Política dura e impura não perdura

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Política dura e impura não perdura!

Engaçado ver como o tempo passa e a maneira de fazer política continua exactamente igual. Em 64 a.C. Marco Túlio Cícero, um dos maiores prodígios políticos da antiga Roma candidata-se ao maior cargo da vida política romana (Cursos Honorum), ao consulado.
Em sua desvantagem, pendia a sua condição social, já que numa sociedade altamente hierarquizada, o facto de Marco não ter nascido num berço com o brasão de nobreza, tornava-o aos olhos da elite romana, pouco competente para chefiar a Republica.
Em sua vantagem, pendia a sua fortuna (já que era filho de um comerciante rico), a sua educação (estudou com os maiores pensadores da sua altura (inclusive na Grécia)), a sua mente (apelidada de brilhante), o seu dom de orador (um dos maiores oradores e advogados da sua época, senão o maior), a fraqueza dos seus maiores adversários (Catilina e António), o primeiro apelidado de psicopata, o segundo de corrupto e o apoio de figuras proeminentes como Pompeu, um dos maiores generais da história romana.
No entanto, embora as suas vantagens fossem muito superiores (pelo menos, em número) do que as desvantagens, estas nunca teriam sido superadas sem a visão daquele que foi um dos maiores estrategas políticos na história, Quinto Cícero, irmão de Marco.
Nas vésperas das eleições, Quinto escreveu um texto sobre o que Marcus teria que fazer para ganhar as eleições, um conjunto de regras/princípios que o seu irmão teria que seguir para alcançar a vitória e a tão almejada glória do consulado. Marco não ganhou apenas como dizimou totalmente os seus adversários, numa das maiores vitórias eleitorais da república romana. Marco ascendeu a cônsul. Mais tarde, foi nomeado Pater Patrie (pai da pátria), um título que apenas se atribuía aos maiores defensores da república. Quinto teve também uma longa e profícua carreira política, chegando mesmo ao cargo de pretor e governador romano numa província asiática, hoje Turquia. São os dois mortos na queda da república, o império ascende.
Não vos conto a história destes dois irmãos de forma inocente. A verdade é que quero promover uma reflexão, uma reflexão sobre como tão pouco mudou na forma de fazer política embora muito tenha mudado na forma como as pessoas votam. Existe uma clara discrepância na rapidez de evolução dos dois lados. O lado dos eleitores, evoluiu a uma velocidade frenética. Os cidadãos tornarem-se mais escolarizados, mais informados e mais exigentes. Os políticos mantiveram-se iguais. A prova do que acabei de dizer é a actualidade das regras que Quintos traçou para o seu irmão. A verdade é que grande parte dos políticos continua a seguir estas tão ultrapassadas regras, como veremos adiante.
Quinto disse ao seu irmão que havia três formas de ganhar votos numa eleição, através de favores, relações pessoais e esperança. Ganha-se a confiança daqueles que não confiam através de favores. Ganha-se os votos dos amigos (ou pelo menos daqueles que pensam que têm uma relação contigo) através da atenção. Ganha-se o apoio daqueles a quem não se tem oportunidade de fazer favores ou estabelecer relações pessoais através daquela que é a arma mais perigosa (quando mal utilizada) que um político pode usar, a esperança. A esperança é a expectativa que uma pessoa tem em que o outro não falhe.
Vale a pena relembrar rapidamente que antes de Quinto, já Confúcio (erudita chines do séc. V e VI a.C.) tinha escrito algo de parecido. Confúcio dizia-nos que "alimentos, confiança e armas seriam os ingredientes essenciais a um bom governo. Alimentos para manter os cidadãos satisfeitos e tranquilos e cercear qualquer tumulto com génese na fome; confiança, no caso de a comida escassear, para que os cidadãos continuassem a acreditar que os seus líderes estavam a procurar resolver o problema; armas para o caso de nenhuma das duas condições anteriores resultar."
Passemos agora, às tão famosas regras/princípios que levaram à vitória de Marco Cícero. Apenas enunciaremos algumas, já que se escrevêssemos todas não sairíamos daqui.
Regras/Princípios Cicerianas:
1ª.Regra
"Certifica-te de que tens o apoio da tua família e amigos" Quinto Túlio Cícero
Realmente, ainda hoje em dia, vemos que muitas das vezes, são os escândalos que têm origem naqueles que são os mais próximos dos candidatos, que mancham a reputação destes, de forma irremediável.
A reputação é uma forma que as pessoas têm de controlar quem os governa. Quanto maior a consideração que os cidadãos tiverem em relação a alguém, maior (e melhor) a sua reputação, o seu estatuto e ultimamente o seu poder. Os boatos são muito uteis enquanto mecanismos de defesa (tal como nos ensina Keltner em "O paradoxo do poder").Exemplos de reputações manchadas foram os casos dos presidentes Bill Clinton (caso extraconjugal) e do presidente Nixon (Watergate-escutas ilegais). Este sofreu de tal forma com este mecanismo que o levou à porta de saída (obrigado a renunciar), daquele que é o cargo politico mais importante no mundo ocidental, a presidência dos Estados Unidos da América. O primeiro (B.C), escapou por pouco, sendo absolvido (pelos crimes de perjúrio e obstrução de justiça) pelo Senado dos E.U.A. A curiosidade está no facto de Bill Clinton ter sido um dos presidentes, que na história dos E.U.A, gozou de maior taxa de aprovação no final do seu mandato.
A verdade é que os escândalos (armas usadas contra a reputação de um individuo ou grupo de indivíduos) acontecem um pouco por todo o Mundo. Acontecem quando os políticos deixam de encarar o poder como uma oportunidade de melhorar a vida de todos, para o passarem a encarar como um instrumento a utilizar para melhorar a sua vida e a vida dos seus familiares e amigos.
Muitos políticos acabam por sucumbir aos chamamentos da ganância. Chen Shui-bian, antigo presidente de Taiwan foi acusado e julgado por lavagem de dinheiro, falsificação de papéis e peculato. Acabou por ser condenado a pena perpétua. Também a primeira-dama (mulher de Chen Shui-bian) foi acusada e considerada culpada por corrupção. Outro caso, foi a situação do envio de armas ilegais para o Iraque. Saddam Hussein utilizava uma empresa do Reino Unido chamada "Matrix Churchill" para conseguir enviar componentes militares para o Iraque, mostrando assim, que este tipo de escândalo não existe apenas no mundo da política. Poderia referir muitos mais casos mas não há tempo para referir todos. Mais um exemplo é o caso Rubygate que fala sobre o envolvimento sexual de Sílvio Berlusconi (antigo primeiro-ministro de Itália) com jovens, menores de idade.
"Não é o poder que corrompe as pessoas mas o medo de o perder". John Steinbeck (nobel da literatura em 1962)
Esta regra também se aplica a partidos políticos.
2ª.Regra
"Cobra todos os favores que te devem" Quinto Túlio Cícero
Quinto diz-nos que é nas campanhas para um cargo (qualquer que ele seja) a melhor altura para relembrar as pessoas que estão em divida para contigo. Um exemplo bastante actual para esta regra foi a cobrança de favores (apoio para a sua campanha presidencial) por parte de Hillary Clinton, primeiro ao seu marido (por não ter saído do seu lado aquando o caso extraconjungal com uma estagiária, o que se revelou essencial para a popularidade de Bill Clinton) e depois a Barack Obama por ter sido uma apoiante incondicional, embora de início uma feroz concorrente.
Esta é a altura de os candidatos se agarrarem a todos os seus contactos e pedirem o seu apoio incondicional. Esta é a altura para utilizarem todos os instrumentos políticos à sua disposição como por exemplo, um prometido clientelismo, ou seja, "apoia-me agora que, em troca, eu apoio-te depois". O clientelismo é uma práctica bastante comum, estando na base de muitas relações políticas. É um sub-sistema implantado na politiquice. Às vezes estas prácticas chegam a um ridículo. No interior de Brasil (cidade de Santarém) os políticos chegam a trocar cortes de cabelo e tratamentos dentários por votos (chegam ao ponto de se fazerem acompanhar durante a campanha por um dentista e um barbeiro).
É nesta fase que se planeia a corrupção, com muitas empresas e meios de comunicação a comprometerem-se com candidatos de forma ilícita e imoral em troca de favores.
3ª.Regra
"Constrói uma ampla base de apoio" ou seja, apela a todos os grupos que juntos, fazem a sociedade. Quinto Túlio Cícero
Hoje, reparamos nessa tendência, quando nas nomeações à vice-presidência americana, vemos a escolha ser muito baseada, por exemplo na raça ou religião e muitas vezes não tanto na competência. O vice-presidente que Hillary escolheu, apresenta grandes ligações ao eleitorado latino (um dos maiores nos E.U.A, com mais de 13 milhões de pessoas), o seu nome é Tim Kaine e é na minha opinião uma estrela em ascensão. Ganhou a corrida da nomeação à vice-presidência aos seus rivais por ser mais moderado do que estes. Kaine tirou o curso de direito em Harvard. É um político em ascensão, no entanto, a sua subida foi feita a pulso, começou por ser mayor de Richmond passando pelo cargo de vice-governador e posteriormente governador da Virgínia. Mais tarde, e a convite de Barack Obama, presidiu o comité nacional democrata. Hoje, é senador pelo estado de Virgínia e um dos mais prestigiados políticos no panorama americano. Foi escolhido também porque tem a capacidade de atrair os estados americanos que não têm uma tradição politica fixa como é o caso da Virgínia. É também conhecido pela sua posição contra o aborto (talvez pela sua educação religiosa) e também por ser a favor do casamento homossexual.
Em Portugal, a vontade dos partidos de esquerda em alcançarem o poder levou-os a prometerem coisas que já se estão a demonstrar difíceis de suportar, para um país com grandes dificuldades económicas. As promessas de devolver os cortes na função pública, de aumentar as pensões, de reduzir as horas de trabalho dos funcionários públicos e a descida de certos impostos, agora concretizados, puseram o país na mira de sanções europeias. A ganancia de chegar ao poder através de promessas imorais foi superior ao acautelamento dos interesses e do futuro do país. Tudo isto para conseguirem o apoio dos funcionários públicos (mais de seiscentos mil) e dos pensionistas (quase três milhões e seiscentos mil), garantindo assim, desta forma, votos importantes. Depois dos enormes esforços que os portugueses fizeram, hoje, Portugal, vê o seu défice (2,7 %) e dívida publica (131,7 % do PIB) a crescerem novamente.

4ª.Regra
"O poder da comunicação é a chave" Quinto Túlio Cícero
Quinto dizia que qualquer homem que quisesse uma carreira política teria que certamente deter o poder ou a arte de falar em público.
No caso americano, vemos claramente um exemplo desta regra, já que muita da ascensão que Trump teve, deve-se sobretudo à sua enorme capacidade para prender as pessoas com aquilo que diz. Trump é um comunicador nato (arte que aperfeiçoou com a sua experiencia em reality shows).Um caso evidente dessa arte, foi a enorme discrepância da atenção dada pelos media à convenção republicana (de nomeação do candidato presidencial) em detrimento da menor atenção que foi dada à convenção democrata. Em resultado desta discrepância, Hillary viu-se obrigada a antecipar a divulgação do nome do seu vice-presidente (sempre um ponto alto nas campanhas presidências americanas e muitas das vezes deixada para o fim) para conquistar a atenção dos meios de comunicação. Trump é um mestre na arte de comunicação e isso vai-lhe valer muitos mais votos do que aqueles que, quando se atirou de início para esta corrida, certamente esperou.
Em 1860, Thurlow Weed, um grande estratega político que comandou a carreira de William Seward (Senador de Nova Iorque e candidato (favorito) à nomeação do partido republicano para a corrida à casa branca) sofreu a sua maior perda, na vida politica. Esta derrota inesperada deveu-se ao aparecimento de um jovem advogado de Illinois (que não contava nem com riqueza, nem com boa aparência, já que aparecia quase sempre amarrotado e mal arranjado).Esse jovem é reconhecido por muitos historiadores como o presidente dos E.U.A com o poder mais duradouro. A sua obra (como a abolição da escravatura) e o seu poder trespassou gerações e ainda hoje (depois de passados mais de cem anos) é relembrado. O seu nome era Abraham Lincoln. Este tinham um dom, o dom de unificar uma nação dividida através do poder da palavra.
Esta arte foi sendo aperfeiçoada durante a sua infância, já que o seu pai albergava, regularmente, em sua casa, pioneiros que viajavam pelo país. Era um sítio de partilha de histórias (sobre as viagens destes e sobre a vida no seu todo).Estas experiências ajudaram o jovem Abraham a derrotar os seus rivais políticos (que eram mais ricos, apoiados e reputados) e a governar pela turbulência da sua presidência.
"O espírito dele é ao mesmo tempo filosófico e práctico. Atende todos os que lá vão, ouve tudo o que têm a dizer-lhe, fala francamente com toda a gente, lê tudo o que lhe escrevem" Thurlow Weed sobre Lincoln
"Contar histórias é uma via para o poder duradouro" Keltner, Dacher
Um caso mais próximo, de um comunicador nato é o do Professor Marcelo Rebelo de Sousa que iniciou a sua campanha presidencial já há muitos anos, (através do comentário político) fazendo valer a sua capacidade de comunicação e amabilidade para ganhar a simpatia dos Portugueses e limpar as presidenciais à 1ª volta.
5ª.Regra
"Conhecer e explorar as fraquezas dos candidatos rivais." Quinto Túlio Cícero
Quinto ensina-nos que todos os candidatos têm aspectos positivos e negativos. Para vencer, um candidato tem de fazer o possível para distrair os eleitores dos aspectos positivos dos seus rivais e enfatizar os negativos.
Há vários exemplos da aplicação desta regra. Por exemplo enquanto Trump usa e abusa das acusações a Hillary Clinton sobre os casos de indevido uso do e-mail privado para tratar de questões oficiais e sobre a suspeita de venda de segredos de estado (que está ainda em julgamento), Hillary acusa Trump de todos os tipos de racismo. A descontextualização de frases para atacar o oponente político é uma arma bastante usada em confrontos políticos. As pessoas devem ser responsáveis por aquilo que dizem, principalmente quando sabem que as suas palavras vão ter um impacto muito forte. Deve-se pensar sempre antes de falar, dever esse que é muito importante que os políticos respeitem, já que as suas palavras, são ouvidas, naturalmente, por mais pessoas.
Um exemplo mais próximo de nós foi a tentativa, bem-sucedida, da direita em colar o PS à figura de José Sócrates. Algo que o PS não soube combater porque a verdade, é que no partido, ainda existem fevrosos apoiantes deste. António Costa ficou encurralado com este ataque mas a verdade é que quem devia ter reagido era o partido (como um todo) e não apenas o seu líder. Neste caso, António Costa foi alvo de um ataque indefensável. Embora tenha estado no governo de Sócrates, António Costa não é José Sócrates e não deve sofrer pelos erros que outra pessoa cometeu.

6ª.Regra
"Promete tudo a toda a gente" Quinto Túlio Cícero
"À excepção de casos extremos, um candidato deve dizer aquilo que o público perante o qual está a falar naquele momento, quer ouvir" Quinto Túlio Cícero
Esta é uma atitude muito perigosa e que leva a inúmeras contradições já que diferentes públicos querem diferentes coisas. A maioria dos políticos utiliza a ferramenta do discurso (que é muito importante) para ludibriar a sua assistência, dizendo exactamente aquilo que esta quer ouvir. A verdade é que este caminho, leva necessariamente a contradições, já que se uma pessoa muda de discurso consoante o público, as coisas que por exemplo diz perante uma plateia de extrema-direita vai claramente colidir com aquilo que vai dizer perante uma plateia de extrema-esquerda.
A variância de discurso consoante a assistência demonstra falta de valores, já que quando alguém acredita em algo, defende esse algo perante qualquer pessoa, perante qualquer público. O discurso político deve ser consistente mas a verdade é que muitas das vezes não o é.
Uma curiosidade é ver que as duas principais causas de desconfiança política em Portugal são a corrupção e as promessas falhadas. Embora em relação à primeira, os portugueses tenham razão em se queixar, a verdade é que em relação à segunda, não têm. A taxa normal de cumprimento de promessas feitas pelos candidatos a governo situa-se a uma percentagem elevada, entre 60 % a 70% (CIES-IUL) e se falarmos em promessas parcialmente cumpridas, esse número dispara para cima dos 70%, no entanto, vale a pena referir que os governos minoritários (sem a maioria na assembleia da república) apresentam taxas de cumprimento inferior, rondam os 40% a 50% (CIES-IUL) (caso do governo minoritário de José Sócrates).
Enfim chegamos à última regra Ciceriana que vou referir…
7ª. Regra
"Despertar a esperança nas pessoas" Quinto Túlio Cícero
"Faz sentir às pessoas que podes tornar o mundo delas melhor e elas tornar-se-ão tuas apoiantes incondicionais" Quinto Túlio Cícero
Deixei esta regra para último, porque considero a esperança, a arma mais perigosa que os políticos podem usar. Quanto mais fracas estão as pessoas maior a sua vontade de acreditarem em algo, por vezes é essa esperança que mantêm as pessoas à tona, à busca de uma vida melhor. A esperança é como um alimento, quando não existe as pessoas morrem, quando é mal usada as pessoas ficam subnutridas, incapazes de pensar com clareza.
Pode-se assim verificar que embora a carta de Quinto já se seja bimilenária a verdade é que continua muito actual.
Toda esta forma de fazer política é errada. Alguns políticos não percebem que a perceção de poder mudou. A noção de poder que nos foi ensinada por Nicolau Maquiavel (na sua obra do séc. XVI, "O Príncipe") está completamente ultrapassada. Keltner faz-nos entender que embora a noção de poder concebida por Quintos fosse realmente uma noção realística na altura da primeira república romana, hoje já esta completamente desactualizada. O poder alcançado por favores, estratagemas políticos, mau uso da esperança dos outros, promessas falhadas e jogos psicológicos nunca é um poder duradouro. Um poder arrebatado nunca vai ser um poder que perdure.
"O poder é a capacidade para incitar os outros à acção colectiva" Hannah Arendt
Hoje, para uma pessoa alcançar e se manter em posições cicerianas (posições de poder) tem que fazer uma diferença (pela positiva) na vida dos outros. Para ser-se um líder tem que se ser íntegro, responsável, gentil e preocupado com os outros, já que a regra de ouro, ou seja, o segredo do poder é a concentração nos outros.
"A melhor acção é aquela que procura a maior felicidade para o maior número, e a pior aquela que, de igual modo, ocasiona miséria" Francis Hutcheson (Filósofo utilitarista, Séc. XVIII)
"O poder duradouro não é o poder arrebatado, é o poder concedido" Keltner, Dacher
Depois de estudar o assunto, esta ultima frase é realmente a grande conclusão que apreendi. Assim, entendendo os ensinamentos de Keltner, de Quinto, Cícero, de Arendt e de tantos outros, arrisco fazer (muito humildemente, já que sei que tenho muito para aprender) quatro previsões politicas, com as respetivas ressalvas:
1ª Previsão- Embora na minha opinião, os dois candidatos à casa branca sejam fracos, acredito que entre os dois, Hillary vai ganhar porque embora os dois sejam discípulos de maquiavel na forma como fazem política, Trump é mais.
2ª Previsão- Mesmo que falhe na minha primeira previsão, arrisco dizer que nenhum dos dois tem a capacidade política para ir a um segundo mandato. No entanto, faço aqui uma ressalva. Hillary pode conseguir ir a um segundo mandato porque tem uma grande qualidade que Trump não tem, sabe escolher muito bem as pessoas que a rodeiam. Acredito, portanto que para Hillary ter uma chance de conseguir dois mandatos de seguida tem de se apoiar nessas pessoas, já que sozinha não tem hipótese. Essa é a única maneira de Hillary ter sucesso, já que não tem muito carisma, não é uma pessoa "das pessoas" como Obama e Lincoln e está rodeada de escândalos políticos. A sua sorte é a falta de qualidade política dos seus adversários até agora (não teria hipóteses contra um jovem Obama por exemplo).Na altura de votar, os americanos vão votar em Hillary por medo de Trump e não por acreditarem nela.
3ª Previsão- Se Tim Kaine conseguir manter a sua reputação intacta durante a governação e tiver ambição, o futuro dos E.U.A passará por ele.
4ªPrevisão- António Costa não vai conseguir manter-se no poder apenas com o PS nas próximas eleições. O PS vai perder já as próximas eleições e tem tendência a piorar cada vez mais. Tudo isto, porque Costa não respeitou duas regras de ouro do poder. Arrebatou o poder no seu partido e no seu país com gerigonças e não se conseguiu concentrar naquilo que era melhor para o futuro dos portugueses ao prometer coisas que não devia ter prometido. O seu poder não vai ser duradouro.

A concentração deste texto nas eleições americanas justifica-se pela enorme importância que estas eleições vão ter para o mundo e pela enorme cobertura mediática de que são alvo, o que a tornam um alvo apetecível nestes (muito) pequenos, estudos sobre política.


De referir, que este texto foi baseado em vários livros, revistas e sites sobre o tema, no entanto, existem algumas obras que foram mais citadas e que eu recomendo vivamente a sua leitura:
"Como ganhar eleições"; Quinto Túlio Cícero
"O paradoxo do poder"; Keltner, Dacher
Aviso: Não ler o primeiro sem depois ler o segundo.


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