Pesquisa na UFABC revela intolerância contra haitianos

June 4, 2017 | Autor: A. Alves de Aquin... | Categoria: Haitian diaspora
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10/03/2016

ABCD Maior



08/07/2015 00:00

Pesquisa na UFABC revela intolerância contra haitianos

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Por: Renan Fonseca ([email protected])

Tese de mestrado que estudou cotidiano dos imigrantes em Santo André será defendida em agosto

  Dois “monstros” da sociedade brasileira, a intolerância e o racismo, deram as caras em Santo André, cidade que já possui mais de mil imigrantes haitianos. A mais recente agressão dos conservadores já é objeto de estudo. Além da barreira linguística e da falta de experiência para ingressar no mercado de trabalho, diversos Profissional como Jean (foto), que não revelou o sobrenome, era supervisor na terra natal e aqui haitianos tiveram o desprazer de vivenciar cenas trabalha como servente. Foto: Rodrigo Pinto de racismo e xenofobia. Essa é uma das temáticas abordadas por uma pesquisa de mestrado da UFABC (Universidade Federal do ABC), o primeiro trabalho acadêmico a estudar o modo de vida dos imigrantes na Região.  O mestrando Adriano Alves de Aquino Araújo passou meses entrevistando e acompanhando a rotina dos haitianos que vivem no Núcleo Ciganos, no Bairro Utinga. Foi lendo reportagens sobre aquele núcleo, como as publicadas pelo ABCD MAIOR, que o estudante tomou conhecimento da dimensão da comunidade haitiana em Santo André. Araújo deve defender sua dissertação em agosto, por isso, diversos dados coletados para a pesquisa ainda não podem ser publicados. Ele adiantou, contudo, que bastou um pouco de convivência com os brasileiros para que os imigrantes sentissem na pele o desrespeito provocado pela intolerância. “Aos poucos os imigrantes percebem o que é ser negro na sociedade brasileira, com todo o histórico de exclusão social herdado do período escravagista. Aqui a cor da pele é um forte marcador social, o que não se dá tão radicalmente no Haiti.”

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ABCD Maior

A imigração para Santo André é recente e começou em 2011. O estudo de Araújo mostra que predominam no grupo indivíduos do sexo masculino de até 30 anos. A vinda para o Brasil aconteceu um ano após um terremoto ter atingido Tiburon, a 25 quilômetros da capital, Porto Príncipe. “Dentre os mais jovens, o desejo de cursar o ensino superior está em páreo com o desejo de trabalhar. As vagas de emprego de baixa qualificação são abundantes, sendo que a maioria dos imigrantes é empregada com carteira assinada. Muitos sentem que seu potencial está sendo subaproveitado pelo Brasil. “Todos os imigrantes que conhecemos falam pelo menos dois idiomas, kréyol e francês, não sendo raros os que falam espanhol e  inglês ”, pontuou o estudante de mestrado. Bons pagadores, haitianos se espalham pelo ABCD O Núcleo Ciganos fica nas margens da linha 10 da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Uma comunidade pequena, com vielas não asfaltadas e residências simples e geminadas. Apesar dos relatos de preconceitos, os haitianos conseguiram mostrar que estão no País para buscar uma oportunidade melhor e somar experiências ao mercado brasileiro.   “Tivemos a informação de que alguns conflitos começaram a surgir em decorrência da preferência que os locadores passaram a dar aos imigrantes haitianos. O pretexto é de que os haitianos são ‘bons pagadores’”, informou o mestrando Adriano Alves de Aquino Araújo. A equipe de reportagem já realizou visitas aos imigrantes do Ciganos. Porém, para realizar esta reportagem muitos moradores se sentiram receosos em conceder entrevista. O discurso é similar para muitos deles. “Não quero aparecer em jornal. Vão (leitores) perceber que sou haitiano”, disse um imigrante.  Join Yvens, 30 anos, mora  em Barueri, a 26 quilômetros da Capital, tem amigos no Núcleo Ciganos e pensa em se mudar para ali. No pequeno alojamento dos dois amigos, ele foi o único que aceitou ser entrevistado. “A gente encontra muitas dificuldades sim, mas temos que continuar tentando, não podemos ficar sem trabalhar”, explicou. Traduzindo um dos companheiros, ele descreveu que Jean Somel, de 23, está desempregado. “O Jean disse que passou por racismo. Na empresa em que trabalhou por um mês, o trocaram por outra pessoa de pele clara”, relatou. Um dos imigrantes que está há mais tempo em Utinga, o também Jean não quis dizer o sobrenome. “Sempre trabalhei em construção civil. No Haiti, eu tinha um bom cargo, era supervisor. Aqui não passei ainda de servente”, lamentou.   

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