornal na Amazônia1 chega à era do rádio, uma das grandes novidades do início do século XX. A programação das emissoras era praticamente a mesma em todo o Brasil: musicais, eventos de auditórios, concurso de calouros e radionovelas. O jornalismo ocupou também o seu espaço. E o esporte, principalmente a transmissão de jogos de futebol, foi crescendo gradativamente dentro da grade das emissoras. Na Amazônia, segundo o jornalista, o rádio teve um papel muito importante na integração entre as capitais e as distantes localidades do interior, que na primeira metade do século XX eram ligadas por via fluvial. Enquanto os jornais impressos se concentram mais nas zonas urbanas, a área rural permanecia num grande isolamento, porém, as ondas do rádio chegavam até os vilarejos mais distantes, na beira do rio, nos garimpos, nos seringais, nas fazendas, nas roças, dentro das canoas, dos barcos, dos navios, dos caminhões tipo pau-de-arara, etc. Outro autor que defende a mesma teoria, no que diz respeito a importância do meio radiofônico na Amazônia, é Ferreira (apud Cunha et al, 2009, p. 19), onde afirma que devido às dimensões continentais, o surgimento do rádio representou benefícios bem maiores que se possa imaginar. Além de reduzir as distâncias, tirou a região do isolamento em relação ao resto do país. Enquanto para outros centros o rádio funcionava como diversão, informação e entretenimento, na Amazônia também era um serviço social para fazer o intercâmbio entre os seus habitantes. No Estado do Amazonas, de acordo com o mesmo autor, a primeira rádio surgiu em 29 de setembro de 1936, ao lado do porto de Manaus, com a denominação de Voz da Baricéia. Em 1945 a rádio foi adquirida pela rede dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand, com a denominação de Rádio Baré. 1

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O primeiro jornal impresso na Amazônia foi O Paraense, em 1922.

Em 11 de setembro de 1946 vai ao ar a Rádio Difusora de Macapá, emissora estatal que surge com a instalação do Território Federal do Amapá, tendo na época como governador o Capitão Janary Nunes. Ferreira (apud Cunha et al, 2009, p. 20), também refere que no oeste do Pará foi inaugurada em 1964, a Rádio Rural de Santarém, por iniciativa da Igreja Católica. A rádio surge como um instrumento para alfabetizar e educar as populações rurais. Sob a direção de frei Juvenal Carlson, a rádio se volta para a educação popular em parceria com o Movimento de Educação de Base (MEB). No período da ditadura iniciada em 1964, os militares criaram, em 1977, a Rádio Nacional da Amazônia, ligada à Radiobras, com o objetivo de neutralizar o sinal de rádios estrangeiras na região, principalmente a Rádio Havana. Mas com o passar dos anos, a emissora acabou contribuindo para o processo de integração das populações locais, que passaram a contar com uma programação nacional. Ainda nos anos de 1928 e 1980, além da instalação das principais emissoras de rádio na Amazônia, ocorre a instalação da Rádio Clube de Santarém, a ZYR-9, no dia 24 de outubro de 1948, em comemoração ao primeiro centenário de criação do município de Santarém. Tratando mais especificadamente do Estado do Pará, de acordo com Reis (apud Cunha et al, 2009, p. 21) foi no mandato do governador Dionísio Auzier Bentes, entre primeiro de fevereiro de 1925 à primeiro de fevereiro de 1929, que ocorreu a implantação da primeira emissora em 1928. Reis ainda pontua outros feitos importantes no mandato do governador, porém dessa vez no município de Belterra: Um dos atos que marcaram o seu governo ocorreu em 30 de setembro de 1927, quando a Assembléia Legislativa do Pará aprovou uma lei, de iniciativa do governador, que concedia uma área de 14.568 km2 às margens do Rio Tapajós para Companhia Ford Industrial do Brasil desenvolver um projeto de plantação de seringueiras. A plantação seria denominado Fordlândia. Os termos da concessão isentavam a Companhia Ford do pagamento de qualquer taxa de exportação de borracha, latex, pele, couro, petróleo, sementes, madeira ou qualquer outro bem produzido na área. As negociações foram conduzidas por Jorge Dumont Villares, representando o governador que visitou Henry Ford nos EUA, enquanto os representantes da Ford, para receber a área, foram O. Z. Ide e W. L. Reeves Blakeley. (REIS apud CUNHA et al, 2009, p. 21).

O autor acima considera dois acontecimentos como os mais importantes do governo de Dionísio Bentes. A chegada do rádio e a migração de americanos para Santarém, especificamente Fordlândia e Belterra, através do projeto Ford. Ambos, 16

segundo o autor, transformaram a rotina pacata do estado e provocaram mudanças de comportamento em todo o Pará. Outro fato que marcou o governo de Dionísio Bentes foi a chegada do rádio no Estado do Pará por iniciativa de Roberto Camelier, Eriberto Pio e Edgar Proença. Ainda no Pará, de acordo com Ferreira (apud Cunha et al, 2009, p. 23), a primeira emissora de rádio surgiu no dia 22 de abril de 1928. Tratava-se da Rádio Clube do Pará, em Belém, que desempenhou papel importante como veículo de integração. Antes do rádio, o contato entre o homem do interior da região e o mundo urbano, era feito pelo barco que abastecia os seringais e pequenas povoações com suas mercadorias. A casa aviadora ou “regatão” quebrava o isolamento e levava também as cartas dos parentes que viviam nas localidades, às margens dos rios. (FERREIRA apud CUNHA et al, 2009, p. 23).

Para o autor citado acima, a instalação do rádio na Amazônia, mais que um veículo de entretenimento, foi transformada em um serviço social. O rádio trouxe para a proximidade o que sempre foi muito distante. Com o serviço oferecido pelas emissoras radiofônicas, as pessoas passaram a externar a sua privacidade. Aquilo que era muito pessoal, de repente, com a chegada do rádio passou a ser de conhecimento público. No que se refere a Santarém, Reis (apud Cunha et al, 2009, p. 26) aponta que antes da chegada do rádio na Amazônia, já havia uma sociedade que vivia de acordo com a sua época. Uma realidade urbana e rural e que se desenvolvia cultural,

econômica,

social

e

politicamente,

respondendo

as

adversidades

peculiares, natural de uma comunidade em busca de crescimento e afirmação. Os municípios do Oeste do Pará, entre uma hora e outra, sempre caminharam lado a lado, afirma o autor, porém em nenhum momento houve lugar que se destacasse mais do que Santarém. Esta cidade sempre teve uma liderança natural em virtude de sua localização geográfica, no coração da Amazônia, entre as capitais Belém e Manaus, funcionando como entreposto para outros municípios da região. Há registros históricos, segundo Reis (apud Cunha et al, 2009, p. 27), de que a região oeste do Estado do Pará sempre esteve em ascensão. Aliás, também não deixa de ser uma característica dos municípios da Amazônia. Por exemplo, nas 17

décadas de 1940 e 1950 foi registrado um elevado crescimento populacional em toda a região, mantendo um dos maiores índices da taxa de natalidade.

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2 PODER DAS ONDAS DO RÁDIO AM

O Rádio desde suas experimentações até se tornar um veículo de massa opera em Ondas Médias (AM). Durante o período iniciado na década de 1940, considerado a “época de ouro”, o rádio brasileiro era caracterizado por uma programação eclética, com programas de auditórios e humorísticos radionovelas, esporte e jornalismo e vivia ainda de grandes experimentações. Eram realizadas por visionários, que buscavam, além de lucro, obviamente, consolidar o veículo como um meio de comunicação ideal. O começo dessa fase ocorreu ao mesmo tempo em que o Estado Novo se fortalece, segundo Ferrareto (2007, p. 112), dos Estados Unidos, país cuja programação radiofônica, via ondas curtas, inspirava os profissionais brasileiros desde a década anterior. O autor ainda afirma que: No plano das relações internacionais, já em 1939, durante a 8º Conferência Pan-Americana, em Lima, eram oferecidos empréstimos para que o Brasil saldasse a dívida externa com os credores ingleses e franceses, além de U$$ 50 milhões em produtos norte-americanos. A contrapartida viria na forma de facilidades à entrada de empreendedores daquele país no mercado nacional. (FERRARETO, 2007, p.112).

Como citado acima, a partir de 40, o rádio adquiriu audiência massiva, transformando-se, no começo dos anos 50, a primeira expressão das indústrias culturais no Brasil. Operando em Amplitude Modulada (AM), o meio radiofônico conseguiu se estruturar no país tendo em vista que no final dos anos 20, o Brasil segundo Ferrareto (2009, p.102) possuía um mercado interno razoável, e com a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918), a indústria brasileira é obrigada a fabricar produtos antes importados dos países envolvidos no conflito, desta forma o comércio interno também progride. A economia na época era centrada na produção de café e sente os duros reflexos da crise da Bolsa de Valores de Nova Iorque ocorrida em 1929. O autor acima descreve esse momento no país: Com a Revolução de 1930, o novo presidente da República, Getúlio Vargas, incentiva o crescimento industrial como saída para os problemas econômicos. Está crescendo um país mais urbano e moderno. O rádio começa a se estruturar, não mais como novidade, mas sim se constituindo em um veículo de comunicação que, ao buscar o lucro, volta-se para a obtenção constante de anunciantes e de público. Para tanto, dois fatos do

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ano de 1932 são fundamentais. Em 1º de março, o governo revolucionário organiza a veiculação da publicidade pelas emissoras com o Decreto nº 21.111, regulamentando outro decreto, o de nº 20.047, de maio do ano anterior, que definia o papel do governo federal na radiodifusão sonora [...] quando em julho do mesmo ano interrompe a Revolução Constitucionalista, o veículo adquire importância política estratégica [...] A partir daí, a sociedade toma consciência das possibilidades econômicas e políticas do rádio. Estavam lançadas as bases para a sua configuração como indústria cultural. (FERRARETO, 2007, p. 102).

A partir daí, em 1931, o sistema brasileiro de Radiodifusão começa a definir seus parâmetros, onde o governo assegura sua condição de poder concessório e prevê a criação de uma rede nacional sob controle do Estado. A respeito das características do Rádio AM, César (2000) aponta que possui uma linguagem mais quente e mais próxima do ouvinte. Os programas produzidos para o AM buscam maior intimidade com o ouvinte, pois falam mais perto do ouvido, para chegar mais rápido ao coração. O autor ainda diz que embora as emissoras no AM também busquem a segmentação junto ao público ouvinte, é notória a preocupação com a cumplicidade e participação de quem ouve a rádio seja na notícia, na utilidade pública ou no entretenimento a linguagem do AM é própria, que segundo o autor, é a mais extensiva e explicativa. Sobre o produtor de um programa no AM, o autor diz que a preocupação deste profissional volta-se mais com o preenchimento do tempo da programação com diálogos, conversas e a palavra do comunicador. Tem como dever preencher um programa com 70% de comunicação e 30% com músicas, quando não eliminar as musicas, no caso de uma rádio news (rádio de notícias). Contudo a fase desafiadora chego, de 1955 a 1970, após a televisão entrar no ar, através da TV Tupi-Difusora de São Paulo, idealizada por Francisco Chateaubriand Bandeira de Melo. Na época devido o pequeno número de emissoras de TV e o alto custo dos receptores garantiram a sobrevida para a era de auditórios, humorísticos e radionovelas. Mesmo assim, o rádio perde seu cast de artistas e, consequentemente, seus anúncios. Isso levou ao declínio um veículo que havia conquistado a população brasileira. Porém, de acordo com Ferrareto (2007, p. 135) a TV também enfrentou dificuldades para atrair anunciantes: A Nacional segue aumentando o seu faturamento, mas começa a perder profissionais para o novo veículo, um processo que vai abrangendo também as suas concorrentes. Em 1955, ainda concorre bem com a televisão.

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Octavio Augusto Vampré registra, por exemplo, que, ao surgir naquele ano, a TV Rio enfrenta problemas para estruturar a sua programação. Segundo o autor, a Nacional e a TV Tupi detinham nesta época contratos de exclusividade com a maioria dos grandes artistas da época, o que, de um lado, demonstra a força do rádio, mas, de outro, expõe, com clareza, o crescimento da televisão.

Porém ao contrário do que todos imaginavam, o rádio conseguiu se reinventar através do jornalismo, do esporte e da prestação de serviços, fazendo com que o veículo tivesse ainda uma credibilidade maior frente ao novo veículo que surgia de forma ainda simples. Antes de seguirmos, para melhor entendimento desta pesquisa, iremos mostrar os dois tipos de modulação, que se baseia, de acordo com Ferrareto (2007, p. 66), na possibilidade de um sinal sonoro ser transportado por uma onda eletromagnética em um processo denominado de modulação. Dessa forma, interferem dois tipos de ondas: a portadora e a moduladora 

Onda Portadora

Por ser de alta frequência e de natureza exclusivamente eletromagnética, a portadora serve de meio de transporte para outra onda, a do sinal sonoro. Em radiodifusão, é aquela gerada pelo transmissor. 

Onda Moduladora

Transportada pela portadora, a onda moduladora traz em si o conteúdo a ser transmitido. Caso não ocorresse a modulação, a transmissão desta onda garantiria uma pequena distância, já que ela possui baixa freqüência, necessitando do suporte oferecido pela portadora. Em termos de rádio, segundo o autor citado acima, ocorrem dois tipos de modulação: 

Amplitude Modulada (AM)

Transmissão de sinais pela modulação de amplitude de ondas, em frequências que variam de 525 a 1.720kHz. Caracteriza-se por uma qualidade de som inferior à das emissões em FM, porque os receptores AM sofrem interferências de fenômenos 2

21

Raízes e evolução do rádio e da televisão. Porto Alegre: Feplam/ RBS, 1979. p.220.

naturais, como raios, ou artificiais, como as provocadas por motores. As transmissões podem ser realizadas em ondas médias e curtas.



Frequência Modulada (FM)

Transmissão de sinais pela modulação de freqüência das ondas. Permite a emissão e a recepção de som em qualidade muito superior às em AM, por não sofrer interferências. As FMs operam em frequências que variam de 87,5 a 108MHz. Seu alcance, no entanto, é limitado a um raio máximo de 150 km.

2.1 A Reestruturação: surgimento da FM

Depois do entendimento de alguns conceitos técnicos, voltemos a tratar da reestruturação do meio radiofônico que aconteceu no período de 1970 a 1983, onde Ferrareto (2007, p. 155) aponta que: No período mais duro do regime militar, o quadro da radiodifusão brasileira começa a se alterar com início das transmissões regulares e comercias em frequência modulada. As primeiras emissoras voltam-se à transmissão da chamada música ambiente, mas, ao longo dos anos 70, ganham o público jovem, seguindo modelos norte-americanos de programação [...] predominase a música. Inicia um processo de divisão do público que vai consolidar nos anos 80. Nesta nova realidade, o rádio reestrutura-se e, mesmo sem recuperar o faturamento de outras épocas, reposiciona-se o mercado.

Desde o começo o rádio FM embora de menor raio em alcance, ofereceu uma qualidade sonora superior, que no início da década de 60, ganha um impulso significativo, isso porque em 1961, a FCC, a Agência Nacional de Telecomunicações norte americana, regulamenta a transmissão com som estereofônico. Assim, quando a FM chega ao Brasil, vem com a totalidade de suas possibilidades desenvolvidas. Ainda a respeito do rádio FM no Brasil, conforme Neuberger (2012, p. 85) ele se consolida a partir da década de 60, mostrando maior qualidade técnica, apesar do menor alcance em relação às AMs. Com música ambiente ou locução acelerada voltada ao público jovem,o FM conquistou seu espaço e, atualmente, este tipo de emissora é muito forte também 22

em termos de jornalismo allnews (24 horas),esportes e prestação de serviços, dessa forma pode-se dizer que o FM está em vantagem em termos de entrada nas novas tecnologias digitais, como já acontece, por exemplo, com o celular, o que se verifica, também, em termos de sistemas de rádio digital pelo mundo. Outras características do Rádio FM são apontadas por César (2000, p. 2): Sua linguagem é mais direta e objetiva, visando buscar o ouvinte pela instantaneidade. O perfil do ouvinte do FM não é ligado a uma só emissora como no AM. O ouvinte do FM busca a música ao invés do diálogo. É comum o ouvinte mudar de estação quando a emissora veicula seus comerciais ou quando o locutor começa a falar muito. Embora muitas emissoras no FM procurem popularizar mais sua segmentação como no AM, dificilmente conseguem estabelecer a mesma fidelidade do ouvinte com a rádio. No FM também está presente a segmentação do ouvinte com a programação, ou seja, uma emissora que toque somente samba terá a maioria de seus ouvintes adeptos ao gênero. O FM apresenta ainda uma característica bem peculiar do AM, seus comunicadores segmentam também a forma de apresentar os programas. Uma emissora que toque rock terá seus comunicadores inflexionando uma locução dentro da linguagem do público ouvinte. Bem como outra emissora que já seja adepta do gênero sertanejo, terá seus comunicadores assumindo uma postura mais popular e regional. Pelo menos é esta a técnica que se tem observado nos departamentos artísticos desde o meio dos anos 80, onde a segmentação começou a ser mais presente no FM.

Entre essas características do FM também estão a qualidade do som percebida pelos ouvintes na transparência na voz do locutor, ou seja, sem interferências e a competitividade no meio comercial.

2.2 Mudanças e Desafios para o Meio Radiofônico

Atualmente, o rádio e a TV vivem uma nova fase e a competição se acirra ainda mais devido a evolução das novas tecnologias no início do século XX, de forma específica com a internet. Contudo, o meio radiofônico passa por um período ainda mais desafiador no Brasil, devido ao Decreto assinado pela então presidente da República Dilma Rousseff em 7 de novembro de 2013, que autoriza a migração das rádios que operam na faixa AM para o espectro das FMs. Como já vimos anteriormente, a modulação do rádio pode ser em Amplitude Modulada (AM) ou Frequência modulada (FM), porém as diferenças não se restringem apenas à forma de se utilizar as ondas sonoras ou o formato digital, mas 23

também no conteúdo de cada um, o que determina, por sua vez, o público e os investimentos publicitários. Reiterando o que foi apresentado inicialmente nesta pesquisa, Neuberger (2012 p. 84) aponta que o rádio teve início com amplitudes moduladas e, apesar da qualidade deficitária do som desse tipo de emissora, ainda na atualidade, o AM dá ao mundo a possibilidade de ter o rádio como aliado da comunicação de massa para o desenvolvimento das nações de forma democrática e respeitosa para com o interesse público. Entretanto, com o Decreto de Migração, a realidade poderá ser diferente, e essas características poderão ou não sofrer alterações, é o que esta pesquisa pretende responder, porém no âmbito de Santarém e Região. A respeito das tecnologias digitais sobre o rádio AM, Neuberger (2012, p. 85) diz que: Muitos consideram o rádio AM com os dias contados pela introdução da nova tecnologia digital e pelo interesse cada vez menor dos jovens nesse formato que prioriza a fala ao invés da música. No entanto, quase duas mil estações no Brasil ainda usam transmissão AM. Esse tipo de emissora continua sendo das mais ouvidas no país, pois atinge quase a totalidade do território nacional e, geralmente, contribui para que os ouvintes tenham acesso ao maior número de informações possível, internacionais, nacionais e, principalmente, locais. É pela proximidade do locutor de rádio AM com seu público que o rádio é tido como um dos veículos de maior credibilidade no país.

Pelo menos até o ano de 2012, não existia qualquer interesse de abrir mão das transmissões AM, que na referida época cobria cerca de nove mil estações do país, segundo Barbosa (apud Neuberger, 2012, p.85): Não é possível que países da América do Sul e da América Central, incluindo o Caribe, abram mão de suas transmissões AM em função de um efêmero modismo que tomou conta da vida moderna por questão da mobilidade e portabilidade.

2.3 A Migração das AMs: Vantagens e Desvantagens

De acordo com as recentes publicações do site TudoRádio, a respeito da Migração das rádios, o Decreto visa fortalecer as emissoras de rádio que hoje são 24

prejudicadas pelo abandono do dial AM. Esse abandono é motivado pela presença de interferências na faixa AM que acabam inviabilizando a sintonia dessas estações por parte dos ouvintes. Ainda apontam que quanto maior o centro, mais difícil é a captação. No FM essas emissoras terão uma sintonia mais fácil e uma qualidade de áudio superior. A respeito da faixa estendida, o dial FM das grandes cidades não comporta novas emissoras, ou pelo menos o número de estações que virão da faixa AM. Por isso será criado o dial estendido (ou faixa estendida), que vai de 76.1 MHz até 87.5 MHz (hoje as emissoras de rádio em FM utilizam canais entre 87.7 MHz até 107.9 FM). Essa faixa estendida deverá ser utilizada em grandes centros como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, entre outros, respeitando assim as condições atuais da faixa FM “convencional” (utilizada pelas FMs atualmente). Nos dials FMs não compatíveis com o número de estações AMs que pediram migração, a faixa estendida será utilizada, fator que não será realizado na Amazônia, a partir deste item é possível verificar as peculiaridades Mesmo assim, de acordo com dados do site Tudo Rádio, existem dois problemas principais da faixa estendida: o primeiro é a inexistência dessa faixa na maioria dos receptores que hoje são utilizados pelos ouvintes e/ou estão disponíveis no mercado. A intenção do governo brasileiro é incentivar a presença do FM estendido nos novos receptores que serão fabricados, sejam na linha automotiva como também em outros modelos mais básicos. Como isso leva tempo as AMs que forem para o FM estendido provavelmente continuarão operando em AM por um período com previsão máxima em aberto, isso para que a audiência se adapte com a mudança. O segundo problema é que a liberação desses canais estendidos não é rápida. Esse espectro em FM compreende os canais 5 e 6 da TV analógica, essa que ainda não migrou totalmente para o sinal digital. A previsão de desligamento desses canais é para 2016, não sendo a primeira data dada pelo governo (que esperava que a migração da TV fosse mais rápida). As vantagens do dial estendido é que será uma faixa ampla que será utilizada pelo “novo FM”, ampliando de forma significativa o número de estações disponíveis ao público. Outra vantagem é de que boa parte da população tem ouvido rádio 25

através dos receptores em FM presente em aparelhos celulares, esses que já possuem a banda estendida disponível e uma simples reprogramação do rádio FM dos smartphones facilitaria o acesso ao “novo FM”. A maioria dos celulares com rádio que estão no mercado não disponibilizam recepção de rádios na faixa AM, devido o avanço das tecnologias. As emissoras que operam na faixa AM e que pediram a migração para o dial FM em regiões do país com o dial menos congestionado poderão ter a sua migração efetivada de forma mais rápida, como por exemplo, as emissoras existentes no interior da Amazônia. Nesse caso não haverá a necessidade de transmissão simultânea entre as faixas AM e FM durante um determinado período de tempo. A respeito do pedido de Migração, segundo o Ministério das Comunicações, cerca de 80% das rádios AM em todo o Brasil o fizeram durante as audiências públicas iniciadas em março de 2014. De acordo com o site, a migração não é obrigatória e as rádios AM que tiverem abrangência local poderão adaptar suas outorgas para abrangência regional, aumentando assim a captação do seu sinal. Desde o ano de 2014, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) estuda as frequências indicadas pelas emissoras para levantar a viabilidade técnica. Caso o dial da região seja considerado “carregado”, as rádios terão que esperar a abertura do chamado “dial estendido”, que ocupará os canais 5 e 6 da TV analógica (de 76 FM a 87 FM). Conforme o site Tudo Rádio, as rádios que operam na faixa AM terão certa redução de sua área de cobertura, porém não no porte. Por exemplo: o sinal AM propaga com facilidade à longas distâncias durante o período noturno, fato que é mais incomum com o FM. Porém o rádio conta hoje com a internet para essa captação à distância (já que boa parte das estações disponibilizam seu áudio de forma on-line). A adaptação das rádios na faixa FM será conforme o porte que essas emissoras possuem no AM. Foi fechada uma tabela de conversões entre as classes existentes no AM e aquelas do FM. Lembrando que as classes determinam o porte e o contorno protegido dessas rádios.

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3 METODOLOGIA

3.1 Tipo de Estudo e Abordagem

Com a finalidade de buscar compreender a história e características do meio radiofônico até os dias atuais foram adotados alguns procedimentos metodológicos considerados mais apropriados para tal fim. O estudo realizou-se inicialmente por meio da pesquisa bibliográfica. Duarte e Barros (2005, p. 51) enfatizam que: Pesquisa bibliográfica, num sentido amplo, é o planejamento global inicial de qualquer trabalho de pesquisa que vai desde a identificação, localização e obtenção da bibliografia pertinente sobre o assunto, até a apresentação de um texto sistematizado, onde é apresentada toda a literatura que o aluno examinou de forma a evidenciar o entendimento dos autores, acrescido de suas próprias ideias e opiniões.

Após a leitura do material, foi organizada uma sequência de ideias, e questionamentos relevantes para as Emissoras de Rádio AM que irão migrar para a FM em Santarém. E para isso utilizou-se a técnica da entrevista em profundidade, que de acordo com os autores acima é um recurso metodológico que busca, com base em teorias e pressupostos definidos pelo investigador, recolher respostas a partir da experiência subjetiva de uma fonte, selecionada por deter informações que se deseja conhecer. Em seguida, optou-se por desenvolver uma metodologia numa abordagem qualitativa, baseada em técnicas selecionadas para ajudar na identificação do processo de migração, assim como Marconi e Lakatos (2006, p. 269) apontam que: A metodologia qualitativa preocupa-se em analisar e interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do comportamento humano. Fornece análise mais detalhada sobre as investigações, hábitos e atitudes, tendências de comportamento etc.

3.2 Instrumentos e Técnicas de Pesquisa

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A coleta de dados foi realizada em etapas com base no desenvolvimento da pesquisa:

3.2.1 Etapa 1

Foi feita uma pesquisa bibliográfica, como falado anteriormente, para embasar teoricamente o trabalho. Em evidência ficou o tema comunicação, mas especificamente a fim de compreender a história e características do meio radiofônico até os dias atuais.

3.2.2 Etapa 2

O passo seguinte foi a elaboração dos roteiros das entrevistas a serem feitas com os sujeitos escolhidos para a pesquisa. Em detrimento disto iniciou-se um estudo nas três emissoras AM‟s da Cidade de Santarém: Rádio e TV Santarém Ltda, Rádio e TV Ponta Negra e a Rádio Rural de Santarém.

3.2.3 Etapa 3

Iniciou-se o processo de aplicação das entrevistas que foram gravadas de acordo com a autorização dos sujeitos. Foram entrevistados os responsáveis pelo processo migratório de cada Emissora e técnicos de telecomunicação e Legislação de Santarém.

3.2.4 Etapa 4 A pesquisa de campo foi realizada com visita as Emissoras AM‟s, que de acordo com Marconi e Lakatos (2006, p. 188): [...] é aquela utilizada com objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos a cerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles.

28

Considerando o caráter qualitativo da pesquisa, as entrevistas realizadas neste

trabalho

apresentaram

questões

estruturadas,

ou

seja,

perguntas

determinadas, além de se utilizar de recursos fotográficos para registrar os sujeitos.

3.2.5 Etapa 5

Nesta etapa foi realizada a transcrição das entrevistas e classificação dos dados coletados por categorias em preparação ao passo seguinte.

3.2.6 Etapa 6

Foi o momento de realizar a análise dos dados, a partir das categorias definidas, visando a apresentação dos resultados de forma descritiva.

3.3 Fontes de informação

Os informantes da pesquisa foram os responsáveis pelo processo migratório de cada Emissora e técnicos de telecomunicação e Legislação de Santarém, devido o objetivo desta pesquisa sobre as perspectivas do rádio na Amazônia: caso de Santarém, ajudando então com seus depoimentos, tendo em vista também as suas experiências no meio radiofônico.

3.4 Local da Pesquisa

Como critério da abordagem qualitativa da pesquisa, o trabalho exigiu presença no campo, ou seja, nas três emissoras AM‟s de Santarém: Rádio e TV Santarém Ltda, Rádio e TV Ponta Negra e a Rádio Rural de Santarém, todas localizadas dentro do perímetro urbano.

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3.5 Aspectos Éticos

Garantiu-se a utilização das informações dos sujeitos da pesquisa, assim como o registro das citações destes, somente para fins acadêmicos. Também foi autorizado por meio de documentos o consentimento dos nomes dos entrevistados nesta pesquisa.

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4 EMISSORAS DE RÁDIOS AM’S SANTARENAS Antes de seguirmos para melhor entendimento é necessário conhecer as emissoras Santarenas que devem migrar da AM para FM.

4.1Rádio Rural de Santarém De acordo com Ferreira (apud Cunha et al, 2009, p. 41), a Emissora foi inaugurada em 5 de julho de 1964 pela então Prelazia de Santarém, com o nome de Rádio Educadora de Santarém. Com o prefixo inicial de ZYE-29, potência de 1 Kw em Onda média e freqüência de 1.360 kHz, assim manteve-se até 1968, quando ganhou a Onda Tropical com 5 Kw. Em 1969 mudou de denominação e passou a ser chamada de Rádio Rural de Santarém. O seu público alvo era o ouvinte que se encontrava à distância: nos garimpos e nos municípios vizinhos, nos quais a comunicação praticamente inexistia.

O projeto era defendido pelo Bispo Dom Tiago Ryan que sempre entendeu que a então Prelazia de Santarém precisava de um veículo próprio para difundir os seus objetivos de educação e evangelização. Segundo Santos, O.,(apud Cunha et al, 2009, p. 42), juntamente com a nova emissora surgiram os programas: Movimento de Educação de Base (MEB), o Correspondente Rural, a Parada Social e depois E-29 Show; o Show da Tarde; Chamada Geral; a Nossa Serenata; as Transmissões Esportivas; o Jornal da Manhã e outros programas de muito sucesso. Em 1976, a Onda Tropical (OT) na freqüência de 4.765 kHz passou a 10 kW. Em 1981, foi a vez da Onda Média subir para 5 kW, mudando sua freqüência em 1988 de 1.360 para 710 kHz e atualmente, a emissora da Diocese desafia a distância com uma potência invejável em sua Onda Média que se agigantou para 25 kW, cobrindo todo o território paraense (SANTOS, O., 1974).

Ainda de acordo com Santos, O.,(apud Cunha et al, 2009, p. 43), os colaboradores Antonio Pereira, Ércio Bemerguy, Edinaldo Mota, Haroldo Sena, Osmar Simões, Manuel Dutra, Eduardo dos Anjos e os padres Luís Pinto, Valdir Serra e Edilberto Sena, dentre outros, na condição de gerentes ou não, marcaram positivamente a história da emissora mais ouvida da região. 31

4.2 Rádio Clube do Tapajós (antiga Tropical de Santarém)

Segundo Santos, O.,(apud Cunha et al, 2009, p. 46), com a redemocratização do Brasil e o interesse do presidente José Sarney em aprovar no Congresso Nacional o instituto da reeleição, o governo federal disponibilizou aos parlamentares da base aliada algumas concessões de canais para rádio e televisão. Aproveitando-se dessa oportunidade, inteligentemente o ex-prefeito e exdeputado Ubaldo Corrêa valendo-se do prestígio pessoal conseguiu materializar essa conquista em 15 de fevereiro de 1985 ao fundar a Santarém Rádio e TV Ltda. Em parceria com o filho Ruy Imbiriba Correa e o irmão Manoel Cornélio Campos Correa.

De acordo com o autor citado acima, a Rádio Tropical foi inaugurada em 01 de maio de 1985 com os estúdios instalados na Avenida Rui Barbosa, 136 e anos depois se transferindo para a Avenida Afonso Pena, 25, onde se encontra, em 2009. A Rádio, com potência de 5 kW em Onda Média e prefixo ZYT, opera na freqüência de 650 kHz e segundo as pesquisas detém a segunda maior audiência do segmento AM. Exatamente cinco anos após sua inauguração, em junho de 1990, diante do interesse das Organizações Rômulo Maiorana de Comunicação (Grupo Liberal) de Belém, Ubaldo Corrêa firmou uma parceria através de um contrato de arrendamento e por algum tempo a emissora passou a integrar o sistema de comunicação desse grupo que buscava expandir-se para cobrir todo o Estado. Em decorrência dessa inovação na radiofonia local retornava a Santarém, sua terra natal, um dos diretores das ORM Guarany Júnior para dirigir a emissora dos Corrêa (SANTOS, O., 1986).

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Santos, O.,(apud Cunha et al, 2009, p. 46), afirma que no final dos anos de 1980, com a contratação de profissionais egressos da Rádio Rural e extinta Rádio Clube como Jota Ninos, Jota Parente, Bena Santana, Osvaldo de Andrade, Edinaldo Mota, Clenildo Vasconcelos, dentre outros, a emissora dos Correa investe em uma diversificada programação, principalmente no jornalismo e no esporte. Nesse período vai ao ar o programa “Comando Tropical”, com sátiras direcionadas principalmente ao contexto político e com o surgimento da figura do “broncolino”, sob a responsabilidade do controvertido radialista Amadeu Santos. Estava dado o primeiro passo em direção ao programa “Patrulhão da Cidade”, surgido em 23 de agosto de 1992 na TV Santarém, pertencente ao grupo, tendo como âncora o ex-sonoplasta e discotecário Clenildo Vasconcelos. No dia 10 agosto de 1991, a Rádio Tropical e a TV Santarém, Canal 12 (No ar desde 18 de novembro de1990 com imagens da Rede Bandeirantes), deixam a Av. Rui Barbosa 136 e passam a operar em novo prédio, na Av. Afonso Pena 25/1991 (SANTOS, O., 1986).

O autor ainda afirma que, com o falecimento de Ubaldo Correa em pleno exercício do mandato de deputado federal em abril de 1996, o seu filho e também ex-prefeito Ruy Correa assumiu a direção da emissora que depois foi fortalecida com o advento do canal de televisão, a TV Santarém, Canal 12. Atualmente, o Grupo RBA comprou a antiga Rádio Tropical de Santarém e o Canal 12 de TV, se transformando então, na Rádio Clube do Tapajós.

4.3 Rádio Ponta Negra (antiga Rádio Clube de Santarém)

Para Santos, O.,(apud Cunha et al, 2009, p. 38),a Rádio Clube de Santarém foi inaugurada em 24 de outubro de 1948, às 15 horas, como parte da programação comemorativa ao centenário da cidade. O empreendimento foi idealizado por Jônatas de Almeida e Silva na segunda metade dos anos de 1940. A emissora contava com uma potência de apenas 100 Watts e seu alcance só atendia ao centro da cidade. Um dos problemas enfrentados para regularizar o funcionamento da rádio era a escassez de energia elétrica, que não dispunha de gerador próprio, muito menos poderia contar com o Poder Público municipal, que pessimamente atendia outras prioridades como hospital e mercado, que inicialmente dependia do gerador de energia elétrica da Empresa de Correios e Telégrafos.

33

Santos, O. (apud Cunha et al, 2009, p. 38),assevera que a Rádio Clube, com prefixo inicial de ZYR-9, depois ZYI-536 e freqüência de 1.510 Khz, surgiu, de fato, para atender as demandas dos comerciantes santarenos, que dispunham apenas dos serviços de alto-falantes para a veiculação dos comerciais de suas lojas. Em meados dos anos sessenta, após a morte de seu fundador e pelo interesse do filho Pitágoras de Almeida e Silva em se desfazer da emissora, a Clube de Santarém passou para o controle do empresário e técnico em telecomunicações Rostand Hennington Malheiros. Pouco tempo depois, ao advogado Armando Moraes da Fonseca. Em 1948, Fonseca, Wilson (apud Cunha et al, 2009, p. 38) relata que com a inauguração da Rádio Clube de Santarém formou-se, a convite de seu fundador e diretor Jônatas de Almeida e Silva, o Conjunto Serenata, que fazia uma programação de serenata com a duração de uma hora, sob a locução do saudoso Osmar Simões, iniciativa que se estendeu por apenas dois anos. Foi nesse período que a pioneira trouxe a Santarém o artista Adelaide Chioso, Dilu Melo, Pedro Raimundo, a cantora portuguesa Maria de Lourdes e o trio Guadalajara. Entretanto, a Rádio Clube de Santarém funcionou com altos e baixos e foi vencendo com o passar dos anos, dentre eles a falta de energia elétrica que havia somente à noite, portanto era o horário que a rádio funcionava. Dentre os programas locais, segundo Fonseca, Wilde (apud Cunha et al, 2009, p. 39), havia uma apresentação semanal,em estúdio de um conjunto formado por Joaquim Toscano (cantor), Wilson Fonseca (contrabaixo acústico de cordas), Miguel Campos (flauta), João Fona (violão) e Wilde Fonseca (violino). Expedito Toscano e Edenmar Machado, o Machadinho, também tiveram passagens pela ZYR-9, como excelentes tenores que eram. Por ser a pioneira, a Rádio Clube de Santarém, durante três décadas, funcionou como se poderia denominar: “a rádio escola da cidade”, passando por ela grande parte dos locutores que se projetaram como grandes comunicadores no estado do Pará e em outros estados brasileiros. Santos, O.,(apud Cunha et al, 2009, p. 42), ressalta que na primeira metade dos anos de 1980, a emissora enfrentou problemas para se manter no ar, dentre os quais, a falta de licenciamento e dívidas trabalhistas junto a Previdência Nacional. Os problemas se arrastaram até ser lacrada pelo Departamento Nacional de 34

Telecomunicações (DENTEL) em 1984. Meses mais tarde, em 1985, o então proprietário Armando Fonseca conseguiu mudar a razão social da empresa e recolocá-la com a denominação de Rádio Planície, no mesmo endereço, na Rua Galdino Veloso 786. Ali permaneceu até 16 de abril de 1988, quando sai do ar definitivamente. Finalmente, adquirida pelo empresário e ex-deputado estadual Nivaldo Soares Pereira voltou a operar 15 dias depois, em 30 de abril de 1988, já em novo endereço, na Avenida Mendonça Furtado com a Tv. Silvino Pinto, com o atual nome de Rádio Ponta Negra na freqüência em 850 Khz. Ainda segundo o autor citado acima em 1988, a nova emissora entra em operação com bons profissionais ao microfone, como: Olímpio Guarany, Edie Ribeiro, Luiz Abreu, Marcos Nogueira, entre outros. A equipe esportiva contava com Olímpio Guarany, Paulo Campos, Peninha Povão, Domingos Campos e Celivaldo Carneiro. A solenidade de inauguração oficial da Rádio Ponta Negra aconteceu somente no dia 12 de maio de 1988 sob a coordenação do empresário Nivaldo Pereira.

35

5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Com base nas informações colhidas nas entrevistas feitas e nas fundamentações da pesquisa com questões específicas a cerca das perspectivas do rádio na Amazônia: caso de Santarém, elegeram-se categorias para a análise dos resultados, os quais são apresentados a seguir.

5.1 “Migrar para não entregar”

O Decreto que autoriza a Migração das Rádios AM para FM foi encarado como desafio e com muitas dúvidas para as Emissoras de Santarém, tendo como base os depoimentos dos radiodifusores nesta pesquisa. O diretor da Emissora do Grupo RBA em Santarém, a Rádio Clube do Tapajós, Wellington Anastácio Ribeiro de Souza, entrevistado para este trabalho, informou que o Governo Brasileiro demorou bastante para baixar tal decreto, e quando feito, as dúvidas quanto à documentação foram diversas, o que de certa forma gerou impacto negativo principalmente para os radiodifusores da Amazônia, distantes dos grandes centros do país. Atuante na Comunicação Santarena há exatamente 38 anos, Anastácio acredita que outros fatores estão ocasionando a não concretização desse processo: “[...] além das dúvidas e da correria quanto à documentação necessária após o decreto ter sido assinado pela presidente Dilma, está ocorrendo toda essa demora principalmente pelo atual cenário político escandaloso e pela crise financeira que o Brasil enfrenta neste momento. [...] vejo que até 2016 ainda não teremos migrado, e quem perde são os ouvintes.” Também entrevistado para esta pesquisa, o Diretor de conteúdo e qualidade do Sistema de Comunicação da Diocese de Santarém – cujo meio integrante a Rádio Rural de Santarém, Ercio Santos, informou que esse processo migratório ainda não está claro e objetivo, e por esse motivo está causando debates acirrados no Congresso brasileiro através de representantes da rádio AM e da FM.

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Isto porque no seu entendimento, Ercio diz que um dos argumentos do Governo para tal mudança é com relação à desvantagem da AM a partir dos dispositivos móveis, neste caso o celular: “[...] durante as reuniões em Brasília, o projeto mercadológico relacionado a migração era de o sinal de AM seria destinado para a telefonia móvel.” O Diretor de conteúdo e qualidade do Sistema de Comunicação da Diocese de Santarém, também reiterou a dificuldade que as emissoras santarenas e as do Brasil inteiro tiveram no que diz respeito à documentação exigida pelo Ministério das Comunicações, pelo fato de envolver, inclusive, outorgas e outros papéis antigos das rádios AM, que desencadeou mais debates calorosos em Brasília. Durante a entrevista Ercio explicou como estava o procedimento da Rádio Rural de Santarém: “Nós, assim como as outras emissoras que irão migrar, conseguimos enviar a tempo a documentação exigida, claro que tivemos que correr contra o tempo, pois se trata de um processo bastante demorado e funciona por etapas.” Participante também desta pesquisa, o Diretor da Emissora Rádio e TV Ponta Negra, Nivaldo Pereira, acredita que o processo de migração das Emissoras foi desenvolvido com a finalidade de diminuir as interferências que atualmente o sinal da AM sofre, e pensado para que o meio radiofônico não seja ultrapassado pelo advento das tecnologias. Nivaldo Pereira relata ainda o fator comercial para Santarém: “O que se sabe é que hoje no nosso município, o maior bolo de faturamento é o das emissoras FM‟s, mesmo com as AM‟s tentando competir. [...] Dessa forma mesmo com muitas exigências do governo, alguns aspectos devem melhorar para os radiodifusores da Amazônia”. Percebe-se que apesar do Decreto de Migração ter sido baixado pela Presidente Dilma Rousseff, os radiodifudores vêem essa mudança como algo muito distante, isto levando em consideração que tal decreto foi assinado no ano de 2013, e passado dois anos ocorreu apenas um procedimento de troca de documentação, pelo menos na Região, e existem muitas dúvidas quanto o porquê da migração de 37

fato, e de quem será o grande beneficiador com estas grandes mudanças que podem ocorrer futuramente. Em detrimento disto, uma notícia publicada no dia 16 de setembro de 2015 no site da Agência Brasil, pertencente à Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), informava através do secretário de Comunicação Eletrônica do Ministério das Comunicações, Emiliano José, que a migração das primeiras 200 emissoras de rádio da faixa de AM para a de FM começariam no mês de novembro do mesmo ano. A afirmação foi feita durante audiência pública na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Deputados Na publicação constava que deste primeiro lote, a mudança de faixa continuara em 2016. E que pelo cronograma do ministério, outras 200 emissoras deverão migrar em março de 2016, mais 200 rádios em maio, 150 em julho e 144 em setembro, totalizando 894 emissoras. Na publicação diz que existem atualmente no Brasil 1.781 emissoras de rádio AM, segundo dados da Secretaria de Comunicação Eletrônica. Desse total, 1.386 pediram para migrar para a faixa de FM. O governo brasileiro argumenta que com a mudança, as rádios melhoram a qualidade da transmissão de sua programação, além de reverter a redução de audiência que as AMs vêm enfrentando nos últimos anos, situação também relatada pelos entrevistados desta pesquisa. Quanto à documentação necessária, o Ministério das Comunicações orientou que: As solicitações de adaptação de outorga do serviço de radiodifusão sonora em ondas médias para o serviço de radiodifusão sonora em frequência modulada, nos termos do Decreto nº 8.139, de 2013, serão recebidas e analisadas pelo Ministério das Comunicações, conforme o procedimento previsto na Portaria nº 127, de 12 de março de 2014, publicada no Diário Oficial da União de 13 de março de 2014. (MINISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕES)

Portanto, diferentemente dos radiodifusores, o governo brasileiro acredita que a mudança para FM irá ocorrer no tempo mais breve possível.

5.2 Programação e Linguagem dos locutores A respeito dessas características, como visto nos primeiros capítulos, AM e FM se distinguem, atraindo assim seu púbico-alvo. 38

Para o diretor da Rádio Clube do Tapajós, Wellington Anastácio, atualmente não há muitas diferenças entre essas transmissões, devido às peculiaridades do modo de fazer rádio na Amazônia. Durante a entrevista, Anastácio explicou que: “Antigamente até existia distinções, porém hoje não se nota mais, porque aqui em Santarém a maioria dos locutores antigos ainda está na ativa, e os novos locutores acabam sendo influenciados, portanto as locuções são bem parecidas. [...] Quanto à programação, acredito que não sofrerá muitas modificações, pelo menos aqui na Rádio Clube do Tapajós, porque temos que manter nossa identidade.” Pela instantaneidade do rádio, Anastácio acredita que a linguagem de todas as emissoras migrantes será mais quente, atrativa e dinâmica, uma vez que os locutores atuais da AM têm experiência para fazer FM. Por sua vez, Ercio Santos enxerga como um desafio fazer rádio na Rádio Rural de Santarém, depois da migração, tanto no que diz respeito à programação quanto à locução: “É evidente que teremos que realizar algumas alterações, apesar de termos uma boa programação, que hoje é o nosso grande diferencial em toda Região. [...] Teremos ainda que realizar muitas pesquisas e reuniões para detectar o que deverá ser modificado, até mesmo porque ao longo dos seus 51 anos a Rural criou um laço afetivo com seus ouvintes, ou seja, nós fazemos parte da vida das pessoas. [...] A questão é: Como continuar mantendo esta intimidade entre os ouvintes e a Emissora? Como disse Bianco (2010 p.1) tornou-se lugar comum dizer que o rádio no Brasil é o companheiro inseparável de milhares de pessoas que estão em casa, no trabalho, no carro ou no shopping. Espalhado por toda parte, é incontestável sua presença no cotidiano, o que reitera a preocupação de Ercio Santos neste contexto. O entrevistado ainda declarou que as mudanças, tarde ou cedo, irão acontecer, e o essencial para as todas emissoras migrantes, e principalmente a Rádio Rural, é tentar não perder a essência. Assevera que futuramente essas e outras questões serão respondidas, e que decisões serão tomadas até lá. A respeito dessas categorias, o Diretor da Emissora Rádio e TV Ponta Negra, Nivaldo Pereira, reiterou que antigamente a locução era de fato bastante diferenciada, porém atualmente notam-se igualdades entre as emissoras de rádios

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AM e FM do município. Para ele o que pode ocorrer a partir da migração é a segmentação destas empresas Quanto à programação, no caso específico da Ponta Negra, o entrevistado afirmou que Emissora pretende se tornar mais competitiva, que é uma das características marcantes da FM: “[...] Aqui na Emissora vamos tentar pensar numa nova programação com a finalidade de entrar no mercado e competir com a concorrência, e faturar um pouco mais do que hoje. [...] Como Santarém cresce a cada dia, esperamos conseguir vender e atrair os anunciantes para não fechar a Emissora.” Os entrevistados continuaram o relato deixando evidente a preocupação em relação às novas tendências que poderão surgir futuramente a partir da migração para FM, e da unificação das emissoras não só em Santarém, mas de todo país. Nota-se que nenhuma das emissoras AM‟s pensou num modelo a ser seguido até agora sobre a grade de programação, e a respeito da linguagem a ser adotada depois da migração.

5.3 Custos

Durante as entrevistas, nota-se outra preocupação com relação ao processo de migração das Emissoras: os custos com transmissor e antenas. Os entrevistados temem que essa mudança possa ocasionar, inclusive, o fechamento das emissoras, tendo em vista que até o presente momento o futuro é incerto. Recorrendo a uma matéria publicada na revista Eletrônica em 2013, vejamos a seguir quais os custos reais de equipamentos eletrônicos da AM e da FM, além de suas vantagens e desvantagens. De acordo com a revista, o maior encalço das emissoras de AM diz respeito ao custo da instalação da sua antena transmissora, além da sua manutenção preventiva ao longo do seu uso. Isto ocorre devido a antena transmissora que deve ser instalada em área de brejo, portanto zona rural longe do estúdio de produção, ao passo que o transmissor deve ficar o mais próximo possível da antena transmissora. Pelo fato da antena/ transmissor ficar na zona rural e o estúdio no centro da cidade,

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há a necessidade de instalar uma linha de transmissão de áudio, com milhares de metros ligando o estúdio à entrada do transmissor, como é o caso de Santarém. Diz também que por outro lado, deve-se prever a instalação de rede de energia elétrica, do tipo trifásica, no local onde o transmissor irá operar. O proprietário da emissora deverá adquirir o terreno onde a antena/ transmissor serão instalados, cercando-a e sinalizando-a em toda a sua volta contra o perigo de alta tensão, assim como da energia de RF irradiada pela antena. Esse problema foi relatado também pelo diretor da Rádio Clube do Tapajós, Wellington Anastácio: “[...] Hoje os radiodifusores de Santarém sabem do custo que é manter uma emissora AM em funcionamento, temos muitas despesas, até mesmo com pessoal que trabalha diretamente com o transmissor que correm riscos com a irradiação. [...] Já com a FM isso poderá mudar e as despesas poderão ser menores, acho que uns dos grandes benefícios da migração são esses, isso se as Emissoras conseguirem migrar.” Ercio Santos também demonstrou preocupação sobre o preço da migração durante a entrevista: “[...] Ainda não sabemos o custo real dessa mudança, só sabemos que esse processo é longo, mas com toda certeza vamos fechar novas parcerias para que o Projeto FM seja desenvolvido, fazendo com que os nossos ouvintes não sejam prejudicados”. Para o Diretor da Emissora Rádio e TV Ponta Negra, Nivaldo Pereira, um dos maiores impactos da Migração para FM, são os elevados custos: “[...] Qualquer emissora de rádio precisa pensar nos seus ouvintes, entretanto é necessário analisar também o custo benefício da empresa, ou seja, pensar economicamente, principalmente agora com o processo de migração, que apresenta impactos negativos e positivos. [...] Não é mistério para ninguém, que atualmente as três emissoras AM‟s da Cidade não sobrevivem sozinhas, elas sempre precisam de ajuda econômica das Emissoras de TV, ou de outras entidades”. Ainda de acordo com Nivaldo Pereira, os cálculos iniciais estão orçados em mais de R$ 200.000, e outros estudos devem ser feitos com o objetivo de identificar quais equipamentos poderão ser reutilizados, visando menor impacto econômico. Sobre o funcionamento das emissoras de FM, a revista Eletrônica diz que operam em altas frequências, as dimensões físicas de suas antenas são pequenas,

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permitindo sua instalação a baixo custo. As antenas de FM também são do tipo omnidirecional, ou seja, transmitem energia em toda a sua volta. Elas devem ser instaladas em locais os mais altos possíveis, como o alto de uma montanha, em torres ou prédios. O objetivo é obter-se uma melhor linha de visada, isto é, melhor alcance óptico em volta dela. Característica também relatada para esta pesquisa pelo entrevistado, Almério Brelaz Sampaio, pela sua experiência na comunicação santarena de 43 anos, além da sua atuação na área técnica e de legislação e na consultoria de telecomunicações: “[...] primeiramente devemos levar em consideração essas transmissões que são totalmente diferentes. A começar pela antena da FM que precisa ser instalada num lugar privilegiado, num terreno bastante elevado, e com isto em Santarém nenhuma das emissoras poderão aproveitar suas torres, devido à localização em terrenos baixos.” Outro fator que deve ser levado em consideração para esta pesquisa no que diz respeito aos custos, é entender como foi elaborado esse processo de migração. De acordo com Sampaio, é preciso dizer que: “[...] esta mudança foi pensada inicialmente como um projeto de discussão para digitalizar as emissoras onde quer que estivessem, ou seja, nós teríamos AM digital na freqüência onde ela opera, o que não ocorreu, devido aos testes não satisfatórios e por isso toda essa demora”. A respeito dos elevados custos, citados durante entrevista como preocupação pelos radiodifusores, Sampaio comenta o cenário das rádios AM‟s atualmente: “[...] o que se sabe é que as AM‟s, dada a condição da qualidade do som, não possuem tanta facilidade de conseguir audiência, e consequentemente elas acabam sentindo isto no setor comercial, então o bolo publicitário está concentrado nas FM‟s. [...] com a migração, as AM‟s além de fazer investimento alto, como por exemplo, novo terreno, equipamentos, sabe-se que elas não passam por uma boa fase financeira, assim existe uma grande dúvida, não se sabe se todas as emissoras AM‟s, inclusive as de Santarém terão oportunidades de migrar em função dos elevados custos que devem ser implementados”. Outra notícia publicada no dia 16 de setembro de 2015 no site da Agência Brasil, pertencente à Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), a respeito dos custos da migração informava que para a Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) a falta de recursos das emissoras para arcar com os 42

custos da migração é um problema. “Cinquenta e oito por cento das emissoras são de médio porte e 40%, de pequeno porte. Ou seja: 98% das emissoras são de pequeno ou médio porte. E a maioria delas é voltada à sua comunidade e não à região”. Na avaliação do secretário do Ministério de Comunicações, responsável pela radiodifusão, segundo a notícia, é que boa parte das dificuldades das autoridades em estimar os custos da migração está na falta de transparência das radiodifusoras. “Prejudica o fato de não termos uma avaliação clara do setor das comunicações no Brasil. Não sabemos qual é o peso efetivo da comunicação no Brasil; não temos valores de mercado; não sabemos quanto vale uma FM ou uma televisão porque ainda não tivemos condições de fazer um cadastramento do setor”, disse Emiliano José ao apontar esta como uma das grandes lacunas do ministério. Durante

entrevista

para

a

Agência

Governamental,

Emiliano

José,

acrescentou que para fazer a migração: “[...] não há mais como fugir: temos de pedir a situação econômica da empresa, para se chegar a uma tecnologia e a um preço mais justo. Estamos trabalhando para que os processos que entram no ministério sejam analisados imediatamente”. O depoimento foi feito como forma de cobrar as rádios, “informes” que ajudem na avaliação dos custos da mudança.

5.4 Potência e Alcance

No que tange a potência transmitida e o alcance, a publicação da Revista Eletrônica em 2013 mostra que as emissoras de AM têm um ótimo alcance, porém dependem de diversos fatores, como por exemplo, a potência transmitida, o local onde a antena está instalada, se o solo é úmido ou seco, o meio na qual o sinal se propaga, se a água é salgada ou não, e o horário. Nesse aspecto, Sampaio Brelaz demonstrou preocupação, durante entrevista, quanto ao alcance da FM, uma vez que Santarém está rodeada de floresta densa, mesmo com o aumento no índice de desmatamento, se as antenas não estiverem em locais privilegiados podem gerar problemas futuros as Emissoras, como por exemplo, na área de Planalto.

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Dependendo dos fatores vistos acima, uma emissora de AM operando em ondas médias pode ter um alcance médio de 800 km, podendo durante a noite sintonizar em diversas emissoras instaladas próximas do mar como também a quilômetros de distância, por exemplo, rádios de Buenos Aires – Argentina, Uruguai, Porto Alegre, Recife, Fortaleza, e muitas outras. Ainda segundo a publicação da revista, no caso das emissoras de FM, nas quais o sinal se propaga em linha reta, o alcance depende de dois fatores: a potência transmitida e a altura das antenas TX e RX. O alcance vai depender da linha de visada que há entre as duas antenas. Para isso, a antena receptora (RX) deve estar localizada em um ponto totalmente livre de obstáculos sólidos, de maneira que ela possa “ver” a antena transmissora (TX). Se houver algum obstáculo sólido entre elas, como uma elevação, prédios altos, rochas ou árvores, que possa obstruir a passagem do sinal transmitido, ele será absorvido e/ ou refletido em outra direção, não sendo recebido pela antena receptora, como mostra a figura abaixo:

Figura 01 – Sistema de transmissão operando na faixa de FM, com a linha de visada desobstruída. Fonte: RevistaEletrônica O Diretor de conteúdo e qualidade do Sistema de Comunicação da Diocese de Santarém, Ercio Santos, declarou que um dos maiores impactos da Migração será justamente o alcance limitado em que a Emissora poderá operar, tendo em vista que através de pesquisas foi identificado que o maior público mora nas Comunidades do Interior de Santarém. O restante está na Cidade e em municípios vizinhos. Ercio informou que mesmo com o desafio, contará com a tecnologia dos dispositivos móveis para continuar atendendo os ouvintes e atrair com criatividade os anunciantes: “[...] a ideia é não perder nossos ouvintes quando passarmos para a faixa de FM. [...] a tecnologia está aí para solucionar esse impasse, uma vez que os 44

celulares atualmente já vêm com o recurso de rádio, e tão logo a Rural estará em pé de igualdade com sinal de qualidade das outras emissoras de FM, e dessa forma vamos também competir no mercado de forma mais ativa, e é aí que as emissoras terão de pensar em estratégias inovadoras e criativas para atrair seus anunciantes.”

5.5 E a Rádio Digital?

Inicialmente para melhor compreensão vamos entender o que é a Rádio Digital, suas vantagens e os modelos de sistemas propostos para o Brasil. Com o avanço das tecnologias digitais, um dos meios de comunicação mais antigos não poderia ser excluído, do que podemos chamar de novos processos comunicacionais do homem. É fato, como afirmam muitos pesquisadores da área, que a Era Digital veio para ficar, e o rádio digital será sem dúvida a nova tendência daqui a uns anos, porém são necessários recursos e viabilização do governo federal para que essa mudança ocorra, e logo no Brasil. De acordo com João Rosa Ottoni, membro do Grupo voltado para estudo das atividades das Plataformas DRM, Iboc e Dab e também funcionário de carreira da Empresa Brasil de Comunicação, com a chegada do sistema digital, centenas de rádios pelo mundo compartilharão os mesmos ouvintes e, sendo assim, os melhores programas de rádios tomarão ouvintes de outros programas menos interessantes. Não importando em que país ou cidade o ouvinte esteja, ele terá sempre a sua disposição, a qualquer hora dodia, centenas de programas diferentes. Além dessas vantagens, Bianco (2010, p. 1) pontua que: O rádio digital é uma revolução técnica tão significativa que irá alterar o modo de produção da programação, de distribuição de sinais e a recepção da mensagem radiofônica. Pesquisadores da área de várias partes do mundo apontam para a necessidade de uma “reinvenção” do rádio para que possa se adaptar à nova tecnologia. A mais evidente reinvenção está relacionada à diversificação do conteúdo para atender ao crescimento da oferta decorrente da diversificação de modalidades de canais. A tecnologia permite a multiplicidade de formas de transmissão. Uma única emissora poderá operar transmissores terrestres para cobertura nacional ou local, transmissores por satélite para cobertura de grandes zonas,transmissores por cabo para zonas pequenas,além de transmitir dados e serviços especializados.

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Ainda de acordo com João Rosa Ottoni, a cada dia dezenas de transmissores de FM são desligados no mundo, enquanto no Brasil ainda estamos dando passos lentos na migração para FM. Em detrimento disto, a conversão do sistema analógico para o sistema digital avança a passos largos. Na Europa, segundo ele, o desligamento completo começa em janeiro de 2017 na Noruega e, provavelmente, terminará em 2019 com o desligamento dos transmissores analógicos do Reino Unido. Nas Américas, Estados Unidos, Canadá e até o México estão em fases de finalização do processo de troca do sistema analógico pelo digital, o que é preocupante para o Brasil. De acordo com Bianco (2010, p. 2) a transformação do sinal de analógico em bits (informação numérica) provoca talvez a mudança mais radical experimentada pelo rádio desde a invenção do transistor e da freqüência modulada: [...] E não é para menos. A qualidade de som do AM melhora de forma fantástica, passando a ter qualidade equivalente ao do FM atual. O ganho maior é do FM que passa a ter som igual ao do CD. Favorece ao desaparecimento por completo de interferências na transmissão de sinais nas freqüências AM e FM. Outra vantagem é a possibilidade de transmissão simultânea de dados para os aparelhos receptores dos ouvintes ou em outras plataformas de mídia e de distribuição de informação - organizadores pessoais, telefones móveis, leitores eletrônicos e a Internet. Enfim, a digitalização abre as portas para o rádio integrar-se ao processo de convergência entre as telecomunicações, os meios de comunicação de massa e a informática que está dando origem a um novo sistema de comunicação em rede identificado pelo seu alcance global, pela interatividade e pela integração de todos os meios. (BIANCO, 2010, p.2).

A respeito dos modelos de sistema de rádio digital em discussão no país e no mundo estão o sistema norte americano IBOC (In-Bandon-channel), o sistema europeu Eureka 147 DAB (Digital Áudio Broadcasting), o DRM + (ou plus) Rádio Digital Mundial, que é um padrão de rádio digital desenvolvido por um consórcio global de nome DRM, com sede na Suíça e representações em vários países e mais recentemente o modelo japonês ISDB-Tn (Services Digital Broadcasting–Terrestre narrowband). Cada um deles tem características técnicas particulares que refletem o modelo de exploração do sistema de radiodifusão em cada continente. 46

Entretanto, nenhum modelo foi escolhido até o momento no Brasil, são feitos apenas testes em determinados pontos do país, apesar de o Ministro das Comunicações na época, Hélio Costa, ter publicado em março de 2010 a portaria 290 que institui o SBRD: Sistema Brasileiro de Rádio Digital, dando disposições sobre os pré-requisitos que o sistema deveria atender. Sobre esse cenário, segundo João Rosa Ottoni diz que não se pode ficar esperando que o governo defina o sistema de rádio digital X ou Y. É necessário que as rádios brasileiras façam sua parte. Isto não quer dizer que se deve sair apressadamente trocando o hardware analógico para o digital das emissoras. Outras atitudes são necessárias antes. Ele afirma que as emissoras pelo mundo que se digitalizaram eficientemente passaram por demorados processos de melhorias de qualidade e segmentação da programação. E a segmentação, além de não consumir recursos financeiros significativos, é um processo imprescindível na conversão analógico/digital, já que facilita que cada segmento tenha seu conteúdo veiculado em um canal próprio quando a transmissão digital se instalar. Segmentar uma programação de rádio no padrão digital não é só separar a programação visando apenas o estilo musical. É também transmitir texto, imagem e etc.. Todo o processo de segmentação de uma rádio pode e deve, antes, ser implementado na web, facilitando assim que toda a estrutura de conteúdo da internet possa ser a base do conteúdo a ser transferido quando do advento do rádio digital. Neste contexto, durante as entrevistas para esta pesquisa, os radiodifusores se mostraram descontentes com o modelo digital por acreditarem que a Região Amazônica ainda não possui infraestrutura para tal revolução tecnológica e por falta de implementação de políticas voltadas no que diz respeito à conexão de internet de boa qualidade. Para o diretor da Rádio Clube do Tapajós, Wellington Anastácio, a rádio digital seria um salto enorme para a comunicação como um todo, e segundo suas pesquisas, os testes feitos no Brasil com vários modelos têm sido satisfatórios, porém acredita que é essa mudança ainda está distante das rádios santarenas.

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O Diretor de conteúdo e qualidade do Sistema de Comunicação da Diocese de Santarém, Ercio Santos, assegurou, durante entrevista, que assim como a migração para FM envolve interesses de grupos, a rádio digital, não é diferente, e os questionamentos são ainda maiores. Ercio Santos também lembrou que o modelo digital irá acarretar outros custos, além da redução da mão-de-obra humana e asseverou que as emissoras de rádios não estão preparadas: “[...] assim como a mudança para o FM requer vários investimentos econômicos e mudanças até irreversíveis na comunicação, a rádio digital também terá seus custos, talvez até mais elevados, além de perderemos a mão-de-obra do homem. [...] eu vejo que as emissoras de rádio no Brasil hoje não estão preparadas para essa mudança digital, principalmente as da Amazônia que possui uma realidade peculiar comparada com as outras regiões. Temos que levar em consideração que nós vivemos numa região onde o rádio é a maior fonte de informação, em locais que na maioria das vezes a Internet não chega”. Além

disso,

o

entrevistado

pontuou

questões

relevantes

sobre

o

desenvolvimento da rádio digital, em específico na Amazônia: “[...] muitas questões estão sem respostas: como realizar um trabalho digital numa região da Amazônia? Quais as garantias de infraestrutura que o Ministério das Comunicações dá para que isso possa acontecer aqui? [...] se isso acontecer nas outras regiões, novamente, a Amazônia será vista como colônia em todos os sentidos. A nossa dificuldade é muito grande, em relação às outras emissoras, porque envolve questões políticas, e econômicas.” O Diretor da Emissora Rádio e TV Ponta Negra, Nivaldo Pereira, afirmou que a rádio digital para Santarém seria um grande avanço, porém o trabalho será maior: “[...] quando se fala em rádio digital, falamos em avanços, tanto para os radiodifusores, quanto para os ouvintes. [...] para isso as emissoras santarenas terão que desempenhar um trabalho árduo, principalmente na grade de programação, uma vez que as rádios digitais devem atender vários públicos. [...] outra questão preocupante é o faturamento pequeno aqui para a Região Norte e as dificuldades financeiras das Emissoras, que se caso não dispor de investimentos, o modelo é incerto”. 48

Outro entrevistado desta pesquisa, Brelaz Sampaio, pontuou questões relevantes para o desenvolvimento do modelo digital em nossa Região: “[...] até mesmo os testes iniciais, que vão depender de internet, seriam uma dificuldade para a nossa região, devido à conexão de má qualidade desse serviço. [...] outro fator é a falta de investimentos para contemplar comunidades mais distantes, justamente porque na maioria delas não existe se quer uma estrutura de energia elétrica, e não adianta pensarmos que essa problemática irá se resolver de uma hora para outra, principalmente nesse momento de crise econômica que o Governo Federal atravessa”. Por fim, Brelaz afirmou que: “[...] que moramos numa região com características peculiares, e que ela precisa ser analisada de forma diferente, entretanto o governo baixa inúmeros decretos que não contemplam essas diferenças. Fora a legislação que não é especifica. [...] os governantes precisam entender que a Amazônia precisa ser vista e tratada de formas distintas do restante do Brasil.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos estudos da história do meio radiofônico, das técnicas utilizadas desde o seu surgimento até a contemporaneidade, principalmente no coração da Amazônia, e das novas tendências que se estabelecem com o passar dos anos, é possível identificar que apesar do rádio ser considerado a mídia do futuro, por muitos pesquisadores da área, se faz necessária uma reflexão profunda entre os radiodifusores e os governantes para que o meio possa mais uma vez se reinventar sem impactos irreversíveis. A primeira parte do trabalho detalhou o surgimento do meio radiofônico no Brasil e no Mundo, levando em consideração os aspectos políticos e sociais, e tratou também da relevância do rádio na Amazônia e no Oeste do Pará pelas suas características marcantes como meio de comunicação “quente”, de credibilidade, intimidade e de integração devido às dimensões continentais. Destacou-se na pesquisa o poder das Ondas Médias, as primeiras que foram operadas no início das transmissões do rádio, a sua ascensão, o seu declínio, a reestruturação no Brasil e a entrada da FM no contexto do Brasil naquela época, demonstrando a sua capacidade de resistência as mudanças. Mostrou-se, a partir de lá até os dias atuais, os novos desafios e possíveis tendências que podem ocorrer em detrimento do Decreto assinado pela presidente da República, Dilma Rousseff em 7 de novembro de 2013, que autoriza a migração das rádios que operam na faixa AM para o espectro das FMs, e com relação a evolução das novas tecnologias no início do século XX, de forma específica com a internet, em outras palavras: a Rádio Digital. Para o entendimento das vantagens e desvantagens da Migração, recorreuse para publicações recentes de sites especializados sobre o assunto, tendo em vista que apesar do Decreto ter sido assinado no ano de 2013, o tema foi pouco debatido e explorado pelos pesquisadores da área, dificultando em termos bibliográficos, e ao mesmo tempo desafiando aqueles que almejam responder questões sobre as perspectivas do meio radiofônico no âmbito de Santarém - região amazônica, tal qual o objetivo desta pesquisa.

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A abordagem das categorias elencadas como elementos primordiais no processo de análise dos resultados apontam aspectos relevantes no contexto de discussão a respeito da migração, de seus impactos e perspectivas nas três emissoras AM‟s Santarenas – aptas a migrar. No que diz respeito à primeira impressão dos radiodifusores quanto à migração é necessário dizer que foi vista como desafio, primeiramente, pela agilidade do Governo Federal em querer a mudança logo após as audiências públicas feitas em todo país, ressaltando, que a maioria dos radiodifusores não participou, em seguida surgiram dúvidas pela quantidade de documentação exigida pelo Ministério das Comunicações que, inclusive, até os dias atuais ainda são pedidos das emissoras santarenas, o que de certa forma faz com que os radiodifusores se sintam prejudicados e até mesmo “atrasados” com relação às rádios de outras regiões. Isso mostra que o Decreto de mudança para FM precisava ser amplamente discutido com todos os radiodifusores, tanto aqueles das emissoras AM‟s quanto FM‟s, pois levando em consideração uma espécie de igualdade entre às rádios de todo país resulta, não apenas numa quantidade maior de FM‟s, porém traz consigo novas tendências do modo de fazer rádio, e essa é a maior preocupação dos radiodifusores de Santarém por se tratar de alterações na identidade de cada uma no contexto amazônico. Vale ressaltar, as características e vantagens da FM, como por exemplo, a melhor qualidade do som, praticamente sem ruídos ou falhas - fator primordial para atrair os anunciantes, uma vez que essas emissoras se sustentam do faturamento – a programação e a locução também são diferenciadas da AM, por ser menos conversada e mais ágil, e por possuir mais espaço para o entretenimento, e pouca informação. Essa questão também foi percebida nesta pesquisa, os radiodifusores acreditam que as programações das emissoras devem sofrer alterações, porém a preocupação futura será tentar manter a identidade de cada uma mesmo em outro espectro, tendo em vista que as três emissoras possuem mais de décadas atendendo aos ouvintes mais distantes das comunidades amazônidas. Quanto à locução os radiodifusores não esboçaram qualquer preocupação, uma vez que as emissoras AM‟s ainda possuem em seu quadro de funcionários locutores de longa data, e que influenciaram os novos locutores, ou seja, a 51

linguagem é praticamente a mesma nas emissoras FM‟s santarenas, uma espécie de “AMnização”. Um ponto importante, e evidente nesta pesquisa é com relação aos custos desta migração. Passado dois anos após a assinatura do decreto, os radiodifusores santarenos ainda não dispõem de um valor exato para realizar a mudança, o que é preocupante para o cenário atual radiofônico na Amazônia. É notável, mesmo com boas perspectivas, os entrevistados não descartam a possibilidade, em último caso, de fecharem as emissoras por não terem condições financeiras favoráveis, levando em consideração a atual crise que o país enfrenta e a falta de subsídios por parte do governo federal. Enquanto o governo alegou querer celeridade no processo migratório, os radiodifusores demonstraram insatisfação neste quesito. Outro ponto analisado nesta pesquisa foi o alcance e a potência em que as emissoras poderão funcionar após a migração, onde identificou-se um dos maiores impactos, pois a ideia dos radiodifusores será tentar perder menos ouvintes possíveis pelo fator da FM não alcançar as mesmas localidades que a AM. Porém, destacou-se outras possibilidades dos ouvintes se manterem conectados com as emissoras como, por exemplo, através da tecnologia dos dispositivos móveis. A última categoria analisada nesta pesquisa, à Rádio Digital, destacou-se que os radiodifusores são sabedores da importância das emissoras estarem alinhada a Era Digital e do movimento existente no Brasil com diversos modelos, porém há um descontentamento sobre o modelo digital por acreditarem que a Região Amazônica ainda não possui infraestrutura para tal revolução tecnológica e pela falta de implementação de políticas voltadas com relação à conexão de internet de boa qualidade. Enfim, identificou-se que as perspectivas do meio radiofônico no coração da Amazônia por parte dos radiodifusores são as melhores possíveis dependendo dos recursos financeiros e da viabilidade do governo federal em dar subsídios para que as mudanças ocorram sem impactos irreversíveis na comunicação integradora que o meio radiofônico exerceu desde o seu surgimento até os dias atuais na Amazônia, além disso, percebeu-se a exigência que os profissionais devem possuir para manter as rádios com suas identidades. Por fim, ressalta-se, que o trabalho cumpriu seu propósito, mas abre-se espaço para que a partir dele outros acadêmicos se interessam pelo assunto e aprofundem as discussões. 52

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APÊNDICE APÊNDICE A – Fotografias dos entrevistados do TAO APÊNDICE B – Solicitação de autorização de entrevistas

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APÊNDICE A – Fotografias dos entrevistados do TAO

Figura 01: Wellington Anastácio Fonte: Vanessa Pereira, 2015

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Figura 02: Ercio Santos Fonte: Vanessa Pereira, 2015

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Figura 03: Nivaldo Pereira Fonte: Vanessa Pereira, 2015

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Figura 04: Sampaio Brelaz e Francimar Costa Fonte: Vanessa Pereira, 2015

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APÊNDICE B – solicitação de autorização de entrevistas

SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO Santarém,____ de _______de 2015 Prezado (a) senhor (a): Estou realizando uma pesquisa intitulada: PERSPECTIVAS DO RÁDIO NA AMAZÔNIA: CASO DE SANTARÉM, sob a orientação do professor Paulo Henrique Lima, com objetivo de elaborar o trabalho acadêmico de conclusão do curso. Sendo assim, solicito a V. Sª., vossa participação respondendo as questões em pauta. Solicito ainda permissão para mencionar o vosso nome, pois quero garantir respaldo às informações de nossos entrevistados. Assim que tiver aprovação de nossa pesquisa farei o possível para que os resultados cheguem a vossa senhoria. Antecipadamente agradecemos a participação.

Atenciosamente, Vanessa Pereira Pinto Curso de Comunicação Social – Jornalismo Paulo Henrique Lima _________________

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