Pesquisa Brasileira sobre Agências de Notícias: revisão bibliográfica de um subcampo

May 27, 2017 | Autor: Pedro Aguiar | Categoria: News agencies, Media Research, Journalism Research and Education, Investigación en Comunicación, Communication Research, Investigación De La Comunicación, Metodologia de Pesquisa em Comunicação, Investigación latinoamericana de la comunicación, Media theory and Research, Mass Communication, Communication Research, Journalism and Media Research, Journalism Research, News Agency Journalism, Journalism, Media Research and Bussiness Administration, Mass Communication Research, Teoria E Investigacion De La Comunicacion Social, Pesquisas Em Comunicação, Metodología De La Investigación En Comunicación Social, Agencijsko Novinarstvo, Agencias de noticias, Agencias de prensa, Metodos De Investigacion En Comunicacion, news agencies in Latin America, Journalism Education and Research, Teorías y metodologías para la investigación en comunicación, News agencies in Brazil, agências de notícias, jornalismo de agências, Brazilian media research, news agencies research, news agency research, agences de presse, Investigación De La Comunicación, Metodologia de Pesquisa em Comunicação, Investigación latinoamericana de la comunicación, Media theory and Research, Mass Communication, Communication Research, Journalism and Media Research, Journalism Research, News Agency Journalism, Journalism, Media Research and Bussiness Administration, Mass Communication Research, Teoria E Investigacion De La Comunicacion Social, Pesquisas Em Comunicação, Metodología De La Investigación En Comunicación Social, Agencijsko Novinarstvo, Agencias de noticias, Agencias de prensa, Metodos De Investigacion En Comunicacion, news agencies in Latin America, Journalism Education and Research, Teorías y metodologías para la investigación en comunicación, News agencies in Brazil, agências de notícias, jornalismo de agências, Brazilian media research, news agencies research, news agency research, agences de presse
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SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 14º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo Palhoça – Unisul – Novembro de 2016

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Pesquisa Brasileira sobre Agências de Notícias: revisão bibliográfica de um subcampo

Resumo: O artigo esboça um mapeamento atualizado das produções bibliográficas brasileiras sobre agências de notícias. Revisam-se referências publicadas desde as primeiras menções, em manuais, material paradidático e obras normativas, na segunda metade do século XX, até pesquisas mais recentes, concluídas ou em andamento, localizadas por meio de palavras-chave em diretórios públicos de produção acadêmica. Concomitantemente, propõe uma categorização de tais trabalhos em dois eixos cruzáveis: o referencial teórico-metodológico, de um lado, e a origem institucional, de outro. Pesquisas apoiadas sobre as Teorias do Jornalismo, da Cibercultura e da Economia Política da Comunicação destacam-se na bibliografia reunida, que se mostra crescente nos últimos anos. Ao final, indica-se um corpo de estudos minimamente consolidado que sirva de referencial a futuras pesquisas que se debrucem sobre agências de notícias. Palavras-chave: agências de notícias; jornalismo de agências; pesquisa em comunicação.

Já virou um clichê: quase todo trabalho acadêmico brasileiro sobre agências de notícias começa com um lamento sobre a falta de bibliografia nacional que trate do assunto. Ao contrário de estudos sobre jornais impressos, sobre rádio, sobre televisão e, de forma avassaladora, sobre a internet, as pesquisas que elegem agências como objeto se deparam com uma frustrante ausência de referencial prévio, pelo menos de origem e contexto no Brasil, para embasar suas análises. De fato, este foi o cenário por décadas. E não se tratava de um aspecto de recência destas empresas, tampouco da modalidade profissional do jornalismo de agências. Afinal, se os 1

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jornais existem no país desde 1808 e a televisão desde 1950, já funcionam agências brasileiras em caráter contínuo desde os anos 1920 – e, antes disso, já operavam aqui empresas estrangeiras desde o século XIX, especialmente a francesa Havas (que daria origem à AFP) e as norte-americanas Associated Press e United Press. Ainda assim, agências de notícias, mormente as nacionais, passavam despercebidas no conjunto dos estudos brasileiros em comunicação. Em contraste, a produção bibliográfica sobre internet e canais digitais iniciou-se volumosa desde seu abrupto início, em meados da década de 1990. Essa rarefação começa a mudar. Finalmente, a partir do início do século XXI, pesquisas brasileiras sobre agências de notícias multiplicam-se e traduzem-se em produção bibliográfica de diversos níveis, de monografias de graduação a dissertações de mestrado e teses de doutorado, gerando artigos e até um livro – único, por enquanto. E, melhor a se notar, tal produção inicia-se com um grau razoável de dispersão geográfica, não tão concentrada nas instituições do sudeste e do sul quanto a de outros suportes e mídias. O desafio, entretanto, é dar o passo seguinte, passando da fragmentação com que tais esforços de pesquisa são conduzidos atualmente até possíveis articulações, hierárquicas ou reticulares, especialmente que sejam interinstitucionais e transdisciplinares, de maneira a contribuir para a constituição de um corpo teórico de referência que seja não homogêneo, porém rico em sua diversidade inerente, abrangente, atualizado e contextualizado sob a realidade material do país. O propósito do presente artigo é esboçar um mapeamento atualizado das produções bibliográficas brasileiras sobre agências de notícias1, e concomitantemente propor uma categorização de tais trabalhos em dois eixos cruzáveis: o referencial teórico-metodológico, de um lado, e a origem institucional, de outro. Este segundo eixo é adotado para a divisão das seções do artigo, mas comentários sobre o primeiro encontram-se na conclusão. Ao final, espera-se oferecer um quadro minimamente organizado que sirva de referencial, ou guia de estudo, a futuras pesquisas que se debrucem sobre estas empresas, tão antigas e tão vitais à comunicação e, no entanto, desproporcionalmente ignoradas.

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Chama atenção a existência de um livro intitulado “Agência de Noticias”, atribuído ao “espírito de Jair Presente” e supostamente psicografado pelo médium Chico Xavier. O livro, que contém poesias espíritas kardecistas, foi editado em 1986 pelo GEEM (Grupo Espírita Emmanuel), editora oficial da obra do médium mineiro. Apesar do título, o livro não contém nenhuma menção a qualquer agência de notícias.

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1. Obras gerais de jornalismo e história da imprensa Já de início, é necessário ressalvar que as agências de notícias, como subsetor da comunicação social, e o jornalismo de agências, como prática profissional especializada, de fato são menos comuns, entre nós, do que em outros países de mesmo porte no mundo – basta pensarmos nas maiores economias emergentes, como Índia, Rússia, África do Sul, Indonésia – ou mesmo de vizinhos regionais – como Argentina, Peru e México. Em todos os países mencionados, o jornalismo de agências é uma modalidade do trabalho jornalístico consolidada, valorizada, ensinada nas universidades e reconhecida pelas entidades de classe. Da mesma maneira, neles existe um número significativo de agências de notícias, sejam privadas ou estatais, que configura um mercado específico entre as empresas de comunicação, o que por sua vez estimula a renovação e a reprodução de quadros profissionais para atendê-lo. O Brasil, porém, no primeiro meio século de conexão ao resto do mundo por meio das telecomunicações, ficou à mercê de empresas estrangeiras, que por aqui pouco empregavam e menos qualificavam. De 1874, quando se estendeu o primeiro cabo telegráfico submarino do Atlântico Sul, ligando o país à Europa, até 1924, ano de criação da Agência Brasileira de Notícias (que, embora não tenha sido a primeira, é a mais antiga existente até hoje), praticamente só a Havas francesa e suas congêneres norte-americanas operavam por aqui. Nesse intervalo, o jornalismo brasileiro teve poucas e efêmeras experiências de agências de notícias, destacando-se a primeira de todas, a Agência Americana Telegráfica, ainda no mesmo ano de instalação do cabo, durando por menos de um ano; e a quase-homônima Agência Americana, criada em 1913 por Cásper Líbero com Raul Pederneiras e gerida por Olavo Bilac até 1915, quando encerrou as atividades, pelo menos em sua primeira fase (MOLINA, 2015: 420). Outra ressalva que cabe, agora de ordem metodológica, é a diferenciação entre as agências de notícias e o jornalismo de agências como objetos distintos de pesquisa. As agências, enquanto empresas e instituições, requerem os pressupostos das análises institucionais, ou organizacionais, como fontes documentais (relatórios, contratos, acordos de cooperação, material de divulgação, websites, livros corporativos), dados de produtividade, recursos humanos e emprego de tecnologias específicas, e a correlação com congêneres 3

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(agências concorrentes, parceiras, antecessoras) e outros atores institucionais (clientes, fornecedores, empresas proprietárias, conglomerados e, claro, o Estado). Já o jornalismo de agências, na medida em que é uma prática profissional, relacionada ao jornalismo como um todo (pela formação, pelas técnicas, conhecimentos específicos e deontologia), diz respeito mais às pessoas que às organizações – ainda que se materialize na interação entre ambas – e portanto imprescinde de depoimentos, fontes primárias orais, observação de práticas e rotinas e uma carga conceitual mais ampla para examinar as condições e as circunstâncias em que o trabalho jornalístico é de fato realizado. Ambas, obviamente, exigem a devida contextualização histórica – no sentido amplo, de processo histórico, com variáveis políticas, econômicas, geográficas e culturais –, sob pena de produzirem-se textos subjetivos, descolados da realidade, ou até laudatórios, o que não é o propósito da pesquisa científica social. O primeiro agrupamento de fontes bibliográficas nacionais sobre agências de notícias e sobre jornalismo de agências, paralela mas distintamente, consiste de obras gerais sobre jornalismo e sobre a história da imprensa brasileira, incluindo manuais de teor paradidático, elaborados como material de apoio para a formação profissional. A primeira menção ao tópico na bibliografia nacional, salvo correções, aparece naquela que ainda hoje é a maior obra de referência da historiografia jornalística nacional: História da Imprensa no Brasil, de Nelson Werneck Sodré (1966). Entretanto, o autor concentra-se sobre a atuação das agências estrangeiras junto à imprensa brasileira, e apenas esporadicamente faz menções a agências domésticas2. Curiosamente, naquele mesmo ano seria fundada a Agência Jornal do Brasil (AJB), que por décadas seria a principal empresa do setor no país. Na obra, Werneck Sodré é o primeiro a dar datas para o início do uso do serviço de agências pela imprensa brasileira, ainda que talvez equivocadas, o que seria mais tarde corrigido por Molina (2015), como será visto adiante. Até 1874, as notícias do exterior chegavam por carta. Nesse ano, a agência telegráfica Reuter-Havas instalou, no Rio, , sua primeira sucursal, dirigida pelo francês Ruffier. Na edição de 1º de agosto de 1877, o Jornal do Comércio publicava 2

Werneck Sodré (1999) menciona por alto, na nota pé 305, à página 375, a Agência Americana, fundada por Cásper Líbero em 1913 e que, ainda funcionando em 1930, foi empastelada na Revolução daquele ano, tendo invadida sua sede no edifício de O País, no Rio. Na página 370, cita entrevista de Luís Carlos Prestes concedida a Rodrigo Soares Júnior para a Agência Brasileira, em novembro de 1928, e publicada no Diário Popular (SP). Finalmente, à página 421 relata demissão de quase toda a redação da Agência Meridional, do grupo Diários Associados, seguindo-se a uma greve de jornalistas em novembro de 1962.

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:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: os primeiros telegramas por ela distribuídos: „Londres, 30 de julho às dez horas da noite – Foi malograda a tentativa feita em Millwal para lançar ao mar a fragata de guerra Independência, recentemente construída por conta do governo brasileiro. – Londres, 30 de julho às 2 horas da manhã – Faleceu ontem M. Christie, antigo ministro da Inglaterra junto ao governo brasileiro‟. Esse noticiário passou logo a ser utilizado por todos os jornais, que criaram uma página internacional, com a cotação do café, ao tempo em Paris. (WERNECK SODRÉ, 1999[1966]: 215)

Werneck Sodré também tem o mérito de ter esboçado as primeiras considerações brasileiras sobre a economia política das agências de notícias em sua relação de fornecedoras “atacadistas” para os meios de comunicação, reforçando a então incipiente teoria do imperialismo midiático. Para ele, era “fácil avaliar” a força do sistema composto por “agências de notícias, agências de publicidade e cadeias de jornais e revistas, sua influência política, sua capacidade de modificar a opinião, de criar e manter mitos ou de destruir esperanças e combater aspirações” (WERNECK SODRÉ, 1999[1966]: 6). Qualquer leitor, ainda o mais desatento, verifica que o noticiário estrangeiro é o mesmo em todos os nossos grandes jornais, cabendo a cada um apenas o maior ou menor aproveitamento do material informativo que recebe das agências estrangeiras e a margem de engenho na titulação, diagramação e seleção das manchetes. O aparecimento e a concentração dessas agências, aliás, resultou do desenvolvimento capitalista e do consequente desenvolvimento da imprensa, refletindo-se em divisão do trabalho: as agências surgiram das necessidades ascensionais da imprensa industrial, tornaram-se possíveis nas áreas em que se haviam criado as condições para isso. (WERNECK SODRÉ, 1999: 415)

Em seu diagnóstico, a ausência de uma agência de notícias própria brasileira, em porte internacional, se deve a uma conjugação de fatores entre a formação tardia da imprensa nacional e a rejeição da burguesia a iniciativas estatais no campo da comunicação, além da condição subalterna na geopolítica imperial e de dependência no subdesenvolvimento. A imprensa brasileira, refletindo uma capitalização ainda na infância, não teve as condições para criar tais agências, devendo aproveitar, pois, o serviço das existentes. (...) Seria possível, entre nós, certamente, a existência de organização nacional para coleta e distribuição de notícias do exterior – para esse fim, operando no interior, já temos tais organizações – desde que coubesse ao Estado a maior parte dos encargos, despesas e, portanto, a parcela de influência que disso decorreria, e essa solução, a nossa grande imprensa não aceita: prefere depender de organizações estrangeiras do que de uma organização nacional de que participe o Estado. (WERNECK SODRÉ, 1999: 415-416)

Três anos depois, Juarez Bahia faria uma abordagem mais detalhada, inclusive citando as agências de notícias brasileiras, na primeira edição (1969) do volume primeiro de sua obra “Jornal: história e técnica”. Nela, o autor baiano dedica um capítulo específico a essas organizações, abarcando os aspectos mais elementares. Em apenas oito páginas, Bahia (2009 [1969]) aborda de forma geral as definições de agências, a justificativa econômica 5

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para sua existência, o início da história delas no século XIX, as principais do mundo e as principais do Brasil. O autor descreve de modo sucinto a rotina de trabalho do jornalismo de agências e pontua alguma das especificidades que marcam a operação destas empresas. Os repórteres das agências de notícias se dirigem a um numero maior de leitores, ouvintes e telespectadores que os repórteres dos veículos, por mais lidos, ouvidos ou vistos que sejam. E também influenciam aqueles cuja tarefa principal é selecionar os assuntos para a pauta ou a edição. As agências são as primeiras a dar as notícias e muitas vezes suas sugestões ajudam os editores em decisões sobre títulos, lead ou editoração. As agências são tão vulneráveis ao culto da objetividade como os veículos e, por servirem a jornais, revistas, rádio e televisão de opiniões políticas diferentes, são menos vulneráveis à notícia tendenciosa. Pela injunção de tempo a que se habituaram, maior que a dos veículos, seus padrões de veracidade são mais exigentes e mais eficazes. (BAHIA, 2009: 276)

No entanto, mesmo após quatro edições, a obra nunca foi atualizada, e por isso ainda em 2009 constavam agências como a UPI e a Agência JB como entre as maiores em operação global e nacionalmente (ambas já tinham sido muito reduzidas desde os anos 90). É também o primeiro a usar a interessante expressão “geografia das agências” e as categorias destas de acordo com o alcance espacial, ainda que não se detenha em conceituá-la de forma elaborada. Na década seguinte, Mário Erbolato (1991[1978]) também destacou capítulo específico ao tema, mas desta vez focado no jornalismo de agências como prática profissional, com suas particularidades e idiossincrasias, pouco difundidas entre os colegas e estudantes. Similar a Bahia, o autor abre seu pequeno compêndio relembrando a demanda da imprensa industrial por informação em escala planetária, para então justificar a existência das agências por uma razão de negócios. Citando o jornalista e monsenhor italiano Domenico de Gregorio, afirma que “as agências de imprensa nasceram diante da impossibilidade de cada jornal manter correspondentes em todo o mundo” (ERBOLATO, 1991: 171). Ele também recorre à frequente classificação de veículos (jornais, revistas, emissoras) como varejistas da informação, mas não chega a atribuir o termo atacadistas às agências em contraposição, preferindo chamá-las “meios indiretos de informação” (ibid.). A nenhum jornal, que vende notícias a varejo, exemplar por exemplar, a leitor por leitor, seria possível manter correspondentes ou enviados especiais em todas as cidades do mundo. (...) Evidentemente, não se justificaria que um jornal do interior reservasse verbas vultosas para manter um correspondente em Paris ou Roma. A solução, portanto, é recorrer às agências, que são classificadas como meios indiretos de informação, porque as notícias que divulgam não vão diretamente para os leitores, mas sim aos jornais (e também às emissoras de rádio e de televisão), que se encarregam de fazê-las chegar aos receptores. Excepcionalmente, porém, elas podem se transformar em um meio direto, quando os serviços no-

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:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: ticiosos são assinados por instituições públicas ou privadas, não-jornalísticas, que se inteiram dos fatos trazidos pelo telex ou teletipo e coletados pelas agências, sem no entanto divulgá-los a terceiros. (...) Nenhuma empresa poderia dar-se ao luxo de cobrir o noticiário mundial com o esforço exclusivo de suas sucursais, enviados especiais ou correspondentes. Porém, obtidas as notícias, para venda a milhares de jornais, a contribuição será acessível a cada um e, com a importância total arrecadada mensalmente, poderá a agência manter seu serviço mundial de informações. (ERBOLATO, 1978: 171)

Como recurso de legitimação, Erbolato cita artigo publicado pelos Cadernos de Jornalismo e Comunicação do Jornal do Brasil escrito por Jayme Dantas, então chefe da Agência JB, que, ele sim, conceitua as agências como “atacadistas na comunicação”. E, por meio de Roger Clause, assevera que “as relações entre as agências e jornais, de acordo com o espírito de colaboração que os anima, são as de vendedores e compradores” (op.cit., 174 – grifos do original). Em seguida, o autor segue a mesma narrativa personalizante que põe sobre CharlesLouis Havas a responsabilidade (e o mérito) de ter fundado a primeira agência de notícias, a Havas, em Paris em 1835 – e pouco sobre o contexto histórico da época. Entretanto, logo retorna à justificativa econômica: “o custo inicial de uma informação era repartido, e com lucro, o que permitia a manutenção da agência” (ERBOLATO, op.cit., 172). O autor dá mais ênfase que Bahia à tecnologia, explicando inclusive o funcionamento do Telex (então a tecnologia predominante no serviço das agências), mas dedica menos espaço às agências brasileiras, citando apenas a AJB, a Agência Estado e a Agência Nacional (hoje Agência Brasil), ignorando outras já então existentes, como a Agência O Globo e a Meridional. A única definição formal de “agência de notícias” que Erbolato adota é a de conhecido relatório da UNESCO produzido em 1953, até hoje um dos mais completos levantamentos sobre o setor já realizados. Também preocupa-se com a categorização – neste caso, mundial – para o que lista três pré-requisitos: a rede global de correspondentes; a redação central que edite a totalidade do conteúdo; e a logística da informação (ou “transporte intelectual”, em sua terminologia), que realize o transporte da notícia até os clientes. Novamente aparece a questão de escala para definir as agências, mas neste aspecto Erbolato é mais detalhado que Bahia, e chega a propor oito categorias que misturam referenciais de estrutura de propriedade (particulares, estatais, cooperativas), tipos de serviço e de conteúdo (gerais, especializadas, de artigos e fotográficas) e de escala geográfica (nacionais, internacionais). 7

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:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: Para que possam ter o caráter de mundiais, as agências devem reunir, segundo técnicos e juristas, as condições seguintes: a) dispor de uma rede de correspondentes que, distribuídos nos pontos nevrálgicos do mundo inteiro, ou pelo menos nas grandes zonas geográficas, estejam encarregados de obter diariamente as informações úteis, para transmiti-las à sede da Agência; b) possuir uma redação central, que receba as notícias de todo o mundo e as transmita para os demais escritórios ou correspondentes a fim de serem entregues aos jornais-assinantes ou às agências de cada país, com as quais porventura mantenham convênios; c) utilizar-se de poderosos meios financeiros, técnicos e administrativos e particularmente de uma rede completa de transportes intelectuais, tanto de recepção como de distribuição, que lhes permita recoletar e distribuir informações em várias zonas, ou talvez no mundo inteiro. (ERBOLATO, 1978: 175)

Assumindo seu cariz didático, Erbolato inclui em seu capítulo diversos exemplos de textos de agências (da época, hoje vistos como históricos) para exemplificar gêneros, formatos, recursos de construção discursiva e padrões normatizados de edição. Resume o que são flash, boletim, desenvolvimento (ou ampliação), budget (previsão de pauta) e “cabeça tabulada” (ou resumo ou, ainda, consolidado). Ao final, propõe 17 exercícios relativos à prática jornalística em agência de notícias. Outras obras dos anos 1980 seguiram com menções gerais ou esporádicas sobre agências de notícias. O radiojornalista gaúcho Luiz Amaral, que chegou a trabalhar como correspondente em Washington para a Voz da América, fez algumas citações esparsas a agências em seu livro “Jornalismo: matéria de primeira página”, de 1982. E o jornalista Clóvis Rossi, cuja trajetória profissional é estreitamente ligada à Folha de S.Paulo, dedicou a elas páginas consideráveis em seu volumete paradidático de 1980, O Que é Jornalismo, da Coleção Primeiros Passos, publicada pela Editora Brasiliense. Contemporâneo aos debates sobre a Nova Ordem Mundial da Informação e Comunicação (NOMIC), o livro elenca problemas da dominação dos fluxos internacionais de notícias pelas agências, citando pesquisas quantitativas feitas até então. A rede das grandes agências internacionais de notícias é tentacular: elas estão presentes na grande maioria dos países do mundo e vendem seus serviços, da mesma forma, para quase todos eles. (...) O resultado dessa extensão das redes das grandes agências é o seu domínio quase absoluto do mercado: um estudo realizado em 1967 demonstrou que quase 80% das notícias do Exterior divulgadas na América Latina foram distribuídas tão-somente por duas agências, ambas norte-americanas, a UPI e a AP. O problema não é apenas de volume: esse virtual monopólio confere às notícias divulgadas pelas agências um tal peso, inclusive no interior de cada redação brasileira, que elas se sobrepõem às notícias produzidas por fontes próprias das publicações brasileiras. (...) É pouco provável que as agências internacionais, cujas atenções estão concentradas no mundo desenvolvido, dêem conta adequadamente desse tipo de cobertura. Logo, acompanhar melhor a América Latina não é um problema de combater uma suposta “informação imperialista” mas um problema simples de saber, mais depressa e com mais pro-

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:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: fundidade, o que está acontecendo “perto da minha casa”. (ROSSI, 1994[1980]: 80-86)

O único manual de redação entre os grandes jornais e veículos brasileiros a tratar especificamente de agências é o da Folha de S.Paulo, tanto na edição de 1987 quanto na de 1996, profundamente modificada, e diferindo significativamente em cada uma. Na primeira, repartida em vários verbetes, está uma explicação razoavelmente detalhada sobre a função e a rotina da então denominada Agência Folhas (desde 1994, Folhapress) e dedica-se um verbete específico à função de coordenador da agência. Nada se inclui sobre o aproveitamento de material de agências – internacionais ou não – na edição do jornal. Já a segunda versão do manual preocupa-se com a formatação das citações das agências externas, a padronização dos créditos atribuídos a elas em textos e fotos, e elimina a descrição sobre o trabalho da agência “da casa”, remetendo diacronicamente a dois verbetes: Agência Folha (no singular) e Folhapress – ambas, sem distingui-las. A Editora Contexto, de São Paulo, começou a publicar em 2002 uma coleção sobre especializações jornalísticas, abordando tanto as temáticas (político, esportivo, cultural) quanto as de suporte (impresso, de TV, de rádio, digital). Embora jamais tenha editado um título sobre jornalismo de agências, o assunto foi abordado no de Jornalismo Internacional, escrito por outro jornalista da Folha, João Batista Natali e publicado em 2004. O autor detalha a lógica econômica que justifica a existência das agências de notícias, assim como Erbolato, menciona a relação íntima entre agências e o Estado, especialmente das potências imperiais, mas deixa de entrar nas particularidades do jornalismo de agências. Ele escreve do ponto de vista do editor na redação do jornal, cliente dos serviços das agências. Segundo Natali (2004: 57), a partir dos anos 1990, a revolução da digitalização fez com que o redator abandonasse o seu papel passivo diante dos telegramas das agências. Deu a ele um poder de intervenção inimaginável à elaboração mais pessoal de um texto noticioso. De certo modo, desapareceu ou se tornou bem mais tênue a fronteira que separava o redator do repórter. O redator também pode – e deve – apurar. As agências internacionais pensam em um cliente abstrato ao redigirem seus despachos. Esse cliente pode ser urna emissora de rádio da Tailândia, urna revista semanal da Bélgica ou um jornal diário do Brasil. Digamos que esses despachos constituem um produto padrão, um bolo que seria capaz de suprir mais da metade das necessidades de uma editoria de noticiário externo. A competência jornalística consiste em colocar uma linda cereja nesse mesmo bolo antes de servi-lo ao leitor.

Em 2009, a Sociedade Brasileira de Pesquisa Interdisciplinar da Comunicação lançou o Volume I da “Enciclopédia Intercom de Comunicação”, dedicada a “Conceitos”. Ne9

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la, dois verbetes versaram especificamente sobre agências de notícias, ambos de autoria de Herica Lene, professora da UFRB (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia). No primeiro, “Agência internacional de notícia”, a autora lembra que as agências “se encarregam da captação, elaboração e distribuição de notícias no seu país de origem e no exterior”, e fornecem serviço aos veículos de comunicação “de forma regular” (LENE, 2009: 68). Lista as agências mais importantes do mundo atualmente, mas inclui entre elas ainda a UPI, embora ela já estivesse reduzida à míngua pela falência desde o final dos anos 80. Relembra, ainda, os acordos de cartel entre Havas, Reuters e Wolff, que no século XIX dividiram o mundo em territórios de exclusividade para cada uma. No segundo, Lene (ibid.) lista algumas das agências de notícias do cenário nacional, especialmente aquelas ligadas a conglomerados de imprensa (AJB, AE, Folhapress, Agência O Globo) e a linhagem sucessiva das agências estatais (Agência Nacional, EBN e Agência Brasil). Comete uma imprecisão ao afirmar que a Meridional foi a primeira agência de notícias brasileira, desconsiderando a Agencia Americana Telegraphica (1874-1875), a Agência Americana (1913-1930) e a Agência Brasileira de Notícias (desde 1924). Finalmente, no ano recente de 2015, o jornalista espanhol Matías Molina, radicado em São Paulo há seis décadas, editou o primeiro volume de sua História dos Jornais no Brasil (a ser completada por mais dois), no qual separou 30 páginas em um capítulo extremamente detalhado sobre a atuação das agências de notícias no território brasileiro desde o século XIX, tanto as estrangeiras quanto as nacionais. Fruto de pesquisa minuciosa (mas, infelizmente, nem sempre referenciada a cada informação, talvez por pretender afastar-se do formato de texto acadêmico e aproximar-se do público leigo), o trabalho de Molina legou à pesquisa brasileira sobre agências a primeira fonte abrangente de informação sobre estas empresas e serviços, incluindo em seu compêndio até mesmo empresas muito pouco conhecidas, como a já citada Agência Americana, de Cásper Líbero e Olavo Bilac, e a União Jornalística Brasileira (UJB), de Monteiro Lobato. É dele ainda o mérito de resgatar a referência à primeiríssima agência de notícias brasileira e da América Latina, a Agencia Americana Telegraphica, do banqueiro Manoel Gomes, fundada em 1874, apenas dias depois da inauguração do cabo telegráfico submarino entre o Brasil e a Europa (Lisboa-Recife). Embora efêmera (durou menos de um ano), tratou-se da primeira iniciativa nacional e continental no setor (MOLINA, 2015: 242). 10

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2. Núcleos articulados de pesquisa O segundo agrupamento da bibliografia brasileira sobre agências de notícias aqui proposto remete aos núcleos articulados, como grupos de pesquisa cadastrados junto ao CNPq, laboratórios em cursos de Comunicação e Jornalismo e projetos de pesquisa de orientadores que envolvem bolsistas e orientandos trabalhando em um mesmo levantamento ou análise de dados. Um primeiro núcleo articulado de pesquisas brasileiras sobre agências de notícias é o liderado pela professora Zélia Leal Adghirni, da Universidade de Brasília (UnB), que há algumas décadas tangencia estas organizações ao tratar de temas maiores ou correlatos como a cobertura jornalística internacional, o trabalho de correspondentes expatriados e os fluxos globais de notícias. Alguns trabalhos por ela orientados são específicos sobre agências de notícias. Entre esses, destaca-se a dissertação de mestrado de Márcia Marques, professora da mesma instituição, que com a dissertação de mestrado As mudanças nas rotinas de produção das agências de notícias com a consolidação da internet no Brasil, de 2005, conduziu uma das poucas pesquisas de campo sobre as rotinas de produção nas redações das “agências de notícias” dos maiores jornais brasileiros – Agência Estado, Folhapress e Agência O Globo (MARQUES, 2005). Outra orientanda, Renata Giraldi, que à época era repórter da Agência Brasil, tratou do jornalismo de agências no contexto da comunicação pública brasileira em artigos e, especificamente, a cobertura das agências transnacionais sobre o Cone Sul na tese de doutorado A construção geomidiático do Brasil na Argentina, no Paraguai e no Uruguai (GIRALDI, 2014). O jornalista Chico Sant‟anna, profissional da equipe de comunicação do Senado Federal, também foi orientado pela professora Zélia Adghirni e tratou das agências de notícias em perspectiva comparativa com as assessorias de imprensa em sua tese de doutorado Mídia das Fontes: o difusor do jornalismo corporativo (SANT‟ANNA, 2007). Finalmente, Iara Borges foi orientada em objeto temático similar, abordando “a utilização do conteúdo da Agência Senado pela Folha Online e pelo Globo Online” em sua dissertação de mestrado (BORGES, 2008). Um núcleo que de alguma forma se encontra “encerrado” concentrou-se em institui11

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ções da Região Nordeste e foi inaugurado por José Afonso da Silva Júnior, professor da Universidade Federal de Pernambuco e doutor pela Universidade Federal da Bahia, cuja tese de doutorado é um primeiro estudo de fôlego sobre as particularidades das estruturas de operação das agências, que o autor identifica como precursoras das redes digitais de comunicação (SILVA JR., 2002). O pioneirismo do trabalho está na abordagem de pesquisa administrativa realizada com três estudos de caso, situados em esferas pública e privada, nacional e internacional (Agência Brasil, Agência Estado e Reuters). Embora tenha por quadro teórico de referência os estudos em jornalismo online, Silva Jr. vai muito além da perspectiva do suporte e da linguagem, aprofundando-se nas rotinas produtivas e na dinâmica econômica interna de cada empresa, enfatizando o alto grau de centralização nos processos operacionais. Além disso, propõe a ênfase nos fluxos e na função das agências em circular informações, mais que produzi-las. Em que pese a possibilidade de, através da tecnologia digital, haver uma circulação mais eqüitativa, as agências permanecem adotando uma apuração e obtenção radial, uma consolidação centralizada e uma distribuição pulverizada e dirigida. Mesmo quando trabalhamos uma variação, em torno da descentralidade, esse matiz aponta preponderantemente para uma multiplicidade de centros que se combinam no tocante à apuração. Trata-se, portanto, de uma característica que se manifesta mais através de continuidades (SILVA JR., 2002: 305)

Um colega seu no programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFBA, Laércio Torres de Góes, seguiu a perspectiva proposta por Silva Jr. e pretendeu fazer uma complementação aos estudos de caso. Da atividade em comunidades eclesiais que exercia, Góes derivou um estudo sobre agências de notícias alternativas (Inter Press Service, Adital e Carta Maior) que adotam a World Wide Web, interface gráfica e hipertextual da internet, como plataforma de distribuição de conteúdo – a despeito de uma das pesquisadas, IPS, preceder em três décadas a disseminação comercial da rede e utilizar outros canais de distribuição para os seus clientes (GÓES, 2008). O tema foi retomado por Medeiros e Lacerda (2012), então pesquisadores da UFRN, que se concentraram especificamente sobre a Adital, agência ligada à esquerda católica e sediada em Fortaleza. Mais recentemente, outro núcleo vem se desenvolvendo na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), no Paraná, em torno das produções da professora Hebe Gonçalves. Sua pesquisa sobre a relação contraditória entre a exclusividade da notícia no jornal impresso, como produto jornalístico oferecido ao público, e a notícia para distribuição e reprodução por clientes das agências de notícias pertencentes aos mesmos jornais adotou o 12

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referencial da sociologia do jornalismo para descrever criticamente os processos decisórios que conduzem, no dia-a-dia, o modelo de negócios particular das “agências de notícias” (entre aspas) dos conglomerados de imprensa brasileiros (GONÇALVES, 2010). A partir dessa análise, a autora estabeleceu um parâmetro empiricamente fundamentado para documentar, descrever e explicar o mecanismo pelo qual a chamada “grande imprensa” do eixo Rio-São Paulo articula uma relação de dependência e agendamento com a imprensa regional e do interior do Brasil, por meio das “agências” que operam, dialogando com os estudos precursores de Marques (2005) e Silva Jr. (2006). O trabalho – agraciado com o Prêmio Adelmo Genro Filho de melhor tese de doutorado em 2011, concedido pela Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor) – foi orientado pelo professor Ronaldo Henn e desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Liderando outros pesquisadores em projetos de pesquisa sobre as agências institucionais dos governos estaduais e municipais, entre outras modalidades do jornalismo de agências, com potencial para constituir-se grupo de pesquisa permanente, Gonçalves (2015; 2014a; 2014b) também vem abordando agências de notícias como objeto em trabalhos avulsos como artigos acadêmicos, em tópicos variados como as agências cubanas e a comunicação pública, ou a concentração das fontes de notícias veiculadas pela mídia capilarizada no país fora do eixo Rio-São Paulo. Embora a maioria da pesquisa acadêmica sobre agências de notícias esteja circunscrita ao campo da Comunicação, cada vez mais autores oriundos de outras áreas se interessam por elas como objeto de estudos. Trabalhos da Linguística, da Administração e, mais recentemente, da Geografia têm abordado essas organizações e as particularidades que apresentam em relação à mídia. No Brasil, especificamente, pesquisadores ligados ao Laboratório de Investigações Geográficas e Planejamento Territorial da UNICAMP, em Campinas (SP), vêm produzindo análises desde 2011 sobre a atuação da Reuters, da AFP e de outras agências de notícias transnacionais e nacionais no território brasileiro, particularmente em seus vínculos com a circulação da informação financeira. Orientados pela professora Adriana Bernardes da Silva, os pesquisadores André Pasti e Wagner Nabarro tratam das agências de notícias como parte do que chamam de “círculos de informações”, os “círculos de cooperação” entre agências e a mídia nacional, e 13

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interessam-se pelo papel delas no “uso do território”, no entender de Milton Santos. Pasti (2013c; 2012a), especificamente, aplica o conceito de circuitos descendentes de informação às agências transnacionais, cujas notícias “chegam como verticalidades aos lugares, carregadas de um sentido alheio à dinâmica do lugar e avesso a uma interpretação diferente da lógica dominante” (PASTI, 2012a: 220). Os circuitos descendentes são aqueles baseados na informação que atinge verticalmente os lugares, enquanto os circuitos informacionais ascendentes referem-se aos “dinamismos mais arraigados ao lugar, ao dilema da sobrevivência, da resistência e da reprodução” (SILVA, 2010, p. 2). Esses círculos ascendentes e descendentes coexistem no espaço geográfico, que apresenta-se como um campo de conflitos entre forças descendentes (verticalidades) e ascendentes (horizontalidades). (...) As notícias que partem das agências transnacionais, e que estão presentes nos círculos de notícias dominantes do território brasileiro, configuram, portanto, circuitos informacionais descendentes (...), atingindo verticalmente o território. (PASTI, 2012a: 220-225)

Apesar de situar-se fora deste núcleo, outro trabalho que dialoga com o enfoque dos geógrafos da comunicação em uma disciplina correlata, a Ciência da Informação, é o de Homero Vianna de Paula Sobrinho. Em sua dissertação de mestrado, Agências de Notícias Financeiras e Capitalismo Global, (PAULA SOBRINHO, 2015), orientada por Giuseppe Cocco no Instituto Brasileiro de Ciência da Informação (IBICT), o autor investiga os mecanismos pelos quais os serviços de informação financeira de grandes agências transnacionais – Reuters, Bloomberg, Dow Jones – não apenas informam sobre as dinâmicas do capital, mas participam elas mesmas do processo de acumulação do capital e da globalização, em linha com o que Nabarro. Trabalho relacionado já havia sido realizado na mesma disciplina em 2001, com a dissertação de mestrado de Natália Guiné de Mello Carvalho, Agências de Notícias na Internet como serviços de informação para negócios (CARVALHO, 2001), na Escola de Ciência da Informação da UFMG.

3. Pesquisadores autônomos ou independentes O terceiro agrupamento possível em relação à origem institucional das pesquisas brasileiras sobre agências de notícias é o que reúne pesquisadores autônomos ou independentes, trabalhando de forma individual sobre agências específicas ou temas transversais entre agências. Em inúmeros casos, trata-se de pesquisas autofinanciadas, conduzidas por pós-graduandos que alternam a dedicação acadêmica com o exercício profissional do jorna14

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lismo e com grande esforço pessoal empregado para sua concretização. Pela escassez de corpo docente especializado em agências, várias destas pesquisas são orientadas por professores-doutores que se relacionam aos trabalhos mais pela abordagem e quadro teóricometodológico que pela afinidade ao objeto. Para além de trabalhos pontuais, produções únicas nos currículos de autores (situação especialmente comum em monografias de graduação em Jornalismo 3), são aqui listados pesquisadores que vêm se debruçando sobre o tema com alguma constância e sistematização em sua produção acadêmica. O professor Dênis de Moraes, da UFF, realizou entre 2009 e 2013 um estudo sobre agências de notícias alternativas da América Latina, com pesquisa de campo na Argentina, o que resultou em quatro livros e diversos trabalhos. O autor debruçou-se sobre iniciativas autodenominadas “agências de notícias” de linha editorial contra-hegemônica, particularmente em países da “Guinada à Esquerda” na América Latina, ainda que não se dedicassem à distribuição de notícias para clientes. Em 2010, a jornalista Maria Cleidejane Esperidião concluiu tese de doutorado na Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), orientada por Sebastião Squirra, tratando das maiores agências de telejornalismo do mundo, especialmente a Reuters TV e a APTN (Associated Press Television News), subsidiárias das respectivas agências de notícias para o setor audiovisual (ESPERIDIÃO, 2010). Linha semelhante foi tratada por Lehmann (2007), que também pesquisou as agências de TV, porém por um viés administrativo e focado nas mudanças de estrutura de propriedade e formação de grandes conglomerados e suas consequências para a cobertura internacional. 3

Embora não se possa constituir um núcleo de pesquisa, consolida-se uma tendência de estudos com unidade temática, conduzida em instituições dispersas pelo país, que aborda agências de notícias locais e regionais ou projetos de criação de agências locais e regionais. São tipicamente, mas não de modo exclusivo, monografias de conclusão de curso de graduação, com interesses voltados para realidades dos entornos de seus autores, e propondo ou demonstrando as agências de notícias como soluções para problemas da prática profissional do jornalismo independente em regiões marginalizadas da mídia. Entre estes, é possível destacar os de Maia (2011) e Maia & Bomfim (2012) sobre a Vertentes Agência de Notícias (VAN), de São João del-Rey, desenvolvida por alunos da UFSJ; os sobre a Agência Interior, de Araçatuba (SP) (NASCIMENTO & NASCIMENTO, 2013; 2014), pesquisadoras vinculadas à UniToledo; um estudo histórico sobre o uso do material da Agência Nacional pelo jornal Gazeta, do Piauí, nos anos 1930 (OLIVEIRA, 2014); o projeto de criação da Pantanal Press (FERRAGINI, 2009), na UFMT; e o de uma rádio agência para a Região Tocantina (entre Maranhão e Tocantins), realizado por Sousa e Macedo (2015) na UFMA, campus Imperatriz. Outra monografia de graduação realizada foi a de Vasconcellos (2007), que estudou o jornalismo internacional contrapondo o trabalho dos correspondentes, com apuração própria, ao das agências de notícias transnacionais, padronizado para os clientes.

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Camargo (2014), jornalista do setor, também produziu estudo sobre a incorporação das tecnologias digitais nas rotinas produtivas nas agências de notícias. Também na USP, em seu mestrado, Fernandes (2014) analisou a Radioagência Notícias do Planalto (NP) em comparação com a Agência Pulsar, entidade ligada a movimentos sociais e produtora de conteúdo radiofônico. Atualmente, Lisboa (2016) desenvolve em seu doutorado na Universidade do Vale do Rio dos Sinos, orientada por Christa Berger, pesquisa comparativa sobre três agências de notícias estatais do mundo lusófono: a angolana ANGOP, a portuguesa Lusa e a Agência Brasil, tomando como referência o conceitual dos estudos de jornalismo. Por último, o autor deste artigo vem trabalhando o tema desde o mestrado, realizado na Universidade Federal do Rio de Janeiro sob orientação de Suzy dos Santos, quando analisou uma cooperativa pré-digital entre agências de notícias do Movimento dos Países NãoAlinhados, entre 1975 e 1980, no contexto da campanha por uma Nova Ordem Mundial da Informação e da Comunicação (NOMIC), e sua genealogia com iniciativas atuais de comunicação para países subdesenvolvidos pela ótica da Economia Política da Comunicação (AGUIAR, 2010). Atualmente, a pesquisa desenvolvida para o doutorado em andamento, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro sob orientação de Sônia Virginia Moreira, abarca um recenseamento sobre todas as agências de notícias estatais do chamado “Sul Global”, nova nomenclatura para designar o conjunto anteriormente conhecido como Terceiro Mundo. A linha teórica adotada incorpora, à anterior, o emergente campo transdisciplinar das Geografias da Comunicação. Diversos destes últimos encontram-se em estágio de doutoramento ao longo da segunda década do século XXI, pelo que se espera nos próximos anos um desenvolvimento mais orgânico e institucional da pesquisa brasileira em agências de notícias. Os últimos dois autores, por exemplo, publicaram em conjunto, estudo historiográfico sobre a trajetória da Agência Brasil, em suas linhas de sucessão e ruptura com as antecedentes, Agência Nacional (1937-1979) e EBN (1979-1988) (AGUIAR & LISBOA, 2016).

4. Linhas teórico-metodológicas O conjunto dos trabalhos e autores referenciados neste artigo forma um corpo ainda incipiente, embora mais expressivo que há apenas uma década, de pesquisas brasileiras 16

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sobre agências de notícias. Ainda que tenham origens e abordagens muito diversas, alguns guardam mais afinidade de ordem teórico-conceitual ou metodológica entre si que outros, pelo que se crê útil aqui propor bases mínimas de categorização, para além dos agrupamentos de natureza institucional já listados. Ressalte-se, porém, que em apenas uma minoria dos trabalhos listados se identificam claramente tendências de alinhamento a escolas teóricas específicas da pesquisa em comunicação e suas conexões interdisciplinares. Embora não seja majoritária, uma parcela expressiva dos trabalhos observa as agências de notícias pelo prisma das Teorias do Jornalismo, importando-se com as práticas profissionais, rotinas de trabalho, gêneros textuais, operações discursivas, princípios de ética e deontologia jornalística dentro do ambiente específico dessas organizações. Um segundo grupo relevante insere-se na perspectiva da Economia Política da Comunicação, em que as agências de notícias são analisadas segundo seu papel econômico no setor da comunicação, mormente da circulação de informação, por elas tomadas como mercadoria, bem como suas relações com o capital, o trabalho, monopólios, oligopólios, associações corporativas e outros elementos relacionais, particularmente institucionais. Certa quantidade de estudos brasileiros sobre agências tenta enfocá-las pelas lentes da Cibercultura, salientando a incorporação das tecnologias digitais e dos modos de processamento e circulação da informação pelas redes cibernéticas. Entretanto, não é negligenciável o fato de as agências precederem em século e meio a emergência dessas redes, e ainda assim já operarem desde o início em uma lógica reticular de alcance global por meio de tecnologias analógicas, como telégrafo. Finalmente, observa-se a crescente aparição de pesquisas fundadas na interdisciplinaridade e na transdisciplinaridade, empregando categorias e conceitos de outros campos do conhecimento à análise destas empresas e serviços. Tomem-se como dois exemplos principais a Ciência da Informação e a Geografia. A primeira, não só mais aproximada da Comunicação mas também devotada a um processo central na operação das agências de notícias – a saber, a gestão da informação –, oferece ferramentas analíticas adequadas para estudos de rotinas de produção e processos operacionais. A segunda, por outro lado, abrange análises de escala, especialmente em âmbito global, preocupadas com a dimensão espacial das atividades da comunicação, o que concede um instrumental precioso para a análise de agências, cuja razão de existência é circular notícias que estejam fora do alcance (geográfico, técnico ou econômico) dos jornais, revistas, portais, emissoras e outros veículos de comunicação. 17

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