PESQUISA NA WEB ATRAVÉS DE UMA CAÇA AO TESOURO: UM ESTUDO COM ALUNOS DO 9.º ANO

May 26, 2017 | Autor: Sónia Cruz | Categoria: Education, Web 2.0
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Descrição do Produto

IX Congreso Internacional

Galego-Portugués

de Psicopedagoxía.

Coruña: Universidade da Coruña.

PESQUISA NA WEB ATRAVÉS DE UMA CAÇA AO TESOURO: UM ESTUDO COM ALUNOS DO 9.º ANO Sónia Catarina da Silva Cruz Universidade do Minho - Braga/Portugal [email protected] Ana Amélia Amorim Carvalho Universidade do Minho - Braga/Portugal [email protected]

RESUMO: A presente comunicação descreve uma actividade orientada para a pesquisa na Web – Caça ao Tesouro, implementada com alunos do 9.º ano de escolaridade no Externato Maria Auxiliadora, reflectindo sobre a necessidade de a utilizar em contexto educativo por forma a promover situações de aprendizagem com recurso à Web. De seguida, apresentam-se os objectivos para a utilização desta Caça ao Tesouro sobre o modelo de produção americano em massa nos anos 20, descreve-se o estudo efectuado e reflecte-se sobre os resultados obtidos. Finalmente, são enunciadas as conclusões. Palavras Chave – Aprendizagem colaborativa, Caça ao Tesouro, Perspectiva construtivista da aprendizagem.

Introdução

O desenvolvimento das Novas Tecnologias e a sua integração na vida quotidiana dos nossos alunos começa cada vez mais cedo, quer através da escola, quer através da família, numa altura que um computador em casa ligado à Internet se torna cada vez menos um luxo e passa a ser uma necessidade, que tem vindo a transformar por completo os alunos que nos chegam às escolas. Todo o tipo de informação está ao acesso de quem navega na Web. A Internet possibilita que qualquer indivíduo entre em contacto com qualquer outro que se encontre em qualquer parte do mundo. Ela permite a partilha de informação online e a troca de comunicações com várias pessoas em várias partes do mundo em simultâneo (Castells, 2004). Dada à facilidade com que se acede a todo o tipo de informação na Web, os pais e educadores devem ter o cuidado de filtrar o que os seus filhos ou educandos pesquisam. Pouts-Lajus & Riché-Magnier (1998: 67) a este respeito referem que “a abertura das escolas à rede levanta problemas inéditos. Um dos mais

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frequentemente evocados é o da protecção dos menores contra as informações de carácter violento, pornográfico, racista ou pedófilo que se podem encontrar na Internet.” A introdução das TIC na educação abriu um leque de oportunidades para a promoção de actividades que estimulam os alunos a trabalhar colaborativamente (Dillenbourg, 1999; Pallof &Pratt, 2002). De acordo com Moran (1995: 13) "é importante educar para a autonomia, para que cada um encontre o seu próprio ritmo de aprendizagem e, ao mesmo tempo, é importante educar para a cooperação, para aprender em grupo, para intercambiar ideias, participar de projectos, realizar pesquisas em conjunto". O trabalho colaborativo pretende modificar o uso individualista do computador para um formato mais participativo onde todos colaboram entre si para resolver um problema (Cruz et al., 2007). Para Fino (2004) a tecnologia tem potencial para suportar formas diversificadas de interacção social, de comunicação e de colaboração nas tarefas de construção de conhecimento em que estão comprometidos os membros da comunidade de aprendizagem. No entanto, as actividades apresentadas aos alunos devem ser fruto de uma reflexão por parte do docente. Desta forma surge a questão de como desfrutar da informação disponível na Web dentro da sala de aula, como tirar proveito da informação online, como inserir os alunos na Sociedade da Informação: através de actividades em que a pesquisa seja livre ou orientada? Embora a pesquisa livre possa ocorrer nas aulas, esta só deve acontecer depois do professor fornecer um conjunto de orientações aos alunos fornecendo-lhes estratégias para que saibam avaliar a informação que encontram na Web (autoria do site, confrontação da informação obtida, etc…). Carvalho (2007a) refere que fomentar uma pesquisa livre, sem qualquer orientação, numa aula, em alunos inexperientes, trará mais inconvenientes do que vantagens. A autora alerta que com esse tipo de abordagens “já há alunos que associam a pesquisa na Internet a uma aula para brincadeira na rede; uma oportunidade para fazerem o que lhes apetece. Por esses motivos, para além do tema geral de pesquisa devem também ser solicitados aspectos específicos, que não só permitem afunilar a pesquisa como orientam a selecção da informação que os alunos têm de fazer” (Carvalho, 2007a). No entanto, para os menos acostumados e para encaminhar a aprendizagem dos alunos, a pesquisa orientada pode constituir uma boa forma de introduzir a Web nas práticas lectivas. Têm surgido actividades, como a Caça ao Tesouro e a WebQuest, que tiram partido dos recursos existentes na Web, disponibilizando apontadores para os sites e orientando os alunos nas etapas a seguir (Carvalho, 2007a). A WebQuest e a Caça ao Tesouro são exemplos de actividades que possibilitam uma pesquisa orientada ao mesmo tempo que motivam os alunos para a aprendizagem de conteúdos. A grande diferença entre a WebQuest e a Caça ao Tesouro reside não só na maior complexidade da primeira, incluindo a avaliação e o processo, mas sobretudo na tarefa solicitada que deve ser uma questão de resposta aberta (Carvalho, 2007b). Já a Caça ao Tesouro apresenta uma introdução temática, questões várias num crescendo de dificuldade, apontadores para sites e uma questão aglutinadora (Carvalho, 2007a). A Caça ao Tesouro é uma actividade baseada na Web que permite a pesquisa orientada e tem dois objectivos de aprendizagem: i) aquisição de conhecimentos específicos e ii) o desenvolvimento de competências de pesquisa e selecção de informação. Consiste num conjunto de questões que podem ser respondidas acedendo a "sites" previamente seleccionados para a resolução dos desafios. A particularidade

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da Caça ao Tesouro, face a outras actividades que promovem a pesquisa orientada, é que as questões parcelares culminam numa Grande Questão exigindo ao aluno reflexão, de modo a torná-lo capaz de integrar e relacionar os conhecimentos adquiridos. A utilização adequada de uma “Caça ao Tesouro” permitirá uma aula diferente onde o aluno terá um papel fundamental na construção do conhecimento, sendo uma estratégia adequada para adquirir informação sobre um determinado tema e desenvolver competências relacionadas com a utilização das TIC, em particular da Internet. Assim, uma “Caça ao Tesouro” é constituída por: 1.

Introdução, na qual se faz a apresentação e contextualização do desafio, onde são clarificados os objectivos e os passos e etapas a percorrer;

2.

Questões (enigmas/pistas) que orientam a pesquisa de informação cuja articulação das respostas permitirá alcançar o “Tesouro”, sendo indicados os recursos a pesquisar;

3.

Grande questão, é uma questão aglutinadora, de maior complexidade do que as questões parcelares e constitui a etapa final para alcançar o tesouro.

Em Portugal, actividades orientadas do tipo “Caça ao Tesouro” têm conhecido um aumento exponencial, ainda que não conheça a expressão que tem noutros países, nomeadamente, nos EUA (Costa, R., 2006). Da pesquisa efectuada nos motores de busca como o Google e o Sapo, as “Caça ao Tesouro” visitadas nem sempre respeitam as directrizes para as quais foram criadas: promoção de competências de pesquisa e selecção da informação promovendo a aquisição de competências de modo a levar o aluno a integrar os novos conhecimentos e relacioná-los com as suas ideias já formuladas para potenciar um conflito de ideias que gere uma mudança conceptual. Para conceber uma “Caça ao Tesouro” devemos levar em consideração as seguintes indicações: i)

Optar por um título apelativo para a “Caça ao Tesouro” de modo a motivar os alunos para a resolução das questões colocadas.

ii)

Na Introdução, o aluno deve ser motivado para o desafio que lhe está a ser lançado. Essa motivação deve despertar o aluno para o novo conhecimento ao mesmo tempo que deve despoletar o conhecimento prévio que o aluno possui sobre o tema do desafio lançado.

iii)

Apresentar as questões que vão ser orientadoras da informação a procurar nos sites da Web indicados.

iv)

A Grande Questão é o desafio final que deve agregar em si os diferentes aspectos que os alunos exploraram nas questões parcelares e que devem exigir ao aluno a reflexão e integração dos conhecimentos adquiridos;

v)

Não se deve descuidar o aspecto gráfico da “Caça ao Tesouro” dado que o estímulo visual pode ser determinante para envolver o aluno com a tarefa.

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Produzir, editar e publicar uma página Web exige algum conhecimento, tempo e disponibilidade mas muitas vezes os educadores não dispõem dessas condições ficando impossibilitados de produzir actividades que promovem a pesquisa, a selecção de informação e a integração/relacionação dos conhecimentos. O problema tende a diminuir com o surgimento de geradores automáticos como o phpwebquest1. Trata-se de um programa educativo criado por Antonio Temprano para criar WebQuest, Miniquest e Caças ao Tesouro sem a necessidade de conhecer código ou utilizar programas de edição de páginas Web como o FrontPage ou DreamWeaver. O programa, disponível a partir do site oficial, pode ser descarregado para poder ser utilizado para fins educativos por qualquer instituição ou particular a partir do seu servidor, permitindo ao utilizador editar ou apagar as actividades criadas a qualquer instante. Actualmente, existem mais de 10.000 utilizadores registados pertencentes a 2.500 instituições educativas de todo o mundo, tendo já sido criadas mais de 16.000 actividades entre WebQuest, Caças ao Tesouro e MiniQuest, das quais, o programa apaga aqueles que não são concluídas/publicadas no prazo de vinte dias. Em Portugal, um exemplo de gerador automático para este tipo de actividades é o CCUM WebQuest’s2 do Centro de Competência da Universidade do Minho. Também o Centro de Competência da Universidade de Évora3, o Centro de Competência da Universidade da Beira Interior4, O Instituto Camões e outras Associações de Professores e Centros de Formação espalhados por todo o país promovem diversas Caças ao Tesouro, maioritariamente criadas para serem utilizadas em contexto sala de aula, enquanto que outras possibilitam aos utilizadores da Web a oportunidade de adquirirem conhecimentos em diversas áreas do saber.

Descrição da Caça ao Tesouro Acessível através do site da disciplina5, a Caça ao Tesouro “O modelo americano de produção em massa nos anos 20” teve como objectivo motivar os alunos do 9º Ano (N=27) para a aprendizagem do conteúdo “Declínio da Europa e Ascensão dos Estados Unidos”. Na página inicial existe uma Ajuda ao Professor com orientações de possíveis utilizações desta Caça ao Tesouro nas suas aulas (v. figura 1).

1

http://www.phpwebquest.org/ http://www.nonio.uminho.pt/webquests/index.php 3 https://www.minerva.uevora.pt/subm03_3.htm#tesouro 4 http://www.anossaescola.com 5 http://historianove.no.sapo.pt/CT_anos20/index.htm 2

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Figura 1 – Menu inicial da Caça ao Tesouro “O modelo americano de produção em massa nos anos 20”

Na página de Introdução a esta Caça ao Tesouro convidam-se os alunos a partirem em busca do tesouro de um homem que enriqueceu verdadeiramente na década de 1920 nos EUA, apesar de essa época ter sido de ilusória prosperidade. O tão desejado tesouro só seria alcançado se fossem resolvidos todos os enigmas, caso contrário, o tesouro diminuiria. Foi pedido aos alunos que, como exploradores natos, tomassem nota (no Word) de todas as suas descobertas dado serem cruciais para a resolução do enigma final, a Grande Questão (v. figura 2).

Figura 2 – Introdução da Caça ao Tesouro “O modelo americano de produção em massa nos anos 20”

Com o barco ancorado na ilha, os alunos deveriam partir à descoberta do tesouro. “Por cada enigma a decifrar, mais perto do tesouro irei chegar!” era a epígrafe inicial da actividade, procurando motivar o aluno a decifrar treze enigmas para alcançar o tesouro (v. figura 3). Assim, iniciando a descoberta junto do barco ancorado na ilha, os alunos deveriam parar nos pontos chave (assinalados com um X) a fim de decifrar o enigma de cada um desses pontos. Ao chegar ao último ponto, o aluno é aliciado a aceitar o desafio de decifrar a última pista, Grande Questão, e encontrar o tão almejado tesouro.

3240

Figura 3 – Enigmas a decifrar na Caça ao Tesouro “O modelo americano de produção em massa nos anos 20”

A Grande Questão (v. figura 4) exigia aos alunos que, com base num conjunto de conceitos, criassem uma narrativa explicativa de modo a caracterizar como se processava o modelo de produção americano na década de 20.

Figura 4 – A Grande Questão da Caça ao Tesouro “O modelo americano de produção em massa nos anos 20”

Estudo Este estudo teve como objectivo averiguar o impacto da utilização de uma “Caça ao Tesouro” no processo de ensino-aprendizagem quer como forma de desenvolver as competências essenciais como a pesquisa, análise e selecção de informação, quer no desenvolvimento de competências transversais com a

3241

utilização da tecnologia informática ao serviço da História (Abrantes, 2001). Neste estudo, os alunos exploravam os Recursos na Web, bem como utilizavam o processador de texto e o correio electrónico.

Amostra A amostra integrou 27 sujeitos que frequentavam a disciplina de História no Externato Maria Auxiliadora, no 9º ano de escolaridade. No início do estudo, passou-se um questionário a fim de averiguar o nível da literacia informática da amostra. A partir dos resultados do questionário foi possível aferir que esta revela conhecimentos básicos da funcionalidade e o manuseamento do computador enquanto ferramenta de trabalho, sendo que a totalidade da amostra está familiarizada com a Internet, uma vez que 96% afirma “navegar” com regularidade na Web. Esta regularidade é evidenciada pelo uso diário do computador por 74% dos alunos. A partir desta caracterização foi possível depreender as apetências da amostra para com a ferramenta de trabalho permitindo-nos inferir que estavam assegurados os conhecimentos básicos para levar a cabo a actividade proposta, apesar de nenhum aluno ter revelado conhecimento deste tipo de recurso a utilizar em sala de aula.

Descrição do Estudo O estudo decorreu durante o ano lectivo de 2006/2007 e foi efectuado em quatro aulas. Na primeira aula foram constituídos os pares de trabalho que, de seguida, tomaram conhecimento da actividade proposta pelo docente e dos objectivos da sua realização, explorando livremente a “Caça ao Tesouro” concebida para o estudo do tema “O modelo americano de produção em massa nos anos 20”. Segundo Cruz & Carvalho (2005), o fazer algo com alguém implica que se discuta fundamentadamente de forma a impor a sua opinião não pela autoridade mas pela argumentação. Por essa razão optamos pelo trabalho em pares para trabalhar esta Caça ao tesouro a fim de promover a aprendizagem colaborativa e não apenas a aprendizagem cooperativa. Henri & Rigault (1996) mencionam que numa abordagem cooperativa as tarefas são divididas pelos membros do grupo e são realizadas individualmente, numa abordagem colaborativa as tarefas são realizadas por todos num contínuo de partilha, diálogo e negociação. Para Carvalho (2007a), muitas vezes verifica-se que os alunos rapidamente optam por realizar o trabalho de forma cooperativa, dividindo as tarefas e responsabilizando-se cada um por uma. Por essa razão, a investigadora considera que cabe aos professores alertarem os alunos sobre o modo como devem trabalhar, proporcionando-lhes orientações nesse sentido. Foi solicitado aos alunos que procurassem alcançar o tesouro através da análise dos recursos da Web (recomendados), sendo o resultado do trabalho (questões e a Grande Questão) enviado por e-mail para a docente. Técnicas e instrumentos de recolha de dados As técnicas de recolha de dados utilizadas neste estudo foram o inquérito, a observação e a análise documental. Desenvolveram-se dois questionários, um designado por Ficha de Literacia Informática para aquilatar os conhecimentos informáticos da amostra. O segundo questionário, preenchido no final do estudo,

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inquiriu a opinião dos sujeitos sobre as seguintes dimensões: i) a Caça ao Tesouro ii) a aprendizagem alcançada e iii) a estratégia de ensino. A observação permitiu, ao docente, registar em cada aula os comportamentos dos sujeitos durante a realização da “Caça ao Tesouro”, nomeadamente, o interesse dos alunos no desenrolar do trabalho de grupo e as dificuldades/problemas manifestadas pelos alunos durante a realização do mesmo. Apresentação e análise dos resultados A partir dos dados obtidos pela ficha de literacia informática foi-nos possível proceder à caracterização da amostra que já foi mencionada e quanto ao conhecimento sobre a “Caça ao Tesouro”. Relativamente à Caça o Tesouro, nenhum aluno conhecia este tipo de actividade. No final da Caça ao Tesouro, os alunos foram inquiridos sobre como decorreu a sua exploração, de que forma esta contribuiu para a aprendizagem de conteúdos curriculares e as motivações sentidas perante o uso desta ferramenta . De seguida, apresentamos os dados obtidos no questionário de opinião, por dimensão. i)

A Caça ao Tesouro

Aprender a trabalhar com a Caça ao Tesouro foi considerado por 51,8% dos sujeitos uma tarefa fácil e 48,8% considerou essa aprendizagem acessível. Nenhum aluno referiu que a aprendizagem deste recurso fora difícil (v. tabela 1).

f

%

Fácil

14

51,8

Acessível

13

48,8

Difícil

0

0,0

Trabalhar com a Caça ao Tesouro foi:

Tabela 1 – Aprender a trabalhar com a Caça ao Tesouro

ii)

A aprendizagem alcançada

Dos inquiridos, 77,7% afirmou ter alcançado a analisado com cuidado os documentos para conseguir solucionar os enigmas, 66,6% a seleccionar a informação mais relevante e a verificar a necessidade de sintetizar e organizar as ideias principais (66,6%). Já 51,8% afirma que a actividade proposta na Caça ao Tesouro ajudou a produzir textos com rigor e qualidade, enquanto que mais de 88,8% da amostra refere que a realização da actividade ajudou a verificar a necessidade de debater e negociar a resposta aos enigmas com os colegas e 85,1% a compreender os factos históricos estudados nas aulas (v. Tabela 2). O facto de procurar responder aos desafios lançados na Caça ao Tesouro ajudou-me a: Analisar com cuidado os documentos para conseguir responder Seleccionar a informação mais relevante Verificar a necessidade de sintetizar e organizar as ideias principais Produzir textos com rigor e qualidade Verificar que quando o meu colega tem uma opinião diferente da minha, temos de debater e negociar a resposta

Sim

Em Parte f %

f

%

77,7

6

22,2

0

0,0

18

66,6

9

33,3

0

0,0

18

66,6

9

33,3

0

0,0

14

51,8

13

48,1

0

0,0

24

88,8

3

11,1

0

0,0

f

%

21

Não

3243

Compreender os factos históricos estudados nas aulas

23

85,1

4

14,8

0

0,0

Tabela 2 – Aprendizagem proporcionada pela Caça ao Tesouro

Todos os grupos responderam aos treze enigmas com eficácia e rigor. A maioria dos grupos trabalhou a informação disponibilizada na Web correctamente sem se desviar do rigor científico, conseguindo decifrar os enigmas lançados. Os alunos identificaram-se com o desafio de alcançarem o tesouro e procuraram compreender o que se havia passado naquele período histórico, conseguindo construir narrativas, ainda que muito breves, com lógica e sequência de ideias. Saber história envolve, de facto, maior complexidade mental do que a simples compreensão das ideias feitas que o professor ou o manual queira transmitir (Barca, I., 2002). Através desta exploração visamos o desenvolvimento das competências essenciais em História, nomeadamente, a utilização de fontes/tratamento de informação. De facto, ser competente em história significa saber utilizar fontes diversas a fim de compreender o passado para responder aos desafios do presente e do futuro (Cruz, S. & Carvalho, A., 2005). Actualmente exige-se ao cidadão comum competências em História que lhe permitam ser capaz de saber ler diversas fontes históricas, cruzar informações e inferir a veracidade ou a falsidade das fontes a fim de compreender a visão do eu e do outro, em diferentes tempos e em diferentes espaços (Barca, I., 2002). A amostra foi, igualmente, inquirida sobre o que mais e menos gostou de realizar nesta actividade. As respostas dos alunos foram analisadas e categorizadas (v. tabela 3). Assim, 33,3% dos alunos gostou de realizar a pesquisa, 29,6% gostou mais de realizar as actividades propostas, isto é, decifrar as pistas, enquanto que 18,5% gostou de debater ideias e de organizar informação (3,7%). Salientamos que 11,1% gostou da tarefa pela novidade que ela constituía. Relativamente aos aspectos que os alunos menos gostaram na exploração da Caça ao Tesouro, 22,2% refere não ter apreciado o conteúdo abordado, 11,1% na realização das actividades propostas (decifrar os enigmas), 7,4% ter de pensar para realizar as tarefas e o barulho de uma sala de informática com aula a decorrer. No entanto, quase metade da amostra não responde ou refere que não tem aspectos negativos a apontar. O que gostei mais foi:

f

%

O que gostei menos foi:

f

%

Pesquisar

9

33,3

Dos conteúdos abordados

6

22,2

Realizar as actividades propostas

8

29,6

Realizar as actividades propostas

3

11,1

Debater ideias

5

18,5

Ter de pensar muito

2

7,4

Aprender de uma forma diferente

3

11,1

O barulho

2

7,4

Organizar a informação

1

3,7

A duração da actividade

1

3,7

Não responde

5

18,5

Não responde

13

48,1

Tabela 3 – Actividade que gostaram mais e menos na realização da Caça ao Tesouro

Quanto às principais dificuldades na exploração desta Caça ao Tesouro, após análise e categorização das respostas dos alunos, 22,2% sentiu dificuldades em sintetizar e organizar informação, 18,5% na resolução dos desafios solicitados no âmbito da actividade e 11,1% a seleccionar informação (v. tabela 4). Dois dos sujeitos (7,4%) referiram que não entenderam a actividade proposta.

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Principais dificuldades na exploração desta Caça ao Tesouro

f

%

Sintetizar/Organizar a informação

6

22,2

Tarefas solicitadas no âmbito da actividade

5

18,5

Seleccionar a informação

3

11,1

Não entendimento da actividade

2

7,4

Não se sente à vontade com o uso do computador

1

3,7

Nenhuma/Não responde

9

33,3

Tabela 4 - Dificuldades na exploração desta Caça ao Tesouro

iii)

A estratégia de ensino utilizada

A actividade proposta na Caça ao Tesouro foi considerada uma experiência desafiante (v. tabela 5) pela maioria dos inquiridos (92,5%) mencionando que havia sido mais motivante aprender com recurso à Caça ao Tesouro do que aprender os conteúdos de forma tradicional (92,5%) (v. tabela 6). No entanto, dois inquiridos consideraram esta experiência “pouco desafiante” por comparação à aprendizagem tradicional (7,4%). A actividade da Caça ao Tesouro foi uma experiência:

f

%

Desafiante

25

92,5

Pouco desafiante

2

7,4

Aborrecida

0

0,0

Muito aborrecida

0

0,0

Tabela 5 – Experiência proporcionada pela Caça ao Tesouro

Foi mais motivante aprender com recurso à Caça ao Tesouro do que aprender os conteúdos de forma tradicional: Sim

f

%

25

92,5

Não

2

7,4

Tabela 6 – Aprendizagem proporcionada pela Caça ao Tesouro vs apresentação de conteúdos de forma tradicional

Conclusão Concluído o estudo, tornou-se possível obviar sobre as vantagens da utilização desta ferramenta em contexto sala de aula. Tornou-se evidente à docente que, para os alunos, o facto de desempenharem uma tarefa que exigia pesquisa, selecção e organização da informação a partir da Web era, per se, motivadora. Através da pesquisa e selecção de informação na Web, cada grupo (pares) ficou incumbido de procurar responder aos desafios lançados (enigmas) e responder à Grande Questão que exigia maior reflexão. Os alunos tiveram que desenvolver várias competências, nomeadamente, competências básicas como pesquisar, analisar, sintetizar, saber ler diferentes fontes e cruzar informações para conseguir resolver a Grande Questão. Este refinamento de competências foi largamente atingido, o que contribuiu para a construção de uma visão do facto histórico em causa. O responder às questões várias num crescendo de dificuldade, para conseguir resolver uma questão aglutinadora exigiu deles, uma reflexão sobre o tratamento dado à informação. Porém, enquanto alguns dos pares não se conseguiram desprender da informação

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disponibilizada na Web para a construção do seu projecto final, outros demonstraram criatividade na construção e apresentação de conhecimentos adquiridos. Pela observação dos grupos, a professora compreendeu que à medida que o trabalho de grupo avançava, os alunos tornavam-se conscientes de que o trabalho cooperativo teria um grande impacto na qualidade do trabalho do grupo. Tal, foi visível quando elementos do grupo discordavam e tinham que negociar entre eles uma resolução. Esta interactividade entre pares exigia uma negociação e, consequentemente, uma argumentação fundamentada. Isto contribui para que cada aluno se sentisse um ser autónomo e responsável pelo seu próprio processo de aprendizagem Os progressos tecnológicos e o contributo das ciências da educação colocam ao alcance dos professores e dos alunos ferramentas inovadoras para o processo de ensino e aprendizagem que, correctamente aplicadas, podem colaborar para a criação de um papel activo e eficaz na construção da sua aprendizagem. A World Wide Web, antes vista apenas como fonte para pesquisas, traz-nos hoje uma série de ferramentas gratuitas para tornar as aulas mais atractivas. Cabe ao professor, conhecedor do processo de ensino/aprendizagem, testar e optimizar esses recursos, como constitui a Caça ao Tesouro. Este estudo confirma não só a importância de tirar partido dos recursos da Web em contexto educativo, desde que desafiantes e adequados à faixa etária dos alunos, mas também o envolvimento e empenho que se verifica nos alunos na resolução das tarefas pedidas.

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