Pisões e moinhos de água na zona de Leiria

May 25, 2017 | Autor: R. Charters-d'Aze... | Categoria: History, Historia, Etnografía, Leiria, Moinhos, Moinhos Hidráulicos
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Es

da

tória Ricardo Charters dAzevedo

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Pisões e moinhos de água na zona de Leíria I Segundo o Eluddário, de Viterbo, o "moinho de água serve para o trigo e qualquer outro género de pão", "tem rodízio e anda com a água do rio", e a "azenha tem roda da parte de fora e anda com a água do ribeiro que caindo do alto da roda lhe dá o impulso". E continua afirmando que "as azenhas não só moem o pão, mas também pisam a azeitona", e termina dizendo que "no início da monarquia, quando não havia ainda moinhos de asas ou de vento em Portugal, azenha e moinho eram sinónimos". Ora, o pisão era outra coisa (Dicionário da Academia), pois que igualmente movido a água, o engenho utilizava-se no tratamento da lã, sobretudo do burel, apreciado para a confeção de capuchas, capas, mantas, casacos, ete. Em cada pisão existia uma panela de ferro que servia de caldeira de água, permitindo o fornecimento constante de água quente durante o processo de pisoagem. Em 1411,Gonçalo Gomide, escrivão da puridade, pedia licença régia para fazer um pisão e um moinho de papel em Leiria, sobre ruínas de uns moinhos velhos. Também em Leiria, Lucas Anes, vassalo de D. João I, construiu um pisão de burel sobre as ruínas de uma antiga azenha, em data anterior a 1433. Sabemos que com um pisão mecânico diminuia-se drasticamente o número de horas de trabalho em relação ao pisoamento manual. No regimento dos panos de 1573 pode-se encontrar uma descrição detalhada das diversas fases do pisoamento. Começava-se por submeter os tecidos a uma operação de limpeza para retirar as sujidades decorrentes do processo de manufatura. Mergulhavase o pano em água quente com greda ou sabão para o desengordurar. Era seguidamente cardado do avesso que ajudava a complementar a limpeza. Seguia-se a operação de enfortir que se realizava com o moinho. O pano era colocado numa masseira com água quente com sabão, ou greda, e era constantemente pisoado com os maços da pisão. Assim a fibra era apertada para

Jornal de Lema 12 de Janeiro de 2017

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conferir qualidades e consistência e resistência do pano. Depois era cardado à percha, era seco e tosado antes de ir para a venda. Tendo-me chegado às mãos uma planta, em "ozalid" (PT/ADLRA/ACD/HMA/0007), datada de 1906 com o "Croquis da bacia hidrográfica do rio Liz, e da parte marítima compreendida na Costa desde os Palheiros da Leiroza ao norte, e as Pedras Negras ao sul", composto de sete folhas, da responsabilidade de Roberto Charters Henriques d'Azevedo, eng. Chefe da 40 secção, dá 2a Direção dos Serviços Fluviais, meu bisavô, pude verificar que ainda, naquela data, existiam pisões em Leiria. Dois na ribeira do Vale Gracioso, um junto da foz

do seu afluente, o ribeiro do Vale Salgueiro (afluente do Lena em Azoia, vindo da Maceira), e o outro perto do seu outro afluente, o ribeiro do Ameiro. Por outro lado, verificamos que além de existirem no território que a planta cobre alguns moinhos de vento, muitos mais moinhos de água (ou azenhas) se encontram referidos ao longo do rio Lis (13), do Lena (2), da ribeira do Vale Gracioso (22), da Ribeira do Amor ou do Magro (7), do Ribeiro da Escoura (5), da Levada de Vale Pinheiros - Regueira de Pontes (13)e do Rio Grande dos Pousos ou Caranguejeira (3). Hoje seria importante fazer o registo do que ainda existe. Texto escrito de acordo com a nova ortografia

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