Plano de ensino da disciplina optativa para graduação: \"História e Imagem\". UFU, 2014.

August 5, 2017 | Autor: Guilherme Luz | Categoria: Art History, Painting, History of Art, Images and history, Art Theory and Criticism
Share Embed


Descrição do Produto

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE HISTÓRIA COLEGIADO DO CURSO DE HISTÓRIA PLANO DE CURSO

DISCIPLINA: História e Imagem CÓDIGO: GHI059

CH TEÓRICA: 60h

PERÍODO:

CH PRÁTICA:

CH TOTAL: 60h

TURMA: H (Noite)

OBRIGATÓRIA: ( )

OPTATIVA: ( X )

ANO/SEMESTRE: 2014/2

PROFESSOR: Guilherme Amaral Luz PRÉ-REQUISITO:

CÓ-REQUISITO:

EMENTA DA DISCIPLINA A utilização de imagens no âmbito da história. Os documentos imagéticos e/ou visuais e a lógica de construção e desconstrução de representações. As práticas de leitura de imagens. A imagem construindo realidades a partir de uma linguagem própria que é produzida num dado contexto histórico. Estudo da historiografia sobre o tema.

JUSTIFICATIVA Embora a História seja uma disciplina marcada fortemente pelo predomínio do texto escrito como fonte de autoridade, os “objetos visuais” do passado jamais foram desprezados como vestígios de suas civilizações ou testemunho de suas histórias. Ao contrário, desde a Antiguidade, o “ver”, a “autopsia” constitui um dos argumentos privilegiados da “comprovação” histórica. Além disso, os textos dos historiadores – do mais “positivista” ao maior dos “contemporâneos” – utilizam-se da “imaginação” ou da “evidência”, da “vivacidade” e das “descrições” como técnicas argumentativas ou estratégias de exposição/explicação. Desde, pelo menos, o século XIX, os “objetos artísticos” também constituíram-se como importantes testemunhos do “espírito humano” no tempo, seguindo chaves românticas e hegelianas, por exemplo. Grandes historiadores oitocentistas, como Jacob Burckhardt, Aby Warburg e Alois Riegl tiveram, na arte, um lugar privilegiado para a constituição de conceitos e métodos que influenciaram diversas gerações de estudiosos dos séculos XX e XXI, como Carlo Ginzburg, Ernst Gombrich, Erwin Panofsky, Michael Baxandall, George Didi-Huberman e muitos outros. Mais recentemente, a reflexão teórica sobre a “imagem” tem sofrido muitas transformações a partir de contatos com disciplinas tais como a Antropologia, a Semiótica, a Linguística e a Filosofia. Deste modo, variadas “escolas”, “abordagens” e “perspectivas” – muitas das quais inconciliáveis – vêm-se colocando como possibilidades de tratamento da imagem na História. Nesta disciplina procuraremos introduzir algumas das principais questões relativas à problematização, descrição e interpretação de imagens na História, privilegiando um campo específico, a história das reflexões sobre a pintura, a partir de quatro grandes temáticas: a “imitação/representação pictórica” e o problema da arte como “expressão”; a “ideia” na pintura; a “teologia das imagens” e a pintura; os diversos gêneros pictóricos e suas particularidades. Para isso, utilizaremos uma seleção de textos da tradição teórica e preceptiva de arte, escritos

2 da Antiguidade ao século XX e que estão presentes na coleção A Pintura (Textos Essenciais), sob a direção geral de Jacqueline Lichtenstein. Acreditamos que a leitura desses fragmentos de textos, devidamente apresentados e comentados por especialistas, permitirá o acesso a conceitos importantes relacionados à pintura e à imagem no “pensamento ocidental”, indicando suas permanências, transformações e alterações de sentido ao longo do tempo, bem como apontando os caminhos que levaram a determinadas formas de compreensão do “ver” na modernidade. A partir desta introdução teórica, os estudantes serão estimulados a “olhar” obras pictóricas, descrevê-las e interpretá-las a luz de conceitos trabalhados na disciplina. Assim, pretende-se aprimorar a sua sensibilidade para o tratamento de objetos visuais de maneira menos ingênua, mais mediada por conceitos próprios e capaz de compreender especificidades da linguagem pictórica.

OBJETIVOS DA DISCIPLINA Objetivo Geral: Introduzir os estudantes em algumas das mais centrais formulações teóricas sobre a arte da pintura no “Ocidente” e na “modernidade”, refletindo acerca de questões chaves a respeito da imagem e da representação visual em “longa duração”. Objetivos Específicos: - Discutir a utilização de imagens (pictóricas) pelo historiador, tanto no desenvolvimento de pesquisas como em sala de aula. - Exercitar o contato com documentos imagéticos e/ou visuais (de caráter pictórico) na construção do conhecimento histórico. - Manipular, “ler” e estudar documentos imagéticos (de caráter pictórico).

PROGRAMA 30/09 – Não haverá aula (docente participará de um evento em Vitória da Conquista-BA) – reposição a combinar com a turma. 07/10 – Apresentação e discussão do programa, distribuição de grupos de seminários e introdução a respeito da proposta da disciplina. 14/10 – Discussão inicial. Texto base: BAXANDALL, Michael. Prolegomena: values, arguments, system. In: Words for pictures. Seven papers on Renaissance Art and Criticism, New Haven & London: Yale University Press, 2003. pp. 1-26. Obs.: por se tratar de leitura em inglês, não será obrigatória para toda a turma. Será elaborada uma aula expositiva sobre o texto. 21/10 – Introdução teórica: “A teologia da imagem e o estatuto da pintura”; “Da imitação à expressão”; “A ideia e as partes da pintura” e “Os gêneros pictóricos”. Textos para leitura e discussão: GROULIER, Jean-François. A teologia da imagem e o estatuto da pintura. In: LICHTENSTEIN, Jacqueline. A Pintura. Textos essenciais, vol. 2, São Paulo: Editora 34, 2007. pp. 9-15; GROULIER, Jean-François. A ideia e as partes da pintura. In: LICHTENSTEIN, Jacqueline. A Pintura. Textos essenciais, vol. 3. São Paulo: Editora 34, 2008. pp. 9-16; GROULIER, Jean-François. Da imitação à expressão. In: LICHTENSTEIN, Jacqueline. A Pintura. Textos essenciais, vol. 5, São Paulo: Editora 34, 2008. pp. 9-15; LANEYRIE-DAGEN, Nadeije. Os gêneros pictóricos. In: LICHTENSTEIN, Jacqueline. A Pintura. Textos essenciais, vol. 10, São Paulo: Editora 34, 2008. pp. 9-13. 28/10 – Primeiro seminário: Da imitação à expressão, parte 1: Platão, Aristóteles, Filóstrato, Guillaume Durand de Mende, Francisco de Holanda, Leonardo da Vinci. Material obrigatório: LICHTENSTEIN, Jacqueline. A Pintura. Textos essenciais, vol. 5, São Paulo: Editora 34, 2008. pp. 17-48. 04/11 – Segundo seminário: A teologia da imagem e o estatuto da pintura, parte 1: Pseudo-Dionísio Areopagita, João Damasceno, São Boaventura, São Tomás de Aquino. Material obrigatório: LICHTENSTEIN, Jacqueline. A Pintura. Textos essenciais, vol. 2, São Paulo: Editora 34, 2007. pp. 17-56. 11/11 – Terceiro seminário: A ideia e as partes da pintura, parte 1: Leon Battista Alberti, Albrecht Dürer, Giovanni Paolo Lomazzo, Federico Zuccaro. Material obrigatório: LICHTENSTEIN, Jacqueline. A Pintura. Textos essenciais, vol. 3. São Paulo: Editora 34, 2008. pp. 17-54. – GRUPO 1 18/11 – Quarto seminário: Os gêneros pictóricos, parte 1: Leon Battista Alberti, Leonardo da Vinci, Francisco Pacheco, André Félibien, Giovanni Pietro Bellori. Material obrigatório: LICHTENSTEIN, Jacqueline. A Pintura.

3 Textos essenciais, vol. 10, São Paulo: Editora 34, 2008. pp. 15-48. – GRUPO 2 25/11 – Quinto seminário: A teologia da imagem e o estatuto da pintura, parte 2: João Calvino, Concílio de Trento, Jan Meulen, Gabriele Paleotti, Francisco Pacheco. Material obrigatório: LICHTENSTEIN, Jacqueline. A Pintura. Textos essenciais, vol. 2, São Paulo: Editora 34, 2007. pp. 57-88. – GRUPO 3 02/12 – Avaliação parcial da disciplina e primeira autoavaliação. 09/12 – Sexto seminário: A ideia e as partes da pintura, parte 2: Nicolas Poussin, André Félibien, Giovanni Pietro Bellori, Bernard Lamy. Material obrigatório: LICHTENSTEIN, Jacqueline. A Pintura. Textos essenciais, vol. 3. São Paulo: Editora 34, 2008. pp. 55-97. – GRUPO 1 16/12 – Sétimo seminário: Da imitação à expressão, parte 2: Philippe de Champaigne, Martin de Barcos, Francisco Junius, La Font de Saint-Yenne, Quatremère de Quincy. Material obrigatório: LICHTENSTEIN, Jacqueline. A Pintura. Textos essenciais, vol. 5, São Paulo: Editora 34, 2008. pp. 49-104. – GRUPO 2 06/01 – Oitavo seminário: A ideia e as partes da pintura, parte 3: Roger de Piles, Antoine Coypel, JeanBaptiste Du Bos. Material obrigatório: LICHTENSTEIN, Jacqueline. A Pintura. Textos essenciais, vol. 3. São Paulo: Editora 34, 2008. pp. 98-130. – GRUPO 3 13/01 – Nono seminário: Os gêneros pictóricos, parte 2: Roger de Piles, Jean-Baptiste Du Bos, Charles Joseph Natoire, La Font de Saint-Yenne, Denis Diderot, Joseph Vernet, Charles-Nicolas Cochim. Material obrigatório: LICHTENSTEIN, Jacqueline. A Pintura. Textos essenciais, vol. 10, São Paulo: Editora 34, 2008. pp. 49-105. – GRUPO 1 20/01 – Décimo seminário: Os gêneros pictóricos, parte 3: Georg Wilhelm Friedrich Hegel, Charles Baudelaire, Eugène Fromentin, Maurice Denis. Material obrigatório: LICHTENSTEIN, Jacqueline. A Pintura. Textos essenciais, vol. 10, São Paulo: Editora 34, 2008. pp. 106-141. – GRUPO 2 27/01 – Décimo primeiro seminário: Da imitação à expressão, parte 3: Caspar David Friedrich, Georg Wilhelm Friedrich Hegel, Charles Baudelaire, Paul Klee, Henri Matisse. Material obrigatório: LICHTENSTEIN, Jacqueline. A Pintura. Textos essenciais, vol. 5, São Paulo: Editora 34, 2008. pp. 105-137. – GRUPO 3 03/02 – Avaliação final da disciplina e segunda autoavaliação. 10/02 – Encerramento da disciplina e entrega de notas.

METODOLOGIA O curso será desenvolvido por meio de seminários e aulas expositivas. Os seminários terão duração de aproximadamente uma hora e meia e o restante da aula (aproximadamente duas horas e meia) será utilizado pelo professor para: apreciar o desempenho do grupo, acrescentar informações e preencher lacunas pertinentes, explicar pontos que necessitem esclarecimento, focalizar aspectos importantes do conteúdo e trazer para os alunos uma ou mais imagens que possam servir para a exploração de conceitos e ideias trabalhadas. As aulas introdutórias da disciplina terão um caráter mais expositivo, embora envolvendo participação dos alunos na forma de discussão das leituras.

AVALIAÇÃO A avaliação será composta por dois instrumentos: 3 seminários em grupo e 2 auto-avaliações individuais. Os seminários ocorrerão durante a metade (aproximadamente uma hora e meia) de cada dia de aula reservado a eles no programa. O(s) responsável(eis) pelo seminário deverá(ão) apresentar uma breve introdução a respeito da vida, do “contexto histórico/artístico” e da obra dos autores abordados; uma síntese das suas principais ideias, presentes na seleção de textos presente no material obrigatório, e uma comparação entre os autores em relação à temática do seminário. Cada seminário terá o valor de 20 pontos, contabilizando 60 pontos no total. A turma será dividida em três grupos de seminário. Os dois primeiros seminários do programa serão conduzidos pelo professor. Desse modo, haverá 11 seminários ao longo da disciplina. Cada autoavaliação terá o valor máximo de 20 pontos, contabilizando 40 pontos no total. Por meio delas, cada aluno matriculado na disciplina deverá atribuir a si mesmo uma pontuação, justificando-a por escrito em texto breve (de uma folha, no máximo). A justificativa deverá levar em conta critérios discutidos coletivamente em sala de aula juntamente com o professor. A atividade ocorrerá em dois momentos. O primeiro após decorrida a primeira metade da disciplina e o segundo, no final da mesma. As justificativas deverão ser capazes de

4 sustentar a nota atribuída. Caso contrário, poderá haver rebaixamento da nota por parte do docente. O objetivo da autoavaliação é desenvolver e exercitar a autonomia intelectual e a maturidade acadêmica dos graduandos em história.

BIBLIOGRAFIA Bibliografia Básica:

BAXANDALL, Michael. Words for pictures. Seven papers on Renaissance Art and Criticism, New Haven & London: Yale University Press, 2003. LICHTENSTEIN, Jacqueline. A Pintura. Textos essenciais (12 volumes), São Paulo: Editora 34, 20072008.

Bibliografia Complementar: Obs.: na medida da necessidade, outras obras podem ser sugeridas aos alunos. A lista abaixo percorre temáticas e temporalidades relativas aos objetos a serem estudados, mas não visam esgotá-los. Trata-se de uma bibliografia apenas referencial.

ALBERTE, A. Relevancia de los recursos plásticos en las artes medievales de predicación. In: Rhetorica, XXIX (2), 119-150, spring 2011. ALLEN, C. French Painting in the Golden Age, Nova Iorque: Thames & Hudson, 2003. AMES-LEWIS, F. The intelectual life of the Early Renaissance Artist, New Haven and London: Yale University Press, 2002. ARGAN, G. C. Imagem e persuasão. Ensaios sobre o barroco, São Paulo: Companhia das Letras, 2004. ARGAN, G. C. Clássico anti-clássico. O Renascimento de Brunelleschi a Bruegel, São Paulo: Companhia das Letras, 1999. BAXANDALL, M. O olhar Renascente. Pintura e experiência social na Itália da Renascença, Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1991. BOHN, B.; SASLOW, J. M. (ed.). A Companion to Renaissance and Baroque Art, Oxford: Blackwell Publishing, 2013. DELBEKE, M. The art of Religion. Sforza Pallavicino and Art Theory in Bernini’s Rome, Surrey: Ashgate, 2012. ENGGASS, R.; BROWN, J. (ed.). Italian & Spanish Art, 1600-1750. Sources and Documents, Evanston: Northwestern University Press, 1992. FEIGENBAUM, G.; EBERT-SCHIFFERER, S. Sacred possessions. Collecting Italian religious art, 1500-1900, Los Angeles: Getty Publications, 2011. FORERO-MENDOZA, S. Le Temps des Ruines. Le goût des ruines et les forms de la conscience historique à la Renaissance, Seyssel: Champ Vallon, 2002. FRIED, M. Absorption and Theatricality: painting and beholder in the age of Diderot, Chicago: University of Chicago press, 1988. FUMAROLI, M. L’École du Silence. Le sentiment des images au XVIIe siècle, Paris: Flammarion, 1998. GARNIER, François. Le Langage de l'image au Moyen âge, Tomes I et II, Paris: Leopard D'or, 1996. GOMBRICH, E. H. Gombrich on the Renaissance. Volume I: Symbolic Images, London: Phaidon, 1993. GOMBRICH, E. H. Gombrich on the Renaissance. Volume II: Norm and Form, London: Phaidon,

5 1993. HALL, M. B. The Sacred Image in the Age of Art. Titian, Tintoretto, Barocci, El Greco, Caravaggio, New Haven and London: Yale University Press, 2011. HASKELL, F. Patrons and Painters. Art and society in Baroque Italy, New Haven and London: Yale University Press, 1980. MARQUES, L (ed.). A Fábrica do Antigo, Campinas: Editora da UNICAMP, 2008. NATIVEL, C. Rhetorique, poetique, theorie de l'art au XVIIe siecle: Marino et Junius. Rhetorica, IX (4): 341-360, 1991. PANOFSKY, E. Estudos de iconologia. Temas humanísticos na arte do Renascimento, Lisboa: Estampa, 1995. PANOFSKY, E. Significado nas artes visuais, São Paulo: Perspectiva, 1991. PANOFSKY, E. Arquitetura gótica e escolástica. Sobre a analogia entre arte, filosofia e teologia na Idade Média, São Paulo: Martins Fontes 1991. RABEN, H. Bellori's Art: The Taste and Distaste of a Seventeenth-Century Art Critic in Rome. Simiolus: Netherlands Quarterly for the History of Art, 32 (2/3): 126-146, 2006. SEZNEC, J. Diderot and Le Génie du Christianisme. Journal of the Warburg and Courtauld Institutes, 15 (3/4), 229-241, 1952. SMITH, J. C. The Northern Renaissance, London; New York: Phaidon, 2004. WEITZMANN, K. (ed.). Age of Spirituality: Late Antiquity and early Christian Art, Third to Seventh Century, Nova Iorque: The Metropolitan Museum of Art / Princeton University Press, 1979. WESTSTEIJN, Thijs. The visible world. Samuel van Hoogstraten’s art theory and the legitimation of painting in the Dutch Golden Age, Amsterdam: Amsterdam University Press, 2008. WITTKOWER, R. Art and Architecture in Italy 1600-1750, 5th edition, New Haven and London: Yale University Press / Pelican History of Art, 1982. WÖLFFLIN, H. Conceitos fundamentais de História da Arte, São Paulo: Martins Fontes, 1989 [1915]. VASARI, Giorgio. The lives of the artists. A new translation by Julia Conaway Bondanella and Peter Bondanella, Oxford: Oxford University Press (Oxford World’s Classics), 2008. YATES, F. A arte da memória, Campinas: Editora da UNICAMP, 2007.

APROVAÇÃO Aprovado em reunião do Colegiado do Curso de Em ___/____/______

_____________________________________ Coordenador do curso

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.