Poder digital: O papel das redes sociais nos movimentos de contestação política

July 24, 2017 | Autor: Rui Silva | Categoria: Ciências da Comunicação
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"Artigo de Investigação "
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"Rui Alexandre Ramos Silva, "
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Poder digital:
O papel das redes sociais nos movimentos de contestação política

"Ano Lectivo 2011-12 - 1º Semestre "
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" "
"14 de Janeiro 2012 "

Poder digital:
O papel das redes sociais nos movimentos de contestação política

Resumo: Durante a chamada Primavera Árabe, o poder das redes sociais para
impulsionar movimentos de protesto social foi reconhecido no mundo inteiro.
Um dos exemplos, foi o papel assumido pelas redes sociais nas recentes
revoluções árabes (Médio Oriente e Norte de África), tendo sido
considerado, por vários analistas políticos, como um notável factor de
mudança social e política. Escrutinando o passado próximo, apontam-se
exemplos de países como o Egipto, a Tunísia e a Líbia, onde antigos
governantes foram depostos, em prol da liberdade do povo. Porém, mesmo em
países de regimes democráticos consolidados, como os EUA, Reino Unido,
Grécia, Espanha e Portugal, as redes sociais têm servido como catalisador
de descontentamentos, como vimos recentemente em manifestações ocorridas em
praticamente todas as capitais do mundo ocidental.
O papel das redes sociais na dinâmica dos movimentos contestatários
modernos é o argumento deste artigo, pretendendo-se, como objectivo
principal, analisar, de forma descritiva, a relação actual entre a
Internet, em particular as redes sociais, e os movimentos sociais. Procura
ainda dar resposta à questão central levantada: "Qual o poder das redes
sociais na dinâmica dos movimentos de dissidência política?" e reflectir,
até que ponto foram as redes sociais e respectivas características, a causa
do ressurgimento dos movimentos de protesto social, neste inicio de século.
Por outro lado, procura-se caracterizar e entender os movimentos sociais
modernos, o que os move e quais as afinidades entre os seus participantes.
Um dos pontos fulcrais deste trabalho consiste em saber como é que,
pessoas das mais díspares classes sociais e formação académica, se ombreiam
em espaços públicos urbanos, a maior parte deles arriscados, à procura de
algo comum, de algo que para todos eles faz sentido. E é esse lado comum,
esses interesses partilhados, que também se procurarão dar a conhecer neste
trabalho.
O Professor Rogério de Andrade[1] disse um dia, que para escrever um
qualquer texto com sentido, o autor teria de cuidar com precisão da
consequência de cada uma das suas palavras e imaginar uma enorme espada, de
lâmina assaz afiada, perfilada por cima da sua cabeça, pronta a desferir o
golpe mortal em caso de uma má prosa. A alegoria está feita e a ser levada
à risca, esperando-se que os ventos sejam favoráveis a esta navegação de
águas profundas, mas ao mesmo tempo puras e cristalinas.

Palavras-chave: Movimentos sociais; Espaço digital; Espaço Urbano;
Internet; E-mobilização; Redes sociais; Facebook


Mediamorfose
Do espaço analógico ao digital. Do digital ao urbano

Com o surgimento do fenómeno da globalização, caracterizado pela
utilização intensiva das novas tecnologias da informação, os processos de
uni cação do espaço social e das experiências culturais cresceram, bem como
as trocas comerciais e nanceiras mundiais. As actuais tecnologias da
informação, em especial a Internet, permitiram a criação de diferentes
formas de organização das comunidades sociais. Ao possibilitarem a
democratização da informação, permitiram também a reorganização social, a
inclusão de movimentos sociais e das diversas identidades.
Os desa os enfrentados nesta nova configuração de organização devem
acontecer de forma a que hajam líderes capazes de direcionar as
instituições no intuito de garantir políticas públicas voltadas para o
exercício da comunicação social. Uma vez inserida e executada a utilização
das ferramentas tecnológicas e comunicacionais, elas conquistarão um espaço
na esfera civil, política e social.
A troca de informação e conhecimento, marca a vivência das sociedades
modernas. Antigos espaços físicos de partilha e de identidade, como a ágora
grega e o forúm romano, deram lugar à imprensa, posteriormente à rádio,
televisão e mais recentemente, à Internet. O espaço público mediatizado,
"ágora dos tempos modernos", viu o seu espaço de discussão alargado com o
surgimento desta nova plataforma de comunicação. Pode-se mesmo afirmar, que
ao longo da história, a comunicação tornou-se cada vez mais eficaz (não
necessariamente mais eficiente), à medida que foi evoluindo, fruto da
ciência e tecnologia, do telefone à rádio, da televisão à informática e
hoje, aos denominados conteúdos multimedia propagados no espaço digital.
Este espaço público de discussão, que para muitos se caracteriza por
permitir a democratização da informação, materializava-se apenas na voz que
cada actor conseguia projectar ou veicular através dos órgãos de
comunicação social (OCS), quer através de colunas de opinião, quer através
de entrevistas ou noticias. No entanto, o advento da Internet veio
baralhar, e de que maneira, a lógica dos meios de comunicação social
tradicionais. A instabilidade foi tal que jornais, rádio e televisão ainda
não se conseguiram adaptar bem a esta nova realidade, onde não há limites
espaço-temporais, nem uma forma única de contar uma mesma estória.
Os internautas têm hoje um poder que jamais tiveram em qualquer outro
meio de comunicação. As ferramentas que a World Wide Web (WWW), coloca à
sua disposição permitem-lhes desde, escrutinar em linha (on line) o
trabalho de jornalistas qualificados, até à publicação dos seus próprios
conteúdos surgindo, inclusive, a figura do "cidadão jornalista",
"substituindo" os jornalistas, pelo menos aparentemente.
Mas será que, a Internet, depois de ter provocado alterações
fracturantes no paradigma comunicacional tradicional, reflectidas na forma
como actualmente comunicamos uns com os outros, estará também a transformar-
se num instrumento de poder popular e um "profeta" da liberdade social
perante governos corruptos, narco estados e/ou poderes difusos (e.g. grupos
terroristas)?. Muitas dúvidas existem, havendo apenas uma certeza: o
paradigma comunicacional da humanidade está em constante mutação…
Saad Eddin Ibrahim é um académico egipcio cuja oposição ao regime
autocrático de Mubarak o levou, em 2000, primeiro às prisões do regime e
depois ao exílio. Após mais de dez anos, ao regressar ao Cairo, aquando da
revolução de Janeiro/ Fevereiro de 2011, Ibrahim reconheceu que «as novas
gerações foram muito mais inteligentes do que a minha ao utilizarem as
novas tecnologias à sua disposição. Eles descobriram ferramentas que o
Governo não conseguiu anular». Esta reflexão é, no mínimo, curiosa e coloca
o dedo na ferida já que, a geração de Ibrahim utilizou os media
tradicionais, enquanto a geração dos seus filhos e netos, utilizaram a
Internet e as redes sociais, conseguindo dessa forma romper o colete-de-
forças do regime.
"O que se passou no Egipto, mas também o que antes se havia passado na
Tunísia e depois alastrou a muitos outros países árabes, reforça a
percepção de que as possibilidades abertas pelas capacidades de comunicação
e interligação da Internet estão a revolucionar, não apenas a forma como os
cidadãos obtêm informação, mas também a maneira como formam as suas
opiniões, se mobilizam e exercem os seus direitos" (Fernandes, 2011: 87).
A quase coincidência temporal entre a Primavera Árabe e as polémicas em
torno do site WikiLeacks, apenas acentuou o debate sobre a importância
deste novo mundo digital e a sua influência gritante na maneira de pensar e
agir das populações mundiais. No entanto, e apesar de tudo, talvez seja
necessário colocar alguma água na fervura. As revelações da WikiLeacks não
teriam tido qualquer impacto, sem todo um trabalho realizado a juzante
pelos media tradicionais que trataram a informação disponibilizada em
bruto. Sem as longas horas de directos levadas a cabo pela cadeia de
televisão Al Jazeera[2], seria impensável prever que a revolta do povo
egipcio conseguisse alastrar para lá dos limites da classe média do Cairo.
Mesmo assim, só por cegueira, o comum dos mortais não notaria que estamos
no epicentro de uma verdadeira tempestade digital, caracterizada por uma
chuva de fenómenos novos, que trazem ventos difusos ao poder social.
Manuel Castells, numa das suas reflexões sobre as revoluções árabes,
afirmava que antes da Praça Tahir tinha ocorrido, a 6 abril de 2008, a
grande greve dos operários têxteis de El Mahalla el Kubra. Salienta no
entanto, «se não foi uma revolução pela Internet», também «sem Internet
essa revolução, em concreto, jamais teria ocorrido». Está generalizado o
pensamento de que as redes socias foram a "ferramenta" digital que
espoletou a mobilização social, «mas passou-se de imediato do ciberespaço
ao espaço urbano», à Praça Tharir, que depressa se tornou "convidada
especial" nas televisões de todo o Globo, mas também na Internet e mais
concretamente em redes sociais como o Youtube, Twitter e Facebook. A nível
da mobilização humana, o espaço digital tem impulsionado o espaço urbano e
as acções ocorridas neste último, têm vindo a alimentar o apetite voraz do
online, actuando este sistema, como uma "máquina preversa de informação",
completamente desregulada e fora de controlo. No centro desses esforços
encontra-se a mobilização do poder contra o poder.


Gaiolas electrónicas: O Homem prisioneiro de sociedades sem sentido

Segundo Paul Starr, a imprensa, lato sensu, não nos deu apenas a
cobertura dos noticiários. Permitiu também que o povo dispusesse de um
poder de influência sobre o Estado, e é esse poder que hoje está em risco,
caso os media tradionais venham a "morrer".
Em 2008, num congresso da Associação Mundial de Jornais, Lisbeth
Knudsen, directora do jornal dinamarquês Berlingske Tidende, afirmou que os
jornalistas já não eram os «guardiães do templo ou os gatekeepers, pois os
leitores entraram no circulo do poder». Porquê? «Porque é a tecnologia que
está a determinar os caminhos da inovação nas nossas empresas, já não é o
jornalismo que, ao reinventar-se, consegue determinar qual a melhor forma
de inovar».
Isto é tão mais importante, quanto a forma como os cidadãos comuns
«entraram no círculo do poder» apresenta múltiplas facetas, chegando mesmo
a levar esse poder para a rua.
Com a globalização, o Homem passou a querer saber tudo o que se passa a
nível global.
Quer todas as notícias do mundo, das mais simples às mais complexas,
chegando contudo à conclusão que não tem, nem paciência, nem tempo para as
receber e, acima de tudo, para as compreender e reflectir acerca dos seus
conteúdos.
Os media são, em sentido estrito, os intermediários do processo de
comunicação, que permitem fazer chegar a informação às grandes massas. São
ainda, simultaneamente, causa e efeito da globalização constituindo-se para
muitas pessoas, como a única fonte de informação sobre o mundo que as
rodeia. As novas tecnologias, o carácter global que o sistema mediático
adquiriu e a formação mais especializada da actividade jornalistica,
produziram alterações de sentido contraditório na missão de informar. Por
um lado, aumentou o número de fontes de informação e a facilidade em se
lhes aceder, ao mesmo tempo que o jornalismo deixou de ser tão descritivo,
privilegiando a análise e a especialização temática. Mas por outro lado, a
velocidade de circulação e a consequente efemeridade das noticias, vieram
dificultar a pesquisa e análise aprofundadas pelo que, muitas das noticias
hoje, têm como única fonte as grandes centrais de informação (agências de
noticias[3]). No entanto constata-se que um dos principais problemas deste
inicio de século é a sobreinformação. Pode-se mesmo afirmar que o Homem
está obeso de informação e anoréxico de sentido!... As pessoas andam mal
informadas por serem incapazes de "digerir" toda a informação que
diariamente lhes é bombardeada. Para além deste problema, há ainda o facto
de grande parte dessa informação estar contaminada, sendo necessário
proceder à limpeza da maré negra de mentiras. A sociedade da informação tem
permitido aproximar aqueles que estão longe uns dos outros, mas,
paradoxalmente, tem afastado aqueles que estão próximos, isolando-o no seu
mundo virtual ou gaiola electrónica.
Neste contexto, podemos afirmar que o Homem tornou-se, ele próprio,
prisioneiro de sociedades tecnocratas e sem sentido, onde a realidade se
confunde, permanentemente, com aquilo que é comunicado e onde a verdade
deixou de poder ser olhada por todos, com a confiança desejável de outrora,
face aos inúmeros actores/ stakeholder plantados no palco mediático da
actualidade. Em 1917, o então senador californiano Hiram Warren Johnson,
disse que «a primeira vítima (baixa) de uma guerra é a verdade»[4].
No que concerne a esta afirmação… o que mudou hoje afinal?


E-Mobilização[5] Social


A e-mobilização é, conceptualmente, uma forma de utilização da
Internet, por parte de grupos de interesse e movimentos sociais nacionais e
transnacionais, permitindo o recrutamento político, a organização e a
operacionalização de campanhas levadas a efeito, essencialmente para a
obtenção de apoios.
O desenvolvimento de novas tecnologias reduziu, substancialmente, os
custos e a distância para se comunicar com grandes audiências. A Web
2.0 transformou o habitante médio da Internet num estranho ser híbrido que
é, simultaneamente, consumidor e produtor. Os internautas do globo
passaram a ser "prosumers"[6] e, este novo papel parece ser, aparentemente,
extremamente viciante. Os media sociais ou participativos[7], impelem os
seus usuários para estados de estímulos contínuos e de ampla comunicação. 
As tecnologias da comunicação, nomeadamente os novos media, dos quais
os media sociais fazem parte e, dentro destes, as redes sociais, têm sido
um dos factores mais poderosos na formação e afirmação da mobilização
política e social (Jones, 1994: 152-153). Até à data, o impacto tem recaído
em três áreas principais (Chadwick, 2006: 114-115).
Primeiro, muitos grupos tradicionais, com um enfoque predominantemente
nacional, emigraram para o mundo digital (online), com o desígnio de
aumentarem as suas estratégias offline, explorando novos caminhos com o
intuito de chegarem aos apoiantes e aos media ou para colocarem pressão nas
elites políticas. Basicamente, isso não é substancialmente diferente dos
métodos usados nas campanhas tradiconais, como a carta escrita, campanhas
eleitorais por telefone, envio de mails, newsletters e petições e o ataque
cerrado aos media tradicionais. Contudo, num exame minuncioso, parece ser
claro que a Internet está a afectar a actuação das campanhas levadas a cabo
pelos grupos tradicionais. Este novo medium tem estimulado alterações
várias, permitindo a grupos sociais, capitalizar o potencial do digital
para o recrutamento, aumento de fundos, flexibilidade organizacional e,
acima de tudo, para a ampliação da rapidez no processo da comunicação.
O segundo tipo de e-mobilização assume uma forma transnacional.
Campanhas que ultrapassam as fronteiras dos Estados, que já existiam muito
antes da ascenção da Internet. No entanto, é inegável que durante a década
passada, as campanhas transnacionais proliferaram e envolveram, na sua
grande maioria, a utilização significativa deste novo meio de comunicação.
Finalmente, actividades em linha (online) de grupos e movimentos
sociais assumem, por vezes, a forma de acção directa. Tal envolve,
geralmente, a exploração das propriedades técnicas da própria Internet para
alcançar vários objectivos políticos e sociais. Inúmeras vezes designada
por "hactivísmo" (resultado da combinação dos termos "hacker" e activismo),
esta é uma forma genuinamente nova de mobilização que foi criada por
computadores e pela Internet. Ela utliza métodos que apenas podem ser
aplicados no mundo digital.
Pode-se então inferir, que mediado através da dissolução de hierarquias
verticais em redes horizontais de comunicação, o surgimento de movimentos
sociais transnacionais é uma resposta fenomenal à evolução da revolução
tecnológica provocada pela Internet, constituindo-se como um espaço
privilegiado para a mobilização social.

Manifestantes: Grupos de Interesse e Movimentos Sociais

A revista americana TIME revelou, em 14 de Dezembro, quem é a
personalidade do ano de 2011 e que vai figurar numa das capas mais
aguardadas da publicação. Num ano repleto de contestações em todo o
planeta, o escolhido, ou melhor, os eleitos foram os manifestantes que
protagonizaram protestos em diversos lugares do mundo, principalmente
contra regimes ditatoriais e contra a crise económica global.
Mas porque escolheu a revista TIME os manifestantes para personalidade
do ano de 2011?
Ninguém poderia saber que proporção assumiria o acto levado a cabo por
um vendedor de frutas na Tunísia, que se imolou pelo fogo numa praça
pública. Essa acção incitou um "tsunami" de protestos que iria dar início a
uma série de dissidências políticas em cadeia, à escala mundial. Em 2011,
os manifestantes não expressaram apenas as suas reclamações e inquietações.
Eles tornaram-se em agentes da mudança, trazendo "novos ventos" ao mundo.
Para dar um rosto global aos protestos ocorridos em 2011, a revista
seleccionou fotografias de alguns manifestantes para colocar nas páginas da
revista. Um deles é Chelsea Elliott, de 25 anos, que acampou em Wall
Street[8] e presenciou o dia em que a polícia lançou spray pimenta nos
manifestantes, no final de Setembro. «Acho que o mais importante é que este
movimento não tem um líder e que todas as pessoas são encorajadas a serem
autónomas. É realmente um movimento para todas as pessoas. O que nós
estamos a tentar mudar é o sistema em si, são coisas que irão afectar os
meus filhos, quando eu os tiver, e afectam os meus avós. É sobre todo o
mundo», disse ela à TIME.
Outro protagonista dos protestos e que ganhou destaque na mesma edição
é o egípcio Ahmed Harara. O dentista de 31 anos perdeu os dois olhos
durante as manifestações na praça Tahrir, no Cairo. Segundo ele, o que o
motivou a participar da onda de protestos que acabaria na renúncia do ex-
presidente egípcio Hosni Mubarak, foi justamente a proposta de mudança do
regime político, da polícia e do sistema judicial vigentes.
Num mundo cada vez mais tumultuoso, questões de ordem pessoal revestem
hoje um carácter amplamente político e social, que tem vindo a assumir
extrema importância em relação a todos os aspectos que envolvem as
sociedades modernas. A «pessoalização» da vida colectiva, deixou de se
confinar àquele reduto que designamos por «privacidade» e hoje, extravasa
nos mais diversos planos da vida social.
A nível sociológico, os movimentos sociais apresentam-se como uma das
mais importantes consequências desta metamorfose, em particular na
realização da nossa modernidade: a política da vida.
Segundo Anthony Giddens, a política da vida define uma orientação de
desenvolvimento social complementar, mas articulada com a política de
emancipação. Às questões sobre as hipóteses de vida, que esta já tratava,
vieram juntar-se questões relativas aos estilos de vida: a política de vida
como «uma política de auto-realização num ambiente ordenado reflexivamente,
desenvolvida a partir de «debates e contestações que derivam de um projecto
reflexivo do self (eu)».
A política da vida e o fenómeno das novas identidades e movimentos
sociais entrelaçam-se de forma intensa na área anterior, mas também muito
intimamente em todas as restantes áreas da política da vida: nas questões
relacionadas com o controlo humano sobre a natureza, nos problemas
ambientais e ainda, nos problemas de ordem mais geral colocados pelo
fenómeno da globalização.
Ao longo dos tempos, politólogos e académicos, têm-se debruçado sobre a
forma de proceder à distinção entre grupos de interesse e movimentos
sociais. As diferenças existentes têm sido identificadas nas suas mais
variadas dimensões, resumindo-se, geralmente, a níveis e a focos de
influência e participação. A ortodoxia é que os grupos de
interesse trabalham, deliberadamente, dentro de instituições políticas
constituídas, enquanto os movimentos sociais mobilizam para acções
colectivas à distância constituindo-se, muitas das vezes, como um
meio para exercer pressão sobre as elites políticas. No entanto, ao longo
das últimas décadas, alguns académicos, têm argumentado que a utilidade
desta distinção está em franco declínio (Burstein, 1998; Burstein & Linton,
2002:12). "Ao nível dos objectivos, bases de apoio, tácticas e impacto
político, os grupos de interesse e os movimentos sociais têm vindo a
convergir, sendo muitas vezes tratados de forma similar por parte de alguns
académicos"[9].
Mas afinal o que é uma rede de movimento social? Ilse Scherer-
Warren[10], refere que esta pressupõe a identificação de sujeitos
colectivos em torno de valores, objectivos ou projectos em comum, os quais
definem os actores ou situações sistémicas antagónicas que devem ser
combatidas e transformadas. Por outras palavras, o movimento social, em
sentido mais amplo, constitui-se em torno de uma identidade ou
identificação, da definição de adversários ou opositores e de um projecto
ou utopia, num contínuo processo em construção. A ideia de rede de
movimento social é um conceito de referência que procura apreender o
futuro, ou o rumo das acções de movimento, transcendendo as experiências
empíricas, concretas, datadas, localizadas dos sujeitos ou actores
colectivos.
O M12M[11], Movimento 12 de Março de 2011, ou "movimento geração à
rasca", em Portugal; o M15M[12], Movimento 15 de Março de 2011, ou
"movimento dos indignados", iniciado em Espanha e, posteriormente, o
"Occupy Wall Street", nos Estados Unidos, são alguns dos movimentos sociais
que surgem na sequência da crise financeira mundial que atinge o núcleo
orgânico do capitalismo global desde 2008.
O movimento "Occupy Wall Street", nos EUA, inspirou-se nos movimentos
sociais europeus como o M15M, em Espanha. Por sua vez, o movimento dos
indignados espanhóis inspirou-se nas rebeliões de massa que impulsionaram a
Primavera Árabe e que derrubaram os governos da Tunísia e do Egipto.
A Primavera Árabe consiste numa onda revolucionária de manifestações e
protestos que vêm ocorrendo no Médio Oriente e Norte de África, desde 18 de
Dezembro de 2010. Até à data, ocorreram revoluções na Tunísia, no Egipto,
uma guerra civil na Líbia, e uma enorme onda de protestos em países como a
Argélia, Bahrein, Djibuti, Iraque, Síria, Omã e Iémen e protestos menores
no Kuwait, Líbano, Mauritânia, Marrocos, Arábia Saudita, Sudão e Sara
Ocidental. A Primavear Árabe é um dos exemplos actuais, onde a incidência
da utilização das redes sociais produziu fortes correntes de opinião e
mobilização social em massa. Face à conjuntura politico-social
apresentada, a comunidade internacional, ainda como que adormecida e
insensível, foi finalmente alertada pelos media, da ocorrência de
atentados às liberdades de expressão e de informação de cidadãos árabes,
para além dos atentados contra os direitos humanos.
Os protestos têm compartilhado técnicas de resistência civil em
campanhas sustentadas envolvendo greves, manifestações, passeatas
e comícios, bem como o uso dos media sociais, nomeadamente as redes sociais
como o Facebook, Twitter e o Youtube, para organizar, mobilizar, comunicar
e sensibilizar as populações locais, regionais, nacionais e a comunidade
internacional, para tentativas de repressão e censura na Internet por parte
dos Estados.
Mas há registos de outros exemplos de movimentos sociais "convocados"
através das redes sociais, como os que tiveram lugar em Espanha, no Reino
Unido e até em Portugal e que acabaram em ocupações de praças públicas,
confrontos policiais e incêndios, registando-se avultados prejuízos
materiais e financeiros, levando responsáveis políticos a reflectirem sobre
a melhor forma de coação sobre o activismo digital que rapidamente passou
para o espaço público urbano.
Mas, se na Primavera Árabe, o que uniu as populações que integraram os
movimentos sociais foi um desejo colectivo de fazer capitular regimes
autocráticos, por razões políticas ou de defesa dos direitos humanos, no
caso de Espanha, Reino Unido, Portugal e Grécia, entre outros, regimes
políticos democráticos consolidados, os interesses das populações poderão
ter sido outros. Uma questão fica no ar… Terão as redes sociais actuado
mesmo como catalisador para acabar com regimes autoritários e melhorar os
democráticos?
Sob o ponto de vista da informação, as redes sociais têm vindo a ser
olhadas como amplificadores dos media tradicionais e, vistas por esse
prisma, têm uma vantagem poderosa. Por outro lado, a ausência de uma
entidade reguladora do mundo virtual permite, que se olhem as redes sociais
como uma grande tela em branco, na qual qualquer um pode pintar, com as
cores que quiser, com o seu próprio estilo e da forma que bem entender. Sob
o ponto de vista das liberdades de expressão e de informação, também parece
ser uma vantagem interessante, que funcionará como um contrapoder aos media
tradicionais e até governantes que têm na sua grande maioria, agendas
próprias.
No entanto, não basta que a dinâmica interna dos movimentos sociais
seja vibrante e inovadora para que dela se possa retirar uma experiência de
cidadania mais rica. É necessário aceder a um plano público, através de uma
comunicação que possa ligar os diferentes movimentos sociais entre si, e
todos eles, no seu conjunto, com a totalidade da sociedade. Se por
comunicação entendermos a especial capacidade humana de colocar ou
construir algo em comum, mais facilmente se compreenderá que a diversidade
constitui, de facto, uma mais-valia: a possibilidade de uma comunicação
mais bem-sucedida ganha força com as diferenças e não com as semelhanças.
As diferenças e a diversidade podem potenciar a comunicação sendo
necessário que, entre elas, sejam estabelecidas pontes hermenêuticas de
ligação, sendo a construção destas tão mais fácil quanto a versatilidade
demonstrada pelos movimentos sociais, a sua abertura a participações
plurais e não exclusivas.


Facebook: Poder Absoluto ou Poderosa Ilusão?


Há autores que consideram as redes sociais como o sétimo poder, logo a
seguir aos três poderes instituidos (Judicial, Legislativo e Executivo), ao
quarto poder em relação aos media, ao quinto poder representado por
sindicatos e organizações sociais, e ao sexto poder representado pelo
crime organizado.
Mas um dos factores de diferenciação deste novo "poder" em relação aos
outros, é o ter permitido aumentar a mobilização social, metamorfoseando o
público passivo em agente colectivo activo, através do activismo digital
proporcionado pelas redes sociais e a sua rápida passagem à cidade, ao
bairro, à rua, à casa.
A sociedade em rede, caracterizada pela utilização indiferenciada da
Internet, permite dar voz à "maioria silenciosa". Estes actores,
caracterizam-se por serem, na sua maioria, anónimos e desprovidos de
características identitárias comuns, terem interesses variados, culturas
diferentes, e porventura pouca afinidade, uns em relação aos outros. Pode
ser feita uma analogia destes novos actores sociais com o homem do século
XVIII (século das luzes), pelo facto de procurarem sair da obscuridade e
das trevas onde se inserem, pretendendo entrar num novo mundo iluminado
pela ciência e pela razão, sendo estimulados pela mobilização feita por
outros actores similares, através das redes sociais.
Qual a função das redes sociais? O papel principal das redes sociais
consiste na interacção social que permite a passagem de informação e
conhecimento de forma célere. Vistas como um espaço público de
sociabilização, todas as opiniões podem ser livremente expressas, através
da participação sincrónica das pessoas em fora de discussão. Este facto
torna-as na ferramenta mais democrática e participativa da história dos
meios de comunicação, principalmente a nível da difusão e debate de pontos
de vista e ideias.
As redes sociais digitais possuem características extremamente
apelativas aos movimentos sociais: 1) facilitam a união de pessoas com
opiniões similares; 2) aumentam o número de adesões a movimentos sociais;
3) possibilitam a divulgação célere de informações, opiniões, ideias e
ideais; 4) estimulam a interactividade entre os utilizadores; 5)
descentralizam o poder da liderança; 6) permitem a diversificidade de
opinião e 7) permitem um espaço de debate continuo.
Das três redes sociais mais utilizadas pelos internautas, abordaremos o
Facebook por ser aquela que tem o maior número de utilizadores e ser
considerada como a que concentra maios número de capacidades e
potencialidades no âmbito da comunicação. Após algumas críticas sobre a
violação da privacidade dos utilizadores, a rede social de Mark Zuckerberg
conquistou um novo marco histórico ao ter atingido, em 27 de Junho de 2011,
cerca de 500 milhões de utilizadores em todo o mundo - o equivalente a sete
por cento da população do Globo.
As características funcionais do Facebook e as ligações horizontais e
aparentemente sem limite que proporcionam, criam nos utilizadores a
sensação falaciosa de que lhes confere mais e maior poder e que, os
governos ou outras entidades, são incapazes de controlá-los.
Essa percepção parece não ser real, como nem sempre as potencialidades
das redes sociais são exploradas por "paladinos" defensores da liberdade,
democracia e dos direitos humanos. Este é um espaço difuso, onde a
realidade é muitas das vezes nublada e "embrulhada" em papel de traição e
mentira.
Da mesma forma que um engenheiro da Google, Wael Ghanim, utilizou o
Facebook para "convocar" milhares de egípcios à Praça Tharir, no Cairo,
redes de terrorismo transnacional, como a Al-Qaeda, também possuem as suas
redes online, abertas ou dissimuladas.
Um outro aspecto particularmente importante é o facto destas
tecnologias serem "cegas" – não escolhendo os utilizadores, nem
selecionando a informação ou outros conteúdos que nelas circulam, enquanto
que os media tradicionais, pelo menos aqueles que praticam o jornalismo
sério, não o são.
A sociedade não pode "olhar" a blogosfera ou as redes sociais, da mesma
forma que olham o trabalho de uma Al Jazeera apesar de, rapidamente, se ter
passado do incómodo sentido quando essa estação de televisão passava vídeos
de Bin Laden, para um extase colectivo quando é apontado o papel
desempenhado na mobilização dos árabes em revolta.
Evgeny Morozov, na sua obra The Net Delusion, defende uma tese
antagónica, referindo que a «a liberdade da Internet é um mito, uma ilusão
e que a rede, não só não está a conseguir democratizar o mundo como tem
ajudado regimes autoritários». A "revolução Twitter" levada a cabo por
jovens iranianos, por altura das eleições fraudulentas de 2009 e que
estiveram na origem dos protestos, foi muito exagerada. Sabe-se hoje que
apenas existiam nessa altura, cerca de 20.000 contas activas no Irão, o que
constitui uma pequena parcela da população desse País.
Mas também o activismo em linha (online) pode ser uma triste ilusão! A
página do Facebook: "Save de Children of Africa", reuniu cerca de dois
milhões de seguidores, contudo, apenas conseguiu recolher 14 mil doláres de
donativos.
Em contrapartida, regimes autocráticos e, mais especificamente, os
teocráticos (especialmente os dos países árabes), têm também procurado
tirar partido destas tecnologias, quer como arma de propaganda, quer para
desinformação da opinião pública, quer ainda para controlar os activistas
que se manifestam contra o regime. «O Ocidente levou muito tempo a
descobrir que a luta pela democracia não foi ganha em 1989[13]», escreve
Morozov. «Durante duas décadas descansou sob os louros, esperando que redes
como as do Starbucks, da MTV ou da Google fizessem tranquilamente o resto
do trabalho. Esta aproximação aos processos de democratização revelou-se
ineficaz face ao regresso de regimes autoritários».
Tal como aconteceu com a invenção da imprensa de Gutemberg, também a
Internet e as suas ferramentas, como as redes sociais, permitem que um
número cada vez maior de pessoas consiga comunicar mais depressa, com mais
interlocutores e sem filtros. Contudo, isso não significa que a informação
que circula no meio digital seja hoje mais útil e melhor, sob o ponto de
vista da qualidade informativa e até do conhecimento.
Neste contexto, no dominio da circulação da informação, a Internet e as
redes sociais conseguiram criar a ilusão do século XXI: a ilusão perigosa
de que o jornalismo tradicional pode vir a ser totalmente dispensável num
futuro próximo.

Reflexões Finais

Apesar do crescente pluralismo no plano da cultura que se tem
verificado nas nossas sociedades, da tendência para uma maior fragmentação,
para a efemeridade e a expressão de particularismos a nível das identidades
sociais, constata-se que existem um conjunto de características que
transbordam do estrito universo interior dos indivíduos e se propagam por
unidades sociais mais vastas, imprimindo uma nova dinâmica ao conjunto de
processos sociais, contribuindo para a definição de uma nova configuração
das sociedades modernas.
Entre estas unidades sociais de carácter colectivo que mais
directamente são afectadas pela actual dinâmica de pluralização da cultura,
encontram-se os movimentos sociais, cuja importância não tem parado de
crescer. «Os movimentos sociais preenchem o domínio das garantias com
conteúdos, defendendo-os assim da erosão provocada pelo poder, ao
redefinirem em permanência as suas fronteiras, os movimentos projectam a
participação social para além dos limites definidos pelo sistema político,
e forçam, além disso, este à mudança» (Melucci, 1996: 125).
Numa abordagem metafórica, pode-se considerar os movimentos sociais,
como sendo a hidrosfera, especialmente as águas dos oceanos, com correntes
ora mais fortes, ora mais lentas, ora mais quentes, ora mais frias, ora
mais profundas, ora menos. Nalguns pontos do planeta a água dos oceanos
gela, mas volta a derreter na Primavera, retornando a um processo de
dinâmica de auto-organização. Tal como a "sociedade civil", a água flui
constantemente ao sabor do momento, solidificando-se momentaneamente, dando
origem ao que designamos por "organizações". E logo de seguida o ciclo
continua…


A internet acelerou de forma dramática o processo de transformação
civilizacional. A tradicional organização hierárquica, piramidal, foi
substituída por uma organização em rede, horizontal, oferecendo o ambiente
ideal onde os gostos, aspirações e interesses comuns representam uma nova
sociabilidade nas relações humanas, sem ingresso de entrada e sem limite
físico e temporal de participação.
Procurando encontrar uma resposta para a questão central: "Qual o poder
das redes sociais na dinâmica dos movimentos de dissidência política?",
conclui-se que as redes sociais têm tido um papel fundamental na
mobilização social em todo o Globo, permitindo a passagem de movimentos
sociais do espaço digital ao espaço público urbano, com uma rapidez
assustadora. É um facto indelével que as redes sociais virtuais se estão a
expandir de forma tentacular, integrando um número de participantes cada
vez maior, abrindo a porta a uma maior diversidade de temas, ideais e
visões. Além disso, as redes sociais configuram-se como verdadeiras ágoras
dos tempos modernos, que permitem a interacção social, permitindo e até
estimulando o debate e a divulgação de consciências e identidades
colectivas.
Mas, num outro sentido, as redes sociais têm também o seu lado obscuro,
podendo ser utilizadas por mentes distorcidas e megalómanas, ansiosas por
deterem poderes não legitimados. A facilidade e a celeridade com que os
conteúdos podem ser divulgados e até manipulados, fazem com que um
determinado movimento social ganhe ou perca, rapidamente a simpatia e a
credibilidade por parte dos seus seguidores ou dos públicos neutros. O
grande desafio do futuro não parece ser a eterna tensão entre poder
democrático e a utilização dos novos media livres por parte dos cidadãos
comuns, mas das alterações que as novas tecnologias da informação estão a
introduzir na forma como as pessoas comunicam entre si e até, como
interpretam o mundo onde vivem.
Sem o constrangimento do "que roupa devo levar vestida?", as redes
sociais têm permitido alavancar a cultura humana de uma forma jamais
pensada por políticos, académicos, futurologistas e profetas de todos os
tempos. O resultado disso já está a dar frutos, na forma de uma espécie de
cão de guarda da democracia, um poder com peso específico próprio no debate
democrático.
No caso da Primavera Árabe, a forma como estas revoluções começaram
apanhou o mundo de surpresa. Pela primeira vez na História, eventos
mundiais marcantes, foram iniciados, registados e divulgados através das
redes sociais, hora a hora, minuto a minuto, pelos próprios actores que os
viviam no palco das ruas. Afinal, a geração que derrubou três déspotas em
tão pouco tempo, está prestes a descobrir se a mesma tecnologia, que a
ajudou a romper com o passado poderá ser aproveitada para traçar um futuro
mais risonho…
Insha`Allah (queira Deus).
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3. Programas de televisão

Panaroma BBC: Como o Facebook Mudou o Mundo – A Primavera Árabe.
Documentário passado na SIC Notícias em 3 Dezembro de 2011 (57 minutos).












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[1] O Professor Doutor Rogério Ferreira de Andrade, lecciona na Faculdade
de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa
[2] A Al Jazeera é a maior emissora de televisão do Catar. Transmite na
língua árabe e em inglês. Foi criada em 1996, por Hamad Bin Khalifa Al
Thani, emir do Catar, defendendo a liberdade de expressão e de oposição,
raramente visto no mundo árabe, acostumado a uma imprensa altamente
controlada, baseada apenas em fontes oficias.


[3] Actualmente, as maiores agências de notícias internacionais são a
Associated Press (EUA), a United Press International (EUA), a Reuters
(Reino Unido) e a Agence France Presse (França).
[4] Referindo-se à entrada dos Estados Unidos da América na I Grande Guerra
Mundial (1914-1918).
[5] E-mobilization.
[6] Prosumer é um termo originário do inglês que provém da junção
de producer (produtor) e consumer (consumidor). Alvin Toffler, o
visionário e escritor, criou este neologismo na obra "A terceira vaga"para
indicar o novo papel do consumidor na sociedade pós-moderna. O consumidor
actual é extremamente exigente, forçando a indústria a produzir aquilo que
ele pretende comprar, contrariando o paradigma tradicional de que é a
indústria quem detém o poder da cadeia de abastecimentos. Este poder
conquistado pelo público consumidor, advém da alta competitividade dos
mercados, sejam globais ou locais, e que a todo instante direccionam as
suas estratégias a fim de satisfazerem o cliente e torná-lo cada vez mais
lucrativo ao longo do tempo.

[7] Chris Shipley (Co-fundadora e Directora de Pesquisa Global para o
Guidewire Group) é considerada como a primeira pessoa que cunhou, em 2005,
o termo "Media Participativos ou Sociais".
[8] O Occupy Wall Street é um movimento de protesto contra a influência
empresarial na sociedade e no governo dos estados Unidos. O movimento
também se posiciona contra a impunidade dos responsáveis e beneficiários
da crise financeira mundia. As mobilizações começaram no dia 17 de Setembro
de 2011 e, em 1 de Outubro, o protesto havia mobilizado entre cinco a dez
mil pessoas. As manifestações foram inicialmente convocadas pela
revista canadiana Adbusters e inspira-se nos movimentos árabes em prol da
democracia. Uma onda de protestos semelhantes ocorreu em diversas outras
cidades nos Estados Unidos (Boston, Chicago, Los Angeles, Portland, São
Francisco, entre outras), na Europa e em outras partes do mundo. A
estratégia do movimento consistia em manter uma ocupação constante de Wall
Street, o setor financeiro da cidade de Nova Iorque, em protesto contra a
desigualdade social, a ganância empresarial e o sistema capitalista como um
todo. As pessoas organizaram-se em assembleias gerais, nas quais todas
podiam falar e participar das decisões colectivas.

[9] "In terms of their goals, constituencies of support, tactics, and
policy impact, interest groups and social movements are said to be
converging and are often treated this way by scholars" (Chadwick 2006:
115).
[10] Professora do Departamento de Sociologia e Ciência Política da
Universidade Federal de Santa Catarina e Coordenadora do Núcleo de Pesquisa
em Movimentos Sociais da mesma universidade.
[11] Os organizadores do protesto geração à rasca criaram o "Movimento 12
de Março" que promete ser "uma voz activa na promoção e defesa da
democracia em todas as áreas" da vida. Movimento que uniu cerca de 500 mil
pessoas nas ruas de todo o país e no estrangeiro, surgiu espontaneamente,
fruto da iniciativa de quatro amigos: Alexandre de Sousa Carvalho, António
Frazão, João Labrincha e Paula Gil, aos quais se juntaram outras pessoas
numa manifestação social contra a deterioração das condições de trabalho e
ao desmantelamento dos direitos sociais. A expressão "geração à rasca" foi
já registada como marca e este movimento continua a ter presença nas redes
sociais.
[12] O movimento dos "indignados" foi iniciado em 15 de Maio de 2011, em
Madrid e Barcelona, defendendo a democracia e protestando contra a crise
financeira. Adquiriu dimensão planetária, levando às ruas dezenas de
milhares de pessoas em mais de 80 países (951 cidades).
[13] Em 1989, a queda do muro de Berlim foi o acto simbólico que decretou o
fim de décadas de disputas económicas, ideológicas e militares entre o
bloco capitalista, liderado pelos Estados Unidos e o socialista, liderado
pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

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MESTRADO EM CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO
Seminário de Comunicação, Media e Estudos Organizacionais


Professor Doutor
Rogério Ferreira de Andrade



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