Podcasts e as Ferramentas Digitais na Nova Educação

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PODCAST E AS FERRAMENTAS DIGITAIS NA NOVA EDUCAÇÃO

Guilherme Schmitz Grazziotin RESUMO O presente trabalho aborda o uso da mídia podcast como ferramenta no processo de aprendizagem. Por meio de estudo relacionando a convergência de mídias, a nova educação, as ferramentas digitais, o uso do áudio e do podcast em sala de aula, o trabalho apresenta argumentos para o uso do podcast como uma alternativa para a transmissão de conhecimento elencando vantagens e possibilidades que se abrem a partir do momento em que a mídia é integrada aos materiais de trabalho. Palavras-chave: Podcast, Educação, Mídia, Áudio, Ensino

1 INTRODUÇÃO Por meio deste trabalho, a mídia podcast é apresentada como uma opção para o uso em sala de aula e na disseminação de conhecimento. Através das definições de convergência de mídias, a nova educação e as ferramentas digitais e o uso do áudio e do podcast no ensino. No que diz respeito à validade do podcast como material, o trabalho apresenta justificativas e pontos fortes do uso desta mídia e a forma como ela pode ser aproveitada. Durante a pesquisa, foram extraídas informações sobre o papel das mídias na sociedade e a forma como elas se posicionam em âmbito educacional, após, é abordado o uso do áudio como ferramenta e apresentado o podcast, suas definições e os benefícios da adoção desta mídia em sala de aula. O objetivo do trabalho é expôr novas formas de transmitir os conteúdos de aula, saindo do tradicional modelo de ensino e do monopólio do texto escrito. Desta forma, o aluno pode vivenciar novas experiências e se adaptar àquela que mais lhe convém, transformando a aula em um momento de integração, debate e descoberta de características que o acompanharão por todo o período escolar.

2 CONVERGÊNCIA DE MÍDIAS A sociedade experimenta um nível de evolução midiática que abrange a rotina de todos. A mídia tradicional, televisão, rádio e impresso, passaram por

inúmeros ciclos de adaptação desde sua criação. Junto disso, o cenário da mídia online evoluiu em um robusto espaço de informação que oferece à profissionais e consumidores uma alternativa eficiente de comunicação. As últimas décadas revelaram um declínio na leitura de jornais e circulação de revistas e, ainda que o apelo comercial da televisão continue a crescer em âmbito geral, da mesma forma sofreu uma proliferação de ofertas de programas levando à um público segmentado e diminuindo os níveis de audiência. (Anderson, 2006) A cooperação entre diversas mídias, o fluxo constante de conteúdo, a mudança no comportamento de consumo de mídia e a busca do público e dos produtores para estar em qualquer parte em busca de experiências diferentes compôe uma fatia do conceito de convergência. Jenkins complementa que a convergência não ocorre em função dos aparelhos que possuímos, mas sim, nos cérebros dos consumidores em seu cotidiano e em suas interações. (JENKINS, 2006) Capanema (2008) afirma que a convergência promove a diversidade no momento em que as possibilidades de consumo de conteúdo aumentam em função dos formatos das fontes produtoras. Dessa forma, esta reformulação parte dos meios para os meios e trazem novidades que são derivadas dos próprios meios anteriores. Mas o surgimento do novo não necessariamente implica no desaparecimento do velho. Os antigos meios de comunicação não morrem, o que muda são as ferramentas que usamos para acessar seu conteúdo. Se a revolução digital previa que as novas mídias substituiriam as antigas, a convergência afirma que as antigas mídias irão interagir com as novas de formas cada vez mais completas. (JENKINS, 2006) A revolução da convergência implica diretamente na produção desses conteúdos e nas estratégias de divulgação. Shirky (2011) apresenta a ideia de “torne-se público para encontrar pessoas que pensam como você’ e afirma que esse pensamento aumentou consideravelmente a quantidade de material disponível para público planejados. O que os produtores definem como diretriz é alcançar o seu público-alvo e não uma audiência genérica.

2.1 MÍDIAS, TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO, Um dos argumentos dos discursos sobre essas tecnologias, particularmente em relação aos jovens, é que elas são inerentemente educativas. No entanto, tal suposição apenas levanta questões importantes sobre a natureza, propósito e significado da prática de educação. De diversas maneiras, o uso de novas tecnologias questiona a autoridade de tradicionais formas de conhecimento. (GREEN, 2003) Hug (2008) complementa que nos anos recentes, as mídias superaram em importância as tradicionais instituições de educação. Além disso, a produção e distribuição de conhecimento foi altamente influenciada pelas tecnologias de informação e comunicação. Novas práticas pedagógicas surgiram da intersecção das esferas de educação e entretenimento. Pesquisas sociais analisaram esse desenvolvimento e classificaram como “educação midiática”, “e-learning”, “mídia educacional”, entre outras, mas, raramente, as relações entre essas novas formas de educação e comunicação foram examinadas inseridas no mesmo ambiente integrado de mídias. O cenário das tecnologias digitais na educação mudou rapidamente por um lado, mas se manteve constante por outro mesmo com o rápido ritmo na evolução das tecnologias digitais e sua utilidade na educação. Dispositivos como netbooks, smartphones e tablets aumentaram sua influência no cotidiano da sociedade e forçaram sua entrada nas instituições de ensino como meios preferenciais de aprendizado. Esses dispositivos recebem atualizações contínuas que incorporam novos recursos e ferramentas. A adaptação desses dispositivos aumentou a número de possibilidades de abordagens em sala de aula. Uma série de novas aplicações educacionais gratuitas estão disponíveis online e outras podem ser adquiridas e usadas em modo offline como mapas conceituais, games educacionais e ferramentas de pesquisa e análise. Para o educador, esse leque de opções oferece centena de materiais para auxiliar em aula, contudo, essa abundância de opções desafia o educador à escolher os métodos e recursos mais apropriados ao seu modo de ensino. Apesar desta evolução, a educação aparenta estar relativamente limitada e os problemas mantém-se os mesmos. (NG, 2015)

2.3 O ÁUDIO NA APRENDIZAGEM Gravações de áudio digital podem ser ferramentas rápidas para capturar e documentar o aprendizado do aluno pois pode ser feita e editada e disponibilizada em minutos. É uma ferramenta especial para estudantes que possuem grandes ideias, mas tem dificuldade em transcrevê-las para a forma escrita. (FONTICHIARO, 2007) Seitzinger (2006) complementa argumentando que o controle do aprendizado e a flexibilidade que o podcast oferece é um dos principais caminhos que esta mídia percorre no suporte ao aprendizado construtivo. Gravando uma aula ou uma lição, o professor dá ao estudante a liberdade de ele consumir esta aula no tempo que lhe é mais confortável e receptivo, além disso, ele pode repetir o quanto achar necessário. Cebeci e Tekdal (2006) defendem o áudio como ferramenta de ensino. Segundo eles, a mais importante característica pedagógica do podcast é aprender pela audição. Para muitas pessoas, ouvir pode ser mais atrativo e menos tedioso que ler e pode motivar estes estudantes. Para atrair estes estudantes, o conteúdo precisa ser mesclado com fragmentos curtos de músicas populares e discursos de fundo. Além da sala de aula, o podcast pode ser aproveitado como uma ferramenta de ensino online em ambientes para àqueles com dificuldades em aprendizado visual. Seitzinger (2006) complementa argumentando que o controle do aprendizado e a flexibilidade que o podcast oferece é um dos principais caminhos que esta mídia percorre no suporte ao aprendizado construtivo. Gravando uma aula ou uma lição, o professor dá ao estudante a liberdade de ele consumir esta aula no tempo que lhe é mais confortável e receptivo, além disso, ele pode repetir o quanto achar necessário. 2.4 PODCAST COMO FERRAMENTA NA EDUCAÇÃO Podcast é “áudio ou vídeo disponível online por consumo por demanda e/ou por entrega por assinatura” (COLLIGAN, 2015, p. 1). De acordo com Geoghegan e Klass (2007), no podcast, todos podem se envolver, trocar ideias, se expressar ou anunciar seus produtos. O podcast quebra todas as regras. Independente do

assunto que se queira falar, pode-se fazer um podcast sobre isso. Além dessas vantagens, o podcast coloca o poder de comunicar em mãos individuais, ou seja, não é necessário um sistema ou um grande estúdio, só é necessário um microfone ou uma câmera de vídeo, um computador e algo para compartilhar com o mundo. Outra vantagem do podcast é que a mídia digital é armazenada em chips ou discos rígidos, não em armazéns ou estoques. Além disso, com a evolução da tecnologia, os arquivos vão tornando-se cada vez menores, fazendo-os serem mais fáceis de disseminar pela internet. (COLLIGAN, 2015) Um estudo realizado pela Edison Research e Triton Digital (2015) aponta uma crescente no uso de podcasts. O termo podcast vem obtendo uma familiarização entre as pessoas. Desde 2006, o número de pessoas cresceu de 22% para 49%, em 2015, como ilustrado na figura 1.

Figura 1: Familiaridade com o termo Podcast Fonte: Edison Research/Triton Digital, 2015

O gráfico apresenta um crescimento na familiaridade da palavra “podcast” usando como base a população dos Estados Unidos com mais de 12 anos. De acordo com o gráfico, no ano de 2006, 22% da população conhecia ou já tinha ouvido a palavra “podcast”. A partir deste ano, o índice cresceu consideravelmente e, em 2007, 37% desta amostragem já conhecia o termo. Essas informações mostram que a mídia podcast vem sendo reconhecida e ganhando popularidade.

De acordo com a figura 2, o número de pessoas que já ouviram um podcast cresceu de 11%, em 2006, para 33%, em 2015.

Figura 2: Quantidade de pessoas que já ouviram um Podcast Fonte: Edison Research, 2015

O gráfico apresentado expõe uma realidade favorável á mídia podcast. De 2006 à 2015, houve um crescimento no consumo de podcasts entre o público com mais de 12 anos dos Estados Unidos. Isso mostra que os podcasts estão ganhando espaço entre as diversas formas de se consumir conteúdo na Internet, tornando-a uma mídia válida para criação de projetos e disseminação de informação. É importante ressaltar que a pesquisa foi realizada com base na população dos Estados Unidos da América. Entretanto, de acordo com Muniz (2005) a globalização econômica, processo de interação mundial centrada nos setores de comunicação, economia, finanças e negócios, contagia culturas e faz com que consumidores potenciais, de regiões diferentes, apresentem comportamento de consumo semelhante. Mas o principal benefício do podcast é trazido por Cebeci e Tekdal (2006) que afirmam que o presente material pode ser considerado uma eficiente ferramenta na educação. Primeiramente, o podcast pode ser acessado quando e onde quiser, além disso, milhões de jovens já possuem um dispositivo móvel de reprodução de música, o que facilita neste aspecto. Ainda seguindo no tema “educação”, uma das

principais características pedagógicas do podcast é o aprender ouvindo, que pode ser uma solução para os alunos que não gostam ou não se sentem confortáveis em ler. Podcasts também podem ser palestras e aulas gravadas por um gravador ou até por um dispositivo reprodutor de arquivos MP3 que são disponibilizadas na Internet. O podcast facilita o acesso à uma alta gama de recursos de áudio na Internet, fornecendo uma melhor personalização cognitiva no aprendizado. Baseado na lista de Braun (2007), abaixo, estão 7 motivos do porque o podcast pode ser uma nova tecnologia a ser agregada na educação: 1 - Conseguir informações sobre programas e serviços para a comunidade: As pessoas não conseguem ir à escola para se atualizar de eventos e acontecimentos. Por isso, a escola precisa ir até eles. Esta aproximação pode ser feita por um arquivo de áudio ou vídeo que seja transferível à um dispositivo móvel de mídia. Os usuários podem estar em seus carros, em uma caminhada, esperando em uma fila ou fazendo serviços domésticos e, mesmo assim, conseguem se atualizar de serviços, recursos e programas da escola. 2

-

Demonstrar

os

aspectos

positivos

das

atuais

tecnologias:

Frequentemente, educadores ouvem sobre o impacto de novas tecnologias no aprendizado, ensino e literatura. Podcasts em sala de aula são um caminho para mostrar que estas novas tecnologias podem melhorar a vida dos estudantes. Bibliotecários podem criar análises semanais de livros ou os professores podem pedir aos alunos relatórios de progressos no formato de podcast. Esses exemplos demonstram como cada tecnologia pode ser usada para aprimorar o aprendizado. 3 - Usar tecnologia para aprender tecnologia: Produzindo regulares podcasts, educadores dão à adultos, adolescentes e crianças a oportunidade de usar agregadores RSS e dispositivos MP3. Para conseguir ouvir o podcast, no mínimo, eles precisarão aprender a fazer download do conteúdo. 4 - Informar os ouvintes de coisas interessantes ocorrendo ao redor do mundo: Seria possível centralizar o podcast da escola como recurso de pesquisa em âmbito educacional e informativo. 5 - Dar à comunidade a chance de conhecer professores, bibliotecários, administradores e funcionários como pessoas: Podcast podem ser uma forma divertida de conhecer os membros da escola e suas vidas, suas preferências, hobbies, personalidades.

6 - Ajudar pessoas a fazer conexões: Com o uso de diversos podcasts de variados temas, pode-se criar relações entre colegas com base em interesses comuns. Os alunos podem conversar sobre o conteúdo destes podcasts e até criar um próprio. 7 - Fornecer múltiplos formatos de aprendizado: Os alunos terão a oportunidade de aprender a partir de métodos diferentes, distanciando-se, quando possível, do tradicional texto impresso. Professores podem disponibilizar áudio ou vídeo de suas aulas para revisão e, se as aulas foram boas, criar uma sala de aula global de milhares de estudantes que assinam para dar uma ajuda em seus próprios estudos. (MACK; RATCLIFFE, 2007, pg 45 )

Fontichiaro (2007) argumenta que podcasts podem ser facilmente editáveis. Gravações podem ser feitas em múltiplas trilhas, tornado fácil a inserção de músicas e efeitos sonoros. O trabalho dos estudantes podem ser distribuídos fácil e rapidamente por pouco ou nenhum custo. Isto facilita para o estudante compartilhar seu trabalho com colegas, amigos, pais, parentes e comunidade. Gravações de áudio digital podem ser ferramentas rápidas para capturar e documentar o aprendizado do aluno pois pode ser feita e editada e disponibilizada em minutos. É uma ferramenta especial para estudantes que possuem grandes ideias, mas tem dificuldade em transcrevê-las para a forma escrita. (FONTICHIARO, 2007)

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho abordou novas formas de ensino e ferramentas usadas em sala de aula, destacando a mídia podcast como potencial material para uso no processo de aprendizagem. O podcast traz benefícios além do tradicional texto impresso, possibilitando que alunos que possuem melhor memória auditiva possam consumir os conteúdos abordados em aula. A mídia também faz parte de uma série de novos materiais multimídia que podem ser aproveitados para disseminar conhecimento por meio da internet e de dispositivos móveis, aproximando a realidade do aluno à escola e tornando o período escolar em um momento de descobertas intelectuais.

O trabalho traz contribuições em âmbito educacional no momento em que apresenta alternativas para a transmissão do conteúdo que vão além dos tradicionais métodos. Os tópicos abordados sobre mídia e comunicação fazem parte de um argumento que justifica a criação desses materiais alternativos que já se encontram no cotidiano do aluno. Esta pesquisa teve como foco o uso de podcasts, mas, da mesma forma, pode expandir para inúmeras opções, apresentando novas ferramentas que podem ser criadas no futuro e agregando na evolução tecnológica na sala de aula. 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDERSON, Chris. The Long Tail: Why the Future of Business is Selling Less. Hyperion Press. New York, 2006 BRAUN, Linda W. Listen Up! Podcasting for Schools and Libraries. Information Today. 2007 CAPANEMA, Letícia. A Televisão Expandida: das Especificidades às Hibridizações. Revista Estudos Comun. Curitiba, v. 9, n. 20, p. 193-202, 2008 CEBECI, Zeynel; TEKDAL, Mehmet (2006). Using Podcasts as Audio Learning Objects. Interdisciplinary Journal of E-Learning and Learning Objects, 2(1), 47-57. Informing Science Institute. COLLIGAN, Paul. How to Podcast 2015. Colligan.com, Inc, 2015. EDISON RESEARCH, TRITON DIGITAL. The Podcast Consumer. 2015. Disponível em: http://www.edisonresearch.com/the-podcast-consumer-2015. Acesso em: Agosto, 2015 FONTICHIARO. Kristin. Active Learning Through Drama, Podcasting And Puppetry. Libraries Unlimited. 2007. GREEN, Julian Sefton. Digital Diversions: Youth Culture in the Age of Multimedia. Taylor & Francis e-Library, 2003. HUG, Theo. Media, Knowledge & Education Exploring new Spaces, Relations and Dynamics in Digital Media Ecologies. Innsbruck University Press. Vienna, 2008 JENKINS, Henry. Cultura da convergência: A Colisão Entre os Velhos e Novos Meios de Comunicação. Tradução Susana Alexandria. 2a ed. São Paulo. Aleph, 2009 MACK, RATCLIFFE. Steve, Mitch. Podcasting Bible. Wiley Publishing. 2007

MUNIZ, Eloá. Comunicação Publicitária em Tempos de Globalização. Editora da ULBRA. Canoas.2005 NG, Wang. New Digital Technology in Education: Conceptualizing Professional Learning for Educators. Springer. Sydney, 2015 SEITZINGER, Joyce. Be Constructive: Blogs, Podcasts, and Wikis as Constructivist Learning Tools. Learning Solutions, Practical Applications of Technology for Learning. 2006, pg 01. SHIRKY, Clay. A Cultura da Participação: Criatividade e Generosidade no Mundo Conectado. Zahar, 2011

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