Plano de atividades acadêmicas da disciplina de Sociologia da Saúde no curso de graduação em Medicina da Universidade Federal de Santa Catarina/Campus Araranguá

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CAMPUS ARARANGUÁ CONCURSO PÚBLICO

Plano de atividades acadêmicas João Matheus Acosta Dallmann

Florianópolis, 2016

Introdução Os profissionais de saúde lidam habitualmente com padrões de doença que procedem, ìntimamente, das circunstâncias sociais existentes. Os mecanismos de prevenção e cura prendem-se, também, a fatores de natureza sócio-cultural. Daí o fato de se ter insistido, ultimamente, na necessidade de médicos e demais profissionais de saúde aprofundar seus conhecimentos a respeito dos fenômenos sociais inerentes à sociedade em que atuam. Foi esta a razão pela qual a Sociologia, como ciência básica, passou a fazer parte do currículo médico, nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, vindo a adquirir posição cada vez mais relevante. Através deste plano de ensino pretende-se, a partir do eixo ensino-pesquisaextensão, contribuir para a formação humanística, crítica e reflexiva dos profissionais médicos. Para tanto, história da medicina, o modelo biomédico e uma perspectiva sociológica sobre a saúde e a medicina como campos sociais de interação, serão expostos e problematizados. Ensino e Extensão Cada tópico abaixo representa a intenção de atividades para um semestre letivo, visto que de acordo a grade curricular do curso de medicina da Universidade Federal de Santa Catarina, a disciplina Saúde e Sociedade, é ministrada até a 8ª fase da graduação. Minha intenção é expor algumas ideias que possibilitem aos senhores analisarem meu perfil teórico-prático a respeito da Sociologia no campo da medicina. Em cada item procurei estabelecer atividades, que partindo do ensino, façam diálogo com a extensão e a pesquisa. A metodologia pretendida, em primeira instancia, será resultado do diálogo permanente com discentes. Priorizar-se-á as ferramentas tecnológicas disponíveis, bem como, os aportes da estrutura física da Universidade. As avaliações serão divididas em três etapas: Participação ativa nas aulas; avaliação por meio de trabalho escrito ao final do semestre; participação nas atividades de extensão; A avaliação escrita pretende estimular os discentes ao habito da escrita, mais do que testar seus conhecimentos ao final da disciplina. 1) Sociologia da e na saúde. Neste tópico inicial os alunos farão uma imersão introdutória pela Sociologia como ciência multi-paradigmática. Abordar-se-á os fundamentos e história da 2

Sociologia da saúde. A Sociologia da saúde surge na segunda metade do século XX, muito embora seus objetos de estudo sejam mais antigos na história. Quando e como emergem as questões sobre as dimensões sociais da saúde? O aluno terá contato com perspectivas nacionais e internacionais. Nos séculos XIX e XX muitos viajantes estrangeiros, e, também brasileiros, percorreram o território nacional em função de suas profissões. Alguns deles eram caixeiros viajantes, pintores, vendedores, médicos, missionários, antropólogos, etc. Uma coisa os animava, interpretar o Brasil, esse país tão diverso nas gentes, na fauna e na flora. Essas missões renderam textos que hoje são considerados clássicos do pensamento social brasileiro. Neste tópico o objetivo é expor o caráter histórico-sociológico da formação desta disciplina no Brasil. Refletindo e problematizando o papel do médico na sociedade e na história de nosso país. Por meio desta introdução o estudante fará uma primeira aproximação a uma perspectiva sociológica da saúde e da doença enquanto processos sociais, bem como de narrativas comparadas: história e prática na biomedicina, homeopatia, medicina popular, medicina afrobrasileira, medicina indígena e medicina tradicional chinesa (Lei 9394/96 e demais). Ainda neste semestre abordar-se-á a construção social dos fatos científicos. O fato científico é inexoravelmente laboratorial? As chamadas “descobertas” científicas são fruto das ideias de um único individuo? Ou elas são resultado, via de regra, de esforços coletivos e financiamento institucional?

Extensão: Saberes comparados: sistemas médicos na cultura brasileira. Neste primeiro projeto de extensão os estudantes reunir-se-ão com representantes da chamada “medicina popular” no intuito de com eles aprender sobre cultura, saúde e religião. O objeto é formar profissionais que respeitem a diversidade dos saberes populares, bem como, fomentar um debate importante sobre práticas de saúde e sistemas médicos.

Textos obrigatórios: GIDDENS, A; SUTTON, P. Saúde, doença e corpo. In: ____________, Conceitos essenciais de Sociologia. São Paulo: Ed. Unesp, 2016, pp. 243-270.

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FOUCAULT, M. Abram alguns cadáveres. In: O nascimento da clínica. Rio de Janeiro: Forense, 1998, pp. 141-168. EVANS-PRITCHARD, Edward Evan. Bruxaria, oráculos e magia entre os Azande. edição resumida e introdução Eva Gillies; tradução Eduardo Viveiros de Castro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005. CUNHA, Euclides. Os sertões. Várias edições, capítulos: O homem – O sertanejo, A luta – últimos dias. NUNES, D. Everardo. A construção teórica na sociologia da saúde: uma reflexão sobre a sua trajetória. In: Ciência & Saúde Coletiva, 19 (4), 2014, pp. 1007-1018.

Textos complementares EUGÊNIO, Alisson. Arautos do progresso: O ideário médico sobre saúde pública no Brasil na época do Império. São Paulo: EDUSC, 2012, pp. 4378. PRADO, Paulo. Retratos do Brasil. Várias edições. PIGNARRE, P. O que é o medicamento? Um objeto estranho entre ciência, mercado e sociedade. Rio de Janeiro: ED. 34, 1999. BARROS, José Flávio de e TEIXEIRA, Maria Lina L. O código do corpo: inscrições dos orixás. In: MOURA, Carlos Eugênio M. de. Meu sinal está no teu corpo: escritos sobre a religião dos orixás. São Paulo: EDICON/EDUSP, 1989. FERRETTI, Mundicarmo M. R. Religião afro-brasileira como resposta às aflições. Caderno de Pesquisa, UFMA, S. Luís, v.4,n.1,p.87-97, jan./jun.1988. MAGGIE, Yvonne. Medo do feitiço: relações entre magia e poder no Brasil. Rio de Janeiro, Arquivo Nacional, 1992.

2) Saúde e Sociedade: Bioética e direitos humanos Conceitos de moral e de ética. O surgimento da Bioética: fatos antecedentes e impulsionadores. Conceito de Bioética. Princípios da Bioética principialista e personalista. Ética da pesquisa em Seres Humanos e integralidade científica. Humanização, Acolhimento e Cuidado em Saúde. Dilemas bioéticos na Atenção Básica. Discussão sobre os Direitos dos Usuários do SUS. Relação profissional de saúde / paciente. Deontologia e ética profissional. Bioética e 4

vulnerabilidades em saúde. Temas especiais em Bioética: avanços tecnológicos em saúde, genômica, testagens, genética, reprodução assistida, paciente terminal, AIDS, saúde pública.

Objetivo: Diferenciar conceitos de moral, ética, deontologia e bioética; Conhecer o histórico da bioética no mundo e no Brasil; Identificar referenciais de análise em Bioética; Aplicar método de tomada de decisões em bioética clínica e social; Conhecer os aspectos éticos e legislação brasileira em pesquisas envolvendo seres humanos; Discutir problemas éticos persistentes e emergentes em saúde coletiva.

Extensão: Bioética e o nascer no Brasil. Promoção de um debate público sobre a ascensão do parto natural assistido e a relação médico-gestante-doula. Os alunos irão compor um estudo sobre o parto no Brasil, apresentando dados e elementos críticos, após, formarão uma mesa redonda com representante de mães, doulas e médicos. A intenção é fomentar um debate reflexivo que contribua na formação profissional dos estudantes.

Textos obrigatórios: HELLMANN, F.; VERDI, M. Bioética social: reflexões sobre referenciais para a saúde coletiva. In: HELLMANN. F et al. (Orgs). Bioética e saúde coletiva: perspectivas e desafios contemporâneos. Florianópolis: Diretoria da Imprensa Oficial e Editora de Santa Catarina, 2012. pp. 52-64; ZOBOLI, E. Tomada de decisão em bioética clínica: casuística e deliberação moral. Revista Bioética, v. 21. n. 3, p. 389-96 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/bioet/v21n3/a02v21n3.pdf COURY, H. J. C. G. Integridade na pesquisa e publicação científica. Revista Brasileira de Fisioterapia, v. 16, n. 1, p. v-vi, 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbfis/v16n1/01.pdf BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Ministério da Saúde. Resolução CNS

nº.

466,

de

12

de

dezembro

de

2012.

Disponível

em:

http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf

Textos complementares: 5

BARCHIFONTAINE, C. P.; ZOBOLI, E. L. C. P. Bioética, vulnerabilidade e saúde. Aparecida: Ideias & Letras; São Paulo: Centro Universitário São Camilo, 2007. BERLINGUER, G. Bioética cotidiana. Brasília: Editora UnB, 2004. BERLINGUER, G. Ética da saúde. São Paulo: Editora Hucitec, 1991. HELLMANN. F et al. (Orgs). Bioética e saúde coletiva: perspectivas e desafios contemporâneos. Curitiba: Prismas, 2013. GOMES, D.; RAMOS, F. R. S. Solidariedade, aliança e comprometimento do profissional da saúde nas práticas do Sistema Único de Saúde (SUS): um debate bioético. Interface (Botucatu), v. 19, n. 52, p. 9-20. 2015. Disponível em: http://www.scielosp.org/pdf/icse/v19n52/1807-5762-icse-1952-0009.pdf JUNQUEIRA, C. R. Dilemas bioéticos na Atenção Básica. São Paulo: UNASUS/UNIFESP,

2011.

p.

25-45.

Disponível

em:

http://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/1/modulo_bioetica/Aula0 2.pdf ROSSI, F. R.; LIMA, M. A. D. da S. Fundamentos para processos gerenciais na prática do cuidado. Revista da Escola de Enfermagem da USP,

v.

39,

n.

4,

p.

460-8.

2005.

Disponível:

http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v39n4/12.pdf

3) Sociologia e saúde das populações I: as Instituições sociais referentes à saúde e assistência Neste semestre o estudante irá conhecer e discutir o Sistema Único de Saúde, a construção e o cotidiano das Unidades Básicas de Saúde, o programa Saúde da Família, as noções de Atenção Básica em Saúde. Nesse sentido, iremos abordar as relações de interdependência entre as políticas de assistência e a saúde, desse modo irão estudar o Sistema Único de Assistência Social, os Programas sociais e suas condicionalidades, tais como o Bolsa Família, o Programa de Erradicação do Trabalho infantil e seus correlatos.

Extensão: Saúde e utopias: associativismo e participação na construção da saúde coletiva. A intenção é que os estudantes façam uma radiografia dos grupos e coletivos da sociedade civil que discutem o tema da saúde como 6

direito básico. A partir dessa radiografia realizarão uma “feira de ideias” com a participação dos coletivos que tenham interesse em mostrar para a comunidade acadêmica as suas pautas. O objetivo é inserir os estudantes na participação social, seja ela em coletivos políticos, culturais ou filantrópicos.

Textos obrigatórios: MENICUCCI, Telma Maria Gonçalves. História da reforma sanitária brasileira e do Sistema Único de Saúde: mudanças, continuidades e a agenda atual. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.21, n.1, jan.-mar. 2014, p.77-92. GARRAFA, V. Bioética. In: GIOVANELLA, L. et al. (Orgs). Políticas e sistemas de saúde no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2008. p. 853-68. Disponível em: http://docslide.com.br/documents/capitulo-24-garrafa-livrogiovanella.html REGO, W.; PINZANNI, A. Vozes do Bolsa Familia. São Paulo: Unesp, 2013.

Textos complementares: BAPTISTA, T. W. F. Políticas de Saúde no Pós-Constituinte: um estudo da política implementada a partir da produção normativa dos poderes executivo e legislativo no Brasil. Tese de Doutorado. Rio de Janeiro: IMS / Uerj, 2003. ESCOREL, S. Reviravolta na Saúde: origem e articulação do movimento sanitário. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1998. _______. Saúde Pública: utopia de Brasil. Rio de Janeiro: Relume Drumará, 2000. COSTA, N. R. Lutas Urbanas e Controle Sanitário: origens das políticas de saúde no Brasil. Rio de Janeiro: Vozes, 1985.

4) Sociologia e saúde das populações II: a criança, o jovem, a mulher, o homem, o idoso Para compreender as noções de saúde e doença de cada grupo social, iremos fazer uma incursão pelas ideias de: construção social da infância; juventude e suas intersecções com a discussão de gênero, sexualidade e saúde; 7

medicalização do corpo feminino; o homem médio de Quetelet e a construção social da masculinidade em “Dominação masculina” de Pierre Bourdieu; saúde, corpo e sexualidade: Idosos no contexto social da medicina.

Extensão: O nascimento da clínica. Neste semestre os alunos serão convidados a formar uma peça de teatro sobre a relação médico-pacientefamília, problematizando e encenando a história do nascimento da clínica, como definiu Michel Foucault, a fim de expor ludicamente as ideias discutidas durante o semestre. A participação é facultativa.

Textos obrigatórios: ARIÉS, Philippe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Guanabara: 1973. BOURDIEU, P. A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002 DURKHEIM, E. Educação e sociologia. São Paulo: Melhoramentos, 1978. VIEIRA, Elisabeth. A medicalização do corpo feminino. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2008.

Textos complementares: FEHER, Michel. Fragmentos para uma história del cuerpo humano. Tomo III. Barcelona, Taurus: 1992. FOUCAULT, M. O nascimento da clínica. Rio de Janeiro: Forense, 1998. LIMA, R.; AZEVEDO, E.; NASCIMENTO, L.;

ROCHA, S. A arte do

teatro Clown no cuidado às crianças hospitalizadas. Rev. esc. enferm. USP [online]. 2009, vol.43, n.1, pp.186-193.

5) Sociologia e saúde nos contextos rurais e periféricos: vulnerabilidade e saúde coletiva das populações tradicionais A pobreza compreendida desde o conceito de multidimensionalidade, isto é, pobreza e vulnerabilidade social são resultantes não apenas da falta de renda monetária, mas, também, da falta de acesso à saúde, moradia, nutrição adequada, saneamento básico, educação pública e gratuita, etc. Neste semestre 8

letivo os estudantes farão um percurso pelas ideias de redistribuição e direitos sociais, bem como discutirão contextos sociais desiguais. Além disso, serão apresentados aos conceitos de risco, gestão dos riscos, pobreza e saúde rural. Destaca-se, também, a importância do estudo das comunidades tradicionais, quais sejam: quilombolas, indígenas, ribeirinhos, entre outros grupos.

Extensão: Medicina na rua. A partir de um encontro entre agentes comunitários de saúde e estudantes que será organizado pelo docente, discutir os principais problemas e soluções identificados por estes profissionais de saúde. A ideia é que a experiência dos agentes contribua na formação dos estudantes de medicina e que juntos possam construir um pequeno “manual”. O objetivo é redigir um livreto cujo conteúdo ajude a população no controle de doenças causadas por hábitos não saudáveis, bem como divulgue ideias e soluções existentes no cotidiano das Unidades Básicas de Saúde.

Textos obrigatórios: BRASIL. Política nacional de saúde integral das populações do campo e da floresta. Disponível in: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_saude_populacoe s_campo.pdf BRASIL. Política nacional de saúde da população negra. Disponível in: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_saude_populacao _negra.pdf JORGE, E. S. D. A. et al. Humanização das relações assistenciais. In: RAMOS, D. L. P. (coord.). Bioética e ética profissional. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. p. 114-122. BUSS, S. Globalização, pobreza e saúde. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2007, vol.12, n.6, pp.1575-1589. SANTOS, RV.;COIMBRA JR., CEA., (orgs). Saúde e povos indígenas [online]. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 1994.

Textos complementares:

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DALLMANN, J. A medicalização da pobreza ou a pobreza condicionada: uma análise do Programa Bolsa Família. Florianópolis: dissertação de mestrado em Sociologia Política/UFSC, 2015. SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Cia das letras, 2013.

6) Saúde e gênero: uma discussão necessária Com a finalidade de contribuir com o ensino e a produção do conhecimento sobre os impactos das desigualdades sociais entre homens e mulheres na saúde, a proposta deste semestre busca fortalecer a interlocução entre acadêmicos, profissionais de saúde e militantes dos diversos movimentos sociais, visando tornar o conhecimento científico cada vez mais útil e acessível. Nesta interlocução também se procura captar demandas emergentes para o processo de produção de conhecimento, formação de profissionais e atuação política no campo de gênero e saúde, atuando para aprofundar a compreensão de fenômenos de interesse na área da medicina, abordando novos temas e revisitando antigos, na perspectiva das relações de gênero.

Extensão: Escola e diversidade. A ideia é promover o encontro de estudantes do ensino superior e estudantes do ensino básico. Uma vez juntos, irão debater a diversidade, as relações de gênero, orientação sexual, tabus, preconceitos e educação para a diversidade. O resultado esperado é a confecção de matérias de conscientização sobre a temática.

Textos obrigatórios: ARÁN, M.; MURTA, D.; LIONÇO, T. Transexualidade e Saúde Pública no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, vol.14, nº.4. Rio de Janeiro. Jul/Ago. 2009. BUTLER, Judith. Problemas de Gênero. Feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2012. VIEIRA, Elisabeth. A medicalização do corpo feminino. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2008. LOURO, G. L. Um corpo estranho. Ensaios sobre sexualidade e teoria queer. Belo Horizonte: Autêntica editora, 2004.

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Textos complementares: GARTON, S. História da sexualidade: da Antiguidade à revolução sexual. Lisboa: Editorial Estampa, 2009. HOLLIS, J. Sob a sombra de Saturno: a ferida e a cura dos homens. São Paulo: Paulus, 2008. NEUMANN, E. O medo do feminino: e outros ensaios sobre a psicologia feminina. São Paulo: Paulus, 2011.

7) A pesquisa em saúde no contexto global Governança em saúde é um tema-chave para compreender os desafios contemporâneos acerca da saúde global. Como funcionam os dados epidemiológicos, as instituições e as legislações internacionais. A pesquisa internacional, o combate as epidemias e pandemias, bem como, as críticas ao modelo biomédico globalizado.

Extensão: Táticas locais e estratégias internacionais: as políticas de combate à doenças globais. Neste projeto de extensão os alunos deveram investigar a percepção social das ações de combate a epidemias. No intuito de compreender as ideias de determinação social em saúde e doença, bem como as noções de representação social sobre saúde e doença. A ideia é que em pequenos grupos os estudantes possam realizar entrevistas com pessoas fora da comunidade acadêmica, para posterior edição de mini-documentário. O objetivo é problematizar o efeito da mídia sobre os discursos globais de doenças.

Textos obrigatórios: BUSS, F. Ensaio crítico sobre a cooperação internacional em saúde. RECIIS Revista Eletrônica de Comunicação, Informação & Inovação em Saúde 2010; 4:46-58. ________. Brasil e saúde global. In: Pinheiro L, Milani CRS, organizadores. Política externa brasileira. Rio de Janeiro: Editora FGV; 2012. p. 241-65. FARMER, Paul, 2004, “An anthropology of structural violence”, Current Anthropology, 45 (3): 305-325. 11

FASSIN, Didier, 2001, “The biopolitics of otherness: undocumented immigrants and racial discrimination in the French public debate”, Anthropology Today, 17 (1): 3-7.

Textos complementares: WACQUANT, Loïc. As Prisões da Miséria. Paris: Raisons d'Agir, 1999.

8) E agora, somos quase médicos? Sociologia reflexiva para os profissionais em saúde A profissão dos médicos, o campo médico em Pierre Bourdieu (Usos sociais da ciência), Olhar, ouvir e escrever: a importância da reflexão em medicina; Profissional e profano: uma abordagem intersubjetiva das relações medicopaciente-familia-hospital, Autoetnografia e a prática profissional; Com esses objetivos, pretende-se apresentar aos alunos algumas considerações sobre a postura do individuo sobre seu próprio “fazer cotidiano”, em que medida podemos ir além da perspectiva científica da racionalidade objetiva, integrando os aspectos negligenciados pela cultura científica ocidental na produção do conhecimento. E, consequentemente, na formação pessoal e profissional.

Extensão: Autoetnografia em saúde. A partir das ideias e métodos de pesquisa abordados neste semestre, o estudante realizará uma autoetnografia no intuito de refletir criticamente sobre o seu papel enquanto futuro/futura médica. Ao estranhar o familiar podemos problematizá-lo e situarmo-nos no contexto do trabalho e da vida cotidiana. A autoetnografia, resumidamente tem como objetivo reorientar a relação sujeito/objeto, evidenciando a importância desta interação e da experiência pessoal daquele que pesquisa como forma de construção do conhecimento. O objetivo aqui é preparar de maneira crítica e reflexiva os estudantes para as relações interpessoais no trabalho.

Textos obrigatórios: BOURDIEU, P. Os usos sociais da ciência: Par uma sociologia do campo científico. São Paulo: Unesp, 2012.

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CAPRARA,

Andrea;

potencialidades

e

LANDIM, limites

Lucyla

na

Paes.

pesquisa

em

Etnografia:

uso,

saúde. Interface

(Botucatu) [online]. 2008, vol.12, n.25, pp.363-376. MOTTA, Pedro Mourão Roxo da; BARROS, Nelson Filice de. Resenha. Cad. Saúde Pública [online]. 2015, vol.31, n.6, pp.1339-1340.

Textos complementares: LAPLANTINE, F. Aprender antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2001. LATOUR, B.; WOOLGAR, S. A vida de laboratório: a produção de fatos científicos. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1997.

Outros projetos de extensão Para além dos pequenos projetos de extensão que ocorrerão ao longo do semestre como parte constituinte da disciplina, proponho um segundo tipo de extensão, esse no intuito de envolver outras áreas disciplinares.

Saúde pelas lentes do cinema e da fotografia Este projeto ocorrerá em consonância com as outras atividades e busca organizar sessões mensais abertas de cinema com o objetivo de discutir temas na área da saúde de forma geral. Além do cinema, pretende organizar exposições fotográficas sobre o cotidiano dos alunos das áreas de saúde, sempre preservando as identidades e respeitando os preceitos éticos. As exposições e mostras de filmes deverão ser temáticas e organizadas pelos discentes com o auxilio docente.

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Pesquisa Atualmente desenvolvo no núcleo em que trabalho a pesquisa Prevenir e medicar: uma abordagem sócio-histórica à medicalização de transtornos mentais na infância. O projeto propõe-se a realizar uma análise sociológica referida aos argumentos, conceitos, teorias, dificuldades e certezas a partir dos quais foram construídos os saberes utilizados pelos defensores da medicalização e detecção precoce de patologias psiquiátricas na infância, centrando-nos fundamentalmente nas patologias consideradas de maior prevalência no Brasil: TDAH e dislexia. Ao mesmo tempo, este projeto propõe-se a pesquisar os mecanismos e técnicas (testes, questionários, observação de sintomas), efetivamente utilizados para atingir esse objetivo de prever e identificar supostos transtornos do comportamento e da aprendizagem em crianças do ensino fundamental. Por fim, pretende gerar um espaço de interação e troca com pesquisadores brasileiros e estrangeiros interessados em discutir os limites e dificuldades existentes no processo de medicalização da infância. Um segundo projeto, que está iniciando neste momento chama-se “Vigiar e Medicar” O objetivo geral do projeto é analisar o valor operacional dos conceitos de "biopolítica" e "dispositivo de segurança" como ferramentas teóricas e críticas, a partir de uma perspectiva interdisciplinar, para compreender nosso presente e fazer sua genealogia. Trata-se, particularmente, de examinar o modo como se organizaram, desde meados do século XIX, os "dispositivos de segurança" no campo da saúde mental, em Argentina e Brasil. Objetivos Específicos: i) Objetivo teórico: Analisar o significado preciso e os limites do conceito de "dispositivo de segurança" na análise da biopolítica; ii) Objetivo genealógico: traçar uma genealogia dos dispositivos de "saúde mental" e antecipação de riscos como dispositivos de segurança, priorizando o período que vai da segunda metade do século XIX à primeira metade do século XX no Brasil e na Argentina; iii) Objetivo referido a nossa atualidade: Compreender de que a gestão de riscos na área da saúde mental em nossos dias, privilegiando a detecção precoce de transtornos mentais na infância, em Brasil e Argentina. Pretendo, também, submeter um projeto a CAPES cuja temática esteja relacionada à saúde e pobreza no âmbito dos programas sociais de combate à fome e a miséria. Este projeto está sendo gestado em parceria com o Grupo de Trabajo “Pobreza y políticas sociales” da CLACSO, e contará com minha participação como coordenador no Brasil. 14

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