Pixinguinha e os caminhos da orquestração brasileira: caso Carinhoso1. Ana Lúcia Fontenele Universidade Federal do Acre Doutoranda em Música – ECA-‐USP
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1.0. Introdução. O presente artigo se propõe a analisar a trajetória de Pixinguinha como arranjador dos grupos musicais e pequenas orquestras, as quais fundou e atuou como musico, compositor e arranjador. Para tanto iremos realizar um estudo comparado dos arranjos do Carinhoso, três deles realizados por Pixinguinha em 1928, 1929 e 1938 e um deles, de 1937, de autoria de Pixinguinha e provável co-‐ autoria de Radamés Gnattali, que teve o cantor Orlando Silva como intérprete. Nosso projeto de tese pretende observar os arranjos de Pixinguinha para orquestra popular realizados na entre os anos de 1947 a 1959, fase madura da sua carreira. Através desses arranjos instrumentais Pixinguinha realiza um resgate dos contextos social e musical que permearam a sua formação musical. Tais arranjos retratam a sua familiaridade com o tipo de musicalidade2 que caracteriza o período de formação da música popular urbana no Brasil do final do século XIX e início do século XX. Nesse período surgiram práticas musicais que iriam consolidar o gênero choro e o samba maxixado. Desde as primeiras décadas da sua atuação como músico, compositor e arranjador, em gravações da fase elétrica do disco e em grupos musicais de programas radiofônicos, Pixinguinha pôde demonstrar, em seus arranjos para os diversos grupos instrumentais dos quais participou, o legado musical da época do princípio do choro e das bandas militares. O compositor atuou ainda na fase inicial do samba, no Rio de Janeiro, nas primeiras décadas do século XX. Pixinguinha e seus amigos, entre eles, Donga e João da Baiana, participavam dos encontros nas casas das tias baianas, onde eram vivenciados momentos de
1 Artigo publicado nos Anais da Terceira Jornada Acadêmica do Programa de Pós-‐Graduação em
Música (PPGMUS) da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP). 2 O termo musicalidade, numa perspectiva ligada à etnomusicologia, envolve aspectos que, segundo Mukuna (2008, p.13), vão além do estudo dos aspectos musicais, “enquanto seu objetivo é de contribuir para a compreensão de seus criadores, os seres humanos”.
criação musical coletiva, como também dos batuques dos terreiros de candomblé (CABRAL, 2007). No Brasil, a partir do final da década de 1920, os processos sociais que envolviam as práticas musicais no âmbito das classes altas e populares da cidade do Rio de Janeiro sofreram mudanças significativas. Tal fato ocasionou a profissionalização de alguns músicos do âmbito do choro e do samba, que passaram a atuar na indústria fonográfica e nos programas de rádio, como também a dissolução de muitos grupos de músicos semiprofissionais. Ao mesmo tempo, houve uma mudança significativa nas práticas musicais urbanas. Um dos principais reflexos desse fato esteve ligado à forma de acompanhamento no samba, advindo do bairro de Estácio, que configurou boa parte da moderna música popular urbana no Brasil. 2.0. Pixinguinha como arranjador. As primeiras experiências de Pixinguinha como arranjador ocorreram a partir do trabalho com os grupos que liderou desde a época da dissolução do Os Oito Batutas 3 , por volta de 1928, com o surgimento da Orquestra Típica Pixinguinha-‐Donga. Essa orquestra foi criada, com cerca de 40 músicos, para apresentar-‐se em uma exposição promovida pelo Automóvel Clube do Brasil. Nas gravações realizadas por essa orquestra, composta apenas de sopros, o número de instrumentistas é menor (ARAGÃO, 2001). Em seguida, a partir de 1929, o compositor foi diretor e arranjador da Orquestra Victor Brasileira, como também de outros grupos musicais como O Pessoal da Guarda Velha e Os Diabos do Céu. Alguns dos melhores músicos do Rio de Janeiro, muitos deles companheiros de Pixinguinha de períodos anteriores, passaram a integrar a Orquestra Victor Brasileira. Em paralelo aos arranjos realizados para acompanhar os cantores da época, Pixinguinha sempre realizou arranjos instrumentais, iniciados a partir de 1928, para a Orquestra Típica Pixinguinha-‐Donga. Muitos dos músicos escolhidos por Pixinguinha para integrarem essas orquestras populares e grupos musicais dirigidos por ele, como também ele 3 Grupo inicialmente nomeado como Orquestra Típica Os Oito Batutas, em 1919.
próprio, eram considerados exóticos, exatamente por preservar e expressar em suas práticas musicais as características típicas da música popular urbana vivenciada por eles na cidade do Rio de Janeiro, no início do século XX (CABRAL, 2010). Segundo Aragão (2001, p.70), ‘a música dos artistas “típicos”, dos quais faria parte Pixinguinha, deveria estar imune a elementos musicais não natos, conservando-‐se sempre “pura” – apesar de sempre prescindir de um tratamento musical “correto”. Dentre os gêneros presentes nas inúmeras gravações de música instrumental para as orquestras que dirigiu à essa época destacam-‐se o samba, o maxixe, as marchas carnavalescas e o frevo, em maior quantidade; e, em menor volume, o choro, as quadrilhas, as rumbas e o samba-‐canção. Raramente se executavam músicas de características afro-‐brasileiras como o batuque, a macumba e a batucada. Os gêneros dos primórdios do choro como a polca, a mazurca, o schottisch e a valsa eram pouco executados nessa fase mais comercial4 da carreira de Pixinguinha, como arranjador. 3.0. Pixinguinha e os arranjos do Carinhoso. É interessante observarmos, dentre os arranjos instrumentais realizados por Pixinguinha nesse período, o perfil de três arranjos para a música Carinhoso, realizados em 1928 (para orquestra de sopros); em 1929 (para orquestra RCA Victor) e o arranjo de 1938 (para orquestra sinfônica). Na duas primeiras versões, de 1928 e 1929, o Carinhoso estava mais ligado ao choro e seria, segundo Pixinguinha, uma polca lenta (CABRAL, 2007). Na versão de 1938, a roupagem dada ao arranjo está relacionada ao gênero samba-‐canção. O primeiro registro do Carinhoso foi realizado em 1928 para a Orquestra Típica Pixinguinha-‐Donga. Apesar da música ter sido criada em 1920, segundo declaração do próprio Pixinguinha em entrevista concedida a Pereira (1987), o Carinhoso foi mantido guardado, pois o compositor achava que a peça não estaria completa. Faltava-‐lhe uma terceira parte. Em 1929, o mesmo arranjo foi adaptado por Pixinguinha para um concurso de arranjos promovido pela RCA 4 A música popular dita de caráter comercial, segundo Taag (2003), era registrada por gravadoras multinacionais para ser divulgada em veículos de comunicação de massa.
Victor Brasileira, o qual obteve o prêmio de melhor arranjo. Nesse arranjo foi incorporado o timbre das cordas e, ainda no mesmo ano, o arranjo foi registrado pela Orquestra Victor Brasileira, (ALBIN, 2015). Alguns críticos da época assinalaram, de forma negativa, uma influência jazzística nesses primeiros arranjos do Carinhoso. O próprio Pixinguinha reconheceu, em entrevista concedida em 19665, a influência do jazz no primeiro arranjo realizado por ele para o Carinhoso, em 1928. Os arranjos de 1928 e 1929 foram criados em uma nova fase musical de Pixinguinha, na qual elementos do jazz americano passam a ser utilizados por ele. Tais influências foram por ele apreendidas quando da sua estadia em Paris, em 1922, com o grupo Les Batutes, e no seu retorno ao Brasil, quando Pixinguinha passa a atuar como arranjador da Victor Brasileira, a partir de 1929. 4.0. A autoria do arranjo de 1937.
No arranjo do Carinhoso de 1937, provavelmente feito por Pixinguinha,
com letra de João de Barro, a música é executada inteira em versão instrumental para, posteriormente, entrar a voz do solista, o cantor Orlando Silva. Nesse sentido é importante observarmos a valorização conferida ao arranjo no âmbito das gravações de cunho comercial nesse período. O acompanhamento do Carinhoso nesse arranjo foi feito pelo Grupo Regional da RCA Victor e Radamés Gnattali participou nessa gravação como pianista do grupo composto, segundo Cabral (2007), por piano, flauta, dois clarinetes, contrabaixo, violão, cavaquinho e bateria. Alguns autores (MC CANN, 2004)6 creditam a Radamés Gnattali a autoria do arranjo do Carinhoso e da valsa Rosa7, diante de fatos que vinham colocando Pixinguinha à margem dos trabalhos profissionais, principalmente na RCA Victor Brasileira (BESSA, 2010). Além de Pixinguinha atuavam como arranjadores na
5 Artigo baseado em entrevista concedida por Pixinguinha a João Baptista Borges Pereira em
1966. Conf. PEREIRA, (1997). 6 Informação também presente no verbete CARINHOSO em Enciclopédia da música brasileira: popular, erudita e folclórica, 1998. 7 Ambas as músicas são de Pixinguinha com letra de João de Barro (Carinhoso) e Otávio de Souza (Rosa).
Victor Brasileira: Radamés Gnattali, Iberê Gomes Grosso e Célio Nogueira, entre outros (CABRAL, 2007). A seguinte introdução, creditada a Radamés Gnattali, na verdade foi criada por Pixinguinha para o arranjo editado pela E. S. Mangione S. A, em 19368, e registrada em disco pela primeira vez nessa gravação de 1937. Tal arranjo foi feito para um tipo de formação de orquestra popular muita utilizada em pequenas orquestras na época da fase elétrica de gravação no Brasil, composta por sopros: madeiras (flauta, clarineta, sax alto e sax tenor), metais (trompete e trombone), piano e violinos (em divisi).
Figura 1.
Um recurso resultante de uma sequência melódico-‐cromática de acompanhamento derivada de notas da progressão harmônica utilizado por Pixinguinha no arranjo de 1928 tornou-‐se imprescindível em todas as versões posteriores do Carinhoso (Figura 2).
Figura 2.
Segundo Braga (2002), arranjadores como Pixinguinha e, mais tarde, o próprio Radamés, sofriam pressão por parte de diretores de gravadoras e rádios no sentido de realizarem orquestrações de cunho sinfônico e “americanizadas” para a música popular brasileira. A partir da seguinte citação de Radamés Gnattali, presente em Barbosa e Devos (1984)9 apud Braga (2002, p.109), temos indícios da possível autoria de algum arranjo do Carinhoso, como também o relato da pressão sofrida pelos arranjadores brasileiros na década de 1930: 8 Data confirmada por representante da Editora Mangione em e-‐mail do dia 02.11.2015. 9 BARBOSA,
Valdinha e DEVOS, Anne Marie. Radamés Gnattali, o eterno experimentador. FUNARTE. Rio de Janeiro, 1984.
“No tempo da RCA, na rua do Mercado, começou a Rádio Transmissora10. E lá o americano Mr. Evans, que era dublê de gerente e diretor artístico [além de gravador] queria dar tons mais profissionais às gravações, a fim de competir com mais apuro com o disco estrangeiro que chegava ao Brasil com belos arranjos orquestrais. Naquela época ouvia-‐se muita música estrangeira. Mr. Evans me pediu para organizar uma orquestra grande. Eu organizei: cordas completas [violinos, violas, violoncelos e contrabaixos], duas flautas, clarineta, quatro saxes, três pistons, dois trombones, trompas. Uma orquestra grande. Então ele contratou um arranjador paulista o Galvão, que tinha estudado arranjo nos Estados Unidos. Aqui não tinha ninguém que escrevesse a coisa mais sinfônica – jazz sinfônico. Eu era o regente da orquestra. O Galvão fez os arranjos e eu gostei. Comecei a estudar aquelas partes e comecei a aprender. E depois eu fiz o arranjo de Carinhoso no mesmo estilo”.
Por outro lado, em entrevista concedida em 1966, Pixinguinha dá o seguinte depoimento com relação ao Carinhoso: “Compus o Carinhoso mais ou menos em 1920. Era uma peça instrumental, com bastante influência do jazz americano. Em 1934, o diretor da gravadora, um americano alto, me disse com aquele sotaque: ‘Pixanguinha, quer gravar Carinhoso?’. Concordei e comecei o trabalho para adaptá-‐lo na linha samba-‐ canção” (PEREIRA, 1997).
Finalmente, a partir das premissas aqui citadas como os depoimentos de
Pixinguinha e Radamés Gnattali acerca dos arranjos conclui-‐se que o arranjo pode ter sido feito através de uma co-‐autoria entre os dois arranjadores, ou apenas de por Pixinguinha. Porém, como citado anteriormente, a introdução presente no arranjo de 1937 foi realmente criada por Pìxinguinha, a partir da confirmação da data da edição do arranjo impresso11 de Pixinguinha, de 1936.
5.0. O arranjo sinfônico.
O quarto arranjo do Carinhoso feito por Pixinguinha, foi realizado em
1938, -‐ um arranjo sinfônico para a orquestra da Rádio Mayrink Veiga. Segundo Cabral (2007), o arranjo para a orquestra sinfônica foi motivado a partir de uma afirmação atribuída pelo cantor Ciro Monteiro a Radamés Gnattali, segundo a qual o arranjador teria afirmado que Pixinguinha não saberia realizar arranjos de caráter sinfônico. Como resposta, Pixinguinha teria realizado o arranjo para 10 A Rádio Transmissora foi inaugurada em janeiro de 1936 no Rio de Janeiro (BRAGA, 2002).
11 Data confirmada pela editora Mangione S. A. em resposta a e-‐mail da autora em 30.11.2015.
orquestra sinfônica. Posteriormente, em 1971, o arranjo foi registrado em um LP, produzido por Hermínio Bello de Carvalho, intitulado Som Pixinguinha, e, posteriormente reeditado, em 1992, como São Pixinguinha (ALBIN, 2015). O maestro e compositor Radamés Gnattali sempre declarou grande respeito e admiração por Pixinguinha (BRAGA, 2002). No espetáculo que comemorou os 70 anos deste, realizado no Teatro Municipal do Rio de Janeiro12 em 1968, Radamés participou ativamente como músico, compositor e arranjador. Foram executadas, nesse concerto, duas versões de Carinhoso criados por ele: uma a dois pianos, com Radamés Gnattali e Nely Martins, e outra orquestral criada, com a participação de Jacob do Bandolim como solista e a Orquestra do Teatro Municipal (CABRAL, 2007). O arranjo orquestral com solista apresentado nessa noite foi adaptado do arranjo gravado em 1953 por Radamés e orquestra pela RCA Victor. Tal versão teve como solista o trompetista Laerte Rezende (IMS, 2015)13. 6.0. Considerações Finais Podemos considerar que o nível de sofisticação, buscado por Pixinguinha nos arranjos do Carinhoso de 1928 e 1929 atinge o mais alto grau nos registros, de 1937 e no arranjo sinfônico, de 1938. Para Cabral (2007, pg.145), desde os arranjos do final da década de 1920 Pixinguinha “abrasileirou as orquestrações de forma tão nítida e radical que se pode dizer, sem qualquer medo de errar, que foi ele o grande pioneiro da orquestração para a música popular brasileira”. Segundo Cabral (2007, p.183), “Pixinguinha, com os contrapontos mais requintados, aperfeiçoando o que ouvira desde menino no oficlide de Irineu de Almeida, abriu novos caminhos para a música instrumental brasileira”. Uma das manifestações mais fortes dessa tendência foram as criações de Pixinguinha, ao saxofone, para as interpretações da dupla Pixinguinha e Benedito Lacerda. Na fase madura da carreira de Pixinguinha, tal característica musical, entre outras, marcaram os arranjos da série “Orquestra Brasília”, de 1948, editados pela Editora Irmãos Vitale, os arranjos realizados para a orquestra do 12 Áudio registrado no Lp Pixinguinha 70 – Concerto Comemorativo dos 70 anos de Mestre
“Pizindin”. RCA Victor e MIS-‐RJ, 1968. Cf. CARVALHO (1968). 13 Áudio pertencente à Coleção de Humberto Franceschi. Cf. IMS (2015).
programa radiofônico O Pessoal da Velha Guarda (de 1947 a 1952), como também para os arranjos do Grupo da Velha Guarda, presentes nas gravações dos LPs do selo Sinter (de 1955 a 1959). Tais arranjos são objetos de análise da presente pesquisa iniciada em março de 2014 no Programa de Pós-‐Graduação em Música da ECA-‐USP, sob a orientação do compositor Marcos Câmara de Castro. Referências bibliográficas ARAGÃO, Paulo. Pixinguinha e a gênese do arranjo musical brasileiro (1929 a 1935). Texto de dissertação de mestrado. Programa de Pós-‐Graduação em Música. Centro de Letras e Artes. Universidade do Rio de Janeiro, 2001. BESSA, Virgínia de A. A escuta singular de Pixinguinha: história e música popular no Brasil dos anos 1920 e 1930. São Paulo: Alameda, 2010. BRAGA, Luiz Otávio, R. C. A invenção da Música Popular Brasileira: de 1930 ao final do Estado Novo. Tese de doutorado. Programa de Pós-‐Graduação em História Social do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2002. CABRAL, Sérgio. Pixinguinha: vida e obra. Rio de Janeiro: Funarte, 2007. Enciclopédia da música brasileira: popular, erudita e folclórica. Reimpr. da 2a ed. Art Editora e Publifolha, 1998. MC CANN, Bryn. Hello, Hello Brazil: Popular Music in the Making of Modern Brazil. Durham & London: Duke University Press, 2004. PEREIRA, João Baptista Borges. Pixinguinha. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros. n. 42. São Paulo: 1997. TAAG, Philip. Analisando a música popular: teoria, método e prática. Revista Em Pauta V.14 – n. 23. Revista da Faculdade de Serviço Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro-‐ UERJ. Rio de Janeiro: 2003. LPs, CDs, partituras e sites (internet) ALBIN, Ricardo C. http://www.dicionariompb.com.br/pixinguinha, acessado em 13.09.2015. CARVALHO, Roberto. Pixinguinha 70: concerto comemorativo dos 70 anos de Mestre “Pizindin”. RCA Victor e MIS-‐RJ, 1968. DE CARVALHO, Hermínio, Bello. Som Pixinguinha. Gravadora Odeon. Rio de Janeiro, 1971. IMS, Muitas vezes “Carinhoso” – de 1928 a 1959. https://soundcloud.com/search?q=Muitas%20vezes%20Carinhoso%20-‐ %20de%201928. Canal Instituto Moreira Sales no Aplicativo SoundCloud, 2015. VIANNA, A. (PIXINGUINHA). Carinhoso: samba estylisado. Série “A Melodia”. Mangione S. A. (E. S. M. 989). São Paulo e Rio de Janeiro, 1936.