Políticas Públicas, criatividade e empreendedorismo no segmento teatral: estudo qualitativo na cidade de Natal/RN

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POLÍTICAS PÚBLICAS, CRIATIVIDADE E EMPREENDEDORISMO NO SEGMENTO TEATRAL: ESTUDO QUALITATIVO NA CIDADE DE NATAL/RN Alana Caroline Ferreira de Araújo2 Fernando Manuel Rocha da Cruz3 Resumo: A Economia Criativa busca capitalizar o empreendedorismo, como forma de aumentar a independência dos setores criativos face ao financiamento público. Neste artigo, procuramos identificar as potencialidades e contingências do segmento teatral na cidade de Natal, no estado do Rio Grande do Norte. Concluímos que é necessário, contudo, uma mudança de mentalidade quer dos grupos de teatro, quer dos poderes públicos locais e estaduais para alcançar esse objetivo. Palavras-chave: Economia Criativa, Natal/RN, teatro. Introdução A criatividade é a capacidade de gerar algo novo, ou fazer alterações em algo já existente. Todos somos criativos, mas algumas pessoas fazem da criatividade a sua fonte de renda (HOWKINS, 2013, p. 13). Podemos dizer que essas pessoas vivem da Economia Criativa, no momento que transformam a criatividade em uma atividade econômica. A Economia Criativa, segundo Howkins (2013, p.12), é justamente esse relacionamento entre a economia e a criatividade, como podemos perceber nas palavras desse autor: “A criatividade não é algo novo, tampouco a economia, mas a novidade está na natureza e na extensão da relação entre elas e como elas se combinam para criar valor e riqueza”. A globalização trouxe consigo uma mudança no padrão de consumo cultural e na maneira que os produtos culturais são criados, produzidos e distribuídos, isso graças aos avanços tecnológicos e ao aumento de conectividade. Nesse ambiente, além dos fatores de produção tradicionais, como o trabalho e o capital, também ocorre o aumento do reconhecimento da criatividade e do talento humano. Agora o intangível é considerado o diferencial diante da padronização dos bens e serviços. (DUISEMBERG, 2008, p. 55-56; REIS, 2012, p. 81) A Economia Criativa se baseia nos ativos criativos e, portanto, é a economia do intangível (DUISEMBERG, 2008, p. 58). Nela a criatividade ultrapassa a etapa da criação e abarca todo o ciclo econômico. Caiado (2011, p.15) a define como “o ciclo que engloba a criação, produção e, 2 UFRN. [email protected]. 3 DPP/UFRN. [email protected].

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distribuição de produtos e serviços que usam a criatividade, o ativo intelectual e o conhecimento como principais recursos produtivos”. Nessa nova economia, o ato criativo define a formação do preço, desde que gere valor simbólico. (BRASIL, 2012, p. 26) A expressão economia criativa apareceu pela primeira vez no livro intitulado “Economia Criativa: como ganhar dinheiro com ideias criativas de 2001” de John Howkins (2013). Porém, a ideia de Economia Criativa deriva das Indústrias Criativas, que surgiu na agenda governamental Australiana, com o projeto Nação Criativa, em 1994, que visava promover o desenvolvimento cultural do país. Contudo, o termo ganhou relevância em 1997, no Reino Unido quando criou o Departamento de Cultura, Mídia e Esporte, que apostando nos setores da economia que envolviam a criatividade e a inovação para revitalizar a economia e torná-la competitiva. Para isso, a criatividade passou a ser o centro do planejamento urbano (MIGUEZ, 2007, p. 5; CAIADO, 2011, p. 15; BENDASSOLLI, 2009, p. 11). Contudo, aderimos à posição de Cruz (2014a; 2014b) que considera que a criatividade deve ser explicada no âmbito das artes e da cultura e com finalidade lucrativa. Desse modo, a criatividade cede lugar à cultura e às artes como elemento primordial no seio da Economia Criativa. Desde então o tema vem sendo discutido, representando uma ampliação de um conceito já existente, a Economia de Cultura. Para diferenciar os dois conceitos podemos utilizar uma palavra chave, a criatividade, já que a mesma é a base da Economia Criativa. A Economia Criativa segundo Miguez (2007, p. 96- 97) é constituída por o conjunto de “atividades assentadas na criatividade, no talento ou na habilidade intelectual”. Sendo assim a Economia Criativa abrange além dos setores tipicamente culturais, também atividades relacionadas a novas mídias, às indústrias de conteúdo, ao design, à arquitetura, entre outros, desde que possuam intuito econômico. Trata-se de setores que se incluem na Categoria Cultural e Funcional, segundo o Plano da Secretaria da Economia Criativa (BRASIL, 2012). Cruz (2014b) explica que a junção dos setores culturais aos setores funcionais se deve à lógica inerente de mercado que estes últimos possuem, uma vez que os setores culturais demandam apoios e financiamentos públicos que muitas vezes o Estado não consegue suprir, nomeadamente em períodos de crise econômica. No Brasil, o debate sobre a economia criativa se intensificou com a criação da Secretaria de Economia Criativa (SEC), no ano de 2012, como pasta do Ministério da Cultura. A Secretaria significa um despertar da gestão pública para a valorização da cultura como um elemento de PRÓ-REITORIA DE CULTURA – PROCULT UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI – UFCA 13

desenvolvimento econômico, cultural, sustentável e descentralizador. A abordagem da SEC reúne e reconhece o conhecimento tradicional com as possibilidades das novas tecnologias sendo uma forma de redefinição do papel da cultura não somente como recurso, mas também como um ativo econômico capaz de gerar novos empreendimentos, empregos e renda. (CARVALHO; CARVALHO, 2013, p. 5; BRASIL, 2012, p.19). O Plano da Secretaria da Economia Criativa (20112014) elegeu aqueles setores da economia que considerou criativos, ressaltando que cada um possui as suas particularidades, demandando, por isso, políticas de fomento específicas. O mesmo Plano classifica esses setores como sendo: [...] aqueles cujas atividades produtivas têm como processo principal um ato criativo gerador de um produto, bem ou serviço, cuja dimensão simbólica é determinante do seu valor, resultando em produção de riqueza cultural, econômica e social. (BRASIL, 2012, p. 22).

Para se tornar uma política de desenvolvimento adequada à realidade brasileira, as ações orientadas pelo Plano da SEC devem se basear em quatro princípios norteadores: a diversidade cultural, como forma de valorizar as inúmeras expressões culturais brasileiras; sustentabilidade, orientando o tipo de desenvolvimento que se deseja alcançar; a inovação e a inclusão social como formas de possibilitar o acesso aos bens culturais e criativos. (BRASIL, 2012, p. 33). Isso sem contar com um estudo mergulhado na realidade de cada setor criativo, quando necessário para serem criadas políticas mais específicas. Mesmo tendo por base o talento individual e a criatividade, o sucesso das atividades não depende apenas dos criativos. De nada vale ter a ideia criativa sem ter a ajuda da ação dos gestores sob forma de fomento à atividade através de políticas públicas adequadas e que forneçam um ambiente favorável para o amadurecimento dos setores criativos (SOUZA, 2011, p. 31 apud CARVALHO; CARVALHO, 2013, p. 8; CRUZ, 2014a). A cultura se mostra com imenso potencial econômico, tendo a capacidade de impulsionar o desenvolvimento econômico de uma cidade ou região. Para isso, se mostra necessário conhecer a realidade cultural local e as principais dificuldades, e potencialidades dos setores criativos relacionados à cultura. Setor teatral em Natal/RN O Plano da Secretaria de Economia Criativa (2011-2014) busca valorizar os talentos criativos individuais e coletivos e trata a cultura como um ativo econômico capaz de gerar emprego e renda. Um dos setores criativos é o setor teatral, que no estado do Rio Grande do Norte se PRÓ-REITORIA DE CULTURA – PROCULT UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI – UFCA 14

manifesta de maneira mais intensa sob a forma de grupos de teatro. O presente artigo resulta da análise das informações coletadas a partir de entrevistas semiestruturadas, em uma abordagem qualitativa, a cinco grupos de teatro da cidade de Natal, no estado do Rio Grande do Norte (RN), nomeadamente: Estação de Teatro, Grupo Estandarte, Grupo Carmim -, Grupo Arquétipos e Cia Cênica Ventura. Esta pesquisa foi realizada no âmbito do Projeto PVC9822-2013: Estudo de caso e mapeamento das indústrias criativas no Rio Grande do Norte, de acordo com o Programa Nacional da Economia Criativa (Brasil), aprovado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em 2013 e renovado em 2014 e 2015. Todos os grupos entrevistados exercem um trabalho relevante na atividade teatral potiguar. A Cia Cênica Ventura é um grupo com seis anos de atividade, trabalha com a arte híbrida, envolvendo dança, música, teatro e arte circense em seus atos. O grupo Carmim e o Grupo Estandarte estão exercendo trabalhos na vertente do teatro documental. Este último começou sua atividade nos anos 80, sendo identificado como o grupo mais antigo de Natal. O grupo Arkhétipos é um grupo vinculado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, assim como a Cia Cênica Ventura que também trabalha com arte híbrida. O grupo Estação de Teatro trabalha com a contação de histórias para o público infantil, e em 2014, estava também com um espetáculo para o público adulto. Tirando o grupo Arkhétipos que faz parte de um projeto de extensão da Universidade Federal do Rio do Norte, os demais grupos entrevistados possuem um número pequeno de integrantes. Essa característica contribui para que não exista uma hierarquia rígida nos grupos, pelo que as funções dentro do grupo são distribuídas entre os membros por meio de acordos e as decisões são tomadas de maneira participativa. O planejamento está presente no cronograma dos grupos, analisando os recursos materiais existentes antes de colocar em prática os seus projetos. Frequentemente a vontade criativa é freada pela falta de recursos para dar andamento a um espetáculo. A busca de soluções e o controlo dos gastos são instrumentos necessários para a adequação dos espetáculos aos recursos existentes. Os grupos não conseguem sobreviver apenas com os recursos advindos das bilheterias, precisando recorrentemente de auxílio financeiro externo. Os grupos sobrevivem dos editais públicos e privados que proporcionam apoio à cultura e dos festivais que concorrem fora do estado. Como forma de inovação, os produtores teatrais têm buscado formas alternativas para conseguir recursos para os grupos. A Cia Cênica Ventura, por exemplo, busca vender seus espetáculos para escolas da cidade, e conseguiu mesmo, em 2014, um contrato com a prefeitura da cidade de PRÓ-REITORIA DE CULTURA – PROCULT UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI – UFCA 15

Parnamirim para apresentar um espetáculo infantil nas creches da cidade. Assim como a Cia Cênica Ventura, o grupo Carmim também planeja vender seus espetáculos para escolas e faculdades, visto o caráter pedagógico dos mesmos. A inspiração para os espetáculos e o conteúdo artístico vem da combinação de vontades pessoais dos integrantes do grupo, dos temas sociais, da interação com a comunidade local, ou estudo do objeto a ser abordado, mas todos buscam em algum momento relacionar-se com os elementos da cidade. Os grupos Carmim, Arkhétipos, Estandarte e Arkhétipos são dos grupos entrevistados os que se relacionam de forma mais intima com a cidade para encontrar inspiração para os seus trabalhos. O grupo Estandarte e Carmim buscam contar realidades da cidade através do teatro documental. O grupo Arkhéthipos se inspirou nas histórias dos pescadores da Vida de Ponta Negra, para fazer o seu espetáculo “Santa Cruz do Não Sei”. Às vezes, cada um do grupo joga na mesa uma vontade. A maneira que o grupo digere isso é que faz o espétáculo. A inspiração é uma combinação de ideias. Esse processo é longo. O processo teatral é um processo longo. Não parte só da vontade criativa, mas do casamente dessa vontade criativa com meios materiais. (Nara Kelly, Estação de Teatro) o Grupo Carmin trabalha com dramaturgia própria. A gente não pega... pelo menos até agora, não pegamos textos já prontos e montamos. A gente cria o texto, convida o dramaturgo p’ra vir p’ros ensaios, p’ra trabalhar com a gente e criar esse texto a partir das nossas experiências, dos nossos estudos. A criação vem muito daí, da montagem do espetáculo, parte também dessa coisa coletiva que o grupo mesmo propõe (Quitéria Kelly, Grupo Carmin)

Todos os grupos buscam estar próximos das comunidades como forma de inspiração e de troca de conhecimentos. Como ação concreta, temos a Cia Cênica Ventura, que, a partir de um evento com entrada gratuita, promove em sua sede “O Vaudeville”. De forma geral, os grupos acreditam que é necessário estar em contato com as comunidades, e creem que uma das soluções para desenvolver o teatro é capitalizando-o, levando-o desde as comunidades mais centrais às mais periféricas e que essa é uma forma de incentivo e de valorização ao artista local. A divulgação é uma etapa posterior à criação do espetáculo e muito importante. Os grupos teatrais não utilizam os meios de divulgação convencionais, como televisão e jornais, mas se valem das redes sociais, panfletagem e de anúncios em carros de som. Mas uma forma de divulgação maior e que abrangesse um número maior de pessoas seria um ótimo instrumento para a captura de um público maior. A divulgação é feita através das redes sociais, a gente não se vale das midias de televisão e PRÓ-REITORIA DE CULTURA – PROCULT UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI – UFCA 16

de outdor. A gente faz algumas reportagens. [...] No final dos espetáculos, a gente entrega uns filipetas para as pessoas colocarem os e-mails e receberem informes dos nossos próximos espetáculos. (Caio Padilha, Estação Teatro) Geralmente quando a gente vai apresentar, a gente cria um folder eletrônico para divulgar nas redes sociais. A gente faz um cartaz impresso e tem um folder do espetáculo que a gente entrega para o público no dia do espetáculo. Mas, a maior parte da divilgação é feita por cartaz e folder eletrônico. A gente tem um banner que é utilizado no dia do espetáculo e às vezes, algumas reportagens de jornal de televisão. Isso também acontece... (Robson Hardechpek, Arquétipos Grupo de Teatro)

Um grande obstáculo encontrado pelos grupos é a falta de espaços tanto para a produção, quanto para a apresentação de seus espetáculos. Encontrar e possuir local adequado para produção dos espetáculos, ensaios e armazenagem do material é uma grande dificuldade para os grupos, e a pauta dos locais de apresentação em Natal tem se mostrado cara e inviável para a realidade dos mesmos. Existe ainda a carência de investimentos que fortaleçam a circulação e fruição dos produtos teatrais pois, os investimentos atuais concentram-se na produção. Deve-se possibilitar a produção, mas também a circulação desse material, para que os grupos possam trocar de ideias, ter visibilidade e amadurecimento. Os empreendedores teatrais potiguares levam em consideração dois atores sociais para que suas produções tenham sucesso: as entidades públicas e privadas. As entidades públicas como o governo do Estado do Rio Grande do Norte e a Prefeitura de Natal são responsáveis por definir as políticas públicas voltadas para o setor cultural, que se traduzem atualmente nas Leis de Incentivo à Cultura Câmara Cascudo (Lei Estadual) e a Lei Djalma Maranhão (Lei Municipal). Por meio dessas leis ocorre o financiamento de projetos através de renúncia fiscal do ICMS que seria captado das empresas. É nesse momento que se buscam as empresas que precisam se inscrever para que ocorra essa captação de recursos. A grande dificuldade é que muitas vezes os projetos culturais inscritos nos editais elaborados pelos órgãos competentes, são aprovados pelo conselho gestor, mas não conseguem uma empresa para que os recursos sejam recolhidos e o projeto aconteça. Mas um ponto positivo que a gente pode ressaltar é a possibilidade de se criar algo novo. As pessoas daqui têm muita vontade de trabalhar... muita vontade de fazer as coisas acontecerem. (Robson Hardechpek, Arquétipos Grupo de Teatro) Primeiro os editais são muito poucos e pouca quantidade (...) de grana. (...) Os grupos precisam se profissionalizar mais p’ra poder concorrer de forma (...) justa. Procurar virar empresas, sabe? Procurar se planejar mesmo. (...) A gente tem muitos espaços de teatros PRÓ-REITORIA DE CULTURA – PROCULT UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI – UFCA 17

fechados... quase todos estão fechados. Sandoval Wanderley, o teatro lá na Zona Norte – o Jessiel Figueiredo –, que são dois espaços de rua, ‘tá fechado também... O Teatro Alberto Maranhão ‘tá sucateado, né? A gente vai fazer apresentação lá, o microfone estourando (...) e vai fechar agora p’ra reforma. Quer dizer, a gente vai perder mais um espaço. A Casa da Ribeira é um espaço privado, né? que tem uma pauta muito cara. (...) É um espaço ideal, perfeito, tudo funcionando, mas é inacessível porque p’ra eles pagarem as contas, os funcionários e tudo, eles tem que cobrar uma pauta muito alta, então p’ra gente fica difícil. Mesmo assim, eles têm feito parcerias, p’ra enfim, conseguir sobreviver, né? (Quitéria Kelly, Grupo Carmin)

Para estarem preparados para essa concorrência por recursos, por meio dos editais, os grupos precisam se regularizar e virar empresa, o que implica além das ideias para novos projetos, possuírem atitudes empreendedoras e saber escrever um bom projeto. Este último, é um dos grandes desafios para o sucesso junto à avaliação pelo conselho gestor que seleciona os projetos a aprovar. É necessário o incentivo e estimulo financeiro para a profissionalização dos grupos, para que os mesmos possam concorrer de forma igualitária aos editais locais e nacionais, já que os mesmos encontram dificuldades em redigir os projetos e muitos não possuem CNPJ. Todas essas dificuldades acima descritas estão sendo discutidas pela Rede Potiguar de Teatro. A rede nasceu da necessidade da união dos grupos de teatro em prol do desenvolvimento da atividade. Os grupos lutam por políticas continuadas para o teatro potiguar que fomentem a formação, a pesquisa, a montagem, a criação e manutenção das produções. Por meio da rede, o setor teatral potiguar se mostra forte e estruturado se fazendo relevante no diálogo com os gestores públicos. Na cidade de Natal percebe-se, contudo, uma lógica perversa, segundo os grupos de teatro. Privilegiando grandes artistas nacionais nas apresentações de fim de ano na cidade, os artistas locais acabam sendo preteridos. Soma-se a isso a falta ou a escassez de espaços disponíveis para a atividade teatral e principalmente espaços culturais junto às comunidades. Faltam investimentos para a capitalização da atividade teatral, o que vai muito além da construção de grandes teatros como aquele que será construído na Zona Norte da cidade. Para isso, é necessário que o poder público dê maior atenção ao setor. CONCLUSÃO A cultura possui um forte potencial econômico, podendo gerar desenvolvimento local. Mas para que as políticas públicas direcionadas à cultura sejam instrumentos de desenvolvimento é necessário se conhecer bem os setores que se desejam alcançar. No caso do teatro potiguar, é PRÓ-REITORIA DE CULTURA – PROCULT UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI – UFCA 18

necessário investimento em pesquisa para que se possa conhecer as reais dificuldades e potencialidades do setor no estado do Rio Grande do Norte. Os grupos teatrais têm dificuldades para manter a continuidade da atividade e ganhar visibilidade e consequentemente aumentar seus públicos. Essa maior visibilidade poderia ser alcançada com ajuda do Governo do Estado e do Município, ao nível da divulgação e visibilidade dos grupos de teatro, uma vez que o estado é destino privilegiado de milhares de turistas nacionais e estrangeiros. Cabe ao poder público garantir, por outro lado, que a cultura chegue a todos e quebrar a visão conservadora de investimento público em cultura. Acresce, que os espaços convencionais para a atividade teatral não conseguem chegar a todos os públicos de maneira democrática, devendo-se buscar a capitalização da atividade teatral, investindo em ações que possam levar o artista ao público local. Ao poder público cabe também, buscar políticas que promovam o reconhecimento do setor e dos grupos teatrais, a valorização dos seus profissionais e um ambiente favorável para o desenvolvimento da atividade teatral. Há muito que ser feito no que se refere à atividade teatral no Rio Grande do Norte, mas os empreendedores teatrais, têm também que buscar medidas empreendedoras em todo o ciclo econômico da atividade teatral. A promoção dos grupos ao nível da divulgação e da realização de festivais e ações públicas permitirá dinamizar o apoio público e mostrar toda a relevância dos grupos de teatro em si, mas igualmente aproximar o apoio dos poderes públicos em prol do desenvolvimento local, a partir da atividade dos grupos de teatro locais e estaduais. Referências bibliográficas BENDASSOLLI, Pedro F. et al. Indústrias Criativas: definição, limites e possibilidades. In: Revista de Administração de Empresas. Vol. 49, nº. 1. São Paulo: Fundação Getulio Vargas, Escola de Administração de Empresas de S. Paulo. Jan./Mar. 2009. p. 10-18. BRASIL. Ministério da Cultura. Plano da Secretaria Criativa: Políticas, diretrizes e ações. Brasília,

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