POLO VAREJISTA DO BOM RETIRO: CLUSTER DE NEGÓCIOS DA MODA

May 29, 2017 | Autor: Helder Aguiar | Categoria: Retail Management, Fashion Retailing, Cluster, Aglomerado
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ANAIS POLO VAREJISTA DO BOM RETIRO: CLUSTER DE NEGÓCIOS DA MODA

HELDER DE SOUZA AGUIAR ( [email protected] ) USP - FEA - FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E C. CONTÁBEIS CRISTINA ESPINHEIRA COSTA PEREIRA ( [email protected] ) USP - FEA - FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E C. CONTÁBEIS DENIS DONAIRE ( [email protected] ) USCS - Universidade Municipal de São Caetano do Sul

Resumo Este trabalho teve como objetivo testar operacionalmente métricas desenvolvidas para o modelo Zaccarelli (2008) em clusters varejistas aplicando essas métricas no polo varejista de moda do Bom Retiro. O objeto foi a competitividade em clusters de negócios. A pesquisa é qualitativa e descritiva, utiliza fontes de dados primárias (questionários semiestruturados) e secundárias (artigos científicos e publicações na área). A amostra foi composta por 104 empresas. Os resultados indicam a operacionalização das métricas desenvolvidas, e sua aplicação sugere que o aglomerado do Bom Retiro possui as características necessárias para ser classificado como um cluster em estágio desenvolvido de competitividade. Palavras-Chave: Competitividade, Cluster de Negócios, Varejo de Fast Fashion 1 Introdução Em teoria, a localização não deveria ser uma fonte de vantagem competitiva, visto que com a abertura dos mercados globais, a logística mundial e o desenvolvimento da comunicação qualquer empresa pode comprar de outra onde quer que ela esteja (PORTER, 1998). Por mais que esses novos sistemas de fazer negócios estejam se desenvolvendo, é certo que existem aglomerações competitivas de empresas que se caracterizam pela produção de certos bens ou por serem centros de comércio de um determinado mercado. Essas aglomerações podem ser denominadas clusters de negócios, concentrações geográficas de empresas interconectadas em setores relacionados e instituições associadas em campos específicos, que competem, mas também cooperam entre si, onde se incluem desde fornecedores de infraestrutura especializada bem como os fornecedores de insumos, componentes, máquinas, e prestadores de serviços, (PORTER, 1990). As razões econômicas para a concentração geográfica de negócios podem ser atribuídas à presença de recursos naturais, economias de escala de produção, proximidade dos mercados consumidores, mão de obra especializada, presença de fornecedores de insumos ou equipamentos, infraestrutura compartilhada, redução dos custos de transação e outras externalidades localizadas (ENRIGHT; ROBERTS, 2001). Empresas localizadas em clusters experimentam um crescimento mais acentuado e acesso a inovações de maneira mais rápida, isso as diferencia quanto à competitividade em relação às que se encontram de forma isolada (BAPTISTA; SWANN, 1998). 1/16

ANAIS A investigação das concentrações comerciais, segundo uma perspectiva conceitual de clusters de negócios, pode oferecer uma compreensão das razões pelas quais empresas varejistas que concorrem diretamente operam próximas umas das outras, e explicar por que nessas regiões ocorre a ampliação da capacidade competitiva das indústrias, redução das desigualdades entre regiões, e criação polos de desenvolvimento (TELLES et al, 2011). Muitos países têm promovido o desenvolvimento de polos regionais, onde as empresas podem desenvolver as suas competências e vantagens competitivas contra os concorrentes de classe mundial, compartilhando recursos, capacidades inovadoras e conhecimento. No entanto, o desenvolvimento bem sucedido de clusters regionais, orientados para consumo e serviços pode ser um desafio em muitas regiões, alguns exemplos são: o cluster de entretenimento digital em Lyon, França, a cidade de mídia e aldeia do conhecimento, em Dubai, Emirados Árabes Unidos, e a indústria da moda e design em Milão, Itália (HSIEH et al., 2012). O Bom Retiro, bairro tradicional de São Paulo, é também uma destas aglomerações comerciais de varejo urbano cuja elevada especialização em artigos têxteis com ênfase em confecção feminina, principalmente artigos da moda, torna o bairro um polo de negócios do varejo que atrai consumidores de diversas partes do país. A produção de moda do Bom Retiro é baseada em produção tardia, ou seja, após a certeza de algumas tendências para não errar e perder vendas (ERNER, 2005). No Brasil muitas empresas representantes deste setor estão alocadas nos bairros do Brás e do Bom Retiro (DELGADO, 2008). O varejo urbano estruturado e reunido em aglomerações tem chamado à atenção de pesquisadores há algum tempo (ROGERS, 1965), alguns exemplos são as pesquisas de Telles, Pereira et al. (2013), Siqueira, Donaire e Gaspar (2013), Oliveira e Gil (2011), Telles et al. (2011), Siqueira, Telles, Hourneaux Jr. e Tartareli (2011). O objeto de estudo dessa pesquisa é a análise da competitividade em clusters de negócios, e o modelo utilizado para esta análise é o proposto por Zaccarelli et al. (2008), constituído por onze fundamentos que se constituem em evidências observáveis da vantagem competitiva de um cluster em relação à empresas isoladas e clusters concorrentes. O modelo empregado propõe métricas que se destinam a avaliar os fundamentos de competitividade, contudo, algumas dessas métricas são de difícil operacionalização, gerando a necessidade de adaptá-las ou substituí-las. Novas métricas foram desenvolvidas em pesquisas realizadas para aprimorar o modelo, tais como: Pereira et al. (2013), Sarturi et al. (2013), Santos et al. (2012), Siqueira et al. (2011) e Telles et al. (2011). O presente trabalho teve como objetivo testar operacionalmente métricas desenvolvidas para o modelo Zaccarelli (2008) aplicado a clusters varejistas e avaliar, através da aplicação das métricas, o nível de competitividade do polo varejista de moda do Bom Retiro. O objeto de pesquisa foi a competitividade em clusters de negócios. O modelo empregado propõe métricas que avaliam fundamentos de competitividade, além de métricas originais do modelo, este estudo testou algumas métricas propostas por outros estudos feitos para aprimorar o modelo. 2 Fundamentação Teórica 2.1 Clusters Encontram-se na literatura alguns modelos que tentam explicar as bases para que se formem clusters, e de que maneira eles aumentam a competitividade de seus integrantes e 2/16

ANAIS asseguram vantagem competitiva para o aglomerado. Alguns dos principais modelos são: Marshall (1982), Porter (1990), Schmitz (1992) e Zaccarelli et al. (2008) (SIQUEIRA et al., 2011). Desde Marshall (1982), no século XIX, os agrupamentos de negócios vêm sendo observados quanto à sua competitividade e as vantagens que possivelmente trariam para as empresas que estivessem localizadas neles. O autor falava em indústrias localizadas que, dados alguns fatores externos, levavam vantagem sobre outras, sobretudo quanto à sua mãode-obra especializada. Por consequência, podemos dizer que clusters não são fenômenos exclusivos das últimas décadas, mas que têm despertado o interesse de pesquisadores em várias partes do mundo desde que Porter utilizou o termo para se referir a essas aglomerações de empresas geograficamente concentradas e que atuam em um determinado mercado e são complementares entre si (PORTER, 1998). Os clusters de negócios se apresentam como uma opção estratégica para empresas enfrentarem contextos agressivos de mercado (TELLES et al., 2013). Mercados com uma grande oferta de produtos, como, por exemplo, confecções, bares e calçados, necessitam se diferenciar para adquirir competitividade, concentrar-se geograficamente pode ser uma variável importante para a competitividade. Quando agrupadas, as empresas necessitam adquirir novas competências. Nos sistemas complexos adaptativos, como é o caso dos clusters, o funcionamento geral é explicado pelo comportamento individual dessas empresas dentro de uma entidade supraempresarial. Uma vez que indivíduos autônomos são capazes de aprender, obtêm vantagens adaptativas através da cooperação, “tal comportamento tende a ser selecionado e reproduzido, chegando ao ponto em que estes indivíduos cooperativos se unem formando um agregado que também passa a se comportar como um indivíduo e assim por diante” (AGOSTINHO, 2003, p.8). Entende-se que o sistema resultante se auto-organiza, através do surgimento de um comportamento global cujo desempenho também é avaliado por pressões de seleção presentes tanto no ambiente externo quanto interno. O construto de clusters de negócios de Zaccarelli et al. (2008) aprofunda-se nas questões de autonomia, cooperação, agregação e auto-organização. Em seu modelo, o conceito de entidade supraempresarial procura explicar como concorrentes diretos competem em um mesmo ambiente, mas também cooperam com a finalidade de alcançar objetivos comuns. Neste modelo, pode-se entender entidade supraempresarial como um sistema estabelecido pela inter-relação de um “conjunto de negócios relacionados a determinado produto, linha, categoria de mercado, em que o processo de integração e a dinâmica das relações entre as organizações implicam efeitos sistêmicos de amplificação da capacidade competitiva” (ZACCARELLI et al., 2008, p.44) tanto do sistema quanto de seus membros em relação a empresas situadas externas a ele. Um cluster de negócios, como uma entidade supraempresarial, não é apenas a soma das partes, mas sim um novo organismo que se forma a partir dessa junção. Essa nova entidade só passa a ser compreendida quando se entende o efeito cruzado e integrado entre seus participantes, ou seja, como umas afetam as outras, como compõem um todo maior, com efeitos diferentes de analisarmos cada uma delas separadamente (ZACCARELLI et al. 2008). A partir dessa configuração, a nova entidade que surge passa a atrair mais clientes e mais empresas, e oferecer uma maior vantagem competitiva para seus integrantes no mercado em que atuam. Assim, não é apenas o local, o preço, ou outro fator isolado, que afeta a 3/16

ANAIS competitividade do cluster, trata-se do resultado de todo o conjunto. O modelo de Zaccarelli et al. (2008) é composto por onze fundamentos que são propostos para a explicação do fenômeno cluster e de seus efeitos na competitividade da concentração. Basicamente, agrupamentos onde se identifica a existência de um maior número de fundamentos, têm vantagem competitiva elevada e poder de sobrevivência maior que outros que não os possuem. No Quadro1, há um resumo do modelo de Zaccarelli et al. (2008), onde encontramse os onze fundamentos para análise da competitividade do cluster de negócios e seus efeitos, ressalta-se que os dois últimos fundamentos são inviáveis apenas por auto-organização, demandando ações de governança. Fundamentos

Efeitos na competitividade

1. Concentração geográfica

Percepção dos clientes de variedade superior, ampliação da escolha de fornecedor e garantia em preços.

2. Abrangência de negócios viáveis e relevantes

Custo de busca e acesso menores; redução da necessidade de estoques elevados ou prazos de reposição (proximidade de fornecedores).

3. Especialização das empresas

Especialização de negócios favorece redução de despesas agregadas de operação e diminuição do volume de investimento necessário.

4. Equilíbrio com ausência de posições privilegiadas

Lucros equilibrados e não relativamente altos, devido à competição entre os negócios.

5. Complementaridade por utilização de subprodutos

Favorecimento da presença e estabelecimento de novos negócios e aporte de receita adicional.

6. Cooperação entre empresas do cluster

Aumento da competitividade devido à impossibilidade de contenção de troca de informações entre negócios.

7. Substituição seletiva de negócios do cluster

Extinção de negócios com baixa competitividade por fechamento da empresa ou mudança de controle.

8. Uniformidade do nível tecnológico

Estímulo ao desenvolvimento tecnológico e, pela proximidade geográfica e lógica, transferência de tecnologia para os demais negócios.

9. Cultura da comunidade adaptada ao cluster

Aumento da motivação e satisfação com o reconhecimento da comunidade em relação ao status atribuído relacionado ao trabalho.

10. Caráter evolucionário por introdução de (novas) tecnologias

Diferencial competitivo resultante de inovação (redução de custos, ampliação de mercado, etc.).

11. Estratégia de resultado orientada para cluster

Gestão baseada em ampliação da capacidade de competir versus resultado/lucro agregado do cluster.

Quadro 1: Fundamentos de análise de performance competitiva em clusters de negócios Fonte: adaptado de Zaccarelli et al. (2008)

3 Metodologia A pesquisa em questão é de natureza qualitativa e descritiva. Estudos descritivos têm como propósito a definição de algo, relatando como ocorrem os fenômenos ou como se comportam certas variáveis em determinadas situações (MALHOTRA, 2001). A proposta desta pesquisa é analisar o polo varejista do Bom Retiro através da aplicação das métricas desenvolvidas para os fundamentos de competitividade do modelo de Zaccarelli et al. (2008), testando sua aplicabilidade. Dentre as pesquisas realizadas para propor novas métricas,

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ANAIS Pereira et al. (2013) desenvolveram métricas aplicadas ao cluster varejista de confecções do Brás, razão pela qual serviu de base para análise de alguns dos fundamentos no Bom Retiro. A operacionalização da pesquisa passou pelas seguintes fases: (i) Pesquisa bibliográfica – etapa na qual se buscou aprofundar o conhecimento a cerca das contribuições de outros autores sobre análise de competitividade em clusters de negócios. (ii) Questionário semiestruturado – elaborado para esta pesquisa com base na pesquisa bibliográfica. (iii) Coleta de dados primários – o questionário foi aplicado de forma presencial através de entrevistas no mês de outubro de 2013. A amostra foi intencional e não probabilística (DOANE; SEWARD, 2008, p. 40). O grupo de respondentes foi composto por gerentes comerciais e sócios-proprietários das 104 empresas que compuseram a amostra. (iv) Coleta de dados secundários – informações sobre a história do bairro, sua formação e número de empresas diretamente ligadas ao ramo de confecções da região, foram retirados de artigos científicos e endereços eletrônicos oficiais. (v) Análise dos resultados – Os dados primários e secundários foram apreciados através dos fundamentos de análise de competitividade em cluster de negócios de Zaccarelli et al. (2008). Tabela 1: Informações sobre as empresas respondentes Ramo de atuação das empresas participantes Quantidade de empresas participantes Varejo e Atacado de Acessórios e Vestuário 10 Varejo e Atacado apenas de Vestuário 76 Varejo e Atacado apenas de Acessórios 9 Fonte: elaborado pelos autores

Acumulado 10 86 104

A Tabela 1 apresenta os dados das empresas respondentes quanto ao seu ramo de atuação. Dentre as 86 empresas que atuam no varejo e atacado de vestuário, 23 empresas participantes desta pesquisa possuem confecções próprias. Além disso, dentre as 104 empresas pesquisadas apenas 10% atuam em vendas para o mercado externo. 4 Análise dos Resultados Nesta sessão serão apresentados os resultados provenientes dos dados primários e secundários obtidos na pesquisa realizada no aglomerado comercial varejista do Bom Retiro, através da aplicação das métricas dos onze fundamentos propostos no modelo de Zaccarelli et al. (2008). 4.1 Concentração Geográfica A concentração geográfica é considerada o fundamento chave para a existência de um cluster, e a concentração ideal é a maior possível (ZACCARELLI et al., 2008). Segundo esse fundamento, a concentração de negócios relacionados a um mesmo setor seria um fator de atração de clientes. Os consumidores se beneficiam da proximidade entre as lojas em clusters comerciais, como o da pesquisa, aproveitando para comparar os preços e a qualidade dos produtos, além de aumentar a possibilidade de encontrar o que procuram. A métrica proposta pelo modelo Zaccarelli et al. (2008) para este fundamento é analisar a distância do concorrente mais próximo. Nesta pesquisa, adotou-se uma métrica baseada no Quociente de Localização, utilizada por alguns autores para caracterizar clusters através da

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ANAIS quantidade de empregados na indústria ou pela contagem do número de estabelecimentos (BOASSON et al., 2005). Segundo dados da JUCESP (2013), o Estado de São Paulo possui 433.468 empresas de vestuário distribuídas em 248.222,801 Km², o que representa uma média de 1,7 empresas de vestuário por quilômetro quadrado, número bastante significativo se que comparado a outros Estados. Por sua vez, o Bom Retiro possui um aglomerado de 3.797 empresas de vestuário distribuídas em apenas 4 Km2, o que representa uma média de 949,25 empresas por quilômetro quadrado. Esta elevada concentração de empresas é possível principalmente devido à dois fatores: a disposição vertical das empresas, localizadas em imóveis com vários andares, e a existência de inúmeros shoppings populares, em que um grande número de empresários possuem lojas, conhecidas como box, com poucos metros quadrados, e em alguns casos um único box é compartilhado por mais de um lojista, em uma estrutura que costumam denominar “bandeja”. 4.2 Abrangência de negócios viáveis e relevantes Para Zaccarelli et al. (2008), este fundamento refere-se ao grau de incorporação de atividades e operações das empresas, que constituam um grupo de transformações integradas, de linha e de apoio, até a disponibilidade final de um produto ou de uma categoria de produtos. Na visão dos autores, seria desejável que isso ocorresse desde a matéria prima até a comercialização do produto final, porém, no caso de um cluster essencialmente comercial, como o estudado, isso acontece apenas de forma parcial. A métrica proposta pelo modelo Zaccarelli et al. (2008) para este fundamento é a análise da porcentagem de negócios de importância externos ao cluster. Nesta pesquisa, adotou-se como métrica a verificação da existência de relações diretas com fornecedores presentes no aglomerado, baseada no fato de que clusters desenvolvidos e com maturidade se organizam de forma engajada, buscando agregar empresas e fornecedores (ZACCARELLI et al. 2008), fato observado no Bom Retiro. No Bom Retiro, a análise mostrou que 71,6% das empresas pesquisadas fornecem produtos para empresas que também estão localizadas na região, estas fornecedoras atuam tanto na fabricação de produtos quanto na sua comercialização. O impacto dessa troca afeta a velocidade de reposição de estoques, e em picos de demanda sazonais a reposição dentro do próprio bairro acelera a velocidade de reposição, a exemplo do que acontece em períodos que antecedem o Natal e o Dia das Mães, onde muitas vezes linhas inteiras de produtos são vendidas e coleções rapidamente somem dos estoques. 4.3 Especialização das empresas Os clusters em estágio avançado caracterizam-se pela especialização das empresas (BIANCHI et al, 1997). Nesse estágio, os clusters não são constituídos por grandes empresas com elevada verticalização, ao contrário, a presença dominante é de empresas especializadas, dedicadas a poucas operações, não raro a uma única (ZACCARELLI et al., 2008, p.76). A métrica proposta pelo modelo Zaccarelli et al. (2008) para este fundamento é a análise do número máximo de negócios presentes em uma empresa passiveis de terceirização. Nesta pesquisa, adotou-se como métrica a análise dos segmentos de varejo nos quais as empresas que compõem o cluster atuam. Através de dados da JUCESP (2013) observou-se que as empresas do Bom Retiro 6/16

ANAIS são especializadas em varejo de confecções, e através da pesquisa com varejistas da região, constatou-se que são subespecializadas moda. Esta especialização favorece a redução de despesas agregadas de operação gerando vantagens que residem na facilidade encontrada pelos consumidores, em geral lojistas, que compram por atacado na região. Comprar toda a linha de produtos ligados ao moda em um mesmo local reduz a necessidade de visitar outros bairros, e diminui os custos para os clientes que optam por usar o Bom Retiro como fonte para reposição de seus estoques. 4.4 Equilíbrio com ausência de posições privilegiadas Indicador fundamental da existência de competição no cluster, assegurando disputas acirradas e em nível elevado de competência orientada para o mercado (ZACCARELLI et al., 2008, p.76). A análise da importância dessa condição de competição elevada e permanente pode ser facilitada pelo exame de situação contrária, por exemplo, monopólio de determinada operação (ZACCARELLI et al., 2008, p.77). A métrica proposta pelo modelo Zaccarelli et al. (2008) para este fundamento é a análise do número de negócios da mesma indústria ou setor. Complementou-se esta análise classificando-se as empresas do aglomerado através do enquadramento como Empresa de Pequeno Porte ou Microempresa. Conforme já foi dito no Fundamento 1, o Bom Retiro possui 3.797 empresas de vestuário que atendem ao consumidor e aos distribuidores vendendo a varejo e atacado produtos diretamente ligados ao vestuário, como confecção e acessórios da moda, ligados à moda. Apesar de algumas dessas empresas possuírem diversas lojas na região nenhuma delas apontou uma loja que seria “âncora”, ou seja, uma loja que predomina em relação a outras, assim, pose-se dizer que as empresas competem de forma equilibrada pela atração de clientes. Tabela 2: Enquadramento da empresas do Bom Retiro Enquadramento Quantidade EPP 855 Microempresas 1468 Outros 1473 Fonte: adaptado de JUCESP (2013)

% 22,52 38,67 38,80

% Acumulada 22,52 61,20 100

O comércio do bairro é constituído principalmente pelas Empresas de Pequeno Porte (EPP) e Microempresas que juntas correspondem a 61,2% das empresas da região, outros enquadramentos correspondem a 38,8% (JUCESP, 2013). Os números da Tabela 2 revelam grande número Microempresas que atuam na mesma atividade, também de empregos gerados, o que representa ganhos em relação ao equilíbrio competitivo do cluster. 4.5 Complementaridade por utilização de subprodutos O reaproveitamento de produtos resultantes de processos produtivos, porém não utilizados e classificados como subprodutos, rejeitos ou material para reciclagem, é uma alternativa econômica e acessível particularmente aos clusters de negócios (ZACCARELLI et al., 2008, p.77). A métrica proposta pelo modelo Zaccarelli et al. (2008) para este fundamento é a análise do número de empresas operando com reciclagem. Nesta pesquisa, adotou-se uma métrica baseada no levantamento de informações sobre leis, projetos, e ações tomadas pelas 7/16

ANAIS empresas e instituições de apoio, no que se refere ao reaproveitamento de subprodutos oriundos do processo produtivo do setor (PEREIRA et al., 2013). No Bom Retiro, há um projeto de reciclagem coordenado pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT) e pelo o Sindtêxtil-SP. Desde 27 de junho de 2012, o Retalho Fashion formalizou o trabalho dos catadores e, encaminha os resíduos coletados tanto por eles como pelas empresas responsáveis pela coleta dos resíduos dos grandes geradores, para uma cooperativa específica. Esse projeto é responsável por gerenciar os catadores, separar os resíduos e preparar a matéria-prima para ser vendida às empresas recicladoras (ABIT, 2012), a Figura 1 mostra a sua operacionalização. Grandes geradores

Coleta Seletiva

Cooperativa

Indústrias têxteis

Pequenos geradores Figura 1: Processo de reciclagem do bairro do Bom Retiro Fonte: ABIT (2013).

4.6 Cooperação entre empresas A cooperação entreas empresas do cluster geram um diferencial competitivo devido às transferências e desenvolvimento de competências compartilhadas, o que resulta em aumento da capacidade competitiva do cluster de forma integrada, devido à impossibilidade de contenção de troca de informações entre negócios (ZACCARELLI et al., 2008). A métrica proposta pelo modelo Zaccarelli et al. (2008) para este fundamento é a análise da média de níveis de colaboração atribuídos por amostra de executivos do cluster. A métrica aplicada foi baseada na percepção dos respondentes, gerentes e proprietários, da existência de colaboração entre as empresas e compartilhamento de informações entre negócios. Essas métricas são embasadas no argumento da imersão ou embedeness (GRANOVETTER, 1985), que pressupõe a existência de confiança e boa-fé entre negócios interdependentes, estimulam o fluxo de informações e aprimoram a cooperação, estimulando a realização de ações conjuntas em prol da região onde estão localizados. Segundo Kwasnicka e Zaccarelli (2009), nos cluster de lojas comerciais a cooperação é bem visível e é normal que vendedores ajudem clientes fornecendo informações que beneficiem seus concorrentes, o que acaba servindo ao cluster, e indiretamente à sua própria empresa. No caso das empresas pesquisadas quando inqueridas se colaboravam, como por exemplo, indicando fornecedores, emprestando materiais quando necessários e até mesmo trocando informações sobre clientes e fornecedores, 60% afirmaram colaborar com outras empresas do bairro, conforme a Tabela 3.

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ANAIS Tabela 3: Resultados da percepção da colaboração Percepção de colaboração % %Colaboram pouco 17 Colaboram razoavelmente 16 Colaboram muito 27 Não colaboram 40 Fonte: elaborado pelos autores

% Acumulada 17 33 60 100

Tabela 4: Percepção do compartilhamento de informações Compartilhamento Conhecimento (exemplo: técnicas, leis, etc.) Tecnologia de Informação (exemplo: softwares de gestão) Fonte: elaborado pelos autores

% 51% 21%

Em uma etapa complementar do questionário os entrevistados foram abordados se havia compartilhamento de conhecimento, como, por exemplo, técnicas de atendimento, novos meios de pagamento, leis e benefícios governamentais e compartilhamento de Tecnologia de Informação (TI) como programas e softwares específicos de gestão. Os resultados estão apresentados na Tabela 4, onde se constata a percepção de compartilhamento de técnicas, leis, etc., por mais da metade dos respondentes. Apesar de haver colaboração, durante a entrevista alguns casos relatados pelos entrevistados chamaram atenção. Um em particular afirmou que há conflitos entre as lojas ao redor e que já presenciou alguns casos. Por ser um aglomerado de lojas com o mesmo segmento, a concorrência é muito forte entre as lojas. Quando um vendedor, gerente ou proprietário com o mesmo produto da loja ao lado olha a vitrine ou olha para dentro de outra loja isso causa desconforto e desconfiança entre os concorrentes. A maioria dos lojistas se conhece assim, essa postura, apesar de não ser formalmente combatida, não é vista como correta e ética. 4.7 Substituição seletiva de negócios A exclusão de empresas com a introdução de novas, em função da elevada competição e limitada condição de sustentação de vantagens competitivas únicas ao longo do tempo, é uma característica presente em os clusters de negócios, observa-se com certa frequência a extinção de negócios com baixa competitividade por fechamento da empresa ou mudança de controle (ZACCARELLI et al., 2008). A métrica propostas pelo modelo Zaccarelli et al. (2008) para este fundamento são índices estatísticos de encerramento de empresas e de empresas novas (%). Devido à inviabilidade de obtenção destes dados devido ao grande número de empresas informais e aspectos burocráticos legais, tributários e contábeis em relação ao encerramento de empresa (PEREIRA et al. (2013), adotou-se uma métrica qualitativa baseada na percepção de mudanças no cluster em relação à concorrentes e fornecedores e em relação ao ano em que as empresas foram fundadas. Para avaliar a percepção de mudança dentro do bairro foi utilizada a percepção sobre a alteração nos negócios nos últimos cinco anos em relação aos concorrentes e fornecedores no agrupamento conforme Tabela 5.

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ANAIS Tabela 5: Percepção de mudança dentro do agrupamento Percepção de mudança Muito (%) Houve mudança de concorrente 29,8 A mudança de concorrente afetou o negócio 14,9 Houve mudança de fornecedores 23,7 A mudança de fornecedores afetou o negócio 16,7 Fonte: elaborado pelos autores

Pouco (%) 36,8 47,4 33,3 31,6

Não Mudaram (%) 16,7 21,9 26,3 37,7

Não respondeu (%) 16,7 15,8 16,7 14,0

Tabela 6: Empresas fundadas por período Período Quantidade % 1915-1979 10 10,53 1980-1989 13 13,68 1990-1999 22 23,16 2000-2009 35 36,84 2010-2013 15 15,79 Fonte: os autores

A extinção de negócios com baixa competitividade e a sua substituição por novas empresas mostra que para as empresas situadas dentro do cluster a percepção de mudança torna-se baixa. Conforme a Tabela 5, estar dentro do agrupamento afeta de maneira significante o negócio, mesmo que os concorrentes ou os fornecedores se alterem, tal fato é considerado uma situação natural dentro do aglomerado. Na Tabela 6, observa-se que há uma continuidade na instalação de novas lojas na região. Através da análise do ano de fundação das empresas da amostra, escolhidas aleatoriamente, observa-se que empresas surgem de forma equilibrada no decorrer dos anos, o que indica uma renovação constante. A constante abertura de novos negócios e novas marcas se instalando na região gera equilíbrio devido a competição acirrada entre os negócios. Para o cluster como um todo, significa que seu preço médio será competitivo em relação ao que se apresenta no mercado dentro e fora do aglomerado. 4.8 Uniformidade de nível tecnológico Este fundamento diz respeito ao grau de homogeneidade de tecnologias existentes dentro do cluster, segundo Zaccarelli et al. (2008, p.78). A métrica proposta pelo modelo Zaccarelli et al. (2008) para este fundamento é a constatação da presença de tecnologias inferiores (%). A métrica aplicada utilizou a classificação do Manual de Oslo (OCDE, 2005) para avaliar a percepção dos respondentes quanto ao tipo de inovação percebida, conforme a Tabela 7, além disso, avaliou-se também a sua percepção quanto à velocidade de compartilhamento de inovações pelas empresas da região, conforme a Tabela 8. Tabela 7: Percepção da área em que a ocorre a inovação Inovações compartilhadas pela empresa % Marketing 9,65 Produtos 40,35 Organizacional 7,02 Processos 7,02 Fonte: elaborado pelos autores

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ANAIS Tabela 8: Percepção a respeito da velocidade de compartilhamento de inovações pelas empresas da região Velocidade Muito Rápido Rápido Devagar Muito Devagar Disseminação de inovações 46,49 22,81 7,89 6,14 Fonte: elaborado pelos autores

A inovação é representada pela atividade de desenvolvimento de um elemento já inventado, em um elemento comercialmente útil, que venha a ser aceito em um sistema social (SCHUMPETER, 1955). De acordo com o Manual de Oslo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, 2005), a inovação é definida como: “a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas.”. O Manual de Oslo (2005) tem como objetivo orientar e padronizar fatores relacionados às inovações, como conceito, metodologia, indicadores e construção de estatísticas. Segundo o manual, as inovações podem ser classificadas como: (i) inovações do produto; (ii) inovações do processo; (iii) inovações organizacionais e (iv) inovações de marketing. Para 40% dos respondentes da amostra, as inovações em produtos são as mais compartilhadas pelas empresas, ou seja, as inovações em relação às confecções, como novas cores e novos modelos são rapidamente copiados por todas as empresas do aglomerado. Em relação à velocidade, aproximadamente 70% percebem que a velocidade de compartilhamento de inovação é rápida ou muito rápida, tais inovações se espalham em passo acelerado minimizando a percepção de diferenciação entre as empresas presentes nesse agrupamento. Tais resultados corroboram com os preceitos de Zaccarelli et al.(2008) de que estar no cluster estimula o desenvolvimento tecnológico e a transferência de tecnologia para os demais negócios existentes. 4.9 Cultura da comunidade adaptada ao cluster Numa região onde há um cluster de negócios, a estrutura gerada pela cultura organizacional, como valores, autoridade, status no trabalho, é absorvida pela sociedade local, ocorrendo integração entre as dimensões profissional e pessoal (ZACCARELLI et al., 2008). A métrica proposta pelo modelo Zaccarelli et al. (2008) para este fundamento é o percentual de famílias com um trabalhador do cluster em relação ao número total de famílias da região (%). Utilizou-se a métrica de Pereira et al. (2013) que substituiu o cálculo do percentual de famílias pela investigação histórica, pois, muitas vezes os empresários que estão geograficamente próximos partilham uma mesma herança Há muito tempo lojas de confecção se instalaram na região, a mais antiga dentro da pesquisa foi aberta em 1915. A Figura 3 apresenta a divisão baseada no início das atividades das empresas da amostra a intervalos de dez anos.

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0 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 Figura 2: Década de fundação das empresas da amostra Fonte: elaborado pelos autores

No século XIX, o bairro Bom Retiro era formado por algumas chácaras e sítios que serviam de retiro de final de semana para a população da cidade. A mudança fundamental ocorreu, em 1867, com a inauguração da Estrada de Ferro São Paulo Railway, que transformou a configuração do local e provocou uma intensa afluência de imigrantes que vieram para cidade e se instalaram no bairro (DERTÔNIO, 1971). Os preços acessíveis dos terrenos fizeram que, no início do século XX, o bairro começasse a abrigar atividades comerciais, em especial, concentradas na Rua José Paulino e imediações. Imigrantes, principalmente italianos e alguns portugueses, se instalaram aproveitando que a antiga Rua dos Imigrantes era passagem obrigatória para o Centro da cidade, fortalecendo assim o comércio na rua. Por volta de 1930, judeus, vindos de várias partes como Rússia, Lituânia e Polônia, conforme censo daquele ano, estavam ali situados, predominantemente envolvidos com atividades ligadas à confecção. Inicialmente os judeus, no final do século XX, e posteriormente os coreanos nos anos 2000, foram as etnias que consolidaram e mantiveram o bairro como um importante polo de confecções na cidade de São Paulo (TRUZZI, 2002). 4.10 Caráter evolucionário por introdução de tecnologias Este fundamento não se manifesta por processos de auto-organização, demandando a presença efetiva de governança (ZACCARELLI et al., 2008 p. 80). Uma condição para esse fundamento é representada pela renovação frequente de tecnologias no cluster. A métrica proposta pelo modelo Zaccarelli et al. (2008) para este fundamento é um indicador qualitativo baseado em opinião de tecnólogos (posição versus situação mais avançada). A métrica empregada foi a identificação de agentes que promovem a disseminação de inovações tecnológicas. As associações de lojistas agem como disseminadores de inovações tecnológicas, uma dessas entidades é a Câmara dos Dirigentes Lojistas do Bom Retiro (CSBR, 2013). O que acontece no bairro é que apesar de os empresários sentirem uma enorme concorrência dentro do agrupamento eles acabam se orientando pelas tendências que eles descobrem no próprio Bom Retiro, nesse sentido, a Câmara dos Dirigentes Lojistas do Bom Retiro exerce um papel fundamental, representando o grupo e disseminando informações. 4.11 Estratégia de resultado orientada para o cluster Presença efetiva e deliberada de orientação para a ação, decisão e estratégia das empresas participantes do agrupamento (ZACCARELLI et al., 2008 p. 81). 12/16

ANAIS A métrica proposta pelo modelo Zaccarelli et al. (2008) para este fundamento é a taxa de aumento do lucro agregado (%). Taxa de ampliação da área abastecida (%). A métrica adotada se baseia na presença no cluster de: associações e instituições de ensino, voltados aos interesses do cluster, realização de eventos coletivos, e ações de urbanização. Tabela 9: Percepção da presença de instituições e ações orientadas para a estratégia do cluster % Percepção da presença Associações 58 Instituições de ensino 29 Eventos coletivos 29 Ações de urbanização 25 Fonte: elaborado pelos autores

Conforme a Tabela 9, em relação à percepção da presença de instituições e orientadas para a estratégia do cluster, a atuação das associações foi percebida por 58% dos respondentes, em segundo lugar, com 29%, vieram as instituições de ensino. As principais ações percebidas foram: realização de eventos coletivos e ações de urbanização, percebidas por 29% e 25% respectivamente. 5 Considerações Finais O presente trabalho teve como objetivo testar operacionalmente métricas desenvolvidas para o modelo Zaccarelli (2008) aplicado a clusters varejistas. O objetivo secundário da pesquisa foi avaliar, através da aplicação das métricas, o nível de competitividade do polo varejista de moda do Bom Retiro. Pode-se dizer que é possível operacionalizar o modelo através das métricas desenvolvidas, e que sua aplicação sugere que o aglomerado de empresas situadas no bairro Bom Retiro possui as características necessárias para ser classificado como um cluster em estágio desenvolvido de competitividade. As métricas empregadas neste estudo e as conclusões obtidas podem ser observadas na Quadro 2. Fundamentos 1 Concentração geográfica

Métrica empregada Métrica baseada no Quociente de Localização.

2 Abrangência de negócios viáveis e relevantes 3 Especialização das empresas

Verificação da existência de relações diretas com fornecedores presentes no aglomerado. Análise dos segmentos de varejo nos quais as empresas que compõem o cluster atuam. Análise do número de negócios da mesma indústria ou setor e enquadramento das empresas EPP, Microempresa ou outros tipos. Levantamento de informações sobre leis, projetos, e ações referentes ao reaproveitamento de subprodutos oriundos do processo produtivo do

4 Equilíbrio com ausência de posições privilegiadas 5 Complementaridade por utilização de subprodutos

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Resultado da aplicação das métricas O Bom Retiro possui uma média de 949,25 empresas varejistas de vestuário por quilômetro quadrado. 71,6% das empresas pesquisadas fornecem produtos para empresas que também estão localizadas na região As empresas são especializadas em varejo de confecções, e subespecializadas no segmento moda. Das 3.797 empresas de vestuário 61,2% são EPPs e Microempresas.

Presença do projeto de reciclagem Retalho Fashion, coordenado pela ABIT e pelo o Sindtêxtil-SP.

ANAIS 6 Cooperação entre empresas do cluster

7 Substituição seletiva de negócios do cluster

8 Uniformidade do nível tecnológico

9 Cultura da comunidade adaptada ao cluster 10 Caráter evolucionário por introdução de (novas) tecnologias

setor. Percepção dos respondentes, gerentes e proprietários, da existência de colaboração entre as empresas e compartilhamento de informações entre negócios. Percepção de mudanças no cluster em relação à concorrentes e fornecedores, e em relação ao ano em que as empresas foram fundadas. Avaliação da percepção do tipo de inovação percebida segundo o Manual de Oslo (OCDE, 2005), a percepção quanto à velocidade de compartilhamento de inovações. Investigação histórica sobre as origens e desenvolvimento do cluster. Identificação de agentes promovem a disseminação inovações tecnológicas.

60% da amostra afirmara colaborar com outras empresas do bairro, além disso, 51% percebe a existência de compartilhamento de técnicas, leis, informações, etc. Observou-se que empresas surgem de forma equilibrada no decorrer dos anos, o que indica uma renovação constante. Para 40% dos respondentes as inovações em produtos são as mais compartilhadas pelas empresas, e aproximadamente 70% percebem que a velocidade de compartilhamento de inovação é rápida ou muito rápida. Desde o século XX o bairro está associado ao varejo de confecções.

que de

As associações de lojistas agem como disseminadores de inovações tecnológicas, uma dessas entidades é a Câmara dos Dirigentes Lojistas do Bom Retiro 11 Estratégia de Presença no cluster de: associações e 58% dos respondentes percebe a resultado orientada instituições de ensino, voltados aos atuação das associações, e as principais para cluster interesses do cluster, realização de ações percebidas são: realização de eventos coletivos, e ações de eventos coletivos e ações de urbanização. urbanização. Quadro 2: Principal contribuições do trabalho – operacionalização das métricas Fonte: os autores

A contribuição deste estudo foi melhorar o entendimento acerca dos fundamentos que fizeram do bairro do Bom Retiro um cluster comercial, conhecido nacional e internacionalmente quanto à competitividade no mercado da moda. Pela concentração de compradores e movimento observado nas lojas, pode-se constatar que esse agrupamento atrai multidões e percebe-se que os fundamentos propostos sobre a competitividade dos clusters encontram respaldo na sua totalidade, o que reforça a teoria e o modelo apresentado. A principal limitação deste estudo reside no fato de não esgotar todas as possibilidades de métricas, sugere-se estudos futuros continuem aprimorando o modelo Zaccarelli et al. (2008) pra que as métricas tenham aplicação cada vez mais viável operacionalmente. Referências AGOSTINHO, M. C. E. Administração complexa: revendo as bases científicas da administração. RAE eletrônica, 2(1), 2003, p.1-18. ABIT. Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção - Relatório de Atividades 2012. Recuperado em18 de novembro 2013, de .

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